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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Porto de Vitória leva 23% dos investimentos portuários do PAC 2


06/12/2012 18h55 - Atualizado em 06/12/2012 18h55

Porto de Vitória receberá R$ 13 bilhões em investimento até 


2017

Valor faz parte de programa do governo federal para portos brasileiros.

'Esse é o maior investimento do Brasil em portos', diz Casagrande.

Obras no cais do Porto de Vitória (Foto: Leandro Nossa / G1 ES)Obras no cais do Porto de Vitória
(Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
Cerca de 13,3 bilhões serão investidos no Porto de Vitória pelo governo federal, até 2017. O anúncio foi feito pela Secretaria de Portos (SEP), juntamente com a presidente Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (6), em Brasília. Os recursos fazem parte do “Programa de Investimento em Logística: Portos” e serão investidos para modernizar a infraestrutura do setor portuário brasileiro. Ao todo, R$ 54,2 bilhões foram destinados ao programa.

Entre os anos de 2014 e 2015, serão investidos R$ 6,5 bilhões, e entre 2016 e 2017, o governo investirá R$ 6,8 bilhões, de acordo com o programa. "Esse é o maior investimento do Brasil em portos. Isso é fundamental, estamos caminhando para transformar o estado em uma plataforma logística nacional", destacou o governador Renato Casagrande, de Brasília, em entrevista por telefone ao G1.
De acordo com o governador, este é um investimento privado e tudo está passando por um processo de licenciamento ambiental. "Foram anunciadas nove iniciativas de portos privados, em outras cidades do estado, mas isso será discutido no setor privado. O início das obras depende da empresa que vai realizá-las, pode ser até em 2013. O término está marcado para até 2017", disse Casagrande.

Águas Profundas
Nesta quinta-feira, o ministro da Secretaria de Portos (SEP), Leônidas Cristino, anunciou que serão feitas concessões de cinco portos públicos, entre eles o de Águas Profundas, no Espírito Santo. De acordo com o órgão, a construção desse porto irá custar, aproximadamente, R$ 2,9 bilhões. O governo do estado informou que o local onde ele será construído ainda não está definido.
Porto perdeu mercado
A estrutura atual do Porto de Vitória e dos acessos a ele não atendem à demanda de cargas e faz com que o Espírito Santo perca mercado para outros estados. Segundo o superintendente geral de projetos da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), Eduardo Prata, a movimentação de cargas caiu 15% em 2012, comparada ao ano anterior. De janeiro a outubro do ano passado, a movimentação de cargas foi de 6,25 milhões de toneladas. No mesmo período deste ano, a movimentação foi de 5,3 milhões de toneladas.
"A gente tem que agradecer que o Brasil cresceu apenas 1,% do PIB. Se crescesse 4%, o Brasil teria parado. Nossa infraestrutura não cresce na mesma velocidade do PIB. Isso provoca gargalos. Se o Espírito Santo não tomar cuidado, vai perder tudo para outros estados. Já perdemos 30% da exportação de café e 30% da exportação de granito para o Rio de Janeiro. A movimentação de carros caiu 40%. O que está segurando é que a movimentação de fertilizantes, granéis líquidos e petróleo e gás cresceu muito", afirmaou Eduardo Prata, em entrevista ao G1 nesta quarta-feira (5).
O Porto de Vitória se encontra em obras financiadas pelo próprio governo federal, com recursos do Programa de Aceleração ao Crescimento 2 (PAC 2). Tais obras somam R$ 428,4 milhões de investimentos e atrasaram devido a um questionamento do Tribunal de Contas da União (TCU), que suspeitou de sobrepreço. "A ordem de serviços saiu em dezembro e as obras começaram em janeiro deste ano e terminam em março e em dezembro do ano que vem", explicou o superintendente geral de projetos da Codesa. Segundo a Companhia, antes, o maior navio que podia operar era de 20 mil toneladas. A partir de março do ano que vem, poderá operar até 70 mil toneladas.
A Codesa também contratou um projeto para a construção de berços nos Dolfins do Atalaia, em Vila Velha, na Grande Vitória. A Companhia ainda contratou sinalização náutica para o porto operar 24 horas. Os investimentos são de R$ 140 milhões e a previsão de conclusão é de 24 meses a partir de março do ano que vem, quando as obras devem iniciar.
Raio X
O complexo portuário do Espírito Santo movimenta R$ 160 milhões de tonelada por ano. Por dia, o Porto de Vitória possui uma média de chegada de 10 embarcações. As obras atuais podem aumentar em 40% a carga que chega ao porto. Com uma receita mensal de R$ 8 milhões, a Codesa acredita que as obras atuais deem conta da demanda por mais, pelo menos, dez anos até a construção de um novo porto, que já está em estudo, que vai permitir que o estado não fique fora do mercado internacional.
Contraponto ao fim do Fundap
Com o fim do Fundo de Desenvolvimento às Atividades Portuárias (Fundap), a arrecadação em impostos com o Porto deve diminuir, mas para a Codesa as obras que devem aumentar a capacidade do Porto compensa as perdas. “A nova dragagem, e as obras do cais preenchem a lacuna do fim do Fundap”, afirmou o superintendente do Porto, Eduardo Prata.

