VLADY OLIVER Gilmar Mendes está falando sozinho. O juiz Sérgio Moro está falando sozinho. Joaquim Barbosa falava sozinho. Ainda fala. O procurador Dalton Dallagnol está falando sozinho. Todos estes ilustres senhores estão escancarando a verdade na cara dos pagantes e nem isto é razão para uma tal de “imprensa” sair de sua confortável saleta com ar condicionado, onde dão um verniz nos press-releases picaretas de um governo idem, e conferir o que está sendo dito por todos estes ilustres senhores sobre a sofisticada organização criminosa.
A tropa de funcionários sem concurso continua lá, como se tudo estivesse normal. Aloizio Mercadante faz cara de bravo e ocupa o espaço ao lado do rosto e acima do ombro de Dilma, como se as fotos ainda valessem a pena. Sibá Machado e José Guimarães ─ aquele cujo assessor andava com dólares na cueca ─ ainda discursam, como se alguma vez tivessem sido importantes. E todos correram para buscar socorro com o Pai de Todos, o Número 1, o Boa Ideia, O Cara, como se Lula ainda pudesse salvar seus empregos e mordomias. No momento em que pediram socorro ao Pai dos Postes, anunciaram que o governo acabou.
Se a Benemerenta que distribui nomeações e benesses e manda no Diário Oficial não consegue sustentar-se no poder, nem distribuindo dezenas de Ministérios, não tem como ostentar o majestoso título de Denta. Denta virou cargo honorífico. Como diria um filho cujo pai o chamou de Ronaldinho dos Negócios, game over. Como nos desenhos animados em que o personagem anda na prancha e só despenca no abismo ao perceber que a prancha acabou, falta apenas cair.
E táticas que já deram certo dificilmente funcionarão agora. Lula, estrela máxima do petismo, já se queixou de que não pode sequer ir a um restaurante. Não pode tomar um voo comercial nem, por outro motivo, os bons jatos dos empresários. Sujeita-se a um jatinho pequeno, apertado. Aliados o abandonam; amigos antigos, como José Dirceu, ele os abandonou. E, se nem aos tradicionais restaurantes do tempo de metalúrgico pode ir, que prestígio lhe resta para dar a Dilma?
Quando tinha 18 anos, Leslee Udwin foi convidada por um homem charmoso que conheceu para ir a uma festa na casa dele. Chegou lá e estranhou um pouco o lugar isolado. Os convidados estavam atrasados, ele dizia. Ninguém apareceu – e Leslee foi estuprada naquela noite.
O caso aconteceu na África do Sul, mas a cineasta pensa que poderia ter sido em qualquer lugar do mundo. Na época, voltou pra casa com a certeza de que a culpa havia sido dela. "Eu fiquei 20 anos sem contar isso para absolutamente ninguém, me culpando por não ter virado as costas e ido embora no momento em que vi que não havia ninguém na casa", disse à BBC Brasil.
Um bom tempo depois, a israelense-britânica se surpreendeu com o caso de um estupro coletivo na Índia que chocou o mundo. Jyoti Singh, de 23 anos, voltava do cinema com um amigo por volta de 20h30 em Nova Déli, quando foi violentada por seis homens dentro de um ônibus.
O crime repercutiu e gerou protestos pedindo justiça e direitos iguais para mulheres na Índia – e Leslee decidiu mergulhar em uma jornada "traumática", como ela descreve, para "amplificar a voz daquelas mulheres" em um documentário sobre o caso.
"Meu objetivo sempre foi usar isso como uma ferramenta poderosa de mudança. Eu queria levantar essa questão dos direitos de meninas e mulheres no mundo. Porque não é uma coisa da Índia", disse. "Todo país do mundo sofre dessa doença que é a desigualdade de gênero. Nós precisamos agir, entender nossa responsabilidade nisso."
O filme India's daughter (Filha da Índia, em português) estreou em março internacionalmente e chegou ao Brasil nesta semana, com uma exibição pública em São Paulo promovida pela ONG Plan International Brasil no lançamento da campanha "Quanto custa a violência sexual contra meninas?"
