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terça-feira, 12 de julho de 2016

Humor de Duke no blog de Josias de Souza


Feitiço! 

Josias de Souza
Duke/O Tempo
– Charge do Duke, via O Tempo.

Lula e Stalin, os governantes próximos pela ideologia...

Lula e Stalin, os deuses que falharam

Leonardo Padura recriou o Brasil clivado por ideologias de apostilas ao contar a história de Trostski e seu algoz, Ramón Mercader
Lula e Stalin (Foto: Arquivo Google)
Miguel de Almeida, O Globo
Em “O homem que amava os cachorros”, o escritor cubano Leonardo Padura reconstrói a atmosfera de perseguição montada por Stalin, nas décadas de 1930-50, a Trostski e seus outros inimigos. A perseguição se dava no nível físico (espiões, policiais, caça-recompensas) e no moral, por meio de mentiras, intrigas, aleivosias e canalhices diversas.
Stalin fazia ainda uso de cães intelectuais — em geral gente em busca de glórias efê- meras, como um prêmio ou um elogio — na desconstrução de seus adversários. Não vem à toa a admiração de Hitler pelo regime soviético: o nazismo fará uso de seus vira-latas provocadores (exemplo: a turma que avançou sobre Janaina Paschoal) e Stalin forjará o oportuno Inimigos do Povo (exemplo: a campanha contra ex-petistas como Fernando Gabeira e Luiza Erundina).
O nazismo muito deve ao stalinismo (exemplo: Marilena Chauí difundir que Sérgio Moro é filhote do FBI e os SS digitais repercutirem a difamação). Padura fornece ao leitor um retrato do clima policialesco criado por Stalin. São creditados nas costas de Trotski, mesmo exilado e banido, o poder de uma hipotética conspiração, a autoria de documentos apócrifos... Tudo balela.
Cena construída para distrair os militantes dos reais motivos do desastre econômico perpetrado por Stalin e sua megalomania estatista. Depois, Stalin jamais foi marxista e só foi de esquerda (oportunista) até chegar ao poder (exemplo: nunca antes neste país...). Lá, usurpou o sonho de vários gerações.
Muitos deram suas vidas por acreditar estarem defendendo a revolução e ainda lutaram contra o que julgavam ser o jogo da direita (exemplo: fazer vaquinha para pagar a multa do companheiro José Dirceu e depois carregar seu cadáver político, de boca fechada). Os paralelos com a história política brasileira atual são assustadores.
Padura recriou o Brasil clivado por ideologias de apostilas ao contar a história de Trostski e seu algoz, Ramón Mercader: as falsas informações plantadas na imprensa mundial (os amigos dos cães), os supostos complôs (olha o pré-sal aí, gente), com o objetivo de atiçar na militância ralé (a turminha do Facebook) um ódio contra o ex-dirigente da Revolução Russa, que passa a apupar sua biografia sem entender nada do riscado (exemplo: Trotski caiu ao propor uma plataforma econômica em interação com as forças do mercado. Stalin o satanizou. No poder, depois de ver seu barco estatal afundar, Stalin praticou... a política defendida por Trotski, de braço dado com o capital internacional. Você pode pensar em Dilma/Joaquim Levy e Lula/Henrique Meirelles e não estará errado).
Vale lembrar também que a visão econômica de Stalin era identificada como sendo nazinacionalista. Stalin era o sonho de Hitler. As mentiras urdidas por Stalin repercutiam facilmente. Os intelectuais se calavam. E quando ousavam... Foi o caso de André Gide, escritor francês e militante de esquerda. Após visitar a convite a União Soviética em 1936, percebeu a arapuca e denunciou o engodo.
Afinal, acreditava, era seu dever alertar as forças de esquerda que Stalin era tão-somente um ditador, e nada tinha de progressista (o Brasil não conhece o Brasil...). Pobre Gide. Até então, seu homossexualismo não fora um estorvo nas fileiras da Causa. Segundo os stalinistas, como se poderia acreditar num escritor que tinha o hábito de gostar de homens? Era traidor... e gay.
Trinta anos depois e milhões de mortes, Kruschev repetiria o mesmo diagnóstico de Gide. Sabe, o que aconteceu? A ficha só caiu em 1989, quase 40 anos depois e outras milhares de mortes.
Lula e Stalin (Foto: Arquivo Google)

