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sábado, 27 de fevereiro de 2016

" Pense num absurdo, no Brasil tem " ... / Maria Helena RR de Souza

Pense num absurdo, no Brasil tem

A frase original do governador Otávio Mangabeira (1947 e 1951) é outra: “Pense num absurdo, na Bahia tem precedente
Charge (Foto: Do Blog do Amarildo em 24 de fevereiro de 2016)
Do Blog do Amarildo em 24 de fevereiro de 2016
”.
Não sei se foi o Brasil que habituou a Bahia a cultivar esse vezo ou se foi a Bahia que adotou o ritmo por ser brasileira, o que eu sei é que aqui acontecem coisas do arco da velha que, penso eu, não se vê em nenhum outro lugar do mundo.
Por exemplo, você conhece outro país onde um condenado, um presidiário em prisão domiciliar, um senador, possa continuar a atuar no Parlamento? Eu não conheço e peço, encarecidamente, se alguém conhecer que me informe, pois há um detalhe que está me intrigando muito: os votos dele valerão tanto quanto os de um senador sem nenhuma mancha em sua vida?
Outro exemplo: empreiteiras generosas reformam e enriquecem imóveis urbanos e campestres de um ex-presidente. Não esquecem nenhum detalhe, como antena parabólica para que os frequentadores não se privem do prazer de usar a TV, a Internet e telefones celulares. 
De hoje em diante, não devemos mais dizer “isso foi um presente de pai para filho”. O certo será dizer “isso foi presente de empreiteira!”.
Outro detalhe curioso: será que existe curso para capacitar profissionalmente uma pessoa a viver como ‘operador de propina’ de uma empresa?  Ou basta a indicação de um amigo? Pergunto por que fiquei tentadissima em me oferecer como ‘operadora de propina’ depois de ler sobre a mansão e a coleção de automóveis antigos do polonês Zwi Skornicki. Fora uma lancha, 48 obras de arte e os detalhes em seu facebook sobre viagens internacionais, paixão que ele cultiva com enorme prazer e com o bolso recheado.

Foi em casa desse afortunado senhor que a PF encontrou uma carta endereçada a ele e a seu filho Bruno que tinha como remetente ‘Monica Santana’, com endereço na Polis Propaganda, agência do marqueteiro do PT.  Foi em decorrência dessas investigações iniciais, de 2014, que a PF chegou a Santana.

O casal João Santana foi detido e está em Curitiba. Chegaram sorridentes. Já depuseram e a lista de absurdos que disseram é muito longa para o espaço que aqui me cabe.
Mas há alguns que não posso deixar de mencionar:
- O marido declarou que não sabe nada dos dinheiros nem onde estão nem como foram aparecer em suas contas. Por quê? Porque ele é o artista, ele não lida com coisas chãs, ele lida com a arte de transformar seus candidatos em gente merecedora de votos! Um verdadeiro artista! A parte mercenária não é com ele;
- quem sabe tudo sobre as finanças é sua mulher Mônica Moura. Ela é a responsável pelas movimentações e que ele "não sabe dizer quais valores foram recebidos" na conta que era mantida como uma poupança para sua aposentadoria;
- o dinheiro que o operador de propinas lhes repassava era das campanhas de João Santana em outros países, como Angola, Venezuela, República Dominicana. É só uma tremenda coincidência serem países de dirigentes muito ligados aos petistas e onde a Odebrecht tem obras;
- segundo o ministro José Eduardo Cardozo os fatos que estão sendo investigados não têm nada a ver com a campanha de Dilma Rousseff em 2014!

Mas o mais belo absurdo para mim é a confissão de João Santana sobre os "eventuais conselhos de maneira esporádica” prestados ao governo federal e que não foram remunerados. Aos investigadores, ele disse que foi "um doador de serviços ao governo em razão do prazer que isso lhe gera e da facilidade que possui". (O Globo)
Nem Michelangelo trabalhou tanto e com tanto amor para os seis Papas que serviu. O florentino cobrava e cobrava bem.
João Santana é o verdadeiro artista.  Ars Gratia Artis é o que ele merece como epitáfio.

