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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Para que bolso vai o dinheiro arrecadado em impostos e taxas...? / G1

20/01/2014 11h58 - Atualizado em 20/01/2014 12h32


Carga tributária brasileira é 2ª maior da 




América Latina, mostra OCDE


Impostos e tributos pagos no país em 2012 somaram 36,3% do PIB.
Guatemaltecos são os que pagam menos tributos na região. 

Do G1, em São Paulo
O Brasil tem a segunda maior carga tributária entre os países da América Latina, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira (20) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No ranking, que compreende 18 países, o país aparece atrás apenas da Argentina.
Segundo o levantamento, os impostos e tributos pagos pelos brasileiros e pelas empresas no país correspondem a 36,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Na Argentina, essa proporção é de 37,3%. No Uruguai, terceiro no ranking, a carga tributária é de 26,3%.
Na outra ponta, Guatemala, República Dominicana e Venezuela são os países onde a "mordida" dos impostos é mais leve: 12,3%, 13,5% e 13,7% do PIB, respectivamente. Os dados são referentes a 2012, os mais atuais da entidade.
Em média, a carga tributária da região ficou em 20,7% do PIB em 2012, segundo a OCDE, acima da taxa de 20,1% do ano anterior.
A entidade aponta, no entanto, que a taxa ainda está abaixo da registrada entre os países que fazem parte da organização, de 34,6%. Trinta e quatro países – em sua maioria desenvolvidos – compõem a OCDE. Nesse grupo, a maior carga tributária é a da Dinamarca, de 48% do PIB.
Crescendo
Os dados também mostram que a carga tributária brasileira como proporção do PIB vem crescendo desde 2010. A última redução aconteceu em 2009, quando o PIB teve um forte crescimento, de 7,5%, o que fez com que os impostos passassem a representar uma fatia menor da economia. 
Carga tributária (% do PIB)
Argentina - 37,3%
Brasil - 36,3%
Uruguai - 26,3%
Bolívia - 26,0%
Costa Rica - 21,0%
Chile - 20,8%
Equador - 20,2%
México - 19,6%
Colômbia - 19,6%
Nicarágua - 19,5%
Panamá - 18,5%
Peru - 18,1%
Paraguai - 17,6%
Honduras - 17,5%
El Salvador - 15,7%
Venezuela - 13,7%
República Dominicana - 13,5%
Guatemala - 12,3%
América Latina - 20,7%
OCDE - 34,6%

Vítima de sequestro em Vitória trabalhou como escravo em roubo de posto de gasolina... G1 ES


20/01/2014 11h26 - Atualizado em 20/01/2014 11h26


Vítima de sequestro é obrigada a ajudar criminosos em roubo, no ES

Entregador de jornais seguia para o trabalho quando foi abordado.
Cerca de R$12 mil foram levados do cofre de um posto de gasolina.


Do G1 ES, com informações da TV Gazeta
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Um entregador de jornais, de 36 anos, foi vítima de um sequestro relâmpago enquanto ia para o trabalho, na Beira Mar, em Vitória, na madrugada desta segunda-feira (20). Segundo a polícia, o carro do entregador foi usado para roubar o cofre de um posto de combustíveis no bairro Bandeirantes, em Cariacica. Depois de uma hora como refém, a vítima foi abandonada junto com o veículo em Vila Velha. Os criminosos fugiram a pé e, até a manhã desta segunda-feira, ainda não haviam sido identificados.
O entregador contou que seguia em direção ao trabalho quando foi abordado por dois homens armados em um carro branco. Eles pararam no meio da avenida  e entraram dentro do carro da vítima. Os criminosos ordenaram que o entregador deixasse a direção do veículo e passasse para o banco de trás. Eles seguiram até Cobilândia, em Vila Velha, onde pegaram mais um comparsa armado e encapuzado e obrigaram o entregador a dirigir o carro novamente.
Sofrendo ameaças, a vítima foi obrigada a dirigir até um posto de gasolina no bairro Bandeirantes, em Cariacica. No local, os criminosos renderam o frentista e obrigaram o funcionário e o entregador a levarem o cofre do estabelecimento para dentro do carro. De acordo com o dono do estabelecimento, foram levados aproximadamente R$12 mil. As imagens da câmera de segurança do estabelecimento foram entregues à polícia para ajudar nas investigações.
De acordo com o entregador, ele foi vendado para que não pudesse ver para onde o cofre seria levado. Após cerca de 20 minutos, o carro e o entregador foram deixados em Cobilândia. A vítima foi ao Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vila Velha para registrar a ocorrência. Ninguém foi preso.

