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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A quem interessar possa... (certidão de nascimento de Obama Hussein Barack)


22/01/2013
 às 19:00 \ Vasto Mundo

Obama acaba com a palhaçada dos que duvidavam de sua nacionalidade e divulga certidão de nascimento

Publicado originalmente em 27 de abril de 2011
Amigos, acabou a palhaçada cada vez mais barulhenta que vinham fazendo os chamados birthers, cretinos fundamentais que duvidavam que o presidente Barack Obama fosse nascido nos Estados Unidos — e, assim, contestavam sua presença na Casa Branca e sua legitimidade para ser comandante-chefe das Forças Armadas mais poderosas do mundo, por falta do requisito que a Constituição exige.
Campeões de Audiência
Campeões de Audiência
A Casa Branca divulgou hoje a certidão oficial de nascimento do presidente, expedida pelo Estado do Havaí, em cuja capital, Honolulu, ele nasceu.
A boataria sobre Obama não ser americano nato começou durante a campanha eleitoral de 2008, com o evidente objetivo de desqualificá-lo, e, aqui e ali, adquiriu claras tinturas preconceituosas, devido ao fato de que o pai do presidente, o economista Barack Hussein Obama Sr., nasceu no Quênia (sua mãe, Stanley Ann Dunhan, nasceu no Estado norte-americano do Kansas) e era muçulmano.
Acresceu-se a isso o fato de que a mãe de Obama casou-se pela segunda vez com o geógrafo indonésio Lolo Soetoro, também muçulmano, com quem teve a filha Maya, meia-irmã do presidente dos Estados Unidos. O presidente viveu e estudou por quase cinco anos na Indonésia, até voltar ao Havaí para morar com os avós maternos que, tal como a mãe, eram brancos.
Os boatos e mentiras sobre o presidente foram tantos — de que ele nasceu no Quênia, de que tinha cidadania indonésia ou britânica, de que sua religião verdadeira era o islamismo — que até agora 4 em cada 10 eleitores republicanos acreditam (ou acreditavam) que Obama de fato não nascera nos EUA.
O bilionário espertalhão Donald Trump, aspirante a candidato a presidente no ano que vem, foi uma das personalidades que, com enorme espalhafato, mais duvidou da verdadeira nacionalidade de Obama.

Conta-corrente do Brasil registra depressão em seu números de 2012


http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE90M02420130123

REEDIÇÃO-Conta corrente brasileira registra em 2012 seu maior déficit anual

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013 16:52 BRST
 
(Altera 4o parágrafo para esclarecer que números foram maiores, e não melhores, que as expectativas do BC)
Por Tiago Pariz
BRASÍLIA, 23 Jan (Reuters) - O saldo em transações correntes do Brasil fechou 2012 com o maior rombo da história, mas foi financiado com folga por investimentos estrangeiros. E apesar de ruim, o resultado negativo do ano passado não sinaliza um patamar insustentável em 2013.
O mercado financeiro e o Banco Central preveem uma aceleração do déficit corrente, que poderá ser visto já em janeiro, e uma estagnação dos fluxos de Investimento Estrangeiro Direto (IED).
No ano passado, a conta corrente brasileira teve déficit de 54,246 bilhões de dólares, o maior valor da série histórica do Banco Central iniciada em 1947. Já os investimentos estrangeiros diretos somaram 65,272 bilhões de dólares, recuando 2,08 por cento em relação ao ano anterior.
Os números foram maiores que as expectativas do próprio BC, que calculava um rombo de 52,5 bilhões de dólares nas contas externas e investimento produtivo de fora em 63 bilhões de dólares em 2012.
Com o resultado anual elevado, a relação entre déficit e o Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 2,40 por cento, a maior desde 2001, quando ficou em 4,19 por cento, segundo série histórica do BC.
Analistas do mercado financeiro acreditam que apesar da aceleração, o déficit não é um problema e a relação com o PIB continuará confortável.
"Esperamos que o déficit em conta corrente se deteriore um pouco, para cerca de 58 bilhões de dólares, mas mantendo-se num patamar confortável de 2,6 por cento do PIB", afirmou o economista-chefe do Citibank, Marcelo Kfoury, em comentários escritos.   Continuação...
 

