Obras no cais do Porto de Vitória
(Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
Cerca de 13,3 bilhões serão investidos no Porto de Vitória pelo governo federal, até 2017. O anúncio foi feito pela Secretaria de Portos (SEP), juntamente com a presidente Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (6), em Brasília. Os recursos fazem parte do “Programa de Investimento em Logística: Portos” e serão investidos para modernizar a infraestrutura do setor portuário brasileiro. Ao todo, R$ 54,2 bilhões foram destinados ao programa.
Entre os anos de 2014 e 2015, serão investidos R$ 6,5 bilhões, e entre 2016 e 2017, o governo investirá R$ 6,8 bilhões, de acordo com o programa. "Esse é o maior investimento do Brasil em portos. Isso é fundamental, estamos caminhando para transformar o estado em uma plataforma logística nacional", destacou o governador Renato Casagrande, de Brasília, em entrevista por telefone ao G1.
De acordo com o governador, este é um investimento privado e tudo está passando por um processo de licenciamento ambiental. "Foram anunciadas nove iniciativas de portos privados, em outras cidades do estado, mas isso será discutido no setor privado. O início das obras depende da empresa que vai realizá-las, pode ser até em 2013. O término está marcado para até 2017", disse Casagrande.
Águas Profundas
Nesta quinta-feira, o ministro da Secretaria de Portos (SEP), Leônidas Cristino, anunciou que serão feitas concessões de cinco portos públicos, entre eles o de Águas Profundas, no Espírito Santo. De acordo com o órgão, a construção desse porto irá custar, aproximadamente, R$ 2,9 bilhões. O governo do estado informou que o local onde ele será construído ainda não está definido.
Porto perdeu mercado
A estrutura atual do Porto de Vitória e dos acessos a ele não atendem à demanda de cargas e faz com que o Espírito Santo perca mercado para outros estados. Segundo o superintendente geral de projetos da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), Eduardo Prata, a movimentação de cargas caiu 15% em 2012, comparada ao ano anterior. De janeiro a outubro do ano passado, a movimentação de cargas foi de 6,25 milhões de toneladas. No mesmo período deste ano, a movimentação foi de 5,3 milhões de toneladas.
"A gente tem que agradecer que o Brasil cresceu apenas 1,% do PIB. Se crescesse 4%, o Brasil teria parado. Nossa infraestrutura não cresce na mesma velocidade do PIB. Isso provoca gargalos. Se o Espírito Santo não tomar cuidado, vai perder tudo para outros estados. Já perdemos 30% da exportação de café e 30% da exportação de granito para o Rio de Janeiro. A movimentação de carros caiu 40%. O que está segurando é que a movimentação de fertilizantes, granéis líquidos e petróleo e gás cresceu muito", afirmaou Eduardo Prata, em entrevista ao G1 nesta quarta-feira (5).
O Porto de Vitória se encontra em obras financiadas pelo próprio governo federal, com recursos do Programa de Aceleração ao Crescimento 2 (PAC 2). Tais obras somam R$ 428,4 milhões de investimentos e atrasaram devido a um questionamento do Tribunal de Contas da União (TCU), que suspeitou de sobrepreço. "A ordem de serviços saiu em dezembro e as obras começaram em janeiro deste ano e terminam em março e em dezembro do ano que vem", explicou o superintendente geral de projetos da Codesa. Segundo a Companhia, antes, o maior navio que podia operar era de 20 mil toneladas. A partir de março do ano que vem, poderá operar até 70 mil toneladas.
A Codesa também contratou um projeto para a construção de berços nos Dolfins do Atalaia, em Vila Velha, na Grande Vitória. A Companhia ainda contratou sinalização náutica para o porto operar 24 horas. Os investimentos são de R$ 140 milhões e a previsão de conclusão é de 24 meses a partir de março do ano que vem, quando as obras devem iniciar.
Raio X
O complexo portuário do Espírito Santo movimenta R$ 160 milhões de tonelada por ano. Por dia, o Porto de Vitória possui uma média de chegada de 10 embarcações. As obras atuais podem aumentar em 40% a carga que chega ao porto. Com uma receita mensal de R$ 8 milhões, a Codesa acredita que as obras atuais deem conta da demanda por mais, pelo menos, dez anos até a construção de um novo porto, que já está em estudo, que vai permitir que o estado não fique fora do mercado internacional.
Contraponto ao fim do Fundap
Com o fim do Fundo de Desenvolvimento às Atividades Portuárias (Fundap), a arrecadação em impostos com o Porto deve diminuir, mas para a Codesa as obras que devem aumentar a capacidade do Porto compensa as perdas. “A nova dragagem, e as obras do cais preenchem a lacuna do fim do Fundap”, afirmou o superintendente do Porto, Eduardo Prata.