E la nave va / O Brasil continua precisando de 'reza forte', ética forte, decência forte, administração forte...

19/01/2014
 às 13:15 \ Opinião

‘Mérito? Não é aqui’, por J. R. GuzzoPublicado na edição impressa de VEJA

J. R. GUZZO
Velhos marinheiros dos sete mares contam até hoje, geralmente em voz baixa, a história do Flying Dutchman. Não é uma história confortável. O Flying Dutchman, ou Holandês Voador, levantou âncora das docas de Amsterdã em 1751, rumo a Java, e depois de uma tormenta no Cabo da Boa Esperança nunca mais foi visto; naufrágio com perda total da carga e da tripulação, publicou-se nos boletins marítimos da época. O grande problema é que, alguns anos depois, o navio holandês foi visto outra vez, velejando a todo o pano, o leme firme, como se estivesse rumando para um lugar preciso, e com a mais perfeita ordem no tombadilho; não era, de jeito nenhum, um barco que tinha afundado e depois, por algum fenômeno natural, voltado à tona. Outro problema, já bem maior, é que não havia nenhum ser vivo (ou morto) ali dentro. Os tripulantes do barco que tinha feito a descoberta subiram a bordo e minutos depois, aterrorizados, chisparam de volta a seu navio e sumiram no horizonte. Desde então a lenda insiste que o Flying Dutchman continua aparecendo nos oceanos, sempre em noites de tempestade; é a famosa “nau sem rumo”. Foi cometida a bordo, explicam os velhos marujos, alguma abominação prodigiosa, tão horrível que nem o demônio tem coragem de tocar no assunto. Tudo o que se sabe é que o navio foi amaldiçoado ─ e a alma de seus tripulantes condenada a navegar eternamente pelo mar sem fim.
E se em lugar de Flying Dutchman falassem de “um país chamado Brasil”? Em 1º de janeiro de 2003, sob o comando do almirante de esquadra Lula da Silva, ele levantou ferros do Lago Paranoá falando em vencer mares nunca dantes navegados e em edificar um novo reino social. Hoje, onze anos após a partida e já sob o comando da imediata Dilma Rousseff, a nau continua a procurar o reino que tinha prometido. Ao contrário do barco holandês, o navio brasiliense está abarrotado de gente; só de ministros são quase quarenta, e contando os subs, mais os subs dos subs, a coisa vai para a faixa dos milhares de tripulantes. Mas está na cara que os fantasmas do Flying Dutchman levam o seu barco muito melhor que os humanos de Dilma; pelo menos sabem o que estão fazendo.
Já o nosso navio ─ bem, é certo que algo deu fabulosamente errado com ele. Não navega para lugar nenhum. A tripulação não sabe distinguir proa de popa, e acha que o contrário de bombordo é mau bordo. A nau não perdeu o rumo ─ na verdade, nunca chegou a saber que rumo era esse. Como poderia saber alguma coisa, se a esta altura da viagem o presidente do Senado, Renan Calheiros, ainda requisita um avião militar para levá-lo de Brasília ao Recife, onde foi implantar 10 000 fios de cabelo numa clínica para carecas? O problema, é óbvio, não está com Renan; ele é assim mesmo. O problema é de quem manda nos aviões ─ a cadeia de comando da Aeronáutica, que só em 2013 já deixou o senador lhe passar a perna duas vezes.
Nesta última, foi ao extremo de soltar uma nota oficial dizendo que não iria avaliar “o mérito” da viagem, e que sua função se limita a fornecer “a aeronave” solicitada. Como assim? Se os senhores brigadeiros não avaliam o mérito ─ e a legalidade ─ de seus próprios atos, que raio estão fazendo nos seus postos? Estamos falando da Força Aérea Brasileira, santo Deus. A lei diz que os aviões da FAB só podem ser utilizados por autoridades em atos de serviço, questões de segurança e emergência médica. Em qual caso se encaixariam, aí, os 10 000 fios de cabelo do senador?
A lei diz também que desrespeitar essa norma é “infração administrativa grave”, passível de punições “civis e penais”. O comandante da FAB que serviu de piloto particular para Renan poderia perfeitamente ter pedido ao senador, com toda a educação, que lhe fizesse uma curta descrição por escrito, assinada embaixo, contando que serviço iria fazer no Recife ─ “mera formalidade, doutor, só isso””. Por que não agiu assim? Porque tem certeza, como toda a tripulação, de que está numa nau sem rumo onde cumprir a regra só dá confusão.
O navio Brasil está precisando de muita coisa. Uma delas é um oficial macho, que tenha entre os seus valores a decência comum, e que um belo dia diga algo assim: “Sinto muito, Excelência, mas a lei me impede de atender à sua solicitação”. Iríamos ver, aí, quem entre os seus superiores hierárquicos teria a coragem de prendê-lo por “insubordinação”, enquanto Sua Excelência ficaria livre, contando vantagem do tipo “comigo ninguém brinca”. Nesse dia abrirá falência o Táxi Aéreo FAB ─ e nosso navio, talvez, comece a encontrar seu rumo.

