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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

´PGR pede ao ministro Lewandowski do STF que reconsidere pedido de arquivamento de suspeitas de que J&F comprou decisões judiciais...

Dodge reforça ao Supremo pedido para apurar suspeitas de que  J&F 

comprou decisões judiciais

Procuradora-geral já havia feito o pedido, mas ministro Lewandowski determinou o arquivamento.

 Agora ela quer que o magistrado reconsidere a decisão.

Por Camila Bomfim, TV Globo, Brasília
 


Dodge pede a Lewandowski para reconsiderar arquivamento de suspeitas contra JBS
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, para reconsiderar a decisão que levou ao arquivamento de uma apuração prévia sobre suspeitas de que a JBS tentou comprar decisões favoráveis em tribunais, entre eles, o Superior Tribunal de Jusstiça (STJ).
No mês passado, a revista "Veja" revelou mensagens trocadas entre o diretor jurídico da J&F, Francisco de Assis, e uma advogada que trabalha para a empresa, Renata Gerusa Prado Araújo, que sugerem estratégias para conseguir decisões favoráveis.
Por causa da suspeita de compra de decisões judiciais, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao ministro uma apuração prévia sobre o caso: fazer uma perícia no material – nas mensagens e áudios trocados em um aplicativo. Caso o material estivesse em condições de ser aproveitado, haveria elementos suficientes para pedir abertura de inquérito. O ministro negou o pedido, alegando que a procuradora não apresentou indícios de autoria e materialidade que justificassem a abertura da investigação.
Na última sexta (27), a procuradora-geral questionou a decisão de Lewandowski. Mandou um pedido de reconsideração alegando que esses indícios, pedidos por ele, só podem ser apontados se a investigação for aberta. E que, por haver citação de magistrados no caso que se pretende investigar, cabe à PGR somente o pedido. A investigação em si, segundo a Lei da Magustratura, tem que ser feita – caso seja autorizada – pelo judiciário. Se a apuração for autorizada, caberia ao STJ apurar possíveis irregularidades na conduta de ministros do tribunal.
As mensagens trocadas entre Francisco de Assis e a advogada da JBS não incluem diálogos entre ministros do STJ e não há indícios definitivos de que as promessas de compra de decisão foram efetivamente feitas ou pagas . O Ministério Público Federal quer avançar na apuração para saber se as mensagens podem levar a algum fato novo ou se não podem comprovar as suspeitas. A palavra final caberá ao ministro Ricardo Lewandowski. Na delação, os executivos da J&F não mencionaram as mensagens e nem a suposta tentativa de compra de decisões .

Armas de proteção ou invasão ?

EUA demonstram força antes de visita de Trump à Ásia http://flip.it/-eWgVn

Mulheres, tenham cuidado com suas escolhas!

https://www.economist.com/news/china/21730920-local-residents-often-turn-blind-eye-trafficking-demand-wives-china-endangers-women-who?cid1=cust/ednew/n/bl/n/2017112n/owned/n/n/nwl/n/n/la/77921/n

Bridal pathsDemand for wives in China endangers women who live on its borders

Local residents often turn a blind eye to trafficking

HUONG was only 15 when she went out to meet a friend in Lao Cai, a city in northern Vietnam on the Chinese border (see map). She thought she would be gone a few hours, but it was three years before she managed to return home. Her friend had brought with her two acquaintances—young men with motorcycles. They squired the girls around town and took them to a karaoke bar, where their drinks were spiked.
When the girls grew drowsy they were hoisted back onto the bikes, each sandwiched between two male riders. They were driven into the hills and across the Chinese border to a remote house in the countryside. There they were told they would be sold. The girls screamed and cried but were subdued by two men, one of them wielding a stick. The traffickers told Huong that by crossing the border she had sullied her reputation, but that if she behaved well they would find her a Chinese husband. After marrying she might find a way home, they said. If she refused she would stay stranded in the hills.

inRead invented by Teads

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Huong—a pseudonym, to protect her identity—is now 20 years old. She lives in a large bungalow in Lao Cai, which she shares with a dozen women aged between 15 and 24 (an occupant is pictured). They are all survivors of trafficking networks that smuggle girls across the Vietnam-China border, sometimes to be sold as prostitutes but more often as brides. Their house, with its enormous teddy bears and fleet of fuchsia-pink bicycles, is a shelter run by Pacific Links Foundation, an American charity, which helps victims finish their education and cope with their trauma.


