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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Jatos da Lava Jato respingam fora do alvo ... e alcançam investigados

MISTÉRIO EM CURITIBA: SUSPEITA DE POSSÍVEL VAZAMENTO DAS OPERAÇÕES DA LAVA JATO.

Palocci recebeu os agentes da PF sozinho no seu apartamento, vestido para sair e com mala pronta. Foto: DP.

Experientes policiais recomendam que a Lava Jato, se já não faz isso, investigue o possível vazamento da prisão de Antônio Palocci. É que o ex-ministro de Lula e Dilma parecia preparado, quando na segunda (26) a Polícia Federal bateu à porta do seu luxuoso apartamento, em São Paulo, ao amanhecer. Ele estava sozinho. Não havia familiares, como se eles tivessem sido poupados do constrangimento, tampouco empregados – à exceção da visita imprevista do tratador da piscina. A informação é colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
Guido Mantega também parecia avisado da prisão: deu um jeito de sair de casa às 4h da madrugada para “acompanhar a mulher ao hospital”.
Estranho, no caso Mantega, é que não era um hospital público e sim o “vip” Albert Einstein, onde não há filas de espera às 4h da madrugada.
Logo após a prisão de Mantega, petistas espalharam que sua mulher faria “procedimento cirúrgico”, aliás, jamais confirmado pelo hospital.

Assim como Mantega, que parecia preparado para viajar a Curitiba, Palocci tinha mala pronta e já estava vestido quando a polícia chegou. Do site Diário do Poder 


O alto escalão do PT está quase todo preso.../

sexta-feira, setembro 30, 2016


LAVA JATO: PF PEDE PRISÃO PREVENTIVA DE ANTONIO PALOCCI POR TEMPO INDETERMINADO.

Antonio Palocci se encontra detedido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Foto do site do Estadão.
O delegado da PF Filipe Hille Pace, da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, pediu nesta sexta-feira, 30, ao juiz Sérgio Moro a conversão da prisão temporária do ex-ministro Antonio Palocci e de seu braço direito Branislav Kontic em preventiva – por tempo indeterminado.
Palocci foi preso na Operação Omertà na segunda-feira, 26, por suspeita de recebimento de propinas da Odebrecht.
No pedido de 86 páginas, o delegado reforça as suspeitas de que Palocci atuava como um elo do PT com a Odebrecht, intermediando assuntos de interesse da empreiteira, e afirma ainda haver indícios de que o ex-ministro teria recebido todos os valores ilícitos lançados nas planilhas da Odebrecht que fazem referência a “Italiano” e somam R$ 128 milhões.
O delegado aponta também que o ex-ministro teria orientado a destruição de provas em sua empresa de consultoria Projeto antes da Operação Omertà, deflagrada na segunda-feira, 26, e que teve o ex-ministro como alvo maior.
“Tais vantagens, em sua grande maioria traduzidas em dinheiro em espécie, ainda não foram rastreadas a partir desta investigação, motivo pelo qual não existe qualquer medida cautelar diversa da prisão que inviabilize Antonio Palocci Filho e Branislav Kontic – seu funcionário até a presente data – de praticarem atos que visem a ocultar e obstruir a descoberta acerca do real paradeiro e emprego dos recursos em espécie recebidos”, afirma o delegado.
Filipe Pace aponta que, nas buscas realizadas na Projeto, empresa de consultoria do ex-ministro sediada em São Paulo que foi alvo da Omertà, os agentes da PF identificaram suspeita de que Palocci e seu assessor teriam atuado para destruir provas.
“Foram constatadas que diversas estações de trabalho na empresa (Projeto) estavam plenamente equipadas, à exceção dos gabinetes dos computadores, o que pode indicar que tenham sido até mesmo destruídos ou colocados fora do alcance da Polícia Federal.”
Em relação ao ex-assessor de Palocci, Juscelino Dourado, Filipe Pace afirmou que “parece ele não ter mais relações com Antonio Palocci” e que, portanto, não haveria risco caso ele fosse solto e cumprisse medidas alternativas da prisão. Do site do Estadão

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

A má pontaria do Governo...

