Dois veículos
de comunicação cariocas, O GLOBO e o Jornal do Brasil, trataram, no mesmo dia, 10/10/2003, de duas
agressões ao patrimônio público ocorridos em dois locais diferentes e nobres da
cidade do Rio de Janeiro por autoridades que deveriam zelar pelos espaços
agredidos.
O GLOBO
mostrou em sua reportagem o autoritarismo de um guarda municipal que
estacionava de maneira irregular seu carro dentro da Praça Nossa Senhora da
Paz, em Ipanema.
O Jornal do
Brasil dirigiu sua atenção para um crime de natureza ambiental perpetrado pela
Prefeitura do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no Horto, um terreno contíguo
ao Jardim Botânico.
As duas
matérias jornalísticas demonstravam a
incapacidade de dois encarregados de gerir e manter o bem público em condições
de utilização pelos moradores da cidade
carioca.
A
arbitrariedade do guarda municipal foi sanada pela retirada do veículo e o seu
afastamento do exercício de zelador do próprio público que ele deveria cuidar.
Um ofício administrativo debelou o ato falho de um funcionário.
No caso do
prefeito do Jardim Botânico o prejuízo é muito maior do que todas as medidas
possíveis de se minimizar as avarias ao patrimônio público. O impacto da
derrubada de angicos e palmeiras para gerar um terreno para a construção de uma
garagem não será recompensado por uma
ação ou punição de ordem administrativa.
Esses dois
acontecimentos narrados pelos dois jornais cariocas pertencem ao universo da
violência urbana da cidade do Rio de Janeiro. A diferença de tratamento
jornalístico é de natureza sociopolítica , pois, não aparecem nas páginas
policiais e sim nos cadernos ‘Rio’ e ‘Cidade’.Os dois veículos usaram a mesma
“centimetragem” para contar as duas histórias.
As
reportagens registram dois modos de
punição. No primeiro, do guarda municipal, já providenciada, a pena é o
afastamento do cidadão de nível de conhecimento de 2º grau para uma área de
menor responsabilidade funcional. No caso do Jardim Botânico, o responsável
pelo agravo ao patrimônio público
tem nível de graduação de 3º grau e pode
se defender de um processo que, por costume, pode durar anos para um
julgamento.
Os dois casos são emblemáticos e documentam o
nível de indigência funcional dos
encarregados de proteger o bem público.
Ao mesmo
tempo, pode ser percebido que existe outro modo de analisar os dois incidentes.
Trata-se da demonstração do grau de espírito crítico que o jornalismo alcançou e que pode ser
medido pelo interesse com que os veículos
de informação abordam acontecimentos que interagem com as demandas dos diversos
níveis de interesse da sociedade.
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