Vista noturna da Terra por satélite dos EUA


A Terra vista à noite do espaço é um mundo de luz e escuridão

Há um novo vídeo da NASA que mostra o lado escuro da Terra. E a electricidade marca a geografia nocturna do planeta.
O lado nocturno do nosso planeta foi fotografado por um satélite norte-americano com uma resolução sem precedentes. A NASA e a NOAA, a agência para atmosfera e os oceanos dos Estados Unidos, mostram agora a compilação dessas imagens num vídeo. A Terra surge-nos a girar à noite e, vista do espaço, é um mundo de escuridão, mas também de muita luz.
Não é só a cartografia dos postes de electricidade que pode ser feita com as imagens registadas pelo satélite. O vídeo também revela os poços petrolíferos activos que estão a queimar combustível, as luzes dos navios no mar e os incêndios o interior da Austrália.

“Por todas as razões que tornam necessário fazer a observação da Terra durante o dia, também é preciso fazer esta observação à noite”, defende Steve Miller, um investigador do Instituto Cooperativo para a Investigação da Atmosfera, da Universidade Estadual do Colorado, que pertence à NOAA. “Ao contrário dos humanos, a Terra nunca dorme”, diz o investigador, num comunicado.
O satélite norte-americano resulta de uma parceria entre a NASA e NOAA e foi para o espaço em 2011. Um dos seus instrumentos é um radiómetro que detecta ondas de luz em comprimentos de onda que vão desde o verde (na parte visível do espectro) até ao infravermelho. O aparelho utiliza técnicas de filtragem e um sensor que permitem registar, a partir do espaço, o brilho pouco intenso das luzes eléctricas que iluminam as estradas. Este sensor até consegue “ver” a única luz de um navio sozinho no oceano.
O registo que aparece agora é fruto de fotografias tiradas em 22 dias, entre Abril e Outubro de 2012, em noites sem nuvens. É possível ver continentes vastamente iluminados como a Europa em contraste com regiões mais escuras como a Rússia. O vídeo mostra diferenças políticas: a iluminada Coreia do Sul e a mais escura Coreia do Norte. E evidencia também a importância dos acidentes geográficos, como as cordilheiras escuras dos Himalaias, que travam o avanço da civilização.
“A noite não é de longe tão escura como podemos pensar”, diz Miller. As fotografias revelam ainda fenómenos luminosos naturais como auroras ou o brilho parco de reacções químicas que se dão na atmosfera superior. Com esta vigilância nocturna, os cientistas também estão interessados em detectar o início de tempestades que ocorrem de noite ou outros fenómenos meteorológicos. Mas também podem identificar apagões, como os que aconteceram nos Estados Unidos durante o furacão Sandy, no final de Outubro, ou os navios que pescam ilegalmente e se servem de luz para atrair cardumes de peixe.
 