O nível dos dirigentes do país é motivo para entristecer a sociedade brasileira ...


POLÍTICA

Os imbecis de Umberto Eco

Burro no PC (Foto: Arquivo Google)
Em memória de Umberto Eco, vamos lembrar aqui uma reflexão recente do mestre da semiótica, que em seus estudos, como o marcante “Apocalípticos e Integrados”, deu um verniz de nobreza às manifestações da cultura de massas, como as histórias em quadrinhos ou o cinema.
Numa cerimônia realizada em 2015 na Universidade de Turim, onde ensinava, Eco foi impiedoso com as consequências do uso indiscriminado das mídias sociais para discussões supostamente edificantes:
“As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel”.
Esta semana tivemos o exemplo mais sólido do que pode acontecer quando a miséria intelectual do debate político brasileiro se mistura ao direito de fala concedido aos milhões de imbecis. Só podia dar no que deu: um espetáculo de degradação e desinformação de fazer corar, como se dizia antigamente, um frade de pedra.
Vamos passar por cima e desconsiderar, para efeitos de discussão do uso desqualificado das redes sociais, dos mexericos da Candinha que envolveram a vida privada de políticos de relevo, com discussão sórdida de detalhes que só interessam aos envolvidos e que não trouxeram a mínima evidência do uso de dinheiro público.
Baixarias à parte, houve um outro tema que não envolvia alcova, mas que demonstra, de maneira chocante, a superficialidade e a desinformação que pautam grande parte da opinião pública assim dita “engajada” numa guerra de palavras de ordem e slogans sem pé nem cabeça em torno de um assunto de grande interesse para o País: a exploração dos campos de petróleo das províncias do pré-sal, que os dois últimos presidentes chamaram de “bilhete premiado”.
Até as rochas submersas sabem que os governos petistas se agarraram a essa descoberta como se ela fosse a lâmpada de Aladim da redenção nacional. Fizeram de tudo com o pré-sal: tiraram fotos com as mãos sujas de óleo (ah, se fosse só de óleo…), gastaram por conta, resolveram os problema de educação até o fim dos tempos, e só não dançaram fantasiados de barril de petróleo na Praça dos Três Poderes porque Shigeaki Ueki, o “japonesinho do Geisel”, já tinha prometido fazer isso antes.
No meio dessa euforia, o governo criou um marco regulatório substituindo o sistema de concessão pelo de partilha, e sacou da algibeira uma decisão insensata, que foi a de OBRIGAR a Petrobras a comandar a operação de todos os campos, com uma participação mínima de 30%.
A Petrobras, que atualmente deve 5 vezes mais do que vale, não tem, neste momento, condições de cumprir a OBRIGAÇÃO. Portanto, sem dinheiro para cumprir o que manda a lei, a Petrobras não pode licitar campos porque não tem dinheiro para investir neles. Obviamente, a exploração dos campos, prejudicada além de tudo pela queda brutal dos preços do óleo cru, diminuiu de ritmo.
O projeto de lei de José Serra, aprovado no Senado, OBRIGA a Petrobras a ceder os campos? Não, ele só a DESOBRIGA de participar e comandar a operação de todos e com um mínimo OBRIGATÓRIO de 30%. Se União acha que a empresa tem condições de entrar com 30%, tudo bem. A decisão é da União. A lei aprovada pelo Senado não prejudica em nada a Petrobras. Pelo contrário: lhe dá mais alternativas para uma escolha racional, que mais interesse à empresa naquele momento.
As redes sociais, povoadas de imbecis ideológicos, desenterrou dos seus baús de memórias afetivas slogans velhos e bichados como “entreguistas" e condenou a união de bárbaros pela “entrega" do pré-sal aos “agentes do imperialismo”.
Pode haver coisa mais enferrujada do que essa? Os “patriotas" do arco da velha preferem ficar sem petróleo nenhum do que abrir mão de seus mitos ideológicos.
Não existe maneira mais fácil de identificar os imbecis de Umberto Eco.