Os caras que tomam conta da gente, das coisas da gente são incompetentes e traiçoeiros...

 - Atualizado em 



CBF teria oferecido R$ 4 milhões 






para Lusa desistir de ações e jogar 






Série B


Valor seria de adiantamento e teria de ser pago de volta pela Lusa em 2015. Informações são da ESPN, e presidente 'não confirma e nem desmente'


Um documento supostamente enviado pela CBF à Portuguesa é o novo ingrediente do imbróglio que envolve o Campeonato Brasileiro do ano passado. Segundo informações veiculadas no programa "Sportscenter", da ESPN Brasil, a entidade teria oferecido um empréstimo de R$ 4 milhões ao clube para que ele desista de qualquer tentativa de alterar a decisão do STJD, que tirou quatro pontos pela escalação irregular do meia Héverton, e dispute a Série B.
Em uma das cláusulas do documento, a CBF determina dez datas para que a Lusa pague esse empréstimo somente no ano de 2015, em parcelas iguais de R$ 400 mil. Ou seja, sem juros. A entidade também trata o dinheiro como um adiantamento.
Ainda segundo a emissora, que exibiu o documento, a diretoria da Portuguesa não estaria disposta a aceitar a oferta. Em rápido contato com a reportagem do GloboEsporte.com, o presidente Ilídio Lico não quis comentar o assunto: 
- Não confirmo e nem desminto, me desculpe.
Lico disse ainda que iria esperar uma posição do departamento jurídico. O diretor dessa área não atendeu às ligações da reportagem.
Dois dos tópicos do documento mostrado pela ESPN apontam:
- A Portuguesa renuncia de forma irrevogável e irretratável seu direito a questionar junto ao Poder Judiciário ou ao Tribunal Arbitral do Esporte (Suíça), obedecendo o que dispõe o § 2 do artigo 52 da Lei 9.615/98 (nota da Redação: Lei Pelé*), da decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva - STJD.
- A Portuguesa renuncia de forma irrevogável e irretratável ao direito de disputar o Campeonato Brasileiro da Série A de 2014, como qualquer decisão do Poder Judiciário ou qualquer outro Tribunal venha a lhe conceder esse direito por decisão de qualquer natureza, inclusive liminar, antecipação de tutela ou por decisão tramitada em julgado.
Entenda o caso
No fim do ano passado, o STJD tirou quatro pontos da Portuguesa e do Flamengo por terem escalado Héverton e André Santos em condições irregulares, contra Grêmio e Cruzeiro, respectivamente. Esse cenário salvou o Fluminense, que havia caído para a Série B, e rebaixou o clube paulista. Uma série de liminares em ações impetradas por torcedores tem alterado a classificação do campeonato e incomodado a CBF.
* Obs: o trecho da Lei Pelé a que se refere o texto do documento diz que "o recurso ao Poder Judiciário não prejudicará os efeitos desportivos validamente produzidos em conseqüência da decisão proferida pelos Tribunais de Justiça Desportiva".

