Método!
Josias de Souza
Quando estava na minha primeira faculdade, passamos por uma longa greve de estudantes. No início, ia às assembleias discutir a razão de achar aquela greve inútil. Entre elas, a mais evidente era: estudantes de uma universidade pública (ou não) em greve nada importam para o dia a dia da cidade, por isso podem ficar 30 anos em greve. O único dano é aos colegas que querem avançar na vida.
Imagino que, em cem anos, essa modinha será incluída no conjunto de psicopatologias da virada do século 20 para o 21, época que será vista pela sociologia do futuro como uma era de ressentidos e mimados: a mania por coletivos será classificada como ódio patológico à individualidade, suas responsabilidades e contradições.
Fosse eu escrever um argumento ou roteiro para um curta, escreveria sobre como abelhas evoluíram no seu amor à colmeia, chegando aos coletivos de hoje em dia. E na fúria que caracteriza as abelhas quando você se aproxima da colmeia e da sua rainha, essas abelhas evoluídas odiariam o sapiens, e suas contradições sem fim.
Sócia da FBL, produtora do “ABZ do Ziraldo” levava R$ 717 mil/ano, Rozane Braga assinou manifesto “anti-golpe”. Inútil: foi cancelado. O programa “Papo de Mãe”, de Mariana Kotscho, filha de ex-assessor de Lula, custava ao contribuinte R$ 2,4 milhões/ano. Foi cancelado.
O programa “Observatório da Imprensa”, comandado por Alberto Dines, faturava R$ 233 mil por mês e R$ 2,8 milhões ao ano na estatal EBC. O programa “Expedições”, produzido pela empresa Roberto Werneck Produções, teve o contrato de R$ 1,6 milhão cortado pela metade.
A estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), responsável pela TV Brasil, foi transformada em cabide de boquinhas para amigos de Dilma, do antecessor Lula e do PT. Milhões de reais dos contribuintes foram desperdiçados em programas de amigos petistas. Um deles, o diretor de teatro Aderbal Freire Jr, casado com a atriz Marieta Severo, recebia R$ 91 mil por mês, cinco vezes mais que o presidente da própria EBC. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
Aos poucos consolidou-se a ideia de que, para se aproximar do povo, nossos representantes têm que adotar uma fala chula, rasteira, que eles acreditam reverberar melhor na alma popular. Por alguma razão que me escapa, nossos líderes entenderam que essa aproximação não se daria pela via da sensibilidade acerca das questões sociais, da eficiência administrativa, das atitudes comedidas, da responsabilidade perante as contas públicas, da postura equilibrada e de discursos onde a razoabilidade prevaleceria sobre a oratória vã.
Agora, quase não se vê vestígios de qualquer respeito aos cargos e funções públicos. Foi-se a solenidade do cargo e o comedimento do gesto. O varal de cartazes colados esta semana nos vidros do Palácio do Planalto é mais uma prova de que as instituições foram convertidas em meros “puxadinhos”. É a mais recente demonstração da confusão que se estabeleceu entre Estado e governo. Recuamos trezentos anos e caímos no absolutismo ególatra de Luís XIV: “L‘État c’est moi” (O Estado sou eu).
Aceitemos: somos co-autores dessa piada macabra que nos vitima. Felizmente, estamos deixando de rir como crianças tolas. Hora de dizer não aos discursos toscos e atitudes galhofeiras. Hora de varrer os slogans ocos e a crescente espetacularização da política, cujo ápice foram as excelências estourando bombas de confete no plenário da Câmara em plena votação do impeachment.
O general Sérgio Etchegoyen foi designado pelo Presidente Michel Temer para controlar a ABIN, a agência de inteligência do governo que foi transformada pelo PT no G2 cubano.Foto: IstoÉ |