Para produzi-lo, a cineasta gravou 32 horas de entrevista com os estupradores da menina na Índia e outros agressores sexuais. Ela achava que encontraria "monstros" ou psicopatas, mas se surpreendeu ao concluir que todos eles eram "homens normais".
"Eu juro que nem por um segundo das entrevistas eu senti um pingo de raiva. Por que não? Pela mesma razão que esses homens não conseguem sentir nenhum remorso", relata.
"Ficou óbvio que esses homens foram programados para pensar o que pensam e agir como agem. Eles não são independentes, eles são conduzidos a pensar dessa maneira desde que nascem."
'Temos o que merecemos'
Leslee Udwin conta que precisou fazer algumas 'entrevistas-teste' (que não entrariam no filme) com outros estupradores para treinar sua 'sanidade' antes de enfrentar os agressores de Singh. E foi um deles que a fez identificar, ao mesmo tempo, o problema que gerava tantos casos de estupro, e a solução para acabar com eles.
O homem em questão havia estuprado uma menina de 5 anos. Ele descreveu tudo o que fez com ela e como "tampou sua boca para abafar os gritos com o cuidado de não tampar seu nariz para que ela pudesse se manter viva". A garota, como ele apontou, era da altura do seu joelho. Leslee lhe perguntou se ainda pensava nela e no que tinha feito. "Sim. E toda vez que penso, preciso ir ao banheiro", ele respondeu.
A falta de arrependimento demonstrada por ele fez com que a cineasta entendesse a cultura do estupro.
"Se você desvaloriza esse ser humano (mulher), se você aprende que elas não têm nenhum valor comparadas a você (homem), é claro que você vai tratá-las dessa forma. O que você espera?", questiona. "Nós somos responsáveis pelas atitudes deles, nós motivamos as atitudes deles. E nós como sociedade merecemos isso."
Leslee reforça que o caso retratado no filme faz parte de uma questão mundial – a desvalorização da mulher -, que precisa ser combatida desde cedo.
"É só uma questão do grau de intensidade do problema. Em alguns lugares estamos lidando com a falta de representatividade das mulheres no comando das empresas, ou as diferenças de salário das mulheres, e em outros nós estamos falando da restrição dos direitos da mulher, como na Arábia Saudita, onde mulheres não podem dirigir um carro".
Solução
Foram tantos "choques" durante a produção do filme que, em um determinado momento, Leslee admite que quis abandonar o barco. Em pânico por achar que aquilo era doloroso demais, a cineasta se inspirou na filha de 13 anos para seguir com o projeto.
"Ela me disse algo que nunca vou esquecer: 'Você não está sozinha. Eu e minha geração inteira estamos com você nessa'."
Não fosse isso, o filme A Filha da Índia não teria saído e, consequentemente, não teria provocado reflexão nas milhões de pessoas que o assistiram no mundo todo, segundo ela. Mesmo banido na Índia, o documentário já foi visto por 1,6 milhão de pessoas no país horas depois que foi lançado na internet. Mas só isso, Leslee reforça, não é o suficiente.
Para combater o problema, ela defende uma mudança estrutural e global na educação, valorizando respeito, direitos humanos e igualdade de gênero nas escolas.
"Quando crianças chegam a uma certa idade, que seria 6 anos, você não pode mudar os estereótipos que elas já aprenderam", opina.
Para lutar por essas mudanças, Leslee se aliou a ONU com o consultora de Direitos Humanos, e está ajudando na formulação de um novo currículo escolar com alterações de conceitos básicos da educação.
"Precisamos começar cedo com uma nova geração. Ensinar respeito na escola para que elas possam aprender a valorizar outros seres humanos. Nós não estamos ensinando crianças a pensar, a sentir, a ter empatia, vendo o mundo sob o ponto de vista do outro", diz.
E ela ainda faz um apelo para as mulheres. "Eu imploro para quem passou por isso (violência sexual) que fale, porque é muito importante. A culpa é deles, a vergonha é toda deles. É um erro e é de uma maldade absurda colocar a culpa disso na mulher pelo que ela estava fazendo ou usando. É nojento e absurdo que isso ainda aconteça. E nós, como mulheres, precisamos reagir a isso."