Mensalão vai acabar sendo considerado fantasma ou zumbi por juízes 'crepusculares'


Mensalão: Após embate entre relator e revisor, STF adia decisão sobre mandatos

Joaquim Barbosa defendeu que STF determine a cassação dos mandatos de condenados; Ricardo Lewandowski afirma que prerrogativa é da Câmara dos Deputados

Após mais um debate acalorado entre os ministros, o Supremo Tribunal Federal adiou para a próxima semana a decisão sobre o destino de políticos condenados no julgamento do mensalão que estão atualmente no exercício de mandatos eletivos.  Interpelados em vários momentos por seus colegas na Corte, o relator Joaquim Barbosa e o revisor Ricardo Lewandowski protagonizaram mais uma vez o embate ao divergirem sobre a prerrogativa da Corte de decidir sobre a cassação dos direitos políticos dos réus.
Barbosa defendeu a perda imediata dos mandatos dos deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Ele pediu também a cassação dos direitos políticos do ex-deputado José Borba, que exerce mandato de prefeito em Jandaia do Sul (PR). Lewandowski, por sua vez, afirmou que a prerrogativa de definir o destino dos políticos condenados cabe exclusivamente ao Legislativo.
Ao embasar seu voto, o ministro-relator disse que os réus tiveram uma conduta incompatível com o exercício de seus cargos. "No presente caso, senhores ministros, os parlamentares João Paulo Cunha, Valdemar Costa Neto, Pedro Henry e também José Borba praticaram o grave crime de corrupção passiva quando se encontravam no exercício da função parlamentar", disse Barbosa. "É conduta totalmente incompatível com os deveres do cargo."
STF / Divulgação
Sessão desta quinta-feira teve nova divergência entre relator e revisor, desta vez sobre perda de mandatos
Ao justificar sua posição, Barbosa disse que o STF tem a palavra final sobre a Constituição e, por isso, tem o direito de se posicionar em definitivo sobre qual deve ser o destino desses parlamentares. "Acho inadmissível esta hipótese de esta Corte compartilhar com outro Poder algo que lhe é inerente", argumentou. Essa premissa, disse ele, consta do Código Penal. 
Lewandowski, por sua vez, apoiou sua exposição na tese de que cabe exclusivamente ao Legislativo cassar o mandato de seus integrantes. O Judiciário, se assim o fizer, vai interferir no exercício de mandatos eletivos conquistados de maneira legítima, por meio do voto popular. "Quando o parlamentar é legitimamente eleito, falece ao Judiciário competência para determinar a perda automática do mandato", disse o revisor. Só caberia ao Judiciário se posicionar, segundo ele, caso houvesse "fraude na origem", ou seja, se o parlamentar desobedecer de alguma forma as leis que regem sua eleição. 
Lewandowski reagiu mais de uma vez aos comentários de colegas. Quando o ministro Gilmar Mendes destacou a função do Judiciário em se posicionar diante de casos de improbidade administrativa, o revisor rebateu: "Suspensão é uma coisa, cassação é outra". "A jurisprudência é torrencial no sentido de que não deve haver perda imediata de mandato”, acrescentou. 
As discussões provocaram nova manifestação de Barbosa, que engatou: "Minha proposta é deixarmos na nossa decisão consignada a perda. Se a Câmara resolver que vai proteger este ou aquele parlamentar, ela que arque com as consequências", disse o relator. Mais adiante, o ministro Luiz Fux também contestou os argumentos do revisor. "Será que os mandatários do povo podem continuar falando pelo povo depois de condenados criminalmente?"
Lewandowski, então, disse "confiar" no Legislativo para que tome a decisão em favor da cassação dos mandatos dos políticos que vierem a ser condenados. "Eu parto do pressuposto da honorabilidade e da seriedade de todos os integrantes do Congresso Nacional."
O STF deve retomar o julgamento do mensalão na próxima segunda-feira. Além de finalizar a discussão sobre a perda de mandatos de parlamentares, a Corte deve se debruçar também sobre o pedido da Procuradoria-Geral da República sobre a prisão imediata dos réus cujas penas deverão ser cumpridas inicialmente em regime fechado. 
      iG São Paulo 

    Caça AMX bate em torre de transmissão e piloto morre...