domingo, 19 de janeiro de 2014

A Educação no Brasil é um barco sem capitão e sem rumo... Gustavo Ioschpe

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Ética na escola e na vida


O peso histórico de um evento é determinado pelo que lhe sucede. A prisão dos mensaleiros tem tudo para ser um dos acontecimentos mais importantes da história brasileira em décadas, mas só os nossos próximos passos dirão se será um ponto de inflexão ou um ponto fora da curva. Se o mensalão for o primeiro de muitos casos em que banqueiros, congressistas e ex-ministros vão para a cadeia por seus delitos, as próximas gerações verão este ano como o ponto de virada. Se, pelo contrário, essas prisões forem apenas a exceção que confirma a regra, um caso isolado em que as instituições funcionaram, então os historiadores do futuro verão o mensalão como uma curiosidade. É difícil prever, mas confesso que não vejo muitos motivos para justificar o otimismo a curto prazo. Porque ter uma Justiça ágil e rigorosa contrariaria quatro pilares que me parecem basilares na formação do Brasil.

O primeiro é o corporativismo. Somos o país dos interesses de grupo. Não pensamos nem agimos como indivíduos, mas como categorias. Uma das corporações mais poderosas é a dos advogados. É muito numerosa (871 000 advogados no país, mais procuradores, juizes…), organizada (a OAB é tão influente que tirou do Estado o poder de decidir quem pode ou não exercer a profissão) e poderosa: dos 100 congressistas mais importantes do país segundo o Diap, dezenove são advogados. Nosso sistema penal criou intermináveis apelos, chicanas e exceções. Quanto mais longo é um julgamento e quanto maior é o número de instâncias, maiores são a remuneração de advogados e a necessidade de juízes e promotores. (“É a preservação do direito de plena defesa dos réus!”, dirão nossos causídicos, cumprindo a regra de sempre apresentar a luta pelos benefícios corporativos como uma batalha pelo bem comum.) Precisaríamos que os deputados-juristas mudassem um sistema que beneficia seus pares. É difícil. Ainda mais quando incríveis 38% dos nossos congressistas são réus no STF.
O segundo é o nosso pendor cristão-filossocialista de achar que todo criminoso é vítima de um sistema social injusto, e não um agente capaz de fazer as próprias escolhas. Alguém que merece nossa compaixão, e não punição. A ditadura durou 21 anos. mas seu rescaldo está sendo ainda mais longo: nossos legisladores ficaram com tanta (e justificada) ojeriza às prisões arbitrárias de um regime de exceção que criaram um sistema em que é improvável condenar alguém com bom advogado. (Esse é mais um dos casos em que a teoria da defesa dos despossuídos se transforma em uma prática que garante a sua danação, como em todos os populismos.)
O terceiro é a nossa secular desigualdade de renda. É mais difícil seguir o princípio básico da democracia — a igualdade perante a lei — quando na sociedade há uma clivagem tão aparente entre os que muitas vezes se comportam como se estivessem acima da lei e a grande maioria, abandonada pelo Estado e desprotegida.
O quarto e mais importante de todos: verdade seja dita, não somos um povo que prima pela ética. Basta ver os políticos que elegemos para nos representar e o que eles fazem. Para aqueles que acreditam que, mesmo em um sistema democrático, nossos eleitos são piores do que seus eleitores no quesito ética, convém ver os resultados de uma pesquisa Ibope de 2006 ( todos os dados aqui mencionados estão em twitter.com/gioschpe). Ela mostra que, apesar de a condenação à corrupção ser quase universal. 75% dos entrevistados confessam que, se eleitos para cargos públicos, cometeriam ao menos um delito de uma lista contendo treze possibilidades (coisas como mudar de partido em troca de dinheiro, contratar empresas de familiares sem licitação, pagar despesas pessoais não autorizadas etc.). 