O artigo que segue pós este prólogo é de Daniel Pipes, um dos mais respeitados intelectuais americanos e
consiste numa reflexão sobre sobre as razões pelas quais os
conservadores americanos perderam a última eleição presidencial. O
pleito presidencial é o referente a partir do qual Pipes assinala que o
conservadorismo neste século XXI tem de rever suas estratégias de ação.
Vale a pena
ler. Serve também para o Brasil, país seviciado há uma década pelo
esquerdismo. A diferença entre o Brasil e os Estados Unidos, no que
respeita à política, decorre fundamentalmente de um aspecto: lá o
espectro ideológico é bem definido. Aliás todas as grandes democracias
do mundo contam com um forte partido conservador. Já no Brasil ser
conservador sempre foi tido como um ato de pecado mortal, fato que
denota a fantástica estupidez que habita o imaginário político nacional.
Neste
artigo Daniel Pipes aponta o êxito do esquerdismo americano: anos e anos
de trabalho árduo de sua militância para fazer valer os postulados da
crença socialista. Todavia, Pipes não aponta um detalhe que reputo
importante e que deve ser levado em consideração: enquanto existe uma
teoria socialista não existe uma "teoria conservadora". Ou seja, o
conservadorismo não deseja remodelar a natureza, apenas ser preocupa em
criar mecanismos que adaptem a natureza à sobrevivência dos
indivíduos. O artigo de Daniel Pipes tem por título "Qual o Futuro do Conservadorismo na Esteira da Eleição de 2012?"
Os conservadores não precisam abrir mão de seus princípios, mas têm de mudar as estratégias de ação. Leiam:
Como tantos
outros conservadores, assumi que o Tea Party, o resultado da eleição de
2010, Solyndra, 8 por cento de desemprego, Bengasi e uma oposição
agitada (dizia um assessor de Romney:
no dia da eleição, "você simplesmente não ficaria no caminho de um
republicano rumo à votação") garantia derrota na candidatura de Barack
Obama a um segundo mandato. Portanto, a sua vitória foi especialmente
amarga. Será que só eu dormi mal e evitei as notícias por vários dias?
Tantas análises foram
apresentadas explicando o que deu errado: Romney era muito conservador
ou não era conservador o suficiente, insistiu demais em sua biografia,
esquivou-se de questões favoráveis, não conseguia se conectar com as massas.
E também foram delineadas outras tantas conclusões: os conservadores
precisam se modernizar (atenção!, cooperar com os gays), estender a mão
aos não brancos (acolher positivamente os imigrantes ilegais), indicar
os que realmente são conservadores.
Eu mesmo endosso o argumento que "a política está se distanciando da cultura".
Embora os conservadores
sejam melhores nos debates políticos, consistentemente perdem na sala de
aula, na lista do best-seller, na TV, nos filmes e no mundo das artes.
Esses bastiões liberais, que fornecem o alimento para a política do
Partido Democrata, não foram desenvolvidos de forma espontânea e sim
resultado de décadas de trabalho duro, rastreável às ideias de Antonio
Gramsci.
Os conservadores deveriam copiar esse tipo de conquista. Juntamente com Ed Gillespie,
ex-presidente do Comitê Nacional Republicano, espero ansiosamente
chegar o dia em que vai ser tão legal "acreditar nos princípios da livre
iniciativa, a necessidade de termos uma poderosa segurança nacional, as
virtudes das famílias tradicionais e o valor da fé religiosa quanto é
zombar do capitalismo, humilhar os militares, denegrir os pais e
ridicularizar a religião".
Felizmente, já está em vigor um contra establishment dos conservadores americanos: o Wall Street Journal
e o canal de TV Fox News podem ser muito mais conhecidos, mas a Bradley
Foundation, a Pepperdine University, o Liberty Film Festival e a
revista Commentary
não são menos importantes. É verdade, as instituições conservadoras
raramente usufruem da história, recursos e prestígio dos seus colegas
liberais, mas existem, estão se expandindo e contam com uma mensagem
convincente e otimista.