Google beats Apple to it with streaming music service
With its $9.99/month service, the tech powerhouse makes its first move into a space already occupied by the likes of Pandora, Spotify, and possibly, Apple.
Google launched a music streaming service Wednesday, taking its first stab at the growing industry with a new service linked to Google Play for Android.
The All Access service costs $9.99 a month and you get a 30-day free trial. And it's launching Wednesday in U.S., with additional countries coming soon. If you sign up by June 30, you get it for $7.99 a month.
The move puts Google in direct competition with music streaming companies like Pandora and Spotify, and also potentially with Apple, which has been inching in that direction. Just last week, for instance, word came that Apple had reached an iRadio deal with Universal Music, though it still needs deals with the other major labels.
Rumors about Google's new All Access subscription streaming service, unveiled at the Google I/O developers' conference in San Francisco, had been swirling around for the last few months.
Previously, Google Play users could stream music they bought from the app, but the new service would let people stream songs they haven't purchased as well. Users can now blend their songs with a catalog with thousands of other tracks available in All Access.
The service provides a never-ending list of related tracks that are also linked to your Google+ account. You can look ahead to what is coming next and if you don't like it, swipe the song away.
"We set out to build a music service that didn't just give us access to great music but to help guide you to it," Google engineering director Chris Yerga said.
O PT não gosta da democracia. E não é de hoje. Desde sua fundação foi predominante no partido a concepção de que a democracia não passava de mero instrumento para a tomada do poder. Deve ser recordado que o partido votou contra a aprovação da Constituição de 1988 – e alguns dos seus parlamentares não queriam sequer assinar a Carta. Depois, com a conquista das primeiras prefeituras, a democracia passou a significar a possibilidade de ter acesso aos orçamentos municipais. E o PT usou e abusou do dinheiro público, organizando eficazes esquemas de corrupção. O caso mais conhecido – e sombrio – foi o de Santo André, no ABC paulista. Lá montaram um esquema de caixa 2 que serviu, inclusive, para ajudar a financiar a campanha presidencial de Lula em 2002. Deve ser recordado, que auxiliares do prefeito Celso Daniel, assassinado em condições não esclarecidas, hoje ocupam posições importantíssimas no governo (como Gilberto Carvalho e Míriam Belchior).
Antes da vitória eleitoral de 2002, os petistas já gozavam das benesses do capitalismo, controlando fundos de pensão de empresas e bancos estatais; e tendo participação no conselho gestor do milionário Fundo de Amparo ao Trabalhador. Os cifrões foram cada vez mais sendo determinantes para o PT. Mesmo assim, consideravam que a “corrupção companheira” tinha o papel de enfrentar o “poder burguês” e era o único meio de vencê-lo. Em outras palavras, continuavam a menosprezar a democracia e suas instâncias.
Chegaram ao poder em janeiro de 2003. Buscaram uma aliança com o que, no passado, era chamado de burguesia nacional. Mas não tinham mudado em nada sua forma de ação. Basta recordar que ocuparam mais de 20 mil cargos de confiança para o partido. E da noite para o dia teve um enorme crescimento da arrecadação partidária com o desconto obrigatório dos salários dos assessores. Foi a forma petista, muito peculiar, de financiamento público, mas só para o PT, claro.
Não satisfeitos, a liderança partidária – com a ativa participação do presidente Lula – organizou o esquema do mensalão, de compra de uma maioria parlamentar na Câmara dos Deputados. Afinal, para um partido que nunca gostou da democracia era desnecessário buscar o debate. Sendo coerente, através do mensalão foi governando tranquilamente e aprovando tudo o que era do seu interesse.
O exercício do governo permitiu ao PT ter contato com os velhos oligarcas, que também, tão qual os petistas, nunca tiveram qualquer afinidade com a democracia. São aqueles políticos que se locupletaram no exercício de funções públicas e que sempre se colocaram frontalmente contrários ao pleno funcionamento do Estado democrático de Direito. A maior parte deles, inclusive, foram fieis aliados do regime militar. Houve então a fusão diabólica do marxismo cheirando a naftalina com o reacionarismo oligárquico. Rapidamente viram que eram almas gêmeas. E deste enlace nasceu o atual bloco anti-democrático e que pretende se perpetuar para todo o sempre.