Erros em série

Erros (Foto: Arquivo Google)Depois de seu governo colecionar mais trapalhadas, desta vez nas idas e vindas sobre a necessária reforma no ensino médio, o presidente Michel Temer terminou a semana amargando o indigesto sabor da suspeição. E como na política o aliado de ontem esconde o algoz de amanhã, ele pode ter de responder por suposto pedido de propina para Gabriel Chalita, candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo em 2012, hoje vice na chapa do petista Fernando Haddad, um dos animadores do “Fora Temer”.
Mesmo que não dê em nada, o ministro Teori Zavascki empanou a comemoração dos 76 anos do presidente e encheu de delícias o prato dos opositores a uma semana das eleições municipais.
Na sexta-feira, pouco depois da notícia na internet, redes sociais destacavam a “abertura de processo” contra Temer, com uma saraivada de xingamentos e mentiras, bem ao estilo da turma alimentada pelo PT. 
Zavascki determinou a abertura de petição no âmbito do Supremo, uma espécie de investigação preliminar, sobre os trechos do depoimento em que o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, cita Temer. E encaminhou o caso para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deverá decidir se abre ou não inquérito.
Machado diz que Temer pediu e conseguiu obter R$ 1,5 milhão para financiar a campanha de Chalita. E que a propina teria vindo da Queiroz Galvão, uma das empreiteiras investigadas pela Lava-Jato.
A delação também envolve o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), os ex-presidentes José Sarney (PMDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os senadores Romero Jucá (PMDB) e Aécio Neves (PSDB), a ex-ministra Ideli Salvatti (PT) e outros tantos. Diante de lista tão extensa, Zavascki decidiu fatiá-la em petições distintas.
Ainda que tudo esteja na fase inicial, o sinal verde para investigar Temer é mais um revés para um governo que necessita de vitórias e não tem conseguido produzi-las. Ao contrário. Executa o malabarismo de transformar até o que poderia ser uma boa nova em má notícia.
Ministros que falam demais, que têm encantamento absoluto com o próprio umbigo, que preferem uma manchete de jornal à solução dos problemas para os quais o país os remuneram. Projetos lançados sem negociação prévia, algo que trai a experiência congressual de Temer. Um conjunto de equívocos perdoáveis na interinidade, seriíssimos na condição de titular.
Como de praxe, debitam-se os erros à comunicação. Um diagnóstico apressado, fácil, com o qual os governos tentam esconder suas fragilidades. É sempre assim: se o governante acerta e sua popularidade cresce, o mérito é exclusivamente dele; se tropeça, a culpa é da comunicação ineficiente.
No caso de Temer, que assumiu o país em frangalhos, os problemas econômicos e sociais, políticos e morais foram herdados. Portanto, criar novos é absolutamente dispensável.
Isso vale para o vai-não-vai sobre as reformas da Previdência e trabalhista. E também para a Medida Provisória que muda o ensino médio, que, em vez de ser objeto de indecisão e recuo, poderia ser lançada como uma provocação ao debate. E alterada no Congresso até mesmo por sugestão da base governista.
Governo algum se faz em semanas ou poucos meses. Mas, ao contrário daqueles recém-eleitos que têm pelo menos cem dias de trégua, Temer carrega o passivo incômodo de ser taxado de “golpista”, de não ser popular.
Para sobreviver, terá frear os erros. E acertar em dobro.
Foto: Arquivo Google

"Quanto tempo, dinheiro, energia e criatividade o pessoal da Odebrecht gastou para montar e manter por tantos anos o tal “Departamento de Operações Estruturadas”?