O DNA de uma tragédia guardada em tela de telefone móvel / José Casado

terça-feira, fevereiro 23, 2016

Na memória do telefone - JOSÉ CASADO

O GLOBO - 23/02

Preso, o empreiteiro Marcelo Odebrecht não fala, mas suas anotações orientam a investigação que, agora, passou a ter a colaboração direta do governo dos Estados Unidos


A prisão de “Vaca” o deixou inquieto. Àquela altura de abril de 2015, porém, mais preocupante era a situação de “RA”, um de seus principais assessores. Sempre dissera ao próprio e às famílias — inclusive à sua — que se algum dia pegassem alguém dele, iria “lá” para proteger. Assim fez no outono. Achou que “RA” seria preso, levou-o para casa. Aumentava o perigo, agora precisava pensar num Plano B.

Na madrugada de uma quinta-feira da primavera passada, pegou seu iPhone preto de bordas cinzas, abriu a pasta “Calendário” e começou — era um homem que anotava:

“Delação/fallback (RA)” — escreveu. O registro “fallback” era para não esquecer: alternativa extrema em cenário de prisão de “RA”, esgotados todos os recursos para livrá-lo.

Acrescentou: “— Livrar todos e soh eu.” Ou seja, nessa hipótese, “RA” aceitaria o acordo de delação, mas em bastes restritas: livraria todos, deixando-o exposto, sozinho, diante do juiz, procuradores e policiais federais.

Mostraria o plano a “RA”, e, com ele, passaria a todos a mensagem devida: no limite, era com ele — e, como até as crianças em casa sabiam, não entregava ninguém. Continuou desenhando um roteiro sobre o que “RA” diria num acordo. Por exemplo, sobre “Vaca”:

“— Era amigo e orientado por eles pagou-se Feira de cta que eles mandaram. ODB pagava campanha a priori, mas eh certo que aceitava indicações a título de bom relacionamento.”

A organização (“ODB”) adotara a prática de adiantar financiamentos de campanha, mas só das principais. Aceitava sugestões, eventuais.

Seguiu, pensando na voz de “RA” em depoimento: “Campanha incluindo caixa 2 se houver era soh com MO, que não aceitava vinculacao.”

Outra vez, ele posto no alvo. E se, nessa altura, o inquiridor argumentasse sobre “PRC”, o diretor da estatal, primeiro preso e delator premiado do caso? Então, “RA” poderia retrucar: “PRC soh se foi rebate de cx2”.

Agora anotava em espasmos: “Nosso risco eh a prisão” ... “Acordo Leniência CGU?” — sim, era preciso cogitar. E ver com advogados: “Risco Swiss? E EUA?” Porém, ainda mais urgente, era a conversa com o mineiro, governador, com quem previa logo se encontrar. Registrou:

“FP: — Ela cai eu caio; — Dar a dimensao”.

Essas notas na memória de um telefone celular são de Marcelo Odebrecht (“MO”), ex-presidente da empreiteira homônima, e orientam a investigação judicial. Ele está preso há oito meses. “Vaca” é João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, preso em 15 de abril do ano passado. “RA” e “MF” são Rogério Araújo e Marcio Faria, ex-assessores de Marcelo na Odebrecht e seus companheiros de cela por quatro meses — foram soltos em outubro. “FP” é Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais, segundo a polícia. “Ela” não teve a identidade sugerida no inquérito.

Os riscos sobre as contas na Suíça, temidos por ele, se tornaram fatos nas cortes de Curitiba, Brasília e Berna.