Partido tem plena consciência que sua permanência no poder exigirá explicitar cada vez mais sua veia anti-democrática
As manifestações de desprezo à democracia, só neste ano, foram muito preocupantes. E não foram acidentais. Muito pelo contrário. Seguiram e seguem um plano desenhado pela liderança petista – e ainda com as digitais do sentenciado José Dirceu. Quando Gilberto Carvalho disse, às vésperas do Natal do ano passado, que em 2013 o bicho ia pegar, não era simplesmente uma frase vulgar. Não. O ex-seminarista publicizava a ordem de que qualquer opositor deveria ser destruído. Não importava se fosse um simples cidadão ou algum poder do Estado. Os stalinistas não fazem distinção. Para eles, quem seu opõem às suas determinações, não é adversário, mas inimigo e com esse não se convive, se elimina.
As humilhações sofridas por Yoani Sánchez foram somente o começo. Logo iniciaram a desmoralização do Supremo Tribunal Federal. Atacaram violentamente Joaquim Barbosa e depois centraram fogo no ministro Luiz Fux. Não se conformaram com as condenações. Afinal, o PT está acostumado com os tribunais stalinistas ou com seus homólogos cubanos. E mais, a condenação de Dirceu como quadrilheiro – era o chefe, de acordo com o STF – e corrupto foi considerado uma provocação para o projeto de poder petista. Onde já se viu um tribunal condenar com base em provas, transmitindo ao vivo às sessões e com amplo direito de defesa? Na União Soviética não era assim. Em Cuba não é assim. E farão de tudo – e de tudo para o PT tem um significado o mais amplo possível – para impedir que as condenações sejam cumpridas.
Assim, não foi um ato impensado, de um obscuro deputado, a apresentação de um projeto com o objetivo de emparedar o STF. Absolutamente não. A inspiração foi o artigo 96 da Constituição de 1937, imposta pela ditadura do Estado Novo, honrando a tradição anti-democrática do PT. E o mais grave foi que a Comissão de Constituição e Justiça que aprovou a proposta tem a participação de dois condenados no mensalão e de um procurado pela Interpol, com ordem de prisão em mais de cem países.
A tentativa de criar dificuldades ao surgimento de novos partidos (com reflexos no tempo de rádio e televisão para a próxima eleição) faz parte da mesma estratégia. É a versão macunaímica do bolivarianismo presente na Venezuela, Equador e Bolívia. E os próximos passos deverão ser o controle popular do Judiciário e o controle (os petistas adoram controlar) social da mídia, ambos impostos na Argentina.
O PT tem plena consciência que sua permanência no poder exigirá explicitar cada vez mais sua veia anti-democrática.
Não poderia ser pior a medida em estudo pelo governo federal - a importação de 6 mil médicos cubanos - para resolver o problema da falta desses profissionais em cidades do interior, principalmente nas regiões mais pobres do País. Além das restrições legais ao seu trabalho aqui, que deveriam bastar para invalidar a ideia, é preciso considerar também a duvidosa qualificação técnica desses médicos. Como essa não é a primeira vez que a medicina cubana é apresentada como valiosa ajuda para a solução de nossos problemas, sem base em nenhum dado objetivo, tal insistência torna inescapável a conclusão de que o governo está misturando perigosamente política com saúde da população.
Embora a questão esteja sendo estudada, além dele, também pelos Ministérios da Saúde e da Educação, não deixa de ser significativo que tenha sido o titular do Ministério das Relações Exteriores, Antônio Patriota, que anunciou a possível adoção da medida, depois de um encontro com seu colega cubano, Bruno Rodriguez, em Brasília. "Estamos nos organizando para receber um número maior de médicos (cubanos) aqui, em vista do déficit de profissionais de medicina. Trata-se de uma cooperação que tem grande potencial e a qual atribuímos um grande valor estratégico", disse ele.