Humor de Alpino

PT> Tá difícil abandonar as páginas policiais...Mais revelações ou más revelações incomodam o partido da moda...

terça-feira, julho 12, 2016


POLÍCIA FEDERAL REVELA QUE EMPRESA LIGADA A ODEBRECHT COMPROU PRÉDIO PARA ABRIGAR SEDE DO 'INSTITUTO LULA'

Em junho de 2010, a construtora Odebrecht adquiriu um prédio de três andares na Vila Clementino, Zona Sul de São Paulo, e planejava instalar ali a sede do futuro Instituto Lula, de acordo com a força-tarefa da Operação Lava-Jato. A compra foi feita em nome da DAG Construtora, de Salvador, que pertence a Demerval Gusmão, amigo e parceiro de negócios de Marcelo Odebrecht, dono da empreiteira.
A DAG é a mesma que, em 2013, a pedido da Odebrecht, pagou o jatinho que levou o ex-presidente Lula a Cuba, República Dominicana e Estados Unidos, como revelou O GLOBO.
Segundo as investigações, a família Lula sabia dos planos de usar o prédio para o instituto: um projeto de reforma do imóvel, que incluía auditório, sala para exposição e até apartamento com cinco suítes na cobertura, foi localizado numa pasta cor de rosa endereçada a dona Marisa Letícia e apreendida pela Polícia Federal, no início deste ano, no sítio de Atibaia (SP) que era usado por Lula e sua família.
Os documentos, apreendidos em março último, na 24º fase da Lava-Jato, voltaram a ser analisados pela força-tarefa no fim de junho, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) devolveu a Curitiba os inquéritos que investigam supostas vantagens indevidas dadas ao ex-presidente. O conteúdo da pasta e as negociações para compra do prédio são descritas num relatório de análise da PF, obtido pelo GLOBO.
PENDÊNCIAS JUDICIAIS
Embora o prédio tenha sido efetivamente comprado pela DAG, o Instituto Lula não ganhou a sede e acabou sendo instalado no prédio do antigo Instituto Cidadania, no Ipiranga, onde permanece até hoje. Os responsáveis pela compra teriam desistido do projeto original de uso depois de descobrir que o imóvel estava envolvido em pendências judiciais dos antigos proprietários.
Além da pasta com o projeto de reforma, a PF apreendeu na residência de Lula, em São Bernardo do Campo, e-mails impressos que indicam que a negociação do prédio, de 5.268 m² de área construída, chegou a ser feita por Roberto Teixeira, amigo e advogado do ex-presidente.
Teixeira, que costuma assessorar negócios imobiliários, foi quem ajudou na aquisição do sítio de Atibaia por Fernando Bittar e Jonas Suassuna. Os e-mails apreendidos contêm o preço de venda do prédio (R$ 10 milhões) e as dívidas pendentes (de R$ 2,3 milhões).
Para os peritos, o projeto da pasta cor de rosa “refere-se à reforma do imóvel da Rua Haberbeck Brandão, 178”, na Vila Clementino, e o “terreno foi objeto de negociação para atender os interesses do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.
Também foi apreendido na residência da família Lula um contrato de opção de compra, onde consta como vendedora a Asa Agência Sul Americana, então proprietária, e como comprador José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente. A data é anterior à venda para a Odebrecht, e quem assina o contrato é Teixeira. Ouvido pela PF no fim de junho, o pecuarista afirmou que não quis participar do negócio. Para os investigadores, sem Bumlai, a compra acabou sendo feita pela DAG. Do site de O Globo - Clique aqui para ler tudo