Eficientes na destruição

Brasil do PT criou sistemas ineficientes e corruptos dos principais setores da economia aos mais simples serviços públicos
Carlos Alberto Sardenberg, O Globo
Gafanhotos petistas  (Foto: Arquivo Google)
Quanto tempo, dinheiro, energia e criatividade o pessoal da Odebrecht gastou para montar e manter por tantos anos o tal “Departamento de Operações Estruturadas”? O sistema supervisionava, calculava e executava os pagamentos de comissões — propinas, corrige a LavaJato — referentes a grandes obras no Brasil inteiro e em diversos outros países.
Considere-se ainda que os pagamentos deviam ser dissimulados, o que trazia o trabalho adicional de esconder a circulação do dinheiro e ocultar os nomes dos destinatários. Coloquem na história os funcionários que criavam os codinomes dos beneficiários — Casa de Doido, Proximus, O Santo, Barba Verde, Lampadinha — e a gente tem de reconhecer: os caras eram eficientes.
Nenhuma economia cresce sem companhias eficientes. Elas extraem mais riqueza do capital e do trabalho e, com isso, reduzem o custo de produção, entregando mercadorias e serviços melhores e mais baratos. Pois o “Departamento de Operaões Estruturadas” foi eficiente na geração de uma enorme ineficiência.
Tudo aquilo é parte do custo Brasil — encarece as obras, elimina a competição, afasta empresas de qualidade e simplesmente rouba dinheiro público. Há aqui dois roubos: um direto, o sobrepreço que se coloca nas obras para fazer o caixa que alimenta as propinas; o outro roubo é indireto e mais espalhado.
Está no aumento dos custos de toda a operação econômica. Na última terça, a Fundação Dom Cabral divulgou a versão 2016 do ranking mundial de competitividade, que produz em associação com o Fórum Econômico Mundial. O Brasil apareceu no 81º lugar, pior posição desde que o estudo é feito, atrás dos principais emergentes, bem atrás dos demais países do Brics.
Mais importante ainda: se o Brasil caiu 33 posições nos últimos seis anos, os demais emergentes importantes ganharam posições com reformas e mais atividade econômica. Prova-se assim, mais uma vez, que a crise brasileira é “coisa nossa”, genuína produção nacional. Os governos Lula 2 e Dilma foram tão eficientes na geração do desastre quanto a Odebrecht com suas operações estruturadas.
Uma política econômica que provoca recessão — por três anos seguidos — com inflação em alta, juros elevadíssimos e dívida nas alturas, tudo ao mesmo tempo, com quebradeira geral das maiores estatais — eis uma proeza que parecia impossível. Para completar, a eliminação de qualquer critério de mérito na montagem do governo e suas agências arrasou a eficiência da administração pública e, por tabela, da empresa privada que tinha negócios com esse governo.
Em circunstâncias normais, numa economia de mercado, a empresa privada opera tendo como base as leis e as regulações que devem ser neutras e iguais para todos. A Petrobras precisava ter regras públicas para contratação de obras e serviços. Em vez disso, o que a Lava-Jato nos mostrou? Um labirinto de negociações escondidas, operações dissimuladas, manipulações de lei e regras.
Às vezes, a gente pensa: caramba, não teria sido mais simples fazer a coisa legal? Sabe o aluno que gasta enorme energia e capacidade bolando uma cola eficiente e acaba descobrindo que gastaria menos estudando? A diferença no setor público é que o estudo não dá dinheiro. A cola dá um dinheirão para partidos, seus políticos, amigos e companheiros.
Nenhum país fica rico sem ganhos de produtividade. O Brasil da era PT perdeu produtividade. Mas, pior que isso, criou sistemas ineficientes e corruptos desde os principais setores da economia — construção civil, indústria de óleo e gás — até os mais simples serviços públicos, como a concessão de bolsa-pescador ou auxíliodoença.
Foto: Arquivo Google

Carlos Alberto Sardenberg é jornalista

Humor de Sponholz no blog de Aluizio Amorim

29/09/2016

Sponholz: O tropeço de Lewandowski.


O Brasil é um país bizarro depois do 'tsunami petista'. Existem 13 milhões de 'desaparecidos' !

quinta-feira, setembro 29, 2016


PAIS DE ALUNOS SE REVOLTAM CONTRA A ANARQUIA 'POLITICAMENTE CORRETA' DA 'GUERRA CULTURAL' QUE TOMOU CONTA DO COLÉGIO PEDRO II NO RIO DE JANEIRO