Acrescentou o ministro, de acordo com o jornal O Globo, que a vinda daqueles médicos fortaleceria ainda mais a parceria do Brasil com Cuba numa área em que este país "detém clara vantagem e se estabeleceu mundialmente como um país que contribui para elevar os níveis de saúde aqui na América Latina". Como o que está em discussão não são sistemas de saúde, mas especificamente a possível contribuição de médicos cubanos, supõe-se que Patriota, ao falar em "clara vantagem", tenha se referido à da medicina cubana sobre a brasileira. Isto é, na melhor da hipóteses, um exagero retórico, que não pode ser levado a sério, mas que coloca em evidência o componente político da medida em estudo.
Os médicos cubanos viriam como prestadores de serviço ao governo brasileiro, com contratos temporários - de dois a três anos - assinados com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Como a lei exige a revalidação dos diplomas desses profissionais para que eles possam trabalhar aqui, o Ministério da Saúde estaria tentando, desde o ano passado, negociar com o Conselho Federal de Medicina (CFM) a concessão de licença provisória por aquele período, tanto para médicos de Cuba como de Portugal e Espanha. A pronta reação do CFM ao anúncio de que aquela medida estava em estudo, com duras críticas do governo, mostra que a negociação deu em nada.
Em dura nota oficial, ele condena "qualquer iniciativa que proporcione a entrada irresponsável de médicos estrangeiros e de brasileiros com diplomas de Medicina obtidos no exterior sem sua respectiva validação". Como pela lei essa validação é obrigatória, a questão deverá ser levada à Justiça. A nota chama a medida de "agressão à Nação", porque atenderia a "interesses específicos e eleitorais". A posição adotada pelo CFM se justifica plenamente. Como o governo sabe que dificilmente os médicos cubanos conseguirão passar no exame para validação de seus diplomas, a tal licença provisória é um expediente para contornar a exigência legal.
Foram decepcionantes os resultados do exame, feito no ano passado, para a validação de diplomas de médicos, cubanos ou não, formados em Cuba. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), dos 182 inscritos, só 20 foram aprovados, ou seja, 1 de cada 9. É aos cuidados desse tipo de médico, comprovadamente sem a necessária qualificação, que o governo quer deixar a população pobre das pequenas cidades.
Têm razão portanto os especialistas, quando afirmam que a solução não é importar médicos cubanos ou contratar brasileiros formados em Cuba, sem diplomas validados. É investir cada vez mais na formação de médicos brasileiros e criar estímulos para que trabalhem no interior.
Quando uma fotografia nos arranca da cômoda posição de espectadores distantes e nos obriga a olhar para ver
ELIANE BRUM
Uma mulher chamada Taslima Akhter esgueirava-se pelos escombros da fábrica de roupas que desabou em Bangladesh, em 24 de abril, quando os viu. Como descrever o que ela, fotógrafa e ativista bengalesa, viu? Taslima registrou, fez uma fotografia que girou o mundo nos últimos dias e se tornou o símbolo do que não pode ser esquecido. E talvez o que se possa dizer é que o que ela viu nos obriga a ver. Ver mesmo. Não como costumamos assistir às imagens das grandes tragédias ou examinar a galeria de fotos de corpos e de rostos distorcidos das vítimas e das faces desesperadas dos familiares, numa solidariedade difusa, mas distante, que nos permite trocar de canal ou mudar de página no minuto seguinte. Ver é mais do que isso. É transpor distâncias geográficas e barreiras culturais e ser lançado para perto, bem perto mesmo. Perto o suficiente para se reconhecer num outro rosto, em outros olhos, ainda que fechados porque mortos. E não poder esquecer porque agora eles estão em nós, tatuados em nossa pele invisível. Isso é ver. E é raro quando acontece.
O que Taslima viu pode se inscrever no DNA da humanidade como aconteceu com a foto da menina correndo nua após seu vilarejo ser atingido por uma bomba de napalm durante a Guerra do Vietnã. O que ela viu e documentou foi um último abraço em Bangladesh.
Talvez não houvesse nada para ser dito depois dessa foto. Talvez essa foto exija um silêncio também de letras. Mas, neste caso, silenciar pode significar esquecer que Bangladesh está bem próximo de nós não apenas de modo subjetivo, mas concreto. Próximo o suficiente para estar sobre a nossa pele – a visível.