Sponholz no blog de Aluizio Amorim

Sponholz: "Assalto" em altura.


segunda-feira, 11 de julho de 2016

"O conflito entre o bem e o bem" / Luiz Felipe Pondé

O conflito entre o bem e o bem -

 LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 11/07

Minha religião é a tragédia. Não porque eu creia em Zeus ou Afrodite (neste caso, quase faria uma exceção ao meu ceticismo, devido a certas mulheres que conheci ao longo da vida), mas porque tenho certeza de que a tragédia é a forma mais acabada que o espírito humano encontrou pra descrever nossa condição.

Escrevi algumas semanas atrás que minha religião é a tragédia. Muitos leitores me perguntaram o que eu queria dizer com isso. Com o tempo vamos aprendendo onde nos sentimos em casa (esta é uma forma de felicidade muito sutil para espíritos ruidosos). A tragédia é uma de minhas casas, talvez a mais "minha" de todas.
Ao longo da vida percebemos que as pessoas sofrem, resolvem problemas, fazem escolhas entre "X" e "Y", enfim, enfrentam a labuta do dia a dia. Com o tempo, sem saber ao certo a razão, desenvolvi um encanto por essa capacidade de ação dos meus semelhantes. Hoje, sei que existia nesse encanto que sentia o reconhecimento de que os seres humanos, na sua infinita batalha cotidiana, mereciam aquilo que só mais maduro pude saber o que era –eles mereciam reverência.

Dito nas palavras que aprendi com Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): a vida dos seres humanos desperta em nós, quando olhamos com atenção, "terror e piedade", traços da tragédia grega, segundo o filósofo.

E, antes de tudo, meus semelhantes mereciam reverência porque, ao final (um importante detalhe que logo ficou claro pra mim), sempre perderiam a batalha. A vida ficou clara na sua "essência" para mim quando, depois de deixar a infância, entendi que somos como heróis da tragédia: combatemos até o fim, mas sempre seremos derrotados ao final. Não só a morte enquanto tal, mas as perdas, as frustrações, as mentiras, os amores impossíveis, dores de todos os tipos.

Evidente que isso tudo é atravessado por uma profunda beleza e coragem que, às vezes, assim como que num ato de graça, conseguimos até tocar com as mãos ou sentir seu perfume. E essas duas, beleza e coragem, que considero irmãs de sangue, tornam ainda mais evidente o reconhecimento de que os seres humanos merecem reverência nessa labuta sem fim.
Hoje reconheço aquilo que para grandes autores como G. W. F. Hegel (1770-1831), Isaiah Berlin (1909-1997) e John Gray, vivo e em atividade, se constitui num dos traços marcantes da condição trágica: o fato de, muito pior do que ter de escolher entre o bem e o mal, sermos obrigados, em muitos dos mais dramáticos momentos de nossas vidas, a escolher entre o bem e o bem.

Os utilitaristas na virada do século 18 para o 19 entendiam que a vida humana se dá por meio de escolhas racionais: escolhemos o bem-estar e não o sofrimento (o mal para o utilitarismo).

Isso é apenas meia verdade. Fosse essa a realidade na sua plenitude, não haveria problema. A verdade é que, muitas vezes, somos obrigados a escolher entre duas formas de bem em conflito irremediável. Bens materiais x bens imateriais, fidelidade x paixão, filhos x dedicação à vida profissional, verdade da alma x verdade do corpo, sinceridade x sobrevivência, enfim, apenas iniciantes acreditam que o utilitarismo "resolve" o drama moral humano. Gray chama esse tipo de escolha de "escolha radical", porque ela nos lança no drama trágico por excelência.