Muitos pais decidiram tirar seus filhos do Colégio Pedro II, depois que a direção da escola colocou em prática os ditames do pensamento politicamente correto mormente no que respeita à ideologia de gênero. Trata-se de uma agenda do neocomunismo do século XXI cujo fim último é a destruição da família por meio da libertinagem e da corrosão dos valores morais e éticos que constituem um dos pilares mais importantes da civilização ocidental. Trata-se de 'guerra cultural'. A primeira fase que está em andamento e visa promover a metaformose dos conceitos. O fim último dessa 'guerra cultural' é a destruição da liberdade individual para deixar o caminho aberto ao totalitarismo. 
Apoiados por movimentos como Endireita Rio e Brava Gente, pais de alunos do colégio federal Pedro II, em São Cristóvão, na zona norte do Rio, marcaram para este sábado, dia 1º, em Copacabana, zona sul, uma manifestação contra a decisão da reitoria de acabar com a distinção de uniformes para alunos e alunas.
Eles querem que o reitor suspenda a liberação do uso de saia por alunos. Na semana passada, paredes da fachada da unidade São Cristóvão foram pichadas. “O problema não é a saia. É a ideologia de gênero que está sendo enfiada goela abaixo dos alunos e dos pais sem que tenha havido discussão sobre isso”, disse Luciana Duarte, de 36 anos, mãe de um aluno de 14 anos e integrante do movimento Mães pelo Escola Sem Partido.
O grupo de pais contrários à portaria se comunica por um aplicativo de celular que reúne 256 pessoas. Uma mãe publicou fotos sobre trabalhos escolares a respeito de movimentos sociais, como o feminista. “Se isso não é propaganda… por favor”, criticou.
A gerente de recursos humanos Aline Freitas, de 41 anos, pensa em tirar da escola o filho, de 8, que entrou este ano na unidade Tijuca, na zona norte. “Para mim está sendo um pesadelo. Meu filho participou de debates sobre o machismo e sobre estupro, quando houve aquele caso do estupro coletivo. Uma criança de 8 anos não é machista. Não quero que fiquem inserindo essas coisas na cabeça dele”, disse ela, que criticou a adoção do nome social por alunos transexuais, sem ordem dos pais. “É uma afronta um adolescente poder mudar o nome na secretaria. É tirar a autoridade do pai e da mãe.”
O fim da distinção de uniformes começou a ser discutido no Pedro II em 2014, quando um aluno foi obrigado a tirar a saia que usava. Estudantes fizeram um “saiato” em defesa do colega. Foram à escola de saia.
DEBATE BUNDALELÊ
“O fim da distinção de gênero na especificação do uniforme não significa que o colégio esteja incentivando estudantes do sexo masculino a virem de saia. É fruto de uma discussão ampla que ocorreu na comunidade escolar ao longo de mais de dois anos e que teve a participação dos estudantes. O Pedro II não está negando as diferenças entre homens e mulheres. Na verdade, a medida visa à inclusão de uma parcela de nossos estudantes que são transgêneros. Não cabe à escola definir a identidade de seus estudantes”, afirmou o chefe de Supervisão e Orientação Pedagógica do Pedro II, Carlos Alexandre Duarte.
Segundo ele, as regras para o uso dos banheiros – uma preocupação dos pais – continuam as mesmas. “A instituição sabe que o uso do banheiro pelos estudantes transgêneros precisa ser pensada. Por outro lado, não se pode supor que um estudante que não seja transgênero irá usar um banheiro feminino só porque está vestindo saia, por exemplo”, disse.
Sobre as críticas aos temas de debates e seminários, Duarte afirmou que o Pedro II estuda temáticas relativas à cultura, aos esportes e à prevenção de drogas. “Por que as temáticas LGBT e feministas deveriam ser proibidas? A única apologia que o Colégio Pedro II faz é ao respeito e à dignidade para todos os seres humanos”.
Poucos foram os estudantes que adotaram o uso de saia. O colégio não informou quantos. Os que o fizeram, vestem a peça de roupa na escola, mas não na rua. O professor Higor Ferreira diz que entre alunos e professores a medida foi recebida de forma tranquila. “Foram poucos os que adotaram a saia, porque há um descompasso muito grande entre o que acontece na escola e o que acontece lá fora”, afirmou. Do site de IstoÉ

Lake Michigan Roll Cloud / Aprecie

Fenômeno interncional

Inimigos e censores de nós mesmos... / Contardo Caligaris

quinta-feira, setembro 29, 2016

Somos os maiores inimigos de nossa possibilidade de pensar - 

CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 29/09

Um ano atrás, decidi seguir os conselhos de meu filho e abri uma conta no Facebook. A conta é no nome da cachorra pointer que foi minha grande companheira nos anos 1970 e funciona assim: ninguém sabe que é minha conta, não tenho amigos, não posto nada e não converso com ninguém.

Uso o Face apenas para selecionar um "feed" de notícias, que são minha primeira leitura rápida de cada dia.

Meu plano era acordar e verificar imediatamente os editoriais e as chamadas dos jornais, sites, blogs que escolhi e, claro, percorrer a opinião de meus colunistas preferidos, nos EUA e na Europa. Alguns links eu abriria, mas sem usurpar excessivamente o tempo dedicado à leitura do jornal, que acontece depois, enquanto tomo meu café.