É possível que, no momento em que somos alcançados por esse abraço final, alguns estejam vestindo uma roupa feita por este homem, esta mulher ou por algum dos mais de mil mortos do desabamento, um número que não para de crescer. Ou enfiados numa camiseta, num jeans, num vestido, saia ou blusa feita por alguns dos milhões de bengaleses, a maioria mulheres, que, neste exato instante, cortam e costuram, em prédios insalubres, em jornadas extenuantes, em regime semelhante ao de escravidão, as peças que serão vendidas pelas grandes marcas ocidentais, em vitrines brilhantes e assépticas – as peças que serão compradas também por nós.
Este homem, esta mulher, que se abraçam num útero de terra, concreto e ferros retorcidos, ganhavam, em média, para trabalhar da manhã à noite, dia após dia, costurando roupas para nós, 77 reais por mês.
A força desse último abraço é o que está além do gesto. É a humanidade resgatada que os arranca não dos escombros, mas dos números, para lembrar o que não fomos capazes de ver – ou não quisemos – quando ainda eram vivos e respiravam e sonhavam. Agora os enxergamos, e eles não apenas nos comovem, mas nos assombram. E é crucial que nos assombrem.
- Eu tenho feito muitas perguntas a respeito do casal que morreu abraçado. Tenho tentado desesperadamente, mas ainda não achei nenhuma pista a respeito deles. Eu não sei quem são ou qual relação eles tinham. Passei o dia inteiro do desabamento no local, assistindo aos trabalhadores serem retirados das ruínas. Lembro do olhar aterrorizado dos familiares, eu estava exausta mental e fisicamente. Por volta das 2 horas, encontrei um casal abraçado nos escombros. A parte inferior dos seus corpos estava enterrada sob o concreto. O sangue que saía dos olhos do homem corria como se fosse uma lágrima. Quando os vi, não pude acreditar. Era como se eu os conhecesse, eles pareciam muito próximos a mim. Eu vi quem eles foram em seus últimos momentos, quando, juntos, tentaram salvar um ao outro – salvar sua vidas amadas. Cada vez que eu olho para essa foto, me sinto desconfortável. Ela me assombra. É como se eles estivessem me dizendo: “Nós não somos um número, não somos apenas trabalho e vidas baratas. Nós somos humanos como você. Nossa vida é preciosa como a sua, e nossos sonhos são preciosos também”.
No dia anterior ao desabamento, trabalhadores ouviram barulhos semelhantes ao de explosões e entraram em pânico. Um engenheiro examinou os pilares e, vendo as rachaduras, teria pedido ao proprietário que esvaziasse o prédio de oito andares, que abrigava pelo menos cinco confecções na periferia da capital, Daca. O proprietário, Mohammed Shoel Rana, teria dito: “Isto não é uma rachadura, não é um problema”. Os operários foram obrigados a continuar produzindo e as confecções seguiram funcionando. E nenhuma autoridade pública o impediu de abrir as portas do complexo de fábricas no dia seguinte. Este homem é descrito pela imprensa local como um vilão completo, que construiu o prédio expulsando proprietários de terra e corrompendo autoridades (que queriam ser corrompidas), suspeito também de estar envolvido com o tráfico de drogas e de armas.
Seria fácil encontrar apenas um vilão para culpar. Ou mesmo alguns vilões, que já foram presos pela polícia de Bangladesh. O problema, no mundo globalizado, é que, se seguimos a cadeia de produção e de responsabilidades, ela chega a nós. É indecente quando os líderes das grandes grifes ocidentais se mostram escandalizados com a tragédia, sugerindo que não sabiam que era assim que viviam os trabalhadores na ponta do processo produtivo. É igualmente indecente quando alguns anunciam que deixarão de produzir em Bangladesh. Como se, depois dos enormes lucros obtidos por anos de exploração, simplesmente abandonar a cena sem se comprometer com a melhoria das condições de trabalho, de salário e de existência dos trabalhadores que os serviram – alguns deles com a vida – fosse moralmente defensável.