Ontem surgiu uma novidade: o Ministério Público Federal anunciou a ativa cooperação judiciária do Departamento de Justiça dos Estados Unidos na investigação sobre lavagem de dinheiro em que a Odebrecht é personagem central, com transferências a partir de bancos em Nova York. Na prática, significa a abertura de processo contra a empresa nos EUA, onde a Petrobras já se defende em tribunais.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Charge de Aroeira no blog de Josias de Souza

Charge de Aroeira

Capa de El País de 26/02/2016

Juiz carioca se perfila como o ‘novo Moro’ após divisão da Lava Jato

MARÍA MARTÍN Rio de Janeiro
Após desmembramento da investigação, Marcelo Bretas assume o 'Eletrolão', que investiga corrupção no setor elétrico, um caso com potencial para se tornar um novo escândalo bilionário nacional
Penitenciária Lemos de Brito, em Salvador.
Penitenciária Lemos de Brito, em Salvador. / AGECOM - GOVERNO BAHIA

Mudança de regra pelo STF agiliza detenções, mas pode lotar prisões

AFONSO BENITES Brasília
Supremo decidiu que condenados em segunda instância devem ser presos antes do julgamento de recursos a tribunais superiores

Empresas com mais mulheres no comando são mais rentáveis

A conselheira delegada de Pepsi, Indra K. Nooyi.
Companhias com pelo menos 30% de executivas têm lucro 15% maior, segundo um estudo do Peterson Institute for International Economics

Pequim se torna a cidade com mais bilionários do mundo

Capital chinesa desbanca Nova York como o lugar com mais habitantes donos de fortunas superiores a um bilhão de dólares

O abandono dos imigrantes irregulares detidos na Líbia

Centenas de estrangeiros sem-documentos, incluindo crianças sozinhas, estão há meses em um centro de detenção de Misrata
Imigrantes esperam por trabalho na Líbia.
Imigrantes esperam por trabalho na Líbia. / JULIÁN ROJAS

Do medo de Muamar Gadafi ao medo do Estado Islâmico

F.P. (ENVIADO ESPECIAL) Misrata (Líbia)
Misrata, a cidade líbia que capturou o ditador, se debate entre a alta do custo de vida e a ameaça do grupo jihadista no país

Eleições legislativas de hoje no Irã são centrais para as novas gerações

Eleições legislativas no Irã são centrais para as novas gerações
Muitos jovens iranianos só veem uma saída na emigração. Três milhões deles votam pela primeira vez nesta eleição

Meninas, cuidado com os homens... ? Vejam o que a BBC mostra...

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160223_salasocial_pegadores_mulheres_fs

'Aulas de pegação' ganham seguidores no Brasil e são alvo de crítica de estímulo ao assédio

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Image captionLuis Desiro beija mulher em vídeo do YouTube no qual ensina homens a pegar desconhecidas

Um jovem aborda uma mulher desconhecida na avenida Paulista, uma das vias mais movimentadas de São Paulo. Ele pede uma informação, começa a conversar e, minutos depois, estão se beijando.
A situação se repete dentro de shoppings, estações de metrô e parques. Tudo é filmado à distância por uma câmera escondida e publicado no YouTube. A intenção é servir de exemplo e ensinar outros homens a "conquistar" mulheres.
"O motivo dos vídeos é que eu já fui totalmente travado e quero mostrar para as pessoas que a vida pode ser maravilhosa a partir do momento em que você dá a cara a tapa. O cara tem que ter mais vontade do que medo. Se eu consegui, outras pessoas também podem se relacionar com uma mulher legal", diz Luis Francisco Desiro dos Santos, 24, que criou o site Conquista Social com o amigo Bruno Castro, 17, há cinco meses.
Desiro começou a se interessar pelo assunto após um amigo recomendar a leitura de uma cartilha da RSD (Real Social Dynamics), que ensina técnicas para ser um "homem pegador".
A RSD ficou conhecida mundialmente por vender a polêmica ideia de que é possível reverter uma situação em que mulheres dizem não às investidas sexuais com métodos capazes de "ativar a prostituta que existe dentro delas".
O suíço Julien Blanc, "instrutor de pegação" da RSD, causou revolta nas redes sociais antes de ter o visto negado ao tentar entrar no Brasil e no Reino Unidopara dar palestras em 2014. Um abaixo-assinado reuniu 400 mil assinaturas pedindo o veto dele ao Brasil e outras 150 mil ao Reino Unido.
A pedido da BBC Brasil, a militante da Marcha Mundial das Mulheres Carla Vitória, 24, assistiu a alguns vídeos dos canais brasileiros. Para ela, as imagens fazem parte da cultura do estupro e passam a ideia de que as mulheres devem estar sempre disponíveis.

