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quinta-feira, 12 de março de 2015

Policial da Polícia Militar do RJ morre mais em folga do que no trabalho... A proporção é de 4 vezes mais ! Os feridos foram 9.000 em 14 anos de pesquisa Secretaria de Segurança (2001 a 2014)


 

Um batalhão de PMs mortos

Entre 2001 e 2014, 1.715 policiais militares foram assassinados no Rio, mostra estudo inédito da Secretaria de Segurança Pública

HUDSON CORRÊA
11/03/2015 18h35
O enterro do cabo da PM do Rio Rogério Pereira da Silva, de 39 anos, em fevereiro (Foto: Arion Marinho/Parceiro/Agência O Globo)

Levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro mostra que entre 2001 e 2014 1.715 policiais militares foram assassinados, em serviço ou durante suas folgas. No mesmo período, 9 mil PMs ficaram feridos em assaltos, emboscadas ou confrontos com criminosos. A partir do levantamento, a secretaria calculou a taxa anual de homicídios para cada grupo de mil policiais e concluiu que desde 2012 o índice vem aumentando.
Em 2014, bandidos mataram 96 policiais (18 no trabalho e 78 de folga). Como o efetivo da corporação era de 48,5 mil militares, a taxa de homicídio foi de 2 mortos a cada grupo de mil agentes. Apesar do agravamento desde 2012, o resultado de 2014 não é o pior do período pesquisado. Os anos mais críticos foram 2003 (com 176 assassinatos) e 2004 (com 161), com índice acima de 4 assassinatos a cada grupo de mil policiais –naqueles anos, o efetivo da corporação era de 37,5 mil homens.
A pesquisa mostra ainda que um PM tem quatro vezes mais chances de perder a vida durante a folga. Nos últimos 14 anos, 1.375 foram assassinados nos dias de descanso contra 340 mortos em serviço. O grande risco para um PM não fardado é ser rendido por assaltantes. Mesmo que não reaja, ele possivelmente será morto se o bandido descobrir sua identidade.
Entre os 18 policiais mortos no trabalho em 2014, oito estavam lotados em Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas em favelas cariocas, antes dominadas por traficantes de drogas. Em dezembro passado, ÉPOCA revelou como os bandidos passaram a montar emboscadas contra os militares das UPPs, numa tática de guerrilha. Os criminosos também usam menores de idade na linha de frente. Adolescentes de apenas 15 anos viraram gerentes do tráfico.
Mesmo elevado, o número de vítimas nas fileiras da PM é bem menor do que o de pessoas mortas em supostos confrontos com a polícia. Segundo o Instituto de Segurança Pública, 582 civis morreram em ações policiais em 2014,  aumento de 40% em relação a 2013.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Garotinho insiste em 'sair mal nas fotos' da Secretaria de Segurança do RJ... / ÉPOCA

Anthony Garotinho e a tentativa de 

sabotar a pacificação nos morros


O assassinato de uma policial na semana passada no Rio de Janeiro foi parte de uma 

reação do crime, que se junta à atuação de políticos que sabotam a paz

HUDSON CORRÊA E RAPHAEL GOMIDE, COM ANA LUIZA CARDOSO
07/02/2014 20h57 - Atualizado em 07/02/2014 21h28
DOSSIÊS O deputado Anthony Garotinho e o ex-chefe de polícia Álvaro Lins em 2003. Entre suas armas, estão a ameaça e a perseguição (Foto: Alexandre Brum /Ag. O Dia  )









Em verdadeiras operações de guerra, com tanques da Marinha e militares do Exército, o poder público retomou o controle de favelas cariocas dominadas por criminosos. De 2008 até hoje, foram reconquistadas 252 comunidades, onde vive 1,5 milhão de pessoas. Antes dessas ações, as áreas eram territórios de traficantes e milicianos, que desfilavam com fuzis e metralhadoras na mão. Para evitar que a bandidagem voltasse ao poder, o governo do Rio de Janeiro instalou Unidades de Polícia Pacificadora(UPPs) nos principais morros retomados. Já há 36 UPPs com 9 mil policiais militares. Nestes seis anos, os homicídios diminuíram 65% nas comunidades ocupadas. Apesar das batalhas vitoriosas, a guerra não está ganha. Há muitas favelas para ocupar e, mesmo nas comunidades já retomadas, os bandidos ainda sonham em reconquistar os territórios perdidos. Mais recentemente, os criminosos passaram a adotar a tática de guerrilha. Em ataques-relâmpago contra as UPPs, disparam tiros de fuzil, granadas e coquetéis molotov.