Só valia – e segue valendo a pena – terceirizar a produção em países como Bangladesh porque o trabalho é barato, já que análogo à escravidão. Bangladesh é o segundo exportador mundial na área têxtil, perdendo apenas para a China, porque a mão de obra não custa quase nada. Um estudo do Institute of Global Labour and Human Rights mostrou que uma mesma camisa, se fosse produzida nos Estados Unidos, custaria US$ 13,22. Em Bangladesh custa US$ 3,72. Nos Estados Unidos, o custo da mão de obra corresponderia a 57% do valor total da camisa. Em Bangladesh, corresponde a 6%. É o trabalho que não vale quase nada e por isso a camisa sai muito mais barata para todos, menos para aqueles que vivem e morrem sem valor. É por essa razão que, como sempre se soube, terceirizar a produção em Bangladesh tornou-se um lucrativo negócio para as grandes marcas internacionais. E só deixará de ser se o custo de ter a imagem associada à escravidão e agora à morte de mais de mil pessoas for maior.
Não há espaço para se iludir com supostas boas intenções e lamentos de ocasião. Para as grandes marcas ocidentais e seus muito bem pagos executivos as vidas humanas não parecem importar. O que importa são as cifras. É aí que entramos nós, os consumidores. Bem menos inocentes do que gostaríamos. Também nós gostamos de comprar roupas e qualquer outro produto barato. E torna-se um pouco difícil acreditar que não tínhamos alguma ideia de como nossas roupas eram – e são – feitas. De que, como diz Taslima, a roupa só é barata porque as vidas de quem a produz são tratadas como baratas – tão baratas que podem morrer soterradas nos escombros da fábrica porque outras vidas baratas as substituirão.
É só com a nossa pressão sistemática e cotidiana – e com uma mudança de comportamento – que essa realidade pode mudar. Desde que deixamos, há muito, de comprar diretamente do produtor, que em muitos casos era o nosso vizinho, consumir tornou-se uma responsabilidade muito maior. Querendo ou não, com mais ou menos consciência, cada um de nós está envolvido na tragédia de Bangladesh. E só nós podemos transformar o que hoje é barato em algo tão caro que ninguém ouse tratar uma vida humana como descartável.
Quando catástrofes criminosas como esta acontecem, há um momento em que a máquina do mundo se abre e podemos vislumbrar o quadro completo. Aquele que na maior parte do tempo permanece oculto. Dificilmente ligamos os pontos entre as fábricas nas quais trabalham pessoas em condições sub-humanas às vitrines iluminadas e sedutoras que exibem sonhos de consumo feitos por quem não pode sonhar. Mais difícil ainda é dar um passo a mais para descobrir que o ponto de chegada desse labirinto somos nós mesmos.
É importante lembrar ainda que não é apenas em Bangladesh ou em outros países asiáticos que isso acontece, mas também no Brasil, como conta Renato Bignami, coordenador do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo na Superintendência Regional do Trabalho em São Paulo, numa entrevista ao Blog do Sakamoto. Aqui, são os bolivianos os que mais de uma vez são libertados de situações semelhantes à escravidão. Em 2010, duas crianças bolivianas morreram no incêndio de uma confecção no Brás, em São Paulo. Como disse o cientista político André Singer, em sua coluna na Folha de S. Paulo: “Mais dia menos dia o Brasil terá que escolher o tipo de país que deseja ser. Flexibilizar a CLT, aumentar a terceirização, manter a enorme rotatividade atual no emprego e diminuir os salários pode resolver o problema da balança comercial. Mas, se quiser constituir-se numa sociedade digna, terá que descobrir caminho alternativo para enfrentar as agruras de um capitalismo internacional para lá de selvagem”.
Passado o clamor público, tomadas algumas medidas de aparente impacto pelas grandes corporações, a máquina do mundo volta a se fechar. E nós também preferimos esquecer, porque é mais fácil e mais cômodo comprar sem olhar, sem nos informarmos, sem perturbar ou ser perturbado – mais ainda se for bonito e barato. Aqueles que movem o mundo do alto sempre podem contar com o esquecimento que vem logo depois de uma grande comoção. É como se o espasmo fosse o suficiente para nos apaziguar. Negamos com veemência, mas a verdade é que adoramos nos omitir e tocar nossa vida, por uma razão muito pragmática: porque podemos. Pertencemos à parcela minoritária da humanidade que pode viver sem morrer abraçada nos escombros.