Martin Thibodeau, no seu maravilhoso "Hegel e a Tragédia Grega", recém-lançado pela É Realizações, descreve essa mesma condição dizendo que a vida é trágica porque ela se dá fora de qualquer possibilidade de redenção metafísica, de qualquer acordo final que possa dar conta da oposição entre bens, da cisão interior, da negatividade dos fatos e do conflito essencial que alimenta nossas vidas sem possibilidade de "domesticação".

"The clash between good and good", nas palavras de Gray, ou "o conflito entre o bem e o bem", é nosso principal problema moral. Todas as demais formas de concepção de vida, para mim, estão aquém dessa clareza trágica. Quando estamos diante de uma escolha dessa, a vida cobra sua conta. Ela cobra de nós a capacidade de sentirmos terror e piedade de quem sofre tamanha maldição.


"Guerra civil, nossa e deles ... // Clóvis Rossi

Guerra civil, nossa e deles -

 CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 10/07

Duas autoridades norte-americanas, sendo uma delas o presidente Barack Obama, chegaram perto de definir como uma guerra civil larvar a situação no país, depois de mais dois episódios em que negros são mortos por policiais brancos e, em seguida, cinco policiais são assassinados por um franco-atirador.

Obama disse que os incidentes não são fatos isolados, mas "resultado da falta de confiança entre as forças da ordem e numerosas comunidades".

Coincide David Brown, o chefe da Polícia de Dallas, a cidade em que os policiais foram mortos: "Tudo o que sei é que é preciso acabar com essa divisão entre nossa polícia e nossos cidadãos".
Do outro lado da trincheira, desabafa o músico e compositor Zach Freshley para o sítio "Medium": "Não sei mais o que fazer. Não sei o que fazer em um mundo em que a maior ameaça a mim são pessoas que supostamente devem me proteger".

Os números dessa guerra civil disfarçada falam alto: a chance de um negro ser morto pela polícia é três vezes maior do que a de um branco.

Há um dado adicional a reforçar o ambiente bélico: apenas 13% das vítimas negras não estavam armadas. Claro que o fato de portar uma arma não torna ninguém culpado de um crime, ainda mais nos Estados Unidos, em que há tantas armas quanto cidadãos.

Mas o conhecimento desse fato predispõe o policial a atacar antes, no pressuposto de que pode vir a ser alvejado. Ou, posto de outra forma, os dois lados estão prontos para um combate, mas um deles –o dos negros– entra com o maior número de vítimas.

Horrorizado com essa guerra?

É para ficar mesmo, mas não pense que se trata de um fenômeno apenas norte-americano.

A Human Rights Watch, respeitável ONG de acompanhamento dos direitos humanos, acaba de divulgar seu relatório sobre a violência policial no Rio de Janeiro.
Só em 2015, a polícia do Rio matou 645 pessoas, das quais três quartas partes eram negras.

É o número mais alto desde 2010, quando, segundo o relatório, começou uma tendência de diminuição desse tipo de crimes –agora aparentemente interrompida.

É claro que também morrem policiais, talvez mais do que nos Estados Unidos. Porém, conforme o trabalho da HRW, para cada agente morto em serviço no Rio de Janeiro, a polícia matou 24,8 pessoas, mais do que o dobro do índice da África do Sul [outro país violento e em que o componente racial é importante] e, atenção, três vezes mais do que nos Estados Unidos.

Se há uma guerra civil disfarçada nos Estados Unidos, no Brasil, então, é pior, a julgar pelos números da Human Rights Watch.

É até desnecessário dizer que o cenário por ela descrito não é uma exclusividade do Rio de Janeiro, como é óbvio.

Parece evidente que o componente racial dessa guerra é um triste legado de anos e anos de escravidão, no Brasil como nos EUA, e de apartheid, no caso da África do Sul.

É necessária uma revolução cultural para cravar de fato na agenda, lá como aqui, que "vidas negras importam" –e a de policiais também.

