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sexta-feira, 28 de abril de 2017

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"Contra o mau feitiço"... // Eliane Cantanhêde

Contra o mau feitiço

Resultado de imagem para fotos de eliane cantanhêde 
a crise política, voto distrital, cláusula de barreira e militância



O Supremo vetou o financiamento de empresas das campanhas, a sociedade torce o nariz para o público, o Fundo Partidário não é suficiente e não dá para contar com doações só de militantes. E agora? Cortar gastos é essencial, mas não fecha as contas. A democracia custa caro e, apesar de todas as revelações tenebrosas da Lava Jato, a volta do financiamento empresarial tem apoiadores e bons argumentos.
Esse foi um dos temas do seminário A Reforma Política que Queremos, que abordou nesta quinta-feira, 27, uma reforma pontual para 2018 e outra mais profunda, para o futuro. O excesso de partidos e a ausência de novos líderes foram dois dos maiores vilões. Logo, a cláusula de barreira e a atração de novos quadros políticos foram consensuais.
Na abertura, Paulo Delgado, da Fecomercio, foi direto ao ponto: “A má política enfeitiçou o Brasil, onde o privado prevalece sobre o público”. Na sequência, o embaixador Rubens Barbosa ressalvou que os corruptos são minoria “e não podemos deixar que a minoria sequestre a agenda real do País e perder o foco das reformas”.
Pragmático, Jairo Nicolau, da UFRJ, falou em “colapso”, “momento dramático”, “fim de um ciclo de um sistema representativo, que está se dissolvendo em praça pública”, mas alertou que o mais urgente e viável é uma “reforma minimalista” para 2018: “Não vamos mudar um sistema eleitoral de 70 anos em quatro meses”.
Propôs cláusula de barreira, fim das coligações, limitação do horário eleitoral e do Fundo Partidário aos que obtenham mais de 1,5% dos votos, aumento do Fundo Partidário em ano eleitoral, limite de doações e autofinanciamento, prestação de contas online, teto de gastos, dedução no IR das pequenas doações até R$ 2 mil.
José Alvaro Moisés, da USP, criticou “a assimetria entre Executivo e Legislativo, pois o presidente do Brasil é um dos mais poderosos do mundo”, e provocou: “Dois impeachments levam ao debate sobre o parlamentarismo”. Defendeu cláusula de barreira, restrição das coligações e redução dos distritos eleitorais para baratear as campanhas. Quanto ao financiamento: sistema misto de Fundo Partidário público com doações de pessoas físicas, mais teto de gastos.
José Eduardo Faria, USP e FGV, criticou a distorção da representação parlamentar, ou desequilíbrio entre população e número de eleitos, que, segundo ele, prejudica São Paulo e favorece Norte e Centro-Oeste. E também discordou da tese de uma comissão de notáveis para a reforma política: “Seria um erro monumental. Afinal, o que é notável?” O risco seria manipulação por igrejas e grupos de interesse.
O líder do movimento Vem Pra Rua, Rogério Chequer, atirou contra “traquinagens do Congresso” e “cenas sórdidas sobre o que estão fazendo com o nosso dinheiro”. Sugestões: candidaturas independentes, fim da reeleição, voto distrital e financiamento pelos militantes. Lembrou, ainda, que 19 das 21 maiores democracias têm recall de políticos.
Luiz Felipe d’Ávila, do Centro de Liderança Pública (CLP), fez uma advertência fundamental nesses tempos de crises e Lava Jato: “Renovação política não pode cair na armadilha da demagogia e do populismo”. Líder do movimento “eu voto distrital”, disse que o maior problema é na Câmara e propôs acabar com o voto proporcional. As votações seriam pelos sistemas distrital e majoritário.
Para Milton Seligman, do Insper, com a redemocratização formal, “a democracia saiu da nossa agenda”, concentrada na economia, em programas e em metas. Criticou os “custos descomunais” das campanhas e a proliferação de partidos e propôs cláusula de barreira, ou de representação, como prefere. Ao defender a reforma, lembrou que as medidas em debate no Brasil são adotadas nos EUA, “mas isso não evitou a eleição do Trump”.

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Agora são mais de 14 milhões de desempregados, diz IBGE / vEJA


Desemprego atinge recorde de 14,2 milhões de pessoas, diz IBGE

A taxa de desemprego subiu a 13,7%, o maior valor desde o início da série histórica deste indicador, inciada em 2012

O número de desempregados no país atingiu 14,2 milhões de pessoas no trimestre encerrado em março, um novo recorde, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.  O número é 1,8 milhão maior que o verificado no trimestre anterior e 3,1 milhões superior ao registrado no mesmo trimestre de 2016. O total de desempregados é o maior desde o início da série histórica desse indicador, em 2012.
O IBGE considera como desempregado as pessoas que buscam, mas não conseguem, ocupação formal. Essa taxa de desocupação foi estimada em 13,7%, e representa a porcentagem da população em condições de trabalhar que não conseguiu emprego. Esse índice também bateu recorde nos três meses encerrados em março deste ano, e era de 12% no trimestre encerrado em dezembro, e de 10,9% entre janeiro e março de 2016.


NOTÍCIAS SOBRE

quarta-feira, 26 de abril de 2017

"Emílio no país da maravilhas" / Percival Puggina


EMÍLIO NO PAÍS DAS MARAVILHAS

por Percival Puggina. Artigo publicado em 

 Sentado para não cair, em meio a um turbilhão de emoções, assisti às declarações e respostas de Emílio Odebrecht ao juiz Sérgio Moro. Misturavam-se em mim a inquietação, a insegurança, a tristeza cívica, o constrangimento e um duplo sentimento de vergonha. Sentia vergonha pessoal, porque aquilo afetava a imagem do Brasil, e vergonha alheia, ante o que tal ato dizia do dono da maior construtora nacional e de boa parte de nossa elite política. Envergonhava-me deles e por eles. Emílio, bem ao contrário, espargia bonomia, doçura de ânimo e complacência. Era como se sua presença ali fosse uma dessas cortesias que os príncipes por vezes concedem aos súditos, algo tipo - "Fique à vontade, meritíssimo, aproveite que vim".
Foi então que me veio à lembrança John Milton. O terrível John Milton. Para quem não lembra, ele é o personagem representado por Al Pacino em O Advogado do Diabo, naquela que, indiscutivelmente, constitui sua mais soberba atuação nas telas. John é o dono do escritório de advocacia onde vai trabalhar Kevin Lomax (Keanu Reaves), um bastante ingênuo advogado interiorano a quem o chefe sedutor, pouco a pouco, revela sua total ausência de senso moral. É claro que falta a Emílio Odebrecht a capacidade de interpretação. Aliás, essa falta agrava sua situação. Em momento algum tentou ele interpretar certo papel ou seguir determinado roteiro. Satisfez-se com se apresentar, tal como é, confiante e sorridente. O que o separa de John Milton, a sofisticada encarnação do demônio em O Advogado do Diabo? Apenas a distância que medeia entre a ficção e a realidade. Estamos, porém, diante da mesma potência maligna, da mesma capacidade de perverter e da mesma irrestrita falta de consciência. É ela que lhe permite afirmar perante a justiça e a nação, confortável perante os fatos, que lhe tomou bilhões, a riso largo e mão grande.
Era inevitável seu encontro com Lula. Nascidos um para o outro. Essencialmente diferentes e essencialmente semelhantes. Diferentes na forma, semelhantes no conteúdo. Daí reservar-lhe o mais gentil apelido - "Amigo". Daí a falta de cerimônia deste, tornando-o capaz de pedir à maior empreiteira do país para lhe reformar um pequeno sítio em Atibaia (algo como solicitar carona a um porta-aviões - "Me leva até ali e depois vai para lá"). Daí pagar fortunas por palestras para assegurar ao amigo uma vida de nababo. Daí as franquias com que o ex-presidente foi agraciado. Qualquer um dos dois poderia repetir, sem qualquer constrangimento, a frase atribuída a Homer Simpson - "A culpa é minha e eu a ponho em quem quiser".Não é o que ambos fazem?
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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

"Os anjos da guarda que protegem os picaretas no Brasil trabalham duro. " / Guilherme Fiuza




A lista anestésica de Fachin


Só o PT, a sigla da alma mais honesta do planeta, sistematizou a corrupção nessa escala

GUILHERME FIUZA
17/04/2017 - 16h16 - Atualizado 17/04/2017 17h03


Os anjos da guarda que protegem os picaretas no Brasil trabalham duro. Veja o caso de Luiz Inácio da Silva. Trata-se sem dúvida de um brasileiro lambido pela sorte. As evidências criminais chovem sobre ele, mas sempre aparece alguém dizendo que a próxima será a gota d’água. Já há um oceano de gotas d’água no prontuário desse cidadão, e ele continua flanando à solta. Quando enfim surge a gota das gotas, aparece também o anjo dos anjos – Edson Fachin, o companheiro providencial.
Marcelo Odebrecht confirmou a Sergio Moro que a designação “amigo” nas planilhas de corrupção da empreiteira se referia ao tal Luiz Inácio, o “Lula”. Conforme se especulava há tempos, esse Lula, que inclusive presidiu o Brasil por um tempão, recebeu dezenas de milhões de reais em dinheiro vivo a título de propina pelo assalto ao Estado brasileiro, especialmente à Petrobras – R$ 40 milhões até onde a vista alcança, por enquanto. A Lava Jato já tem os detalhes de todo o organograma do assalto governamental – vamos repetir: governamental – da quadrilha petista, inclusive com as delinquências subsidiárias de Dilma, Palocci e Mantega, os afilhados do Brasil. Aí se deu o milagre.
Diretamente do reino das togas esvoaçantes – o mesmo de onde vinham os raios paralisantes contra o impeachment – desaba sobre o país a mística lista de Fachin. Contendo políticos de todos os principais partidos do país, devidamente premiados com autorizações de inquéritos, a lista consegue de imediato o efeito pretendido: a opinião pública (que Deus a tenha) conclui que todo mundo roubou, não só o PT. Alívio instantâneo para os autores do maior assalto da história da República.
O sistema de influências sobre as disputas eleitorais é gigantesco e cheio de distorções – e é claro que já apareceram os paladinos de um sistema puro, em que as diversas forças da sociedade não influenciariam o voto de ninguém. É a eleição do mundo da Lua. Na Terra, quem é influente pode e deve influenciar – seja uma empresa, seja um rostinho bonito da TV, seja o pipoqueiro da esquina.
Uma empreiteira gulosa pode apostar num candidato pilantra achando que vai ganhar dinheiro no mandato dele, assim como um cantor ignorante pode afiançar um candidato demagogo achando que vai ficar bem na foto. Duas formas de influência igualmente doentes e legítimas. O que se passou no Brasil foi que, no âmbito das empresas, disseminou-se a cultura da doação generalizada – contribuir com tudo quanto é campanha virou uma espécie de seguro de vida empresarial na gangorra da política. Houve até empresário (muitos) fazendo doação clandestina só porque não queria aparecer – e parecer estar num jogo de cartas marcadas. O caixa dois se espalhou de forma fútil. E hoje serve aos que querem misturar futilidade com criminalidade.
Qualquer desses candidatos apontados pela delação da Odebrecht como beneficiários de doações por fora deve ser investigado e punido. Mas aí se impõe a pergunta: quantos na lista de Fachin eram governantes vendendo o governo para empresas privadas? Políticos usando sua condição de mandatários para formar um fabuloso caixa partidário e pessoal a partir de propina – vamos repetir: propina – institucionalizada nas relações com o governo, muitas vezes fantasiada de doação legal ao partido?
Vamos responder a essas perguntas pela enésima vez, porque brasileiro não desiste nunca: só o PT, o Partido dos Trabalhadores, a sigla imaculada da alma mais honesta do planeta, sistematizou a corrupção dessa forma e nessa escala – construindo um duto dos cofres públicos para o caixa do partido e, sabe-se agora, também com ramal para os bolsos dos guerreiros do povo.
Uma pesquisa mostrou Cunha à frente de Dirceu como vilão da Lava Jato. Outra pergunta: qual dos dois ferrou mais a sua vida, caro leitor? Respondemos por você: com toda a gincana de corrupção atribuída a Cunha, quem arrebentou suas finanças foi o projeto de Dirceu e meliantes associados. A gangue de Lula (e mais ninguém) prostituiu a União.
A lista de Fachin, coincidentemente divulgada em cima da revelação crucial de Marcelo Odebrecht sobre o esquema, prova que anjo da guarda existe. Mas logo terá de passar o bastão ao santo padroeiro dos presidiários.



Aparece um projeto que determina o fim do horário eleitoral

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terça-feira, 25 de abril de 2017