Olhar para ver é uma escolha. Sempre mais difícil, a única digna.
Só a poesia alcança a profundidade da vida impressa na morte. O abraço final em uma fábrica de escravos de Bangladesh me lembrou do sertão severino de João Cabral de Melo Neto. Tão longe, tão perto. As vidas baratas são sempre as mesmas vidas, em qualquer geografia, em qualquer tempo. Aquela fábrica sepultou-os em um útero-túmulo. E lá estão os costureiros de nossas roupas vestidos em seu derradeiro traje de terra, o único que lhes coube.
“Essa cova em que estás, com palmos medida, é a cota menor que tiraste em vida. É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe deste latifúndio. (...) Será de terra tua derradeira camisa: te veste, como nunca em vida. Será de terra a tua melhor camisa: te veste e ninguém cobiça. (..) Tua roupa melhor será de terra e não de fazenda: não se rasga nem se remenda. Tua roupa melhor e te ficará bem cingida: como roupa feita à medida.”
O abraço final, documentado por Taslima Akhter, nos obriga a enxergar para além dos corpos – e também para além do espetáculo. Não é matéria o que está ali, é o que não está que nos alcança e arrebata antes que possamos escapar. É vida que se imortaliza na morte. Como ela diz, quase podemos escutar as vozes e ouvir os sonhos daqueles dois. Não sabemos (pelo menos não ainda) quem são, mas sabemos que são. Que foram. Não sabemos se eram amantes ou irmãos. Ou apenas colegas de trabalho, companheiros de escravidão. Não sabemos se tentavam salvar um ao outro, ou se compreenderam que não poderiam escapar da morte, e então empreenderam um abraço. Um último gesto humano que os tornou nossos estranhos íntimos.
O próximo gesto humano cabe a nós. Será tardio para eles, em tempo para muitos.
No dia 18 de abril de 2013 o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos publicou uma nova edição da Lista Clinton, documento que contém os nomes de empresas e pessoas vinculadas de alguma maneira com o narcotráfico. Na lista novamente aparecem membros do governo chavista venezuelano, incluindo generais de exército e representantes do PSUV - Partido Socialista Unido da Venezuela, o partido criado pelo finado tiranete Hugo Chávez. Alguns nomes coincidem com a versão entregue em meses anteriores pelos ex-magistrados venezuelanos Eladio Aponte Aponte e Luiz Velásquez Alvaray. Esses magistrados que se encontram exilados entregam às autoridades americanas dados de atos criminosos que foram encobertos pela Justiça venezuelana totalmente dominada pelo chavismo. Os mesmos nomes são fornecidos por outra fonte, o supsosto traficante Walid Makled que, em 2010 reevelou ao programa La Noche da TV NTN24, os nomes dos militares e políticos que participaram de seus negócios. Longe de iniciar uma investigação, o governo de Nicolás Maduro, o usurpador, defende a inocência dos acusados. EN ESPAÑOL - El 18 de abril de 2013 el Departamento del Tesoro de Estados Unidos publicó una nueva edición de la Lista Clinton, documento que contiene los nombres de empresas y personas vinculadas de alguna manera con el narcotráfico. En la lista nuevamente aparecen miembros del gobierno chavista venezolano, entre los que se cuentan generales del ejército y representantes del Partido Socialista Unido de Venezuela. Algunos nombres concuerdan con la versión entregada en meses anteriores por los exmagistrados venezolanos Eladio Aponte Aponte y Luis Velásquez Alvaray, quienes desde el exilio entregan datos de actos criminales que fueron encubiertos en la rama judicial con el auspicio del ejecutivo. Los mismos nombres son aportados desde la otra vera de la justicia, el presunto narcotraficante Walid Makled reveló en 2010 al programa La Noche de NTN24, los nombres de los militares y políticos que participaron de sus negocios. Lejos de iniciar una investigación, el estado venezolano ha defendido la inocencia de sus allegados.Del sítio web NTN24