69% dos entrevistados também admitem já ter transgredido leis para levar vantagem (dar caixinha ao guarda, sonegar impostos, inflar gastos médicos para o seguro-saúde etc.). Essa falta de ética se irmana à fraqueza do nosso aparato de Justiça para dar origem a um ciclo vicioso em que há mais delinquência porque a confiança na absolvição é grande, e o fato de tantos sermos delinquentes torna improvável a criação de leis mais duras contra os delituosos.
Como romper esse ciclo? Só vejo dois caminhos. Um é o de uma ditadura benevolente, que mude as leis na marra. Rejeito-o liminarmente. O segundo é formando cidadãos melhores, que elegerão representantes melhores e mais probos, que farão melhores leis.
Essa formação pode vir de uma série de fontes. Desde a família até clubes de escoteiros, instituições religiosas etc. Mas o melhor candidato, disparado, é o sistema educacional. Porque é nele que crianças e jovens passam boa parte do seu tempo, é nele que são socializados, é nele que aprendem sobre atos virtuosos de grandes homens e mulheres (e também sobre os nefastos) e nele estão em um ambiente hierárquico e regrado, onde há figuras de autoridade capazes de punir desvios de conduta.
A escola brasileira é antiética. Em geral, há desprezo pelos alunos e seus esforços. Os professores faltam ao trabalho uma enormidade
Se um marciano chegasse ao nosso país e acompanhasse nossas discussões educacionais, acreditaria que somos o país cujo sistema educacional oferece a melhor formação ética da galáxia. O assunto é infinitamente discutido e priorizado, a ponto de uma pesquisa da Unesco que traça o perfil do professorado brasileiro mostrar que para 72% de nossos mestres a finalidade mais importante da educação deveria ser “formar cidadãos conscientes” — só 9%, por contraste, falam em “proporcionar conhecimentos básicos”. Sabemos que essa missão não está sendo cumprida. Principalmente porque um sistema educacional não tem esse poder — a pregação de um professor não vai reverter os efeitos de uma sociedade permissiva e de um Judiciário ineficazes. Mas também porque a prática de nossas escolas é o oposto de sua pregação.  
Finalmente, quando todo esse processo é avaliado, as fraudes são constantes: não me recordo de uma única prova em toda a minha vida de estudante em que não houvesse cola. Em alguns casos, gritante. A grande maioria dos professores faz que não vê. No máximo dá uma indireta. Que diferença do ambiente nas universidades americanas que cursei, em que a primeira página de cada prova continha uma declaração de aderência ao código de ética da universidade, cuja assinatura era obrigatória para todos os alunos, e que especificava a punição para os coladores: expulsão. Nunca vi sequer um aluno colando. Há suporte empírico para essa observação casual: um estudo de dois acadêmicos portugueses em 21 países mostrou o aluno brasileiro em quinto lugar no ranking da cola em universidades.
Aqui há uma discussão conceitual importante. Muita gente verá esses dados e dirá que a escola é apenas um reflexo da sociedade. Se a sociedade brasileira é desonesta, é normal que a escola também o seja. O problema é que, para avançarmos, precisaremos que as instituições sejam melhores do que a média nacional. Enquanto nossa escola for um retrato do país, o país não mudará. Temos de exigir das escolas um desempenho ético superior. Não é fácil. Todas as forças e incentivos existentes conduzem à inércia. Mas são indispensáveis. A melhora educacional precisa vir antes da melhora social. Foi assim nos países de sucesso. Espero que seja assim aqui também. São os meus votos para 2014.
Fonte: Veja