O Brasil também está precisando de uma dieta. Uma mudança radical dos hábitos alimentares do Estado glutão e obeso
Nelson Motta, O Globo
A única vitória pessoal de Dilma no seu segundo mandato foi emagrecer, melhorar a aparência e aumentar sua autoestima, no fundo do poço desde que foi julgada mentirosa e incompetente por 93% da população.
O Brasil também está precisando de uma dieta. Uma mudança radical dos hábitos alimentares do Estado glutão e obeso.
Mas primeiro é necessário um detox radical, já iniciado com a eficientíssima dieta Lava-Jato, no Spa de Curitiba, começando a descontaminação do organismo estatal inchado de gorduras, parasitas, subsídios e privilégios, que criam dependência cada vez maior de drogas fiscais.
Controlar a gula arrecadadora. Perder gordura de custos e diminuir o peso das dívidas para melhorar a saúde dos órgãos vitais. Fazer exercícios diários de eficiência para desenvolver músculos produtivos e perder banha burocrática, que gera incompetência e corrupção. Cortar projetos megalomaníacos anabolizantes que aumentam despesas para ganhar eleições. Trocar charlatãos e marqueteiros por médicos e nutricionistas ou políticos e administradores, honestos e competentes.
Na dieta brasileira não entram drogas como a velha CPMF, que funcionam como anfetamina, moderando o apetite de arrecadação do Estado, mas a médio prazo só conseguem criar mais fome, por mais impostos. A opção à dieta seria a redução cirúrgica do estômago do Estado, um impeachment da gordura e das toxinas.
O pior seria a dieta Lula: “Em vez de cortar despesas, devemos estimular investimentos e aumentar o crédito”, como se houvesse dinheiro para isso, e não fosse essa uma das origens da atual crise que, como Dilma dizia de Marina na campanha, está tirando comida da mesa do pobre.
Tanto sofrimento, tanto sacrifício, mas, sem reformas estruturais dos hábitos alimentares e dos gastos de calorias do Estado, será só uma travessia para voltar aos velhos vícios, em um efeito sanfona que logo levará de novo à obesidade, celeiro da corrupção.
A receita de Dilma para o Brasil tem tudo para repetir, de forma trágica, a piada de Tim Maia: “Fiz uma dieta rigorosa, cortei gorduras, açúcar e álcool. Em duas semanas perdi 14 dias.”
À medida que penetra o caos, o governo Dilma vai perdendo o pouco que lhe resta de recato. O déficit estético aumentou nesta quinta-feira. Reunida com seus aliados da Câmara, a presidente passou-lhes um dever de casa: quer saber a posição das bancadas sobre a legalização da jogatina. Ideia velha, ressuscitada na véspera, num encontro de Dilma com os governistas do Senado. Alega-se que a taxação dos jogos de azar ajudará o governo a encontrar o equilíbrio das contas públicas —mesmo que tenha que procurar um pouco.
Finalmente surgiu um tema que pode aproximar os paladinos do impeachment da banda parlamentar da Lava Jato. Os dois grupos estão representados no lobby pró-jogatina. Deve-se ao senador Benedito de Lira (PP-AL), acusado de receber propinas na Petrobras, a sugestão para que Dilma se enrole na bandeira da legalização dos jogos —de bingos a cassinos, passando por caça-níqueis e pela jogatina virtual da internet.
Na Câmara, o mais aguerrido defensor da causa do jogo legal é Paulo Pereira da Silva (SD-SP). Cristão seminovo na oposição, Paulinho da Força, como é conhecido, é sócio-atleta do clube do impeachment. Há dez dias, foi mandato ao banco dos réus pelo STF, numa ação penal por crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A Procuradoria acusa-o de desviar recursos de financiamentos do BNDES.
Aliando-se a Benedito e Paulinho, Dilma se arrisca a migrar do ‘Jornal Nacional’ para o horário vespertino, no qual novelas antigas são reprisadas no ‘Vale a Pena Ver de Novo’. No final de 2010, fase em que o Brasil tinha dois presidentes —Lula e a recém-eleita Dilma—, o governo tentou recriar a CPMF. Houve gritaria, seguida de um recuo. E o deputado Paulinho, então um governista do PDT, sugeriu numa reunião do conselho político do governo, no Planalto, a legalização de bingos e afins, para custear a Saúde e reajustes de servidores públicos. Bateu na trave.