Tudo ótimo, no melhor dos mundos. Até o dia em que me dei conta do seguinte: sem que esta fosse minha intenção, eu tinha selecionado só a mídia que pensa como eu –ou quase. Meu dia começava excessivamente feliz, com a sensação de que eu vivia (até que enfim) na paz de um consenso universal.


Mesmo nos anos 1960 e 1970, meus anos mais militantes, eu nunca tinha conhecido um tamanho sentimento de unanimidade.

Naquela época, eu lia "L'Unità", o cotidiano do Partido Comunista e, a cada dia, identificava-me com o editorial. Não havia propriamente colunistas: a linguagem usada no jornal inteiro já continha e propunha uma visão do mundo –luta de classes, contradições principais e secundárias, estrutura e superestrutura etc.

Ora, junto com "L'Unità" eu sempre lia mais um jornal –o "Corriere della Sera", se eu estivesse em Milão, o "Journal de Genève", em Genebra, e o "Le Monde", em Paris.

Nesses segundos jornais, que eram de centro (mas eu jurava que eram "de direita"), eu verificava os fatos (em plena Guerra Fria, não dava para acreditar nem mesmo no lado da gente) e assim esbarrava nos colunistas –em geral, social-democratas laicos e independentes, sem posições partidárias ou religiosas definidas.
Em sua grande maioria, eles não escreviam para convencer o leitor: preferiam levantar dúvidas, inclusive neles mesmos. E era isso que eu apreciava neles –embora os chamasse, eventualmente, de "lacaios da burguesia".

Hoje, os colunistas desse tipo ainda existem, embora sejam poucos. Eles estão mais na imprensa tradicional; na internet, duvidar não é uma boa ideia, porque é preciso criar e alimentar os consensos do "feed" do Face.

O "feed" do Face, elogiado por muitos por ser uma espécie de jornal sob medida, transforma-se, para cada um, numa voz única, um jornal partidário, piorado por uma falsa sensação de pluralidade (produzida pelo número de links).
A gente se queixa de que os grandes conglomerados da mídia estariam difundindo uma versão única e parcial de fatos e ideias, mas a realidade é pior: não são os conglomerados, somos nós que, ao confeccionar um jornal de nossas notícias preferidas, criamos nossa própria Coreia do Norte e vivemos nela. Como sempre acontece, somos nossos piores censores, os maiores inimigos de nossa possibilidade de pensar.

De um lado, o leitor do "feed" não se informa para saber o que aconteceu e decidir o que pensar, ele se informa para fazer grupo, para fazer parte de um consenso. Do outro, o comentarista escreve sobretudo para ser integrado nesses consensos e para se tornar seu porta-voz.

O resultado é uma escrita extrema, em que os escritores competem por leitores tanto mais polarizados que eles conseguiram excluir de seu "jornal" as notícias e as ideias com as quais eles poderiam não concordar: leitores à procura de quem pensa como eles.

Claro, não há hoje a obediência partidária dos anos 1970, mas a internet potencializa a vontade de se perder na opinião do grupo e de não pensar por conta própria. Essa vontade é a mesma –se não cresceu. Sumiu, em suma, a paixão do partido, mas não a do consenso.

Entre consensos opostos, obviamente, não há diálogo nem argumentos, só ódio.

Em suma, provavelmente, o resultado último da informação à la carte (que a internet e o "feed" facilitam) será a polarização e o tribalismo.

Eu mesmo me surpreendo: em geral, acho chatérrimos os profetas da apocalipse, que estão com medo de que o mundo se torne líquido ou coisa que valha. Mas, por uma vez, a contemporaneidade me deixa, digamos, pensativo.

A 'nuvem rolo' é internacional!

Roll Cloud Over Lake Michigan https://imgur.com/gallery/DlUrFdw
Clique no link para ver a 'nuvem de rolo' que passeia pelo mundo se exibindo e impressionando as pessoas 

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

"Qual seria o cenário para a economia global de um Trump presidente?" / Monica de Bolle

quarta-feira, setembro 28, 2016

Viés nos tempos da cólera - 

MONICA DE BOLLE

ESTADÃO - 28/09
Qual seria o cenário para a economia global de um Trump presidente?