"Clube dos homens abandonadoos por mulheres" ou o 'bloco do abandono' tem conta no Facebook e conta com 900 membros


Homens abandonados por mulheres formam clube na Argentina

Atualizado em  23 de janeiro, 2013 - 16:05 (Brasília) 18:05 GMT
Clube dos abandonados. Arquivo pessoal
Lázaro (de óculos de sol) lidera grupo já reúne mais de 900 membros no Facebook
Após ter sido rejeitado pela mulher, um músico argentino criou um grupo que reúne outros homens que viveram a mesma dor de cotovelo.
O 'Club de hombres abandonados por una mujer' (Clube dos homens abandonados por uma mulher) conta com quase 900 integrantes no Facebook.
Fundador do grupo, Roberto Lázaro, de 35 anos, já participou de programas de televisão e de rádio de Buenos Aires, explicando que teve a ideia após constatar que não estava sozinho nesse "bloco do abandono".
"Uma vez cheguei em casa e todas as minhas coisas estavam embaladas em caixas. Foi assim que ela terminou nossa relação após sete anos de namoro, de convivência", disse Lázaro à BBC Brasil. Ele contou que voltou para a casa dos pais e pensou que poderia não ser o único a viver semelhante situação.
"Achei que nós (os abandonados) podíamos nos unir nesta dor", disse.
Lázaro compôs uma música que publicou no YouTube e passou a receber contato de outros homens deixados pelas mulheres.
"Foi então que decidi fundar o clube. Mas fiquei surpreso com a rapidez com que o grupo cresceu", afirmou. O 'Clube dos abandonados por uma mulher' foi criado há menos de um ano e reúne perfis ecléticos. Homens jovens ou idosos, mas com o mesmo histórico – o abandono.

Inspiração

Lázaro costuma liderar os encontros dos "largados", que ocorre em média a cada quinze dias, em cafés e praças. Os encontros são informados previamente no mural do clube no Facebook.
O músico disse que nas conversas eles "compartilham o sofrimento", "tentam superar a angústia e transformá-la em algo positivo". Lázaro costuma dizer aos sócios do clube que a "mulher continua sendo inspiração (para a vida deles), que o ressentimento deve ser evitado". Ele reconhece, porém, que essa tarefa pode ser difícil: "Às vezes, elas nós deixam por homens mais jovens ou mais ricos."
Lázaro disse que muitos homens ainda têm vergonha de contar a experiência que viveram – especialmente na Argentina.
"Nós fomos educados para nunca chorar, nunca revelar os sentimentos. Por isso, logo no inicio alguns deixaram críticas no nosso mural (no Facebook)", disse.
O clube conta com integrantes virtuais de vários pontos da Argentina, e, segundo Laázaro, com participantes do Uruguai e do México.
"Às vezes nos reunimos só para comer pizza e papear. Mas o clube não é um grupo de alcoólicos anônimos. É de apoio àquele que quer conversar, contar sua história e saber que não está sozinho na experiência."

'Caixa de surpresa'

Jorge Roque, de 83 anos, e Cesar Cardozo, de 30 anos, contaram à BBC Brasil, como se "identificaram" com o clube. Roque ficou sabendo ao ouvir a música em um bar no bairro de Belgrano, em Buenos Aires. Cardozo conheceu a ideia pela internet.
"Fui abandonado pela primeira vez aos 18 anos e daí em diante foi uma caravana de mulheres que me deixaram ao longo da vida", disse Roque, que trabalha consertando relógios.
Para ele, as mulheres sempre foram uma espécie de "caixa de surpresa", em que pode sair uma boneca ou uma luva de boxe. Roque disse que participa das reuniões porque é uma forma de combater a solidão e de estar com aqueles com quem se "identifica".
Já Cardozo decidiu entrar para o clube depois que a mulher o trocou por seu melhor amigo.
"Já tem mais de um ano, mas é uma dor terrível. Vou vivendo o dia a dia até essa dor passar", afirmou. Quando soube da traição, ele deixou sua terra, Misiones, na fronteira com o Brasil, e mudou-se para Buenos Aires. Ele trabalha como jardineiro em uma empresa de limpeza na capital argentina. "No clube, vejo que não sou o único neste drama", disse.