O Brasil tem uma 'queda' para o surrealismo ... A Polícia Judiciária procura por bonecos, pixulecos

A apoteose dos bonecos foragidos - 

EUGÊNIO BUCCI

REVISTA ÉPOCA

Num lance de judicialismo fantástico, o STF (Supremo Tribunal Federal) pôs a Policia Federal no encalço de dois desses bonecos infláveis de passeata, também chamados "pixulecos". Na quarta-feira passada, por meio de um ofício assinado pelo secretário de Segurança do Supremo, Murilo Herz, a mais alta Corte do Brasil requisitou forças policiais para encontrar e identificar os responsáveis pela confecção e exibição dos dois artefatos satíricos, um caricaturando o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e o outro ironizando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Segundo apurou o Supremo, os dois fizeram sua estreia no dia 19 de junho, num protesto na Avenida Paulista, em São Paulo. O pixuleco de Lewandowski o retrata segurando uma balança em que a estrela do PT pesa mais que a bandeira nacional. O de Janot leva pendurado no pescoço um arquivo de metal cinza carimbado com o epíteto "petralhas". A reação da cúpula do Judiciário tardou (como reza a tradição), mas não deixou por menos. Chamou a polícia.

Agora, o tempo fechou. Caçoar da presidente da República, tudo bem, mas zoar com a estampa do presidente do Supremo, alto lá! O secretário de Segurança do STF viu no episódio uma agressão seriíssima, ou, em suas próprias palavras, uma "grave ameaça à ordem pública e inaceitável atentado à credibilidade de uma das principais instituições que dão suporte ao estado democrático de direito".
Nos termos do ofício, as alegorias rechonchudas são alçadas ao patamar de inimigos públicos ameaçadores e pestilentos. "Configuram, ademais, intolerável atentado à honra do Chefe desse Poder e, em consequência, à própria dignidade da Justiça Brasileira, extrapolando, em muito, a liberdade de expressão que o texto constitucional garante a todos os cidadãos, quando mais não seja, por consubstanciarem, em tese, incitação à prática de crimes e à insubordinação em face de duas das mais altas autoridades do país."

Com sua hermenêutica severa, o secretário enfim reclama, "em caráter de urgência", esforços policiais "no sentido de interromper a nefasta campanha difamatória contra o chefe do Poder Judiciário, de maneira a que esses constrangimentos não mais se repitam".

Isto posto, os policiais dão busca em bonecos. Imagine a cena. É ou não é judicialismo fantástico? É ou não é dadaísmo jurídico? Surge assim um novo ramo das ciências jurídicas, o ius-saramandaia. Eis então que a mais egrégia entre todas as egrégias Cortes do país acaba de inventar a censura de passeata. Fazer pixuleco de Dilma pode. De Lula também. De Lewandowski, não, nem pensar. Isso "extrapola, em muito, a liberdade de expressão". Em breve, as prefeituras serão instruídas a, no instante de autorizar uma manifestação em logradouros públicos, verificar de antemão os cartazes, faixas, máscaras, adereços e pixulecos que serão exibidos, com o propósito de interditar previamente os que pratiquem o crime atentatório de caçoar de magistrados. Por analogia, a mesma medida será estendida ao Carnaval de Olinda, famoso por seus bonecos gigantes. Não custa prevenir.

Ou será que custa? A verdade é que esse tipo de prevenção custa, e custa muito mais caro do que não fazer absolutamente nada. Esse tipo de prevenção acarreta o efeito oposto: em lugar de conter, potencializa a zombaria. Os pixulecos judiciários aí estão para comprovar. Se o Judiciário tivesse sido mais sábio e deixasse isso para lá, a imensa maioria dos brasileiros jamais teria ouvido falar do boneco de Lewandowski. Mas, como a dura lex se abalou, os novos pixulecos fizeram fama da noite para o dia. Jornais e sites do Brasil inteiro, para cumprir o dever de explicar a seus leitores do que trata o inesperado oficio do STF, são obrigados a mostrar fotos dos dois pixulecos, a explicar o que eles criticavam e dizer que eles também atendiam pelas alcunhas de Petrolowski e Enganô. Ao tentar intimidar a caçoada, o Supremo inadvertidamente a consagrou. Moral da história: os bonecos foragidos estão em êxtase e, daqui por diante, tendem a se multiplicar.