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Image captionSuíço Julian Blanc em vídeo no qual ensina como homens devem abordar mulheres

"Eles tratam as mulheres como se fossem objetos e confundem paquera com assédio, e isso precisa ficar claro. Em alguns vídeos, o rapaz tenta beijar uma delas à força. Um absurdo", disse.
O criador do Conquista Social não vê as abordagens como uma ação violenta e diz que elas são "comuns" em países estrangeiros. "Lá fora, as mulheres já estão muito acostumadas a serem abordadas por desconhecidos na rua. Não há nenhum mal isso, desde que seja com respeito", contou, sem explicitar em que países isso ocorre.
Desiro conta que passou a praticar as técnicas para quebrar a barreira da timidez. Meses depois, resolveu se tornar também um difusor das estratégias. Só em 2015, ele relata ter abordado mais de mil mulheres nas ruas brasileiras - cerca de três por dia. A meta dele é de que, neste ano, a média ultrapasse a marca de cinco mulheres por dia.
Em um dos vídeos do Conquista Social, o rapaz conhece uma garota dentro de um shopping e tenta beijá-la algumas vezes, sem sucesso. Depois de certa insistência e já do lado de fora do centro comercial, ele consegue o beijo.
"Mulher não é objeto, parceiro. Ridícula atitude", comentou um internauta em um dos vídeos do canal. Em alguns vídeos, os "treinadores" chegam a colocar mulheres contra a parede e buliná-las enquanto se beijam.

Consultoria

Apesar de relativamente novos, um dos vídeos produzidos pela dupla já alcançou mais de 250 mil visualizações. Além da fama no YouTube, Desiro já lucra com consultorias para ensinar a arte da conquista. "A gente tira dúvidas por e-mail, Facebook, Skype ou presencialmente. Custava R$ 200, mas gente aumentou para R$ 500 cada dia de treinamento. Três dias saem por R$ 1 mil", afirmou.
Em janeiro deste ano, o estudante Felipe Assis Vasconcelos, 21, deixou Juiz de Fora (MG) e viajou cerca de 500 km para fazer dois dias de curso. Ele conta que a intenção foi resolver o problema, que carrega desde a adolescência, de se relacionar com pessoas e fazer amigos.
"A consultoria foi muito proveitosa e eu recomendo. O único problema é que eu não consegui manter o treinamento na minha cidade. Acho que o fato de eu estar sozinho ainda cria uma barreira", afirmou.
Desiro conta que alguns alunos o procuram com frequência e que há reuniões mensais para que os ex-alunos tirem dúvidas. As mais recorrentes, segundo ele, são sobre o que falar durante a conversa, quando partir para o beijo e qual o momento certo para chamar uma garota para sair.

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Image captionHomem beija mulher em estação do metrô de São Paulo para ensinar como pegar uma mulher desconhecida

Há outros canais brasileiros de conquista, como o Sétimo Amor, com vídeos que registraram mais de 1 milhão de visualizações. Eles também oferecem aulas presenciais de conquista e exibem fotos de cursos lotados.
Referência para os brasileiros, algumas abordagens filmadas por russos e americanos já foram vistas mais de 50 milhões de vezes.