Raiva, descontrole, fúria. Adjetivos que caracterizam o debate político dentro e fora das redes sociais, dentro e fora do Brasil. A exaltação é a marca dos defensores e opositores de Temer, de Dilma, de Trump, de Hillary. A cólera se alastra desidratando o pensamento e expondo o viés que habita dentro de qualquer pessoa.
Viés. Em 2012, a renomada bióloga Jo Handelsman, professora da Universidade de Yale, publicou estudo em que expôs o viés que existe na comunidade científica em relação à contratação de mulheres. O experimento randomizado com 127 cientistas e professores universitários apresentou a cada um dois currículos idênticos: em um deles, o candidato à vaga chamava-se John; no outro, o nome era Jennifer. Os currículos nada tinham de excepcional. Contudo, o fictício John foi não só o candidato que os cientistas se mostraram mais propensos a contratar, mas aquele cujo salário todos julgaram justo ser cerca de 10% mais elevado do que o oferecido a Jennifer. Desde então, o mesmo experimento foi usado em diversos ambientes profissionais para conscientizar as pessoas do viés que carregam dentro de si. Homens e mulheres.

Se o viés inconsciente é algo perturbador, o viés inconsciente nos tempos da cólera é um perigo. Deixando de lado o gosto e o desgosto pelos candidatos à presidência dos EUA, o fato concreto é que Hillary, goste-se ou não dela, tem propostas concretas, conhece os dados, tem substância. Trump, por mais que seja o homem anti-establishment, exibe conduta irascível, desconhece os assuntos de que fala, insiste na ladainha protecionista e destruidora de empregos que abordei na semana passada, e nada apresenta de concreto para a classe média americana. Contudo, expõe com eficácia assustadora todo tipo de viés inconsciente.
Se ele responde com falta de compostura, é porque é “autêntico”. Se ele ataca Clinton pelo escândalo dos e-mails quando era Secretária de Estado, a expõe como mentirosa, enquanto ele próprio, que mente e omite, é visto como aquele que tem a coragem de tirar a máscara dos políticos convencionais. Quando ele revela sua mal escondida misoginia ou seu desprezo por imigrantes, é elogiado por não ser politicamente correto. Quando ele diz que reduzirá impostos “como nem Reagan foi capaz de fazer”, é aplaudido pela audácia, sem que tenha dito como pretende que essa política evite o aumento da dívida que ele próprio chama de “insustentável”. Há pouco tempo, Trump fez alusões a não pagar a dívida dos EUA, deixando claro que não tem a menor noção do impacto que isso teria sobre a economia global.

Qual seria o cenário para a economia global de um Trump presidente? Supondo que suas reduções de impostos não sejam tão fáceis de implementar – haja vista que terão de passar pelo Congresso e pelo crivo de democratas que discordam veementemente de mais cortes de impostos para os ricos – é razoável esperar uma forte reação negativa dos mercados, tanto nos EUA quanto no resto do mundo. Ao referir-se à atual presidente do Fed como “aquela Janet Yellen”, o candidato insinuou não apenas que não respeita a dirigente do Fed, como que estaria disposto a removê-la de suas funções, provocando onda ainda maior de incertezas no mundo.

O peso mexicano é barômetro desse porvir. Quando Trump sobe nas pesquisas, o valor do peso cai. Quando Hillary parece ter conquistado alguma vantagem, o peso sobe. É impossível exagerar o tamanho da incerteza de um governo trumpista. O que aconteceria com o petróleo, por exemplo? Pela retórica beligerante em relação ao Oriente Médio, o petróleo deveria subir pelo risco geopolítico. Pela retórica protecionista ao extremo, o preço da matéria-prima deveria cair ante o impacto negativo sobre as empresas americanas, o comércio mundial, e a economia global de maneira mais geral. A resposta? É difícil dizer para que lado iria o preço do petróleo, o que é, em si, um fator de incerteza e de volatilidade.

Quando li O Amor nos Tempos do Cólera lembro-me da sensação de asfixia, do calor opressivo provocado pelas descrições pulsantes de Gabriel García Marquez. A mesma opressão sinto ao observar a disseminação descontrolada do viés nesses tempos de cólera.

*Economista, pesquisadora do Peterson Institute For Internacional Economics e professora da Sais/Johns Hopkins University

terça-feira, 27 de setembro de 2016

"Vamos ser honestos? A democracia não é o melhor regime político..." / João Pereira Coutinho

terça-feira, setembro 27, 2016


Pessoas ignorantes em política devem ter direito de votar? - 

JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 27/09
Vamos ser honestos? A democracia não é o melhor regime político. Você sabe disso. As maiorias, muitas vezes, elegem governos incompetentes, mentirosos, corruptos. Até autoritários. Devemos conceder o direito de voto a quem não tem inteligência suficiente para escolhas responsáveis?