As autoridades já esperavam essas dificuldades. A surpresa são os novos inimigos: os sabotadores da pacificação. O objetivo desse grupo também é territorial, mas no campo político. Suas armas são as ameaças, a perseguição, a produção de dossiês e uma série de outros artifícios para instalar o medo na população e desacreditar a segurança pública. Esses agentes do subterrâneo têm endereço conhecido e comando estabelecido. Eles operam num bunker na Rua Senador Dantas, no centro do Rio de Janeiro. Na liderança do grupo, estão o ex-governador Anthony Garotinho e o ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins.

Pré-candidato a governador do Rio de Janeiro, Estado que já administrou de 1999 a 2002, Garotinho chama a ação nas favelas de “farsa da pacificação”. Seu objetivo é minar a administração de Sérgio Cabral, seu principal adversário político, e atacar sua maior conquista, o programa das UPPs, que reduziu os homicídios na capital em 48%. Se a coisa ficasse apenas no plano eleitoral, seria do jogo. Mas Garotinho extrapolou. Por meio de seu blog, ele divulga dossiês contra o secretário de Segurança Pública,José Mariano Beltrame. A torrente de acusações foi tamanha que, no ano passado, Beltrame entrou com uma queixa no Supremo Tribunal Federal. Na ação judicial, Beltrame afirma que os ataques contra ele ameaçam sua credibilidade e reputação diante da polícia. “O blog é um permanente corpo de delito”, diz a queixa ao STF.
 
O balanço das operações (Foto: Severino Silva/Ag. O Dia, Extra, Ag. O Dia e Ag. O globo (2); Fonte: Instituto de Segurança Pública       )
Um dos materiais publicados – no caso, como forma de intimidação – inclui uma série de fotos do carro de um empresário, apontado como dono do apartamento onde mora Beltrame. Com cópia da guia de IPVA e identificação do proprietário do veículo, a escritura do imóvel e fotos da fachada do prédio. O dossiê sugere que Beltrame não paga aluguel pelo imóvel. Noutro episódio, Garotinho reuniu uma extensa papelada, incluindo documentos internos da PM, para atacar a compra de novos carros de polícia pelo governo. Na queixa que encaminhou ao STF, Beltrame contesta todo o material  e aponta várias inconsistências.

Nem todo o material reunido pela equipe do bunker vai para o blog. Boa parte alimenta a rede de intrigas de Garotinho. Dossiês, como os produzidos contra Beltrame, exigem o trabalho subterrâneo de arapongagem. É a missão de ex-policiais que trabalham no bunker, demitidos por corrupção ou aposentados. Eles são ligados ao ex-delegado Álvaro Lins, chefe da Polícia Civil entre os anos de 2000 e 2006 nos governos do casal Garotinho e Rosinha Matheus. Acusado de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha armada, Lins foi condenado pela Justiça Federal a 28 anos de prisão em 2010. O Ministério Público Federal diz que, na época em que chefiava a polícia, ele protegia a máfia dos jogos caça-níqueis. No mesmo processo, Garotinho amargou uma pena de dois anos e seis meses por formação de quadrilha. O recurso contra a sentença será julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
Mesmo depois de ter deixado o governo varado de denúncias, Lins nunca se afastou de Garotinho. Mantém até hoje uma relação de subordinação a ele. Os dois respondem a um inquérito por compra de votos nas eleições de 2006. Na ocasião, a Polícia Federal interceptou diversos diálogos entre eles. Numa das conversas – inéditas até hoje e às quais ÉPOCA teve acesso –, Lins se refere a Garotinho como “chefe” (ouça os áudios abaixo). Segundo a Procuradoria-Geral da República, Garotinho, Lins e o deputado estadual Geraldo Pudim tramaram um esquema de corrupção eleitoral. O governo de Rosinha Garotinho, mulher de Garotinho, e então governadora, se comprometeria a convocar 1.774 aprovados no concurso público para investigador da Polícia Civil. Antes da convocação, porém, os concursados teriam de trabalhar como cabos eleitorais, pedindo votos. Naquela época, Lins era candidato a deputado estadual, e Pudim concorria a uma cadeira na Câmara Federal.

Em outubro de 2011, Lins mais uma vez seguiu Garotinho, cerrando fileira no PR. Na mesma época, passou a frequentar uma empresa de auditoria e investigação chamada Acarpi, cujo endereço fica num prédio discreto no centro do Rio de Janeiro. Os corredores sem movimento dão a impressão de que as salas estão vazias. O dono da empresa, o ex-policial e advogado Carlos Azeredo, trabalha a todo vapor para atazanar a vida de Beltrame e a cúpula da Secretaria de Segurança Pública, movendo processos judiciais. Azeredo é filiado ao PR, partido de Garotinho, desde agosto de 2011.