Objeto sexual

Carla Vitória, da Marcha Mundial das Mulheres, também faz críticas ao "uso da mulher como objeto sexual para ganhar dinheiro". Ela afirma que os vídeos "refletem a cultura em que vivemos, na qual o homem é colocado no espaço público enquanto as mulheres devem ficar em casa" se quiserem evitar abusos.
Desiro, do Conquista Social, rebate as críticas e diz que preserva a imagem das mulheres que aparecem nos vídeos. "Eu não quero colocar ninguém numa situação desconfortável. Nós borramos rostos e tatuagens. Muitas feministas criticam o nosso trabalho e eu digo que não faço nada de errado. Eu simplesmente beijei e elas me beijaram", afirmou o fundador do Conquista Social.
Ele relata, porém, que já teve de excluir dois vídeos após mulheres se reconhecerem nas imagens.
Marcela Lisboa Rodrigues da Silva, 24, do coletivo Juntas, também assistiu a alguns vídeos e afirmou que o principal problema dessas abordagens é a superexposição das mulheres. "O cara pensa que não divulgar informações pessoais é razoável para preservar alguém, e não é", disse Silva.
O fundador do Conquista Social afirma que pretende passar a avisar às mulheres que foram alvo da ação gravada em vídeo. "Eu falo que não é para o meu ego, mas para ajudar pessoas pelo Brasil. Eu digo: 'Minha intenção é fazer com que um homem consiga sair com uma mulher como você'".
Desiro afirma que nenhuma mulher o procurou para fazer o curso da conquista. A reportagem não encontrou nenhum vídeo no YouTube de mulheres tendo "aulas de pegação".