    Acidente | 06/12/2012 17:41

    Avião da FAB se choca contra torre de transmissão de usina

    As torres têm, em média, 40 metros de altura, mas a distância do solo aos cabos da rede pode variar em função das características do terreno


    Alex Rodrigues, da Brasília – O caça da Força Aérea Brasileira (FAB) que caiu por volta das 9h40 de hoje (6) na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul chocou-se contra a rede de alta tensão da Usina Hidrelétrica de Machadinho.
    Segundo a assessoria da Companhia Transmissora de Energia Elétrica (Lumitrans) – uma das empresas que integram o consórcio responsável pela usina, o caça AMX pilotado pelo capitão André Ricardo Halmenschlager atingiu uma das torres da linha de transmissão que interliga o empreendimento à Subestação de Campos Novos (SC). As torres têm, em média, 40 metros de altura, mas a distância do solo aos cabos da rede pode variar em função das características do terreno.
    O engenheiro Elinton André Chiaradia informou à Agência Brasil que a linha de transmissão se desligou automaticamente às 9h39. Mesmo horário em que, de acordo com a FAB, o caça caiu no lago da usina, onde foi localizado há pouco, parcialmente submerso. O piloto não sobreviveu à queda.
    Ainda de acordo com Chiaradia, a linha de 500 quilowatts continua desligada, mas o fornecimento energético aos consumidores não foi interrompido, pois a distribuição foi integralmente transferida para outra linha de transmissão. Técnicos da usina já estão no local, avaliando o estrago.


    quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

    Pianista Dave Brubeck morre aos 91 anos - ÉPOCA | Cultura

    MEMÓRIA - 05/12/2012 15h49 - Atualizado em 05/12/2012 15h54
    TAMANHO DO TEXTO

    Pianista Dave Brubeck morre aos 91 anos

    Ícone do jazz, o músico lançou discos importantes nas décadas de 1950 e 1960, como o clássico "Time out"

    REDAÇÃO ÉPOCA
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    Dave Brubeck durante performance na 30ª edição do festival de jazz de Montreaux, em 2009 (Foto: The Canadian Press, Paul Chiasson/AP)
    O pianista Dave Brubeck, ícone do jazz, morreu nesta quarta-feira (5), de insuficiência cardíaca. Ele estava a caminho de uma consulta com seu cardiologista. Brubeck faria 92 anos na quinta-feira (6). O pianista era considerado uma lenda viva pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.
    Brubeck nasceu em Concord, Califórnia, em 1920, e começou a estudar piano com a mãe, embora não tivesse vontade de construir uma carreira no mundo da música. Começou a estudar veterinária, mas acabou sendo encaminhado a um conservatório por um diretor da universidade. Depois de se graduar, em 1942, Brubeck foi para o exército, onde serviu no exército do General George S. Patton. Escapou da batalha das Ardenas depois de se oferecer para tocar piano em um jantar organizado pela Cruz Vermelha. Depois de voltar aos Estados Unidos, continuou seus estudos musicais.
    Em 1949, realizou suas primeiras gravações com um trio e um octeto. Em 1951, formou um quarteto que o levaria à fama. Gravou uma série de discos ao vivo e fez apresentações de sucesso em Universidades e clubes noturnos. EM 1959, lançou o LP Time Out, hoje considerado um dos maiores discos de todos os tempos e o primeiro álbum de jazz a atingir a marca de um milhão de cópias vendidas. Usando tempos pouco comuns no jazz daquele tempo, Brubeck criou composições até hoje reverenciadas, como "Take five", "Blue rondo à la Turk" e "Three to get ready".
    Durante a década de 1960, continuou gravando discos com composições que fugiam dos tempos mais tradicionais. Um dos principais LPs do período é a gravação de sua performance no Carnegie Hall, em 1963. Em 1967, decidiu suspender as atividades de seu quarteto. O músico passou a se dedicar a composições mais longas para orquestra e coral. Compôs diversas obras sacras e se tornou católico em 1980, depois de dizer que as coisas que viu durante a Segunda Guerra provocaram um despertar espiritual.
    Brubeck ganhou dezenas de prêmios ao longo de sua vida. Em 1996, ganhou o Grammy pelo conjunto de sua obra. Em 2010, recebeu o título de doutor em música (honoris causa) da Universidade George Washington, em Washington, DC.
    O músico teve seis filhos, quatro deles músicos profissionais.

    AS 

    Quais são as três palavras essenciais da Política?