Não foi a primeira vez. Em fevereiro de 2004, segundo ano do reinado de Lula, deputados e senadores receberam a tradicional mensagem anual do presidente da República. Nela, lia-se a seguinte promessa: “A regulamentação da atividade dos bingos vai organizar o setor e assegurar recursos para o esporte social.'' Responsável pela redação do texto, o então ministro Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) assegurou numa reunião no Planalto que a frase dos bingos não era de sua lavra. Até hoje, a autoria é um mistério.
Dias antes, os brasileiros haviam assistido no horário nobre à cena de Waldomiro Diniz, então assessor da Casa Civil, recebendo sacolas de dinheiro do contraventor Carlinhos Cachoeira. Sobreveio a CPI dos Bingos, que sugeriu no seu relatório final a legalização dos jogos. Passou no Senado. Mas não prosperou na Câmara. Agora, agarrada a uma CPMF que o Congresso resiste em recriar, Dilma ameaça reencenar a mesma novela. Uma evidência de que é errando que se aprende. A errar
Dilma Rousseff descobriu em Catanduva, há poucas semanas, que no interior paulista a avaliação do seu governo logo vai passar dos 100% de ruim ou péssimo. É compreensível que, antes da visita a Presidente Prudente, tenha procurado sondar os humores da cidade na entrevista concedida por telefone a Miguel Francisco, jornalista da Rádio 1440 AM. O entusiasmo do radialista, traduzido nas perguntas grávidas de exaltação patriótica, convenceu visitante de que o clima em Presidente Prudente oscilava entre o “bom demais” e o “para lá de ótimo”.
À vontade como um tesoureiro do PT na sala do cofre, Dilma garantiu que as coisas vão muito bem, que o desastre econômico logo vai passar, que a sobriedade da turma do Planalto já recolocou o país no caminho certo. O Brasil só não pôde comemorar a retomada do desenvolvimento porque a oposição deu de transformar pecados veniais em justificativas para um golpe de Estado. “Estamos aqui torcendo pelo seu governo, porque torcer pelo seu governo é torcer pelo Brasil”, derramou-se Miguel Francisco quando a conversa de comadres ia chegando ao fim.
“Agora”, prosseguiu, “um pedido de um brasileiro: professora Maria Solange Caravina, mãe do meu filho, é professora da rede estadual aqui em Presidente Prudente. Ela é petista e Dilma Rousseff até o tutano dos ossos. Ela tá ouvindo a rádio. Se a senhora mandar um abraço para ela, ela vai ficar muito feliz comigo, senhora presidenta”. A continuação do diálogo parece mentira. O áudio no fim do post prova que é tudo verdade. Acompanhe o diálogo de hospício:
Dilma:“Olha, eu… cê vai repetir o nome dela, Miguel”.
Jornalista: “Maria Solange Caravina”.
Dilma: “Lia Solange Carabina. Eu não só mando…”
Jornalista:“Maria… Maria…”
Dilma: “A Lia Maria… Não… Maria Solange… Maria Solange… ô..”
Jornalista: “Maria Solan…”
Dilma Rousseff:“Maria Solange…”.
Jornalista:“Caravina”.
Dilma:“Eu quero te… Eu quero te dizê uma coisa, Maria Solange. Quero primeiro agradecê esse abraço, esse beijo, pelas… pelas… pelas ondas da Rádio Comercial 1440 AM de Presidente Prudente. E te dizê o seguinte: é por pessoas como você que a gente continua firme lutando pelo Brasil. Um abraço e um grande beijo pra você”.
Só na última frase a presidente soletrou direito o prenome da dilmista de Presidente Prudente. Ainda em dúvida quanto ao sobrenome, preferiu parar no “Maria Solange”. Sorte do maridão Miguel Francisco. Sabe Deus como seria recebido em casa pela mulher transformada duas vezes por Dilma numa Carabina de maiúsculo calibre.