"O criminoso sempre volta ao local do crime"... / José Nêumanne


24/02/2016
 às 15:44 \ Opinião

José Nêumanne: O talento número 1 de João Patinhas

Publicado no Estadão Resultado de imagem para avião cheio de dinheiro
Na semana passada, a literatura universal perdeu um dos mais eruditos entre seus exegetas e também um dos mais bem-sucedidos de seus criadores com a morte de Umberto Eco. Este, contudo, não levou para o túmulo um célebre axioma universal do romance policial, seja o mais popular, seja o mais sofisticado: o criminoso sempre volta ao local do crime.  O grande mestre, porém, desapareceu sem ter tido a oportunidade de conhecer uma contribuição, dada pelo grupo de criminosos que promoveu no Brasil o maior assalto ao patrimônio público de todos os tempos e que, de certa forma, parodia esse truísmo: o novo tesoureiro sempre volta a cometer o crime do antigo.
Foi assim que o ex-tesoureiro do partido que manda na Repúblicoca há 13 anos (por coincidência, o número com que está inscrito na Justiça Eleitoral) Delúbio Soares, condenado na Ação Penal (AP) n.º 470, vulgo mensalão, por corrupção, entre outros delitos, foi imitado por seu sucessor. Como é notório, João Vaccari Neto já foi condenado por similar sequência de crimes após investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, e com penas impostas pelo juiz da chamada e muito aclamada Operação Lava Jato, Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná.
Com sua habitual dose de ironia, a deusa grega Clio, que rege a História, acaba de nos conceder exemplo da mesma natureza, que parece ter sido feito para confirmar a máxima anterior e exatamente na atividade em que o citado professor Eco foi pontífice máximo desde os anos 60: a comunicação de massas. Em depoimento na Câmara, em 2005, o publicitário baiano Duda Mendonça abalou os alicerces da política profissional no Brasil ao revelar que havia recebido em moeda estrangeira e em contas no exterior o pagamento por seus serviços à campanha vitoriosa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT). Mostrando que, em política e polícia, o raio pode cair no mesmo lugar, isso acaba de acontecer com quem o substituiu na função.
A prisão temporária do sucessor de Duda na campanha de reeleição de Lula, em 2006, e nas vitórias de Dilma Rousseff, apoiada pelo antecessor, em 2010 e 2014, outro baiano, João Santana, confirma, de forma peremptória, a aplicação do aforismo sobre o tesoureiro quando se trata de marqueteiro. E não é mera coincidência. Afinal, nos tempos modernos da comunicação de massas, genialmente explicados por Eco, o guardador de dinheiro e o fabricante de sonhos para enganar eleitor têm importância capital na disputa pelo voto do povo. E distorcem a paródia de Hegel por Marx, segundo a qual a História acontece como tragédia e se repete como farsa. Na versão do PT brasileiro, só se conhecem tragédias.
Surpreendido pela notícia fatídica quando tentava asfaltar o caminho de volta de Danilo Medina, do Partido de la Liberación Dominicana, à presidência da República Dominicana, o marqueteiro defendeu-se como pôde. Ocorreu-lhe, por exemplo, dizer que o dinheiro que entesoura em bancos estrangeiros foi licitamente ganho em campanhas que assessorou no exterior. Convenhamos que imaginar que nos convence de que faturou milhões de dólares de candidatos de Venezuela, El Salvador, República Dominicana, nas Américas do Sul e Central, e Angola, na África, com economias a anos-luz da brasileira, por mais críticas que sejam nossas condições econômicas no momento (o que está longe de ser o caso nas primeiras campanhas de Lula e Dilma), é uma aposta muito arriscada em nossa estupidez coletiva. Por mais razões que algum observador cruel tenha para justificar esse motivo, é contar excessivamente com a credulidade popular. Muito embora sua imaginação publicitária tenha sido capaz de ludibriar mais de 54 milhões de eleitores brasileiros que sufragaram sua candidata em 2014 imaginando que com as asas de suas mentiras voariam sobre o abismo à vista.
Se Aristóteles pudesse ressuscitar e opinar, talvez o tutor de Alexandre, o Grande, arriscasse a hipótese mais lógica de que pode ter ocorrido exatamente o contrário: o propinoduto da Petrobras e a generosidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) podem ter financiado as campanhas dos companheiros venezuelano, salvadorenho, dominicano e angolano. Seria, no mínimo, curioso imaginar mais essa dívida da originalidade histórica a nosso PT: com o fracasso da exportação da revolução cubana de Fidel Castro e Ernesto Che Guevara para o Terceiro Mundo, a esquerda tupiniquim inaugurou a exportação da corrupção do Robin Hood às avessas, em que os pobres empobrecem para enriquecer os companheiros socialistas.
A hipótese, contudo, é absurda: para Hegel e Marx, os fatos históricos podem voltar a ocorrer, mas não seus protagonistas. Sem Aristóteles para nos tutelar, podemos concluir que enfrentamos uma tentativa de negar a História e, ao mesmo tempo, dotá-la de um espelho às avessas. A Operação Lava Jato mandou prendê-lo após reunir provas testemunhais e documentais acachapantes de seus crimes contábeis. Só que ele, contando apenas com seu extraordinário dom de iludir nosso eleitorado, se diz vítima de “perseguição” sem considerar nenhuma das evidências apresentadas por policiais e promotores federais, com aval de um juiz respeitável.
O desgoverno falido, assombrado pela hipótese de o Tribunal Superior Eleitoral interrompê-lo com a cassação de Dilma e Temer, diante de novas provas óbvias, argumenta que pagou R$ 70 milhões (!) pelo talento número um de João Patinhas. E, ainda assim, nada tem que ver com suas diabruras contábeis. Isso é tão convincente como persuadir policiais, promotores, juiz e todos nós de que o “chefe” citado nos e-mails de Léo Pinheiro, da empreiteira OAS, publicados na capa da revista VEJA, seja Touro Sentado, Tibiriçá ou Winnetou. E que “madame” seja Pompadour, Bovary ou Ming.