    O filme que acabei de ver no Telecine Action da Viacabo A Chamada, de 2009, me deu a resposta>
    " Não ser pego 

    O cinema no Brasil é uma forma de entender o mito de Sísifo


    Sisifo

    30 novembro 2012 | deixe seu comentário (0)


    Sou mulher, irmã e amiga de cineasta. A proximidade me fez conviver com os meandros do lançamento de uma película, em que os riscos são grandes e as chances de se danar, quase certas. Os blockbusters americanos pautam o calendário, e os filmes brasileiros se espremem nas datas que sobram, sempre pressionados pelos gigantes. O grande divisor de águas do segundo semestre de 2012 é Amanhecer. Os vampiros sugaram 1 213 das 2 000 e poucas salas de exibição do Brasil, perfazendo a assombrosa média de 1 769 pessoas por sala no primeiro fim de semana. Para se ter uma ideia, um filme médio costuma ir para a rua com 100 cópias e é considerado um êxito se cumprir o mínimo de 1 000 pessoas por cópia entre sexta e domingo.
    Até que a Sorte Nos Separe entrou na briga com audaciosas 415 salas, encontrou uma brecha antes de a vampirada pousar, apostando em dois feriados longos entre os meses de outubro e novembro. O delicioso Hassum fez bonito e deve chegar a 3 milhões de espectadores. O belíssimo Gonzaga se valeu da mesma estratégia e deve bater em mais de 1 milhão e meio de bilhetes vendidos. Os Penetras, que acompanho de perto, escolheu a baixa da draculândia, quando as 1 213 salas ocupadas sofrem uma queda, abrindo espaço para que os peixes-pilotos nacionais matem a fome. A esperança é persistir nas férias sem ser atropelado pelo Batmóvel ou pelo martelo do Thor.
    A matemática é justa. Erra-se tanto se o filme abre demais e diminui a frequência por sala quanto se abre de menos e manda o público de volta para casa.
    O cinema é um cassino. Quanto mais cópias se põem na rua, mais cara se torna a campanha publicitária. O investimento arriscado em mídia é o primeiro a retornar para o bolso do distribuidor. O produtor só saberá o que é lucro depois de pagar por esse aporte. É crucial romper a barreira de 1 milhão de espectadores.
    Mas 1 milhão é gente pra chuchu. Woody Allen e Almodóvar rendem, em média, de 200 000 a 400 000 ingressos. Argo, excelente filme de Ben Affleck, provável concorrente ao Oscar, atraiu, até agora, tímidos 160 000 cinéfilos. A diferença é que os filmes estrangeiros já chegam pagos aos trópicos. Allen fecha suas contas em mais de uma praça. Aqui, com raras exceções, só contamos com o mercado interno. Um filme mais sensível, ou cabeçudo, que chegue ao mesmo resultado do brilhante A Pele que Habito é considerado fracasso.
    Sempre me pareceu curioso que a estante dedicada aos filmes brasileiros nas locadoras não seja separada por gêneros. O cinema nacional é um gênero em si, no qual comédias, dramas sociais e políticos, documentários e histórias infantis são colocados no mesmo saco. Não à toa, sempre existe uma corrente predominante. Nos anos 70, foi a pornochanchada, no renascimento, o favela movie e, hoje, as comédias urbanas são as que se mostram economicamente viáveis.
    Seria bom assistir a terror, dramas burgueses à moda argentina, suspense, aventura e filmes-denúncia em português. Nosso país é complexo o suficiente para inspirar todo tipo de trama. A premência do resultado inibe o risco artístico, apresentamos sempre mais do mesmo até que alguma exceção mude o rumo do mercado. Deus e o Diabo fez isso, e também Dona Flor, Xica da Silva, Carlota Joaquina, Central do Brasil, Cidade de Deus, Carandiru, Tropa de Elite e Se Eu Fosse Você.
    Um realizador demora de dois a sete anos, se tiver sorte, para carregar seu revólver com uma única bala na agulha. O destino de sua obra estará selado nas primeiras 72 horas. Caso não atinja o alvo na mosca, o filme sairá de cartaz na semana seguinte. E, mesmo que ele tenha êxito, um bom resultado não garante o futuro.
    É a profissão que mais se assemelha ao mito de Sísifo, do homem condenado a empurrar uma gigantesca pedra até o alto de uma montanha para, uma vez lá, vê-la rolar ladeira abaixo, pronta para ser arrastada outra vez.
    Por isso, a pergunta inocente: “Qual o seu próximo projeto?”, ouvida por dez entre dez diretores nas pré-estreias de seus longas, muitas vezes me soa trágica.