'Por cinco mulheres'

No mural do clube no Facebook, os comentários têm o tom de desabafo. "(Abandonado) Por cinco mulheres", escreveu um. "Hoje aconteceu o esperado, ela me deixou dizendo que estou gordo", afirmou outro.
O mural inclui frases de auto-ajuda como as atribuídas ao escritor Paulo Coelho e versos criados pelos integrantes do grupo.
"Senhores do abandono por mulheres sem compaixão reclamam mais paixão", escreveu um sócio do clube. Outros deixam comentários irônicos: "Depois de vê-los na televisão entendi porque suas mulheres os deixaram".
As mulheres também publicaram comentários, de dor de cotovelo. "Eu também estou triste. Que vida louca", escreveu uma delas, confirmando que dor de cotovelo não é exclusividade masculina.

Oficina da Terceira Idade: Saiu sem querer : idosos devem 'se apressar e morr...

Oficina da Terceira Idade: Saiu sem querer : idosos devem 'se apressar e morr...: Ministro japonês causa polêmica ao dizer que idosos devem 'se apressar e morrer' Taro Aso, de 72 anos, sugeriu que a população idosa é d...

Saiu sem querer : idosos devem 'se apressar e morrer' ... diz ministro japonês Taro Aso, de 72 anos


Ministro japonês causa polêmica ao dizer que idosos devem 'se apressar e morrer'

Taro Aso, de 72 anos, sugeriu que a população idosa é dreno desnecessário nas finanças do país

22 de janeiro de 2013 | 18h 51
TÓQUIO - Um dos integrantes mais antigos do governo japonês, o ministro das Finanças, Taro Aso, causou polêmica no país ao sugerir que os idosos são um dreno desnecessário nas finanças do país e deveriam "morrer" para poupar gastos do governo com a saúde pública.
Taro Aso causa polêmica com declaração sobre idosos - Koji Sasahara/AP
Koji Sasahara/AP
Taro Aso causa polêmica com declaração sobre idosos
"Deus nos livre se você é forçado a viver quando quer morrer. Eu acordaria me sentindo cada vez pior sabendo que (meu tratamento) foi todo pago pelo governo", disse Aso na segunda-feira, durante reunião do Conselho Nacional de Reformas da Segurança Social, de acordo com o jornal britânico The Guardian. "O problema não será resolvido a não ser que você deixe que eles se apressem e morram."
O ministro, de 72 anos, também disse que recusaria qualquer tratamento médico para prolongar a própria vida. "Eu não preciso desse tipo de tratamento", afirmou Aso, acrescentando que escreveu uma carta aos seus familiares informando-os dessa escolha.
No Japão, quase 25% dos 128 milhões de habitantes têm mais de 60 anos. A proporção aumenta para 40% ao considerar a população com mais de 50 anos.
As declarações de Aso foram consideradas um problema para o novo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, obrigado a deixar o cargo em seu primeiro mandato em 2007 devido a declarações embaraçosas de integrantes de sua equipe.
Após muitas críticas, Aso tentou se retratar e reconheceu que seus comentários foram "inapropriados" e que suas declarações somente refletiam uma opinião pessoal e não eram uma sugestão para o governo. "Eu dei uma opinião pessoal, não quis sugerir como o tratamento de doentes terminais deve ser. É importante que uma pessoa consiga passar os últimos dias de sua vida em paz."
  

"... Descobrir o susto e a maravilha do bebê que chega logo... mesmo que ele não tenha um berço para repousar!

Lúcia Guimarães

O menino esperou 20 anos para nascer

24 de dezembro de 2012 | 4h 36
Lúcia Guimarães - O Estado de S.Paulo
Lembro a cena como se fosse ontem: uma tarde de calor escorchante. Estava em pé no meio da sala do apartamento e olhava em volta, procurando uma superfície segura para depositar o embrulho que trazia no colo. Nos meus braços, envolta em uma manta de algodão, minha filha de 3 dias não desconfiava do completo amadorismo da mãe, que julgava estar no oitavo mês de uma gravidez não planejada quando sentiu uma pontada estranha nas costas, no meio do fechamento do Jornal Nacional. Continuou trabalhando. Foi jantar com o marido num botequim pé-sujo de Botafogo. As pontadas continuaram e a estranha agitação foi temporariamente aplacada com a leitura do então muito debatido O Crepúsculo do Macho, de Fernando Gabeira. Como escreve bem o Gabeira. Ai, o que foi isso?
O berço de madeira encomendado ainda estava a caminho. O pai corria atrás de mamadeiras e esterilizadores. As camisas de pagão do Ceará, de algodão pele de ovo, não tinham sido lavadas e o carrinho de bebê emprestado não tinha chegado. Pior: como uma das últimas a nascer, até então, na minha pequena família, nunca tinha estado na presença de um recém-nascido, a não ser através do vidro de um berçário de hospital.
A história de improvisação e quase desastres que cercou minha estreia na maternidade provoca horror na minha filha. Ela vai ler manuais, vai ser acompanhada por profissionais, vai discutir dietas e teorias neonatais com a paixão com que eu brigava com trotskistas no diretório da faculdade.
Mas, de tudo o que soneguei à minha filha, por imaturidade e falta de ambição, não sabia que estava dando a ela algo que só faria diferença décadas depois: o fato de ter engravidado jovem. Se eu viver o bastante para precisar de assistência como idosa, minha filha estará madura, com filhos crescidos e alguma estabilidade para ficar menos vulnerável ao meu declínio.
O fenômeno dos pais de meia-idade cresce em sociedades industrializadas. É mais do que uma vitória dos tratamentos de fertilidade. As consequências da paternidade e da maternidade adiada têm sido tratadas mais do ponto de vista econômico e psicológico. A indústria da fertilidade apresenta uma narrativa de triunfo, frequentemente triunfo feminista, sem desdobramentos negativos. Filhos de pais mais velhos desfrutam maior afluência e sabedoria que é fruto da maturidade.
Mas, recentemente, estudos médicos mostram com mais clareza que não apenas a idade da mãe pesa nessa equação. A idade do pai influi no aumento de inúmeras doenças, do autismo à esquizofrenia. Uma ciência que provoca crescente desconforto entre aspirantes à procriação adiada, a epigenética, documenta transmissão de mutações e há de provocar um exame sobre as práticas de fertilidade em laboratório.
Não preciso me debruçar sobre publicações médicas para observar o que mudou para pior. No começo, ao notar a idade das mães que empurram carrinhos no meu bairro, um epicentro de adoções e casais ambiciosos que adiam a primeira gravidez, olhava com admiração a elaborada dedicação ao ritual reprodutivo planejado. O sucesso profissional exige mais anos de instrução superior. Educação e saúde de boa qualidade se tornaram luxo. Mas estas crianças do meu bairro começaram a falar e se manifestar como pequenos Mussolinis. Dominam as refeições noturnas. Não conseguem se distrair sozinhas. São exibidas como troféus. Seus ombros suportam o mundo e ele pesa mais do que a mão de um adulto narcisista e ansioso.
Uma grande amiga engravidou pela primeira vez aos 42 anos. Outro dia, ela passou a tarde vendo uma peça na escola da filha, uma daquelas montagens intermináveis, que requerem nossas reservas de amor e orgulho materno. Na mesma semana, passei a tarde no teatro com a minha filha. No palco, Martha e George se destroçavam na clássica Quem Tem Medo de Virginia Woolf, de Edward Albee. Disfarcei meu orgulho materno ao ouvir a análise serena que ela fez sobre a dinâmica de um casal.
Conversava com um conhecido clínico geral nova-iorquino, autor de sucesso e especialista em saúde na terceira idade e perguntei por que os pais de meia-idade criam filhos tão ditatoriais, como se cada um deles fosse o herdeiro da coroa britânica? "Esta obsessão do pai idoso é biológica, evolucionária", ele disse. Como assim? Ele explicou: se você tem o primeiro filho ainda jovem, sabe, inconscientemente, que pode ter mais filhos. Seu instinto protetor é diferente. Se começa a ter filhos depois dos 40, sabe que suas chances de procriar são radicalmente reduzidas.
É impossível desvincular a fertilidade do mercado de trabalho hostil à procriação e da ideia de que procriar cedo é um problema da mulher. Quem sabe se os filhos dos chamados pais-avós, mais afligidos por mutações genéticas, problemas de desenvolvimento psicológico, expostos ao trauma da perda prematura dos pais e o fardo de cuidar de idosos no começo da vida profissional, vão redescobrir o susto e a maravilha do bebê que chega logo. Mesmo que ele ainda não tenha um berço para repousar.

Arte no céu // Nuvens em exibição // 60 fotos

http://www.stumbleupon.com/su/AfljM7/:6vj9T3H6:Xl40enr$/matadornetwork.com/bnt/60-insane-cloud-formations-from-around-the-world-pics/http://www.stumbleupon.com/su/AfljM7/:6vj9T3H6:Xl40enr$/matadornetwork.com/bnt/60-insane-cloud-formations-from-around-the-world-pics/





60. Vortex cloud, Wallops Island, VA
The photo below is from a NASA study on the wake vortices of aircraft. Here, the vortex phenomenon is made observable with the use of colored smoke. The formation occurs naturally in many diverse scenarios — tornadoes, hurricanes, and cyclones being obvious cloud-related examples.

Read more at http://matadornetwork.com/bnt/60-insane-cloud-formations-from-around-the-world-pics/#woCWeexdbYX3cZtg.99 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

"Permissão para ser INfeliz" //Eliane Brum

Eliane Brum

ELIANE BRUM - 14/01/2013 10h18 - Atualizado em 14/01/2013 10h25
TAMANHO DO TEXTO

Permissão para ser INfeliz

A psicóloga Rita de Cássia de Araújo Almeida conta como a demanda por felicidade vem crescendo nos serviços de saúde mental da rede pública

ELIANE BRUM

Há alguns anos me pergunto se o “direito à felicidade”, que se tornou uma crença partilhada tanto por religiosos quanto por ateus na nossa época, tem sido causa de considerável sofrimento. Se você acredita que tem direito à felicidade, de preferência todo o tempo, ao sentir frustração, tristeza, angústia, decepção, medo e ansiedade, só pode olhar para esses sentimentos como se fossem uma anomalia. Ou seja: eles não lhe pertencem, estão onde não deveriam estar, precisam ser combatidos e eliminados. O que sempre pertenceu à condição humana passa a ser uma doença – e como doença deve ser tratado, em geral com medicamentos. Deixamos de interrogar os porquês e passamos a calar algo que, ao ser visto como patologia, deve ser “curado”, porque não faz parte de nós. É um tanto fascinante os caminhos pelos quais a felicidade vai deixando o plano das aspirações abstratas, da letra dos poetas, para ser tratada em consultório médico. E, ainda mais recentemente, como objeto do Direito e da Lei, inclusive com proposta de emenda constitucional.    

Quem acompanha esta coluna sabe que a felicidade tem sido um tema assíduo. Acredito que poucos fenômenos são tão reveladores sobre a forma como olhamos para a condição humana em nosso tempo como o “direito à felicidade”. Sem esquecer que este tema está relacionado a outros dois fenômenos atuais: a medicalização da vida e a judicialização dos sentimentos. Ou, dito de outro modo: tratar o que é do humano como patologia e dar aos juízes a arbitragem dos afetos. 
É importante – sempre é – ressaltar que obviamente existem doenças mentais e situações nas quais o uso de medicamentos é necessário e benéfico, desde que com acompanhamento rigoroso. O que se questiona aqui são os casos – infelizmente frequentes – de leviandade nos diagnósticos psiquiátricos e o consequente abuso no uso de medicamentos, que tem criado uma multidão de dependentes de drogas legais, cujas consequências só serão conhecidas nas próximas décadas. É íntima a relação deste fenômeno com a crença da felicidade que assinala nosso tempo. 
Desta vez, convidei a psicóloga e psicanalista Rita de Cássia de Araújo Almeida para falar sobre um recorte muito significativo: a crescente demanda por felicidade no SUS. No texto de final de ano em seu blog, ela abordava a “ditadura da felicidade” do ponto de vista de sua experiência como trabalhadora da rede pública de saúde mental. Rita, 43 anos, é formada em psicologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com mestrado em educação. Há 10 anos ela atua como psicóloga em CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), serviços estratégicos na área da saúde mental. Atualmente, Rita trabalha no CAPS Leste, de Juiz de Fora, e coordena o CAPS Casa Aberta, no município de Lima Duarte, ambos no interior de Minas Gerais. 
Nesta entrevista, ela toca em pontos importantes: o aumento do sofrimento causado pelo imperativo da felicidade; a crescente demanda por um diagnóstico de transtorno mental, com a consequente receita de medicamentos; a transformação de momentos como luto, desilusão amorosa e rebeldia juvenil em doença; a dificuldade cada vez maior de compreender que sentimentos como tristeza, angústia, frustração, ansiedade e medo dizem algo importante sobre a vida, que deve ser escutado e não calado. Assim como a insônia e a falta de apetite nem sempre significam doença, mas um aviso de que é preciso reformular algo no cotidiano.  
Nos últimos anos, Rita e seus colegas perceberam que tinham uma nova função ao acolher as pessoas que os procuravam na rede pública: autorizá-las a serem infelizes. Isso deve dizer algo sobre todos nós – e sobre nosso mundo.  

Você atua na rede pública de saúde, escutando pessoas que relatam dores psíquicas. Em seu texto de despedida de 2012, no seu blog, você escreveu sobre a “ditadura da felicidade”, apontando a diferença de queixa das pessoas nos serviços de saúde mental nesta última década. Afirmou que hoje o pedido é por “felicidade” – ou, dito de outro modo, teria se tornado impossível para as pessoas sentirem-se “infelizes” ou conviver com alguém “infeliz”. Como é isso?  
Rita de Cássia de Araújo Almeida
 Atuo na saúde pública, em serviços do tipo CAPS (saúde mental) há 15 anos, sendo 10 deles como psicóloga. E, sim, tenho percebido uma mudança na maneira como as pessoas entendem a felicidade. Num passado não muito distante a felicidade era um bem a ser conquistado, quase uma utopia. Hoje, as pessoas se sentem na obrigação de serem felizes. A psicanálise entende a nossa época como a “era do direito ao gozo”. Ou seja: hoje, todos têm o direito de gozar plenamente, sem restrições. Nesse caso, a felicidade deixou de ser uma contingência, um evento, e passou a ser um direito que supostamente deveria ser garantido. Vivemos sob a ditadura da felicidade, e, por isso, grande parte das pessoas tem dificuldade de passar por momentos de infelicidade, de frustração e de perdas com naturalidade, entendendo isso como parte da existência. 
O que você está dizendo é que o imperativo da felicidade, a obrigação de ser feliz, está provocando sofrimento?
Rita
 Percebo que as pessoas, além de sofrer pelo motivo que as levou a procurar ajuda, sofrem ainda mais pela angústia de ter que se livrar daquele sofrimento rapidamente, a qualquer custo. