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sábado, 6 de janeiro de 2018

Dia 24 de janeiro, dia em que começa o Ano Novo da Política no Brasil



Amante só ama a polícia da Venezuela

Gleisi Hoffmann acredita que é ditadura se preocupar com a ordem pública no Brasil

Gleisi Hoffmann nunca fez um único reparo aos métodos usados pelas tropas mobilizadas por Nicolás Maduro quando a oposição programa alguma manifestação de rua. Mas a presidente do PT acha que é coisa de ditadura a ideia de encarregar algumas dezenas de soldados da PM para garantir a ordem pública nas imediações do tribunal em Porto Alegre que julgará Lula no dia 24 de janeiro.
Para tranquilizar Gleisi (mais conhecida como Amante ou Coxa no departamento de propinas da Odebrecht), o governo gaúcho deveria prometer-lhe que, se passarem dos limites legais, os devotos da seita lulista receberão o mesmo tratamento dispensado pelo tiranete venezuelano a oposicionistas que ousam criticá-lo em atos pacíficos.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Malandragem? / J R Guzzo


J.R. Guzzo: Malandragem?

Não parece, realmente, que o Rio de Janeiro esteja levando lucro com o culto à malandragem

Publicado no Blog Fatos
Há uma parte da população do Rio de Janeiro que sempre construiu para si própria, e para o restante do Brasil que presta atenção no que se fala ali, uma imagem de sua cidade como o centro nacional e mundial da malandragem. Seria uma grande virtude. Esse “espírito”, na sua maneira de ver as coisas, faz do Rio uma cidade superior às demais. Faz de seus cidadãos pessoas mais inteligentes, mais aptas a lidar com a vida e mais hábeis que os outros brasileiros em conseguir o melhor para si próprias. Imagina-se que essa gente esteja sobretudo nos morros, ou nas “comunidades”, como se deve dizer hoje. Muitos de fato estão, mas não são eles os que mais aparecem, pois sua voz não vai longe. Quem realmente leva adiante esta bandeira é uma porção das classes mais ou menos médias da Zona Sul, com a participação decisiva dos artistas, intelectuais que assinam manifestos, formadores de opinião, “influencers”, comunicadores e por aí afora. São eles, hoje, os guardiães da filosofia segundo a qual qualificar-se como “malandro” é um dos maiores dons que um ser humano pode dar a si próprio. Já sua pior desgraça, motivo de vergonha e prova cabal de estupidez, é ser o exato contrário disso – o otário, condenado a passar a vida na humilhação, no logro e no “prejuízo”. Seja tudo no Rio; mas não seja, pelo amor de Deus, um “otário”.
A música de sucesso no Rio de Janeiro neste fim de ano é “Vai, Malandra”. Comentaristas de futebol, a começar dos mais populares, mais uma vez apostam que a “malandragem natural” do jogador brasileiro de futebol será uma vantagem estratégica importante na Copa do Mundo de 2018 na Rússia. Os políticos da cidade e do Estado são descritos, com orgulho, como “malandros”. Nas artes e naquilo que se chama de “meio cultural” a figura do malandro, e a filosofia que se fabrica em torno de seus méritos, estão entre os temas principais de interesse. A palavra “malandro”, em suma, é um elogio. A palavra “otário” é um insulto. Não melhora as coisas em nada, obviamente, a ideia geral que associa o otário ao sujeito honesto, cumpridor da própria palavra e das leis, pagador de impostos, respeitador das regras do trânsito, bem educado, etc. – tudo isso, cada vez mais, passa a ser visto como uma fraqueza, além de burrice, falta de “jogo de cintura” e outros delitos graves. Um cidadão decente, neste clima, é um cidadão com defeito.
A atitude de culto à “malandragem” não parece estar dando bom resultado na vida prática do Rio de Janeiro. Até outro dia, três ex-governadores do Estado estavam na cadeia, ao mesmo tempo, por corrupção – um deles, que não teve a sorte de pegar um Gilmar Mendes no caminho, continua no xadrez. Nenhum outro Estado do Brasil, em nenhuma época da história, conseguiu nada semelhante. 

O ano de 2017 está fechando com mais de 130 policiais assassinados no Rio, uma média de um morto a cada três dias. Os funcionários públicos já esqueceram o que é receber o salário mensal em dia. Foi preciso pedir dinheiro emprestado para pagar o décimo terceiro. Um dos maiores orgulhos da cidade e do Brasil, o estádio do Maracanã, continua fechado depois de consumir bilhões de reais em investimentos para brilhar nos Jogos Pan-Americanos, depois na Copa do Mundo de 2014 e finalmente na Olimpíada de 2016, uma coisa depois da outra. O Flamengo, o maior time do Rio, manda seus jogos num lugar chamado “Ninho do Urubu”. Nada disso tem cara de ser, realmente, uma grande malandragem.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

"A última sessão ..." Ano que vem tem mais.../ José Casado

José Casado: 

A última sessão

O ano acabou com PMDB e PSDB celebrando um projeto de Lula e Dilma, rejeitado pelo PT e pelo PCdoB, e com o PSOL festejando um êxito de Temer

Publicado no Globo
Nas últimas horas do ano legislativo, o deputado Izalci Lucas (PSD) foi ao microfone:
— Senhoras e senhores parlamentares, eu acabei de receber um telefonema que me preocupou. Disseram-me: “Izalci, estou assistindo à TV Câmara e, sinceramente, não estou entendendo nada.”

Alguns riram, até porque nenhum dos 400 deputados era capaz de explicar.
Numa ironia da história, a Câmara terminava 2017 de forma inimaginável: com o PMDB e o PSDB festejando a aprovação de um projeto dos governos Lula e Dilma; o PT e o PCdoB repudiando a iniciativa dos ex-presidentes petistas por suspeita de “entreguismo” ao imperialismo ianque; e o PSOL celebrando um êxito do governo Michel Temer.
Sobrava perplexidade, resumida em versos mal escritos e recitados na tribuna por Pompeo de Mattos (PDT-RS): “Neste ano findo/ Para onde estamos indo?/ O que queremos afinal?”
Decidia-se o Acordo sobre Transportes Aéreos entre o Brasil e os Estados Unidos, negociado pelos governos Lula e Dilma Rousseff.
Por ele, Dilma viajou a Washington em 2012. Na segunda-feira 9 de abril, vestiu um tailleur vermelho e preto e foi à Casa Branca. Encontrou Barack Obama, a bordo de um terno cinza e gravata de listras largas. Assinaram o acordo de “céus abertos” para a aviação civil.
Cinco anos depois, na noite de terça passada, o texto foi à votação na Câmara. O deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) ironizou:
— Vamos fechar o ano votando um projeto da ex-presidenta Dilma. Olhe que moral a bancada do PT vai ter hoje!
O PT reagiu mal.
Rejeitou a própria criação. E, pior, levantou suspeitas de que o projeto favorecia o entreguismo do setor aéreo nacional à sanha imperialista.
— Em defesa da soberania e do povo brasileiro, o partido é contrário a essa proposição — anunciou Erika Kokay (PT-DF), arrematando. — É preciso que neste Parlamento pulse o coração verde e amarelo! Quebrarão as nossas empresas e depois exercerão um monopólio, o que fará com que aumentem o preço das passagens aéreas de forma exorbitante.
Ao lado, Marcus Pestana (PSDB-MG) exasperou-se:
— Esse acordo é dos presidentes Lula e Dilma. Agora, só porque é com os EUA, ressurge o fantasma do imperialismo. É impressionante o anacronismo da esquerda brasileira.
Parecia impossível, mas aconteceu: PMDB e PSDB celebraram a aprovação do projeto dos ex-presidentes petistas, que acabara de ser rejeitado com repulsa pelo PT e o PCdoB.
A confusão aumentou quando Chico Alencar (PSOL-RJ), depois de listar as “perdas do povo” com o reformismo governamental durante 2017, proclamou louvores, literalmente, a uma iniciativa do governo Michel Temer:
— Devemos comemorar a liberação dos saques em contas inativas do FGTS.
No tumulto, André Amaral (PMDB-PB) viu um microfone vago, agarrou-o e apelou ao prefeito da sua paraibana Mataraca:
— Recoloquem a estátua do boi Diamante em praça pública. Ele representa a história de luta do povo, e inclusive carregou sua mãe quando foi dar à luz sua irmã: era com a carroça no lombo de Diamante que se faziam todos os serviços na cidade, hoje realizados pelo trator da prefeitura.
E assim terminou o ano da graça de 2017 na Câmara dos Deputados.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Até aqui, véspera de Natal, tudo bem ! Teremos Carnaval ?


Insone com a aproximação do julgamento em Porto Alegre, chefão do esquema criminoso tenta ressuscitar o Lulinha Paz e Amor

“As pessoas vão voltar a viver em harmonia. Da mesma forma que um corintiano e um palmeirense podem subir no mesmo elevador, um petista e um tucano podem, sem um morder o outro”. (Lula, durante entrevista em São Paulo nesta quarta-feira, mostrando que no peito de uma jararaca também bate um coração)

domingo, 17 de dezembro de 2017

Evangelho segundo Lula / Coluna de Augusto Nunes

https://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/sanatoriogeral-evangelho-segundo-lula/amp/?__twitter_impression=true


#SanatórioGeral: Evangelho segundo Lula

  • Deputado fluminense explica que foi Sérgio Moro que assaltou a Petrobras e ajudou a quebrar o Rio de Janeiro



“A Lava Jato, em vez de punir pessoas físicas acusadas de práticas criminosas, puniu as empresas, como a Petrobras. Com isso, houve uma queda nos investimentos e um quase quebra da estatal. Virou uma reação em cadeia e o Rio de Janeiro já perdeu o quádruplo do que tinha em investimentos”. (Wadih Damous, deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro, ao explicar que, de acordo com o evangelho segundo Lula, o Rio e a Petrobras estão quase quebrados não porque diretores corruptos da estatal e a quadrilha de Sérgio Cabral saquearam todos os cofres, mas porque a Lava Jato descobriu tudo e os juízes federais estão cumprindo a lei)

domingo, 10 de dezembro de 2017

A popularidade zero de Temer e a Economia... / J R Guzzo


J.R. Guzzo

 Caiu Temer

Temer, segundo nos dizem, está cada vez mais morto. Só que está cada vez mais vivo

Publicado no blog Fatos
É o tipo da coisa desagradável escrever num artigo aberto ao público que os fatos estão ao lado do presidente Michel Temer neste mês de dezembro de 2017. Mas o que se vai fazer? São os fatos — essa praga de fatos, que tantas vezes têm a mania de mostrar justo o contrário daquilo que as pessoas acham tão mais cômodo pensar. Não poderia ser assim, por tudo o que este país vem ouvindo, sem parar, há mais de um ano. Afinal das contas, Temer é Temer. Seu nome só pode ser citado se vier imediatamente depois da palavra “Fora”. Ele é “golpista”. Ele trocou segredos numa catacumba do seu palácio presidencial, e ainda por cima na escuridão da noite, com um gangster bilionário, autor confesso de mais de 200 crimes e preso desde setembro na carceragem da Polícia Federal. Ele vem tendo a sua cassação anunciada, de tanto em tanto tempo, praticamente desde que assumiu a presidência da República. A Rede Globo achou que iria derrubar o homem com telejornais e com jornalistas de cara indignada – parece não ter entendido, até agora, porque ele continua lá. Temer compra deputados, vende ministérios, aluga partidos políticos. Os institutos de pesquisa, enfim, garantem que ele tem popularidade zero, com viés de baixa — sim, popularidade zero, pecado que deixa os comunicadores, formadores de opinião e influencers digitais 100% convencidos, acima de qualquer outra razão, que o presidente da República vale exatamente três vezes zero.
Entram, então, os fatos – e aí é uma tristeza. Se Temer é tão ruim assim, como se diz desde que ele tomou posse, por que o seu governo está sendo tão bom? Sim, é muito chato dizer isso, como foi observado já na primeira linha. Mas como fazer de conta que a realidade, com seus números, pesos e medidas, não existe? Apenas ao longo dessas últimas horas, o público foi informado que a taxa de juros do Banco Central baixou para 7% ao ano – a décima queda em seguida e o menor índice na história do comitê que faz esses registros. Pois é: desde que Temer assumiu, os juros caíram praticamente todos os meses. É ruim isso? Acaba de se anunciar, ao mesmo tempo, que a inflação de novembro ficou abaixo de 0,3% — nos últimos doze meses o total é de 2,5%, a menor dos últimos 19 anos. O ano de 2017, assim, pode fechar com uma inflação inferior a 3%, coisa que não se vê também há duas décadas. É ruim isso? Há aumento na produção, recorde de exportações e diminuição do desemprego. É ruim isso? Das grandes reformas, a trabalhista já passou. A da Previdência pode passar. Ambas foram apresentadas ao público nestes últimos meses como cientificamente impossíveis. De novo: é ruim?
O governo está sendo bem sucedido porque interrompeu, desde o primeiro dia, o mais agressivo surto de estupidez econômica jamais praticado por uma administração pública neste país – esse que foi imposto ao Brasil pela demência suicida da gestão de Dilma Rousseff. Interrompeu, só isso – e depois não mexeu mais em nada. A equipe econômica continua lá, intacta e protegida por um cordão sanitário contra a roubalheira. Um Geddel Vieira, por exemplo, podia traficar no Ministério da Cultura, ou coisa parecida. Mas não se permitia a sua entrada no Tesouro Nacional, nem no Banco Central, nem em lugar algum onde pudesse causar as calamidades de uma Dilma. Nem ele nem qualquer outra estrela do ex-governo Lula, de onde veio, por sinal, quase toda a turma da pesada que hoje roda por aí nos carros chapa branca do governo federal.
Os institutos de pesquisa provavelmente vão continuar mostrando que a aprovação de Temer permanece em queda. Quando algum dos projetos do governo passar no Congresso, será dito que a vitória, na verdade, foi uma derrota, por isto ou por aquilo. Quando vierem os próximos números positivos da economia, vão dizer que as melhoras provocam pioras – no caso da queda dos juros, por exemplo, foi lamentada a redução que isso trará para o rendimento da caderneta de poupança. Quando o ano virar daqui a alguns dias, com Temer sentado na mesma cadeira de onde já deveria ter caído sete vezes, será anunciado que agora sim, em 2018, começarão os verdadeiros problemas do presidente. Quando passar a faixa presidencial para o seu sucessor, em 1º de janeiro de 2019, as manchetes serão: “Caiu Temer”. Deus que tenha piedade de sua alma.
Enquanto isso, na vida real, cada vez mais gente busca o apoio do homem que tem popularidade zero.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

"Tudo resolvido" / J R Guzzo



J.R. Guzzo: 

Tudo resolvido

Pelos próprios números dessas pesquisas eleitorais, mais de 70% dos eleitores não querem votar nem em Lula nem em Bolsonaro




Eis aí uma modalidade educada de “fake news” — essa maré sempre montante de notícias falsas que tanto prospera nas “redes sociais” hoje em dia. As “pesquisas de intenção de voto”, como consta em seu nome e sobrenome, não são inventadas em cima de uma mesa, sem que se pergunte nada a ninguém – tanto quanto nos informam, há realmente entrevistadores e entrevistados, um número “X” de entrevistas, que são feitas em “X” lugares do Brasil e incluem “X” tipos diferentes de eleitores. Tudo bem – só que as pesquisas estão pesquisando o nada. Elas são “fake” porque revelam para o público uma realidade que não existe. E não existe porque não se sabe ainda quem serão os candidatos verdadeiros à presidência – aqueles nos quais o eleitor concretamente poderá votar no dia da eleição. Para que serve uma notícia sobre algo que pode, ou não, acontecer no futuro? É curioso: as duas figuras que segundo a imprensa aparecem “consolidadas” nas duas primeiras posições podem nem ser candidatos de verdade na eleição de verdade. Mais curioso ainda: pelos próprios números dessas pesquisas que “consolidam” Lula e Bolsonaro como os dois nomes que vão disputar o segundo turno em outubro de 2018, mais de 70% dos eleitores não querem votar nem em um e nem no outro. Quando as entrevistas são feitas de forma espontânea, ou não estimulada pelos questionários, os dois somam 28%.
Na verdade, as pesquisas colocam como líderes da corrida eleitoral justamente os dois candidatos mais detestados pelos eleitores – são os que têm os “índices de rejeição” mais altos, ou seja, aqueles em quem o cidadão diz que não vai votar “de jeito nenhum”. Há também as “margens de erro”, essa santa padroeira dos pesquisadores de votos, que pode ser de três pontos “para cima” ou “para baixo”. Ou seja, a pesquisa pode errar por seis pontos ao todo, o que frequentemente muda tudo para um candidato — e estar certíssima do ponto de vista técnico. Quem diz seis pode dizer oito, e de oito a dez é um pulo. Em resumo: se a pesquisa diz que fulano vai ter 30% dos votos e ele acaba com 40% na vida real, nenhum instituto acha que errou. De mais a mais, em 48 horas ninguém se lembra de mais nada do que foi previsto, e acaba ficando tudo por isso mesmo.
Qual o sentido de divulgar e fazer tanto barulho com algo tão parecido com fumaça? Nenhum – mas também não é intenção de ninguém fazer sentido nesse negócio. Ou, ao contrário, é justamente a intenção de muita gente criar uma situação artificial que atenda aos seus interesses políticos. Do jeito que ficou nas pesquisas, a eleição presidencial do Brasil em 2018, que ainda tem quase um ano para acontecer, já está praticamente resolvida: ou é Lula ou é Bolsonaro. Acredite, pois é “o que dizem as pesquisas” — ou então não atrapalhe a conversa.

domingo, 3 de dezembro de 2017

"Que bom era ser comunista, desde que fora de um país comunista." // Roberto Pompeu de Toledo


Roberto Pompeu de Toledo 

Sob proteção

Que bom ser comunista, desde que fora de um país comunista

Publicado na edição impressa de VEJA
As comemorações do centenário da Revolução Russa enfatizaram o fracasso do comunismo nos países em que ele exerceu o poder. Faltou conferir igual ênfase ao sucesso obtido nos países em que ele esteve fora do poder — sua capacidade de mobilização, os vultuosos eleitores que reuniu, sua atração sobre os jovens de talento. Tome-se o caso do historiador francês Paul Veyne, um dos maiores especialistas em Antiguidades do nosso tempo. Em 1951, aos 21 anos, recém-admitido na prestigiosa Escola Normal, ele ingressou, com direito à correspondente carteirinha de sócio, no Partido Comunista Francês (PCF). Seu entusiasmo era moderado. Veyne não acreditava nos “amanhãs que cantam” apregoados pelo poeta Aragon, ao descrever o glorioso advento do comunismo. Mas via no imperativo de ingressar no partido uma questão de “bem ou de mal, de moral, de altruísmo.”
Paul Veyne descreve sua adesão ao comunismo — com precisão e inteligência que valem para muitos além das circunstâncias francesas — no livro de memórias que publicou em 2014. Já circulavam as narrativas dos crimes de Stalin. O “paraíso socialista” da fábula dava lugar à realidade de uma tirania totalitária. No entanto, aderir ao comunismo, mesmo contra evidências que saltavam à vista, obedecia a um “valor moral”, explica Veyne:
“Na verdade, a escolha de um valor é sempre individual (cada indivíduo faz sua escolha), mas, aos olhos desse indivíduo, essa escolha não é subjetiva como os gostos ou as cores; o valor de um objeto é sentido como pertencendo objetivamente a esse objeto, e não como vindo de mim. Quando aderimos a um valor (o altruísmo, a humanidade, o respeito à natureza), temos o sentimento de responder a um apelo desse objeto mesmo, de termos para com ele um dever de não indiferença, ainda que outros indivíduos, que fizeram uma outra escolha, não sintam nada disso.”
Tampouco os podres do PCF eram suficientes para afugentar os crentes. Maurice Thorez, o número 1 da agremiação, morava num apartamento de seis cômodos, e, quando sua esposa, Jeannette Vermeersch, foi questionada a respeito, respondeu: “Você queria que o secretário-geral do nosso grande partido morasse num pardieiro?”. Certa vez o motorista de um alto funcionário do partido confidenciou a um grupo de alunos da Escola Normal que costumava leva-lo a encontros amorosos com a mulher de outra alta figura do partido. Em paralelo a tais diabruras vigorava a exigência de uma estrita moralidade sexual. Não se admitiam casais não casados. E quando, na “célula” de Veyne, se descobriu um homossexual, a reação foi (1) abafar o caso e (2) recomendar ao infeliz camarada “que se tratasse”.
O PCF, com seu meio milhão de militantes e alguns milhões de eleitores, era o maior partido da França. Na Europa só tinha rival no Partido Comunista Italiano. Herdara a mística da Resistência, para a qual forneceu a maioria dos integrantes, e, num mundo traumatizado pelos 60 milhões de mortos da II Guerra Mundial, alardeava-se “no campo da paz”, contra os propósitos belicosos que atribuía aos Estados Unidos, então em guerra na Coreia. As duas superpotências tinham bombas nucleares, mas a bomba soviética, segundo a conveniente divisão entre os bons e os maus, era “a bomba da paz”.
Enquanto permaneceu no partido (até 1956), Veyne abrigou uma “dúvida secreta”. Seria o PCF realmente o campeão dos desfavorecidos: “Em realidade”, escreve, “seu papel era o de atiçar, em benefício da União Soviética, o odioso ciúme da outrora grande França diante dos Estados Unidos.” Os mais lúcidos entre os comunistas franceses sabiam das perseguições dos campos de trabalho forçado e das “autocríticas” arrancadas aos dissidentes da URSS, mas se esforçavam em não pensar nisso. Tampouco, segundo Veyne, se perguntavam se o comunismo era realmente “um bom meio de assegurar a prosperidade dos desfavorecidos.”
Num daqueles dias, passando por Cannes,  Veyne deu com a frota americana do Mediterrâneo ancorada no porto. “É preferível ver isso a ver encouraçados soviéticos”, comentou, provocando na irmã, que o acompanhava, um sorriso maroto. Escreve Veyne: “Eu contava com os Estados Unidos; era um comunista sob a proteção americana”. Sua reação revela uma das razões do sucesso do comunismo, na França, na Itália e em outros países. Que bom era ser comunista, desde que fora de um país comunista.