Autoajuda e auto ajuda... / Claudio de Moura Castro

Tomaram minha carteira! - CLAUDIO DE MOURA CASTRO
O Estado de S.Paulo - 31/12

Umas multinhas aqui, outras acolá. Pior, desleixo em obrigar membros da família a perfilhar suas próprias infrações no meu carro. E lá se vai a carteira por uns tantos meses. Vencido o prazo de abstinência, há que penar 30 horas de reciclagem. Uma experiência edificante e educativa!

Sendo impossível confiar nas autoescolas, o Detran usa as impressões digitais de professor e aluno ao início e ao fim da aula. Tudo controlado por um formoso computador. Ou seja, descentralizado e controlado. Ao menos para leigos, o sistema é blindado. Há realmente que gastar 30 horas na autoescola. Se o objetivo é punir os pecadores e convencê-los a tomar mais cuidado, o sucesso é incontestável. Parabéns ao Detran. O castigo é de uma chatice infinita, espantosa perda de tempo. Aprendi a lição.

Como a prova é a mesma para obter a carteira de habilitação, fiquei pensando na lógica do sistema. De início, por que obrigar alguém a fazer autoescola, se há uma prova no Detran? Depois de fazer três simulados foi fácil, o exame mescla conhecimentos úteis, decoreba e cretinices, com predomínio das últimas.

No meu último exame de habilitação, nos EUA, havia que estudar um livreto de 20 páginas (metade sobre direção defensiva). O livro brasileiro tem 162 páginas. Pela lógica, deveríamos ser motoristas exemplares, conhecendo todas as regras do trânsito, primeiros socorros, cidadania e direção defensiva. Como nossa taxa de acidentes fatais é espantosa, reduzi-los deveria ser o foco obsessivo do curso. Mas as provas oferecem uma indigestão de banalidades e inutilidades. Por que o Detran não contrata os serviços profissionais de quem sabe formular provas?

O melhor capítulo é o de primeiros socorros, eminentemente útil considerando quantos se estraçalham nos acidentes. Mas a formulação das perguntas é canhestra. Admitamos ser útil saber que o acidentado morre se tiver uma parada cardíaca. Mas por quantos minutos? E por quanto tempo apertar um nariz que jorra sangue? Os médicos se lembrarão desses números?

O capítulo de cidadania é uma total perda de tempo. Sólidas pesquisas demonstram que perorações e sermões têm impacto nulo sobre o comportamento. De que adianta dizer aos motoristas que sejam gentis?

Os vídeos exibidos na autoescola são lastimáveis. Se dirigir é lidar com o movimento, por que não passam de uma sucessão de telas estáticas? Além disso, têm erros técnicos.

Quem formulou a prova ama definições legais. São essenciais para a polícia, mas inúteis para outros mortais. Por exemplo, veículo de carga é caminhão, carroça ou carrinho de mão? Veículo de tração é semirreboque, reboque ou caminhão trator? Qual a definição exata de uma carroça? E de uma "estrada"? E de lote "lindeiro"? Como se chamam as mensagens incorporadas às placas? Charrete transporta carga ou pessoas? Qual documento o guarda não precisa exigir ao autuar um veículo? Qual a habilitação para transporte escolar? E para cargas perigosas? Quantos dias tem a autoridade de trânsito para julgar uma infração? Qual a medida administrativa na apreensão de um veículo? Qual o nome do órgão que cuida da qualidade do ar? Qual órgão tem câmaras temáticas?

Há perguntas para o fabricante do veículo. Por que deveríamos saber qual o equipamento de segurança obrigatório em reboques e semirreboques? Quanto de monóxido de carbono expele um veículo a álcool? Outras são para as autoescolas. Quantos acompanhantes são permitidos durante as aulas de direção?

