Por Nilson Borges Filho (*)
André Luís Vargas Ilário (sic) é o nome do moço, deputado federal eleito pelo PT do Paraná. Por essas coisas que só acontecem na política rasteira de uma parcela do Brasil que não presta, esse grande estadista chegou à vice-presidência da Câmara.
De profissão comerciante, sabe-se lá do quê, o deputado paranaense não se identifica com o português bem falado. Quando se põe a falar, tropeça na gramática, agride a concordância verbal com cotoveladas e se utiliza de expressões condenáveis até em bordeis de beira de estrada. Seu currículo tem a profundidade de um pires.
Mas, não há como negar, é reconhecido pela cúpula do seu partido e pela militância do calcanhar sujo, pois, como bate-estaca petista, onde a ignorância prevalece, costuma apelar e dar pontapés em adversários políticos. Tem por hábito o jogo sujo. E como todo pau mandado, o desavergonhado gosta de se gabar da sua postura vanguardista e apelativa.
Como parlamentar, entendido aqui como o múnus da política pro-ativa e pedagógica, no alcance de um republicanismo ético, a atuação de André Vargas beira a mediocridade e ao mau gosto estético. Isso para dizer o mínimo.
De onde se pensa que não vai sair nada pior do que já existe na política nacional é justamente dali que surge alguém que se coloca no nível do esgoto. Como acontece todos anos, na abertura dos trabalhos legislativos, é lida a mensagem presidencial. A sessão conjunta das duas casas tem um forte valor simbólico e democrático
Autoridades públicas, representantes dos poderes da República, comparecem em massa à sessão do Congresso Nacional, pois veem essa liturgia como uma afirmação da consolidação democrática brasileira. Os que ali comparecem representam o Estado e, nesse papel, não se confundem com seus partidos políticos, com suas ideologias ou até mesmo com suas idiossincrasias. A República está ali representada por todos aqueles que, em tese, são os mais importantes agentes públicos da Nação. A falta de compostura do deputado André Vargas, no seu melhor estilo, agredindo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, ali representando o Poder Judiciário, é uma prova incontestável do lixo que se transformou o sistema político brasileiro.
O ridículo do punho em riste, a deselegância em não recepcionar, à altura, um visitante ilustre à Casa do Povo, a boçalidade em se utilizar, em plena sessão, de mensagens para debochar do presidente do STF, demonstram nas mãos de que tipo de gente o Brasil está entregue. Nunca antes na história deste país brotaram tantos desavergonhados ocupando cargos e funções públicas. Vergonha alheia é o sentimento esboçado por muitos brasileiros face ao funesto episódio.
(*) Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em direito e colaborador deste blog.