"J. R. Guzzo: Quem é quem " / coluna de Augusto Nunes


J. R. Guzzo: Quem é quem 

Seria uma beleza se os políticos fossem julgados por aquilo que fazem



Publicado no Blog Fatos
O Brasil está precisando, cada vez mais, de um “Quem é Quem” permanente em sua vida pública, a ser publicado de preferência todos os dias, como o Diário Oficial, para que as pessoas possam ter um mínimo de noção sobre a verdadeira natureza dos políticos que andam por aí – todos eles. Em geral, no momento, esse povo é apresentado pela mídia e por suas biografias oficiais (pagas por você), como sendo deste ou daquele partido, desta ou daquela corrente, e em seus currículos aparece em destaque todo o bem que fizeram até hoje para os brasileiros e para a humanidade em geral. Esse amontoado de informações não serve para nada. Praticamente tudo que está ali, na verdade, serve justamente para ocultar quem o sujeito realmente é. O “Quem é Quem” que seria de fato útil para o Brasil é um outro. Ele mostraria quem são os nossos homens públicos não por suas palavras, mas por seus atos.
Um episódio ocorrido dias atrás demonstra com muita clareza os benefícios que a população teria com um sistema permanente de informações sobre os políticos que vivem à suas custas. Ao mostrar o que fazem, em vez de repetir o que dizem, deixaria óbvio para todos os contribuintes quem é essa gente, de fato, na vida real. Um deputado do PT de quem pouco se sabia até agora, um Paulo Pimenta, conseguiu de repente os seus cinco minutos de fama – deu “voz de prisão” num corredor do Senado a uma mulher do movimento político “Nas Ruas”, que se opõe com agressividade à esquerda e, quanto tem oportunidade, atormenta os políticos do PT e suas sesmarias. “Voz de prisão”? Isso é coisa de polícia, e não de um deputado de “esquerda”, do “campo progressista” e defensor das “causas populares”, como esse Pimenta diz que é. Mais: é hoje uma piada francamente extraordinária, neste país de roubalheira desesperada, que um deputado brasileiro, e ainda mais do PT, tenha a pretensão de dar “voz de prisão” a alguém. Deputado, hoje em dia, tem mais é de fazer o contrário: dar duro todos os dias para ver se consegue, ele próprio, ficar do lado de fora do xadrez.
O surto de “autoridade” do deputado – do tipo “eu mando prender”, etc. – foi particularmente mesquinho, como em geral acontece nesses casos. Após uma altercação com a manifestante, ele perdeu o prumo e disse para ela uma das coisas provavelmente mais infelizes que poderia ter dito: “Vai trabalhar”. Um deputado mandando alguém “trabalhar”? Com uma deixa dessas só poderia mesmo ter ouvido o que ouviu: “Eu trabalho, sim, não fico roubando como vocês”. Ficou bravo, foi tirar satisfação e levou mais uma: “Ué, o PT não rouba?” Era um caso perdido, mas o deputado, cercado pela segurança do Congresso, resolveu crescer para cima de uma mulher com metade do seu tamanho, desarmada e no exercício dos seus direitos. Aí, utilizando uma coragem que mostra bem que tipo de homem ele é, mandou a polícia legislativa prender a oponente. Não deu em nada, obviamente, porque a “ordem” do deputado era um disparate, fruto apenas de um acesso de neurastenia. Ela foi afastada dali, ouvida na delegacia local e de lá voltou para casa.
O deputado Jair Bolsonaro, que causa tantos pesadelos ao Brasil civilizado por suas convicções “totalitárias”, nunca mandou prender ninguém em sete mandatos consecutivos como parlamentar. O deputado Paulo Pimenta, que passa por um formoso democrata dedicado à proteção dos pobres e desvalidos, pensa automaticamente em “cadeia” logo na primeira fez que toma uma pancada. É assim que as coisas deveriam aparecer no “Quem é Quem”. Jair Bolsonaro é Jair Bolsonaro. Paulo Pimenta é o PT em estado puro, exatamente como ele e o seu partido são.