Pensemos bem, conhecer tais resposta aumenta a segurança?

Abundam perguntas tolas e pegadinhas, como a diferença entre "camioneta" e "caminhoneta". Gestos de sinalizar são chamados de "automatismos" ou "direção segura"? Como se denomina a distância entre um veículo e outro? Como é a placa de uma estância hidromineral? Desenho de boi na placa anuncia exposição agropecuária, matadouro ou rodeio? Quantos lados tem uma placa R-1?

E as ambiguidades? Uma placa com pedestre cruzando significa "passagem sinalizada para pedestres", "travessia de pedestres", "passagem para pedestres"? Qual a diferença entre "mão dupla adiante" e "mão dupla à frente"? Uma pergunta sobre preferências de passagem oferece quatro alternativas razoáveis (portanto, só decorando). O pedestre tem prioridade se for idoso, se o sinal para pedestres estiver verde ou quando está na faixa de segurança?

Há questões erradas: "Qual a força que joga o veículo para dentro da curva?". O atrito dos pneus é a força centrípeta, mas só impede a ação da centrífuga. Que elemento do motor "recebe o impulso direto do sistema de partida"? Todos os elementos móveis são solidários, a pergunta é tola. O uso incorreto dos freios provoca comportamento "inseguro", "arriscado" ou "sobre-esterçante"? Deslindar tais charadas semânticas importa para a segurança do trânsito?

Talvez o conhecimento potencialmente mais útil seja direção defensiva. Infelizmente, o conteúdo é pobre, predominando perguntas que requerem decorar listas de princípios e definições. Pouco se aprende para a vida real. Deveria haver instruções exaustivas do que fazer em caso de derrapagens, obstáculos na pista, entrada em curvas com velocidade excessiva e outras situações críticas para a segurança. Isso, sim, salva vidas. Aliás, por que a "direção corretiva" é considerada "de alto risco"? Diante de uma situação crítica pode ser a que reduz o risco.

Pesquisas americanas mostraram que motociclistas com curso de direção defensiva sofrem só um quarto dos acidentes. Por que o livreto não explica as técnicas de frenagem, com o equilíbrio certo entre o freio traseiro e o dianteiro? O mesmo sobre técnicas para entrada e saída de curvas? Por que é preciso inclinar a moto para reduzir o ângulo da curva? Em quantos metros é possível parar uma moto trafegando a xis quilômetros por hora?

Escolhendo ao acaso uma prova simulada, de 30 perguntas, apenas 4 lidavam com conhecimentos que aumentam a segurança. Por que será que o Detran quer exercitar a memória e a paciência dos motoristas, em vez de tentar reduzir acidentes?

Imagens tipo 'mensalão' ferem a realidade e brincam com a WEB

19/01/2014 07h00 - Atualizado em 19/01/2014 12h26

Veja lula-gigante de 48 m e mais fatos 





que dividiram os 'detetives da web'


'ET' capturado, cachorro vesgo e tartaruga gigante foram 'desmascarados'.
Jovem com 'auto tune natural' virou sensação na web e provocou debate

