As esperanças dos torcerdores do Los Angeles Lakers, de ter um dos melhores calouros da NBA se confirmaram. No entanto, este não é Lonzo Ball, mas sim Kyle Kuzma. Com média de 17,7 pontos por jogo, o 27º escolhido do último draft vem assumindo o protagonosimo na franquia da Califórnia e se tornou o novato sensação da Conferência Oeste.
Em uma temporada consistente, Kuzma fez os olhos dos torcedores dos Lakers saltarem nesta semana. Enfrentando os Rockets, fora de casa, o ala anotou incríveis 38 pontos e levou sua equipe a vitória, encerrando uma sequência de 13 triunfos seguidos de Houston.
Como se não bastasse, com os últimos 27 pontos anotados durante a derrota para o Golden State Warriors, nessa sexta, o ala atingiu uma marca significativa.
Kuzma se igualou a Elgin Baylor e Jerry West como os únicos calouros dos Lakers a anotarem 25 pontos por pelo menos três jogos seguidos.
Quem olha para estes números, dificilmente imagina que o ex-jogador da Universidade de Utah chegou a NBA com pouca expectativa e atenção dos aficcionados pela Liga.
Para se ter uma ideia, Kuzma sequer estava no evento do Draft. Ele descobriu que havia sido selecionado na 27ª escolha – herdada pelos Lakers em uma troca com o Brooklyn Nets – enquanto dava uma festa em sua casa, em Flint, Michigan, sua cidade natal.
INFÂNCIA CONTURBADA EM UMA CIDADE POBRE E CHEIA DE CONFLITOS RACIAIS
Falando no lugar onde Kyle Kuzma cresceu, em uma entrevista para o The Undefeated, o ala relatou as dificuldades que enfrentou.
“Era muito difícil viver la. Era muito fácil de se levar pelo caminho errado. Havia muita violência, muita negatividade. Em todas as lojas de bebidas tinha alguém vendendo drogas. Casas vizinhas a minha eram queimadas”, contou o jogador de 22 anos.
“Eu convivia sempre com as perguntas ‘Você é negro?’ e “Você é branco?’, afinal eu era um garoto mestiço em uma área negra. Eu cresci com crianças negras, mas também estudei em uma escola predominantemente branca. É complicado, você sempre é julgado pelo seu modo de agir”, continuou o ala.
DE MICHIGAN PARA UTAH
Nascido e criado em Michigan, Kuzma tinha a esperança de que, quando chegasse à Universidade, receberia uma chance nas principais forças do estado – University Of Michigan e Michigan State. Porém, não foi bem assim. “Eu realmente queria ficar em Michigan, se tivesse chance. Mas eles preferiram outros jogadores. Eu cheguei a visitar Michigan State, mas o técnico Tom Izzo não me deu muita atenção”, conta Kuzma, que então foi parar na Universidade de Utah.
O ala ainda conta que nunca chegou a, de fato, conhecer Izzo. No entanto, depois de seu segundo ano na faculdade, ele encontrou alguns assistentes do treinador de Michigan State, que revelaram estarem arrependidos de não terem recrutado-o.
EM UTAH, O CONTRASTE E A AFIRMAÇÃO
“Foi um choque cultural migrar de Flint, onde o ambiente era muito empobrecido para Salt Lake City, que é um exemplo de limpeza. Você não ve um lixo na rua, nada”, assim Kuzma revelou o contraste que encontrou ao chegar em Utah.
Dentro de quadra, porém, as coisas seguiram melhorando. Se, para os especialistas, ele não era um dos melhores prospectos a NBA, na opinão dele, ele estava no nível dos mais prestigiados e, então, poderia dar o próximo passo na carreira.
“Eu tive 16 pontos e nove rebotes de média em meu terceiro ano de faculdade. Enfrentei de igual para igual caras altamente qualificados. Então pensei ‘Se eles estão cotados para a NBA, porque eu também não posso?’”, revelou ala, como decidiu se candidatar ao Draft da NBA de 2017.
O DRAFT
É tradição na NBA receber no Draft aqueles que são tidos como os 20 melhores prospectos do evento. Kuzma, que aparecia nas previsões na segunda rodada ou até fora dela, se reservou a assistir o recrutamento de Flint, sua cidade natal.
“Foi louco, tinha 70 a 80 pessoas na casa da amiga da minha mãe. Metade das pessoas que eu não conhecia. Era um negócio da comunidade, era só aparecer lá”, contou Kuzma.
Apesar de não estar bem cotado para o Draft, o ala sentia que o resultado seria positivo. “Minhas expectativas sempre foram a primeira rodada. Muitos times falavam em uma potencial segunda rodada. Mas eu disse: ‘De jeito nenhum, vou na primeira rodada.’”, relatou o ala.
Então, na 27ª posição, o Los Angeles Lakers selecionou Kyle Kuzma, da Universidade de Utah. “Eu simplesmente abaixei a cabeça. Foi louco. Foi um grande suspiro de alívio, uma sensação de que o trabalho duro realmente vale a pena. Não chorei no ato da escolha. Mas, mais tarde, lembro de pensar: ‘Eu vou realizar o sonho da minha vida, vou para a NBA’”, continou Kuzma.
ASCENSÃO METEÓRICA OFUSCA PROSPECTOS MAIS ALTOS
Kyle Kuzma chegou a NBA na sombra de uma das maiores estrelas no último draft, Lonzo Ball. No entanto, o ala vem mostrando uma maturidade impressionante dentro de quadra, que lhe rendeu um protagonismo inesperado no Los Angeles Lakers. Bom, para ele não era inesperado.
“Devo isso ao meu trabalho duro e meu foco. Eu sempre tive esta confiança, é assim que eu lido com isso. Tento não agir como um novato, mas sim como um veterano de 10 anos de liga. Esta é a minha mentalidade. Sinto que assim eu posso chegar lá”, declarou Kuzma.
"Tudo é possível. Se você acredita em si mesmo e trabalha o mais forte possível, qualquer coisa pode acontecer. Eu era um armador que marcava de 5 a 8 pontos no meu primeiro ano no ensino médio, e ninguém falou sobre mim. Agora, muitas pessoas na NBA me dão atenção”, continuou o ala.
Kuzma também falou sobre a relação dele com Lonzo Ball, e como ele enxerga o armador lidando com tanta pressão sobre ele. “Começamos a nos conhecer na pré-temporada e agora somos muito próximos não apenas na quadra, mas também fora dela. Ele é muito firme em suas atitudes, acho que é por isso que ele lida tão bem com isso”, finalizou Kuzma.
Com o desempenho surpreendente na temporada, o ala vem colocando seu nome nas conversas pelo prêmio de "Calouro do Ano da NBA". Sensação da Conferência Oeste, Kuzma talvez esteja atrás apenas de Jayson Tatum, dos Celtics, e Ben Simmons, dos 76ers