O cientista político Jason Brennan defende que não. O livro, que provocou polêmica nos Estados Unidos, intitula-se "Against Democracy" ("contra a democracia"). Não é um panfleto populista contra o populismo circunstancial de Donald Trump. É um estudo acadêmico com toneladas de bibliografia científica.

Tese do dr. Brennan: em todas as pesquisas disponíveis, os eleitores americanos são comprovadamente ignorantes sobre os assuntos da República. Desconhecem coisas básicas, como identificar qual dos partidos controla o Congresso. Para usar a terminologia de Brennan, a maioria dos eleitores se divide em "hobbits" e "hooligans".


Os "hobbits" são apáticos, apedeutas, raramente votam –e, quando votam, votam com a cabeça vazia.

Os "hooligans" são o contrário: fanáticos, como os torcedores do futebol, defendendo os seus "clubes" de uma forma irracional, ou seja, tribal. É possível perguntar a um "hooligan" democrata se ele concorda com uma política de Bush e antecipar a resposta. (É contra, claro.)

E depois, quando o pesquisador comunica ao "hooligan" que a referida política, afinal, é de Obama, o "hooligan" muda de opinião; ou afasta-se; ou indigna-se. Como dizia T. S. Eliot sobre Henry James, a cabeça de um "hooligan" é tão dura que nenhuma ideia é capaz de violá-la.

O eleitor ideal, para Brennan, é um "vulcan": alguém que pensa cientificamente sobre os assuntos. Mas os "vulcans" são artigo raro. Em democracia, somos obrigados a suportar as escolhas de "hobbits" e "hooligans".
Felizmente, Jason Brennan tem uma solução: se as pessoas precisam de uma licença para dirigir, o mesmo deveria acontecer para votar. "Epistocracia", eis a proposta. O governo dos conhecedores. Antes de votar, é preciso provar.

Existem vários modelos de epistocracia. Dois exemplos: todos teriam direito a um voto e depois, com a progressão acadêmica, haveria votos extra; ou, em alternativa, só haveria votos para quem tivesse boa nota em exame de política. Faz sentido?

Não, leitor, não faz. Seria possível escrever várias páginas de jornal a desconstruir o livro de Jason Brennan. Por falta de espaço, concentro-me na sua falha básica: Brennan, um cientista político, não compreende a natureza da política.

Como um bom racionalista, Brennan acredita que os fatos políticos são neutros; consequentemente, as escolhas do eleitor podem ser "científicas".
Acontece que nunca são: a política, ao contrário da matemática ou da geometria, lida com a complexidade e a imperfeição da vida humana.

Um "exame" de política, por exemplo, dependeria sempre das preferências políticas dos examinadores –nas perguntas e na correção das respostas. Brennan até pode defender perguntas "factuais" para respostas "factuais". Mas a simples escolha de certos temas (mais economia) em prejuízo de outros (menos história) já é uma escolha política.

Além disso, acreditar que diplomas acadêmicos conferem a alguém um poder especial em política é desconhecer o papel que os "intelectuais" tiveram nos horrores do século 20.

Ou, para não irmos tão longe, é ignorar o estado de fanatismo ideológico que as universidades, hoje, produzem e promovem.

Por último, não contesto que a maioria desconhece informação política relevante. Mas as pessoas não precisam de um Ph.D. para votarem. Basta que vivam em sociedade. Que sintam na pele o estado dos serviços públicos. O dinheiro que sobra (ou não sobra) no final do mês. A segurança que sentem (ou não sentem) nos seus bairros, nas suas cidades, nos seus países. E etc. etc.

Como lembrava o filósofo Michael Oakeshott, não se combatem ditadores com a balança comercial. Tradução: a política não depende apenas de um conhecimento técnico; é preciso um conhecimento prático, tradicional, vivencial. O conhecimento que só a experiência garante.

A democracia pode não ser o regime ideal para seres humanos ideais. Infelizmente, eu não conheço seres humanos ideais. No dia em que Jason Brennan me mostrar onde eles vivem, eu prometo jogar a democracia no lixo.