Do G1, em São Paulo
14 comentários
Moonwalk de bicicleta
Um usuário identificado como “Michael Erbsen” publicou um vídeo em seu canal no YouTube que mostra um homem chamado "Gene" enfrentando uma ventania forte enquanto anda de bicicleta, o que resultou em uma imagem curiosa em que o homem parecia andar de bicicleta para trás. A cena, no entanto, gerou debate entre os internautas sobre sua veracidade (leia a matéria).
Homem andando de biciclenta foi arrastado para trás, gerando brincadeiras como 'moonbiking' (Foto: Reprodução/YouTube/Michael Erbsen)Homem andando de biciclenta foi arrastado para trás, gerando brincadeiras como 'moonbiking' (Foto: Reprodução/YouTube/Michael Erbsen)
Lula gigante de 48 m
A imagem de uma lula gigante com mais de 48 metros de comprimento começou a se espalhar pela internet e acabou virando boato entre os internautas. A farsa, no entanto, foi rapidamente descoberta, e usuários mostraram que se tratava de uma montagem a partir de duas fotos diferentes (leia a matéria).
Imagem falsa de lula de 48 m de comprimento se espalhou pela rede e assustou internautas (Foto: Reprodução/Twitter/icarpio)Imagem falsa de lula de 48 m de comprimento se espalhou pela rede e assustou internautas (Foto: Reprodução/Twitter/icarpio)
Perdeu a casa mas salvou PS4
No fim de 2013, um usuário do Reddit postou uma imagem na rede social que mostrava um homem segurando triunfante um Playstation 4, mesmo após “perder a casa” em um tornado. A imagem foi bastante compartilhada pelos usuários, e foi reproduzida mais de 1 milhão de vezes. No entanto, diversas pessoas duvidam da veracidade da foto, sugerindo que o homem apenas segurou a caixa do produto em frente à residência destruída de outra pessoa (leia a matéria).
Homem segura caixa de Playstation 4 após supostamente perder a casa durante tornado nos EUA (Foto: Reprodução/Imgur/hepatitisC)Homem segura caixa de Playstation 4 após supostamente perder a casa durante tornado nos EUA (Foto: Reprodução/Imgur/hepatitisC)
'Maior tartaruga do mundo'
Em novembro de 2013, a foto de uma tartaruga descomunal que circulava há meses na internet gerou muitos boatos na web, depois que sites e blogs afirmarem que a tartaruga gigante havia sido achada na Amazônia, teria 529 anos de idade, quase 18 metros de comprimento e pesaria mais de 36 toneladas. O fato, na verdade, é falso, e a imagem foi retirada do filme japonês "Gamera The Brave", de 2006 (leia a matéria).
Imagem falsa de uma tartaruga descomunal que circula há meses na internet continua gerando boatos sobre sua existência (Foto: Reprodução)Imagem falsa de uma tartaruga descomunal que circula há meses na internet continua gerando boatos sobre sua existência (Foto: Reprodução)
Auto tune 'natural'
Uma série de vídeos caseiros de Emma Robinson, uma jovem cantora americana de 16 anos, causou debate na internet, depois que a garota foi apontada como detentora de uma voz com “auto tune natural”, técnica eletrônica utilizada para corrigir o desempenho vocal e instrumental dos artistas (leia a matéria).
Emma Robinson dividiu internautas após vídeo no qual canta com 'auto tune natural' (Foto: Reprodução/YouTube/Emma Robinson)Emma Robinson dividiu internautas após vídeo no qual canta com 'auto tune natural' (Foto: Reprodução/YouTube/Emma Robinson)
'Et' caputrado
O chinês Li Kai provocou um frenesi nas redes sociais do país ao divulgar que havia capturado um extraterrestre após ela se chocar com fios elétricos usados para afastar animais selvagens. Em seguida, ele contou que pegou o "ET" e o colocou em um freezer em sua casa. No entanto, a história era falsa, e Kai acabou condenado a 5 anos de prisão (leia a matéria).
Li disse ter encontrado um extraterrestre perto do rio Yellow, em Binzhou (Foto: Reprodução/Weibo)Li admitiu que história sobre extraterrestre capturado em Binzhou, na China, era falsa (Foto: Reprodução/Weibo)
Cachorro que fica vesgo
Um vídeo de um labrador de 11 meses, postado no fim de 2012, fez muito sucesso pela rede ao mostrar o dono que consegue fazer com que o cão fique vesgo ao apenas dar um comando, e, quando é atendido, dá um “prêmio” para o animal. Apesar de engraçado, "detetives da web" descobriram que, no entanto, a gravação era fruto de edição de vídeo (leia a matéria).
Labrador de 11 meses fica vesgo quando dono pede... com ajuda de softwares de edição (Foto: Reprodução)Labrador de 11 meses fica vesgo quando dono pede... com ajuda de softwares de edição (Foto: Reprodução)