Day after ... // Ruy Castro

segunda-feira, julho 11, 2016

Day after - 

RUY CASTRO

Folha de SP - 11/07

Relatos das internas dão conta de que o ex-presidente Lula está deprimido e apreensivo. Deprimido porque, longe do poder, já quase não o procuram para conversar. Como não sabe fazer mais nada, o ócio o afeta cruelmente. Sua única distração tem sido cantar senadores para que votem a favor de Dilma no impeachment, prometendo comparecer aos palanques deles nas províncias. Mas, se poucos querem a sua companhia num jantar, quem vai querê-la num palanque?

E a apreensão é pela sombra de Curitiba em sua biografia.
A querida Curitiba só dá desgostos a Lula. Desde que seus agentes literários, Marcelo Odebrecht e Leo Pinheiro, se mudaram para lá há um ano, cessou a procura por suas palestras, pelas quais recebia cachês com que homens como Albert Einstein, Bertrand Russell e Aldous Huxley, em seu apogeu no século 20, sequer sonharam. Mas, pensando bem, o que Einstein, Russell e Huxley tinham a dizer aos ditadores do Oriente Médio, América Central e África, principais plateias do palestrante Lula?

Impressionante como essas investigações estão afetando a vida profissional de tantos que, até há pouco, exerciam funções vitais na economia. José Dirceu, por exemplo, teve cortado o fio do escafandro que lhe permitia prestar assessoria a empresas e governos e lhe rendia comissões dignas de um herói do povo brasileiro. Como ficam os negócios desses investidores sem os contatos de Dirceu?

E como ficam os negócios de Dirceu sem os contatos do governo?

Sobrou até para uma escola de samba gaúcha, que um ex-tesoureiro do PT ajudava, dizem, com dinheiro do Ministério do Planejamento. Por gratidão, a escola bordava o nome do benfeitor em sua bandeira e compunha sambas-enredo em sua homenagem. Com a prisão do tesoureiro, a escola pode perder até a sua madrinha de bateria.

É o "day after" do poder

Viver é perigoso... Um paquistanes planejava atentado com bomba no aeroporto de Brasília...

http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,estrangeiro-e-detido-no-df-apos-denuncia-de-planejar-atentado-com-bomba,10000062075

Estrangeiro é detido no DF após denúncia de planejar atentado com bomba

Ataque seria no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek




SÃO PAULO - Um estrangeiro foi detido hoje (10) na região de São Sebastião (DF), a 26 quilômetros de Brasília, após uma denúncia de que ele planejava detonar explosivos durante um atentado terrorista no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.
A denúncia foi feita hoje pela própria esposa do estrangeiro à Polícia Militar do Distrito Federal. A corporação enviou à residência do suspeito uma equipe do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Policiamento com Cães, que realizaram varredura no local, mas não encontram explosivos, de acordo com informações da Polícia Militar. Foi encontrado com ele apenas a passagem área para o Paquistão agendada para segunda-feira (11).
O suspeito seria paquistanês, de acordo com relato da esposa. Como não estava com seus documentos durante a abordagem da polícia, não teve sua nacionalidade confirmada. Na sequência, foi levado à Superintendência da Polícia Federal.
Por volta das 18h30, ele e a esposa estavam sendo ouvido por agentes, que consideravam desde a hipótese de atentado até um possível desentendimento do casal, de acordo com informações preliminares da assessoria de imprensa da Polícia Federal.
Na denúncia, a esposa afirmou também que o estrangeiro seria casado no Paquistão e teria falsificado os documentos no Brasil para firmar um novo matrimônio. Essas informações ainda não haviam sido confirmadas pela polícia. 

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domingo, 10 de julho de 2016

"A Lava Jato suscitou contra si o mais poderoso grupo de inimigos que já se formou no Brasil..." E agora corre perigo de ser amordaçada


UNIRAM-SE OS INIMIGOS DA LAVA JATO. E NÓS?

por Percival Puggina. Artigo publicado em 


 Cheguei a crer que fosse inviável parar a Lava Jato. Hoje, essa certeza arrefeceu. Ainda que não seja possível retirar do juiz Sérgio Moro e dos promotores da força-tarefa as garantias constitucionais que lhes asseguram a autonomia para agir, existem maneiras de lhes suprimir os meios de ação e, até mesmo, de os neutralizar. A despeito da respeitável determinação da turma de Curitiba e do irrestrito apoio do povo, essas artimanhas estão sendo exibidas diante dos nossos olhos.
A Lava Jato suscitou contra si o mais poderoso grupo de inimigos que já se formou no Brasil. Para combatê-la, uniram-se parceiros tradicionais e inimigos tradicionais, instalados em elevadíssimos andares no edifício do poder. Estão fisicamente dispersos, mas se articulam e operam, como bem se sabe, em todos os poderes e instituições da república. A força tarefa tem contra si numerosa bancada no Congresso Nacional, muitos dos melhores advogados do país, bem como negociadores e articuladores políticos de competência comprovada. Esse conjunto de antagonistas dispõe, ao alcance da mão, de todos os meios financeiros e materiais que possam ser requeridos pela tarefa de a estancar. E note-se: estou me referindo somente aos figurões que hoje medem diariamente a distância que os separa da porta da cadeia, seja porque lá já estão, seja porque é para lá que receiam ser levados. A estes se acresce, ainda, um conjunto de forças figurantes. É formado por quantos dependem do grupo principal e têm grande interesse em que malefício algum aconteça a seus maiores. A onda de choque de cada sentença e de cada prisão também causa dano sobre esse numeroso grupo que hoje enfrenta a interrupção de seus fluxos de caixa. Aliás, se fosse possível uni-los numa legenda, por exemplo, formariam talvez a mais influente agremiação do país.
É o exército da máfia. Legião de brasileiros que acorda, diariamente, com olhos e ouvidos postos nos movimentos da Polícia Federal, face mais imediatamente visível das operações já criadas ou ainda por ser instaladas e pensa, em harmonia com o andar de cima: isso tem que parar.
Há mais, leitor. Os inimigos da Lava Jato dispõem, em seu favor, de uma legislação protecionista, garantista, que faz do foro privilegiado e do sigilo sucedâneos legais da omertà, a lei do silêncio da máfia no sul da Itália.
Pois bem, se essas forças estão se articulando e, visivelmente, começam a agir nos processos, nos projetos e composições de poder, chegou a hora de os cidadãos retornarem às ruas, conforme está programado para acontecer no próximo dia 31. Os últimos meses tornaram evidente que o impeachment é irreversível. O governo Dilma acabou. Ótimo. Revelou-se com nitidez, porém, um inimigo que está além dos jogos de guerra entre governo e oposição. Refiro-me à criminalidade atuante nas instituições nacionais.
Por causa dela e contra ela, é necessário que no dia 31 de julho, aos milhões, voltemos novamente às ruas, em ordem e com entusiasmo cívico. É hora de exigirmos o fim do foro privilegiado, de cobrarmos a aprovação sem delongas das medidas do MPF contra a corrupção e de levarmos à Lava Jato mais do que nosso apoio. Faremos ver a seus inimigos que a nação os conhece e rejeita. Com determinação e esperança, unidos, daremos à Lava Jato nossa voz, nosso ânimo e a expressão de nosso amor ao Brasil.
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