quinta-feira, 2 de novembro de 2017

"COMPULSÃO PARA O RETROCESSO" / Percival Puggina


COMPULSÃO PARA O RETROCESSO

por Percival Puggina. Artigo publicado em 

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No mesmo dia em que o Senado Federal, por um triz, não acabou com os aplicativos de celular para o transporte privado de passageiros, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgou estudo que os qualifica como benéficos ao consumidor por aumentarem a concorrência e possibilitarem a redução de falhas que ocorriam no mercado. Por isso, acrescenta o Cade, "regulamentações muito restritivas podem impactar negativamente o setor".
 É impressionante a capacidade do poder público brasileiro de jogar contra o interesse da sociedade! Os aplicativos criaram um vasto mercado consumidor, que, em grande parte, não era usuário de taxis. Esse novo mercado abriu oportunidades de trabalho, com a autonomia própria das atividades privadas, servindo como renda ou complementação de renda para milhares de operadores do modelo. Por outro lado, revolucionaram o transporte urbano, assegurando aos usuários o prévio conhecimento do preço, a possibilidade de avaliar o atendimento recebido, a estimativa do tempo de chegada do transporte e do tempo de rodagem até o destino, o débito automático em cartão de crédito, e um padrão de cortesia que modificou para melhor o atendimento prestado pelos taxistas lá no outro nicho do mercado de transporte urbano.
Estes últimos vinham, de longa data, abusando de uma reserva tutelada pelo poder público, que acabou transformando a licença para operar em uma forma de patrimônio com elevado valor comercial, dado ser a oferta inferior à demanda. Nas horas de maior solicitação, o taxi se tornava um serviço indisponível.
No estudo preliminar que divulgou, o Cade constata algo que os liberais sempre souberam: havendo competição, as falhas se corrigem sem necessidade de regulação. Em viés oposto, quando o governo começa a regulamentar, os preços tomam o elevador para cima e a qualidade desce rapidamente para o nível do chão.
Chega a ser irritante saber que os representantes do povo brasileiro na Câmara dos Deputados aprovaram e enviaram ao Senado um projeto que, na prática, tornaria irreconhecível um serviço ao qual a população dera tão efusivas boas-vindas.
É a velha compulsão para o retrocesso, que nos empurra do "Espírito das Leis" para as assombrações legislativas, sempre pronta a criar espantalhos, a complicar o que pode ser simples, a onerar o que pode custar barato e, de quebra, taxar, tributar, multar, controlar, autorizar ou não, liberar ou não, conferindo importância à burocracia às custas da criatividade e do trabalho alheio.  A sociedade dispensa esse tipo de zelo intrometido, abelhudo, do poder público.

Com as emendas aprovadas no Senado, o projeto volta para a Câmara. Esperemos que seja a câmara mortuária do arquivo.
 

"Pai, as bruxas existem?". .. / Contardo Calligaris

quinta-feira, novembro 02, 2017


Resultado de imagem para imagem de bruxa de halloweenGarotas têm razão em temer homens que alimentam o ódio do feminino 

 CONTARDO CALLIGARIS 

FOLHA DE SP - 02/11

Disfarçada de bruxa, uma menina de 7 anos deve participar de um arrastão de "doçura ou travessura" no prédio de uma amiga. Ela pergunta: "Pai, as bruxas existem?".


Achando que as bruxas podem ser apavorantes, o pai responde que elas não existem: bruxas são só fantasias para crianças brincarem. A menina insiste: e se aparecer algum adulto que não quer brincar? O pai garante que, na festa, bruxa só será disfarce de criança.

Na verdade, a menina não disse que ela tinha medo das bruxas. Ela perguntou se as bruxas existem e se há adultos que não topam brincar (não necessariamente adultos disfarçados de bruxas). Ou seja, talvez a menina não tenha medo das bruxas, mas, caso ela mesma seja a bruxa de brincadeira, dos "adultos" que não saberiam brincar.

Ela tem razão. Não precisou que as bruxas existissem para que 50 mil mulheres fossem queimadas vivas, enforcadas, afogadas e torturadas ao longo de poucos séculos, que, aliás, terminaram anteontem, menos de 300 anos atrás.

Para os leitores que pedem a lista dos 200 livros imperdíveis: "A Feiticeira" (prefiro "a bruxa"), de Jules Michelet (Aquariana, 2003).


Voltando: O Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. Feminicídio não é qualquer assassinato de uma mulher; no ano passado, houve 5.657 registros de mulheres assassinadas, e 533 deles eram feminicídios.

Há feminicídio quando uma mulher é morta por ela ser mulher. A lei do feminicídio (13.104/2015 ) reconhece nele um crime de ódio: trata-se de odiar e matar uma mulher por sua diferença, por ela ser mulher.

Esse ódio do diferente está presente em grande parte da violência contra a mulher: o estuprador, por exemplo, não age por gostar "demais" das mulheres e não conseguir se controlar. O inenarrável deputado Jair Bolsonaro fala como se quisesse estuprar mulheres que acha gostosas. É um erro primário: sem exceções conhecidas, quem estupra odeia a sua vítima (e o feminino em geral).

Enfim, a caça às bruxas foi uma enorme onda de feminicídios, bem na aurora da modernidade. A nossa menina de Halloween tem razão em ter medo –não das bruxas, mas dos (homens) adultos que não brincam e, há 20 séculos, alimentam um formidável ódio do feminino.

Começou com a ideia de que Eva, a tentadora, seria responsável pela desobediência e pela desgraça de Adão. Continuou com a punição que Eva recebeu de Deus: parir com dor e estar sob o domínio do marido.

A literatura feminista mostra de maneira irrefutável, há quase meio século: repressão e ódio do feminino são constantes e talvez até princípios organizadores da nossa cultura.

É engraçado e compreensível que, ao mesmo tempo, o desejo feminino tenha sido idealizado como grande e fascinante mistério (Freud e a psicanálise entraram nessa), porque ele seria, desde aquele início bíblico, o protótipo do desejo sexual que deveria ser recalcado para que Adão e sucessores vivessem em paz.

Qualquer flecha contra essa estranha ordem do mundo é bem-vinda. Chester Brown acaba de publicar uma extraordinária história em quadrinhos, "Maria Chorou aos Pés de Jesus - Prostituição e Obediência Religiosa na Bíblia" (Martins Fontes).

Ele reconstrói as histórias de personagens que conhecemos bem: Caim e Abel, Tamar, Raabe etc., até Maria, mãe de Jesus. Só aos poucos nos damos conta das pequenas distorções que Brown introduz, sempre para mostrar outra possibilidade de situar o desejo feminino na história.

A coisa desabrolha quando Brown explica a suposta virgindade de Maria como uma maneira oculta de contar que Maria era promíscua e não saberia de quem Jesus seria filho – entendendo que a promiscuidade seria originalmente um traço positivo de várias figuras femininas do Antigo Testamento: figuras fortes, livres, cujo desejo não seria submisso ao do homem.

Mesmo que você se indigne com tanta "ousadia", não desista. Os quadrinhos são acompanhados de notas e referências bibliográficas preciosas: Chester Brown conhece a história bíblica, suas variantes, suas interpretações possíveis e sua exegese. Perder-se nos livros que ele cita, aliás, é sumamente interessante.

E, sobretudo, lembre-se: a de Brown é uma empreitada desesperada contra séculos de repressão cultural. Desesperada, mas portadora de uma grande esperança: a de que uma menina, no dia de Halloween, não precise ter medo de ser menina e de se vestir de bruxa.

" A mãe de 103 anos que voltou a cuidar do filho de 75 diagnosticado com câncer" / BBC




A mãe de 103 anos que voltou a cuidar do filho de 75 diagnosticado com câncer

Margaret Gilbert tem 103 anos. Ela tem um filho único chamado Richard, de 75 anos. Os dois sempre moraram juntos e ele costumava cuidar dela.
Mas os papéis se inverteram quando ele foi diagnosticado com câncer em estágio terminal.
A idosa passou a ter que tratar do filho, apesar das naturais limitações que a idade trouxe.
“É um trabalho terrivelmente difícil. No outro dia, ele caiu da cama”, conta ela. “Foi um esforço terrível para levantá-lo. Eu liguei para a minha vizinha. Uma vizinha muito gentil. Ela veio aqui a 1 hora da manhã e me ajudou.”
Na Inglaterra, existem mais de 92 mil “cuidadores” com mais de 85 anos. São pessoas que, por uma circunstância ou outra, acabaram tendo que cuidar de parentes ou amigos, mesmo tendo idade avançada.
Margaret tem medo do que pode acontecer com o filho se ela adoecer e não puder mais cuidar dele. “Eu prefiro colocá-lo para descansar enquanto ainda estou aqui, do que deixá-lo para trás, sozinho”, confidencia ela.
“Isso não soa natural para uma mãe dizer, soa? Mas é como me sinto.”
Richard acabou morrendo um tempo depois, em um lar de idosos. “Eu sinto muito a falta dele”, diz Margaret. “Eu ter vivido tanto tempo... É um sentimento estranho, na verdade”, afirma.
Margaret foi uma das centenárias entrevistadas pelo programa Panorama, da BBC, que destaca a existência de 14,5 mil pessoas com mais de 100 anos no Reino Unido. A quantidade vem aumentando ao longo dos anos, graças a avanços na medicina e na qualidade de vida das pessoas.
No Brasil, a expectativa de vida atualmente é de 76 anos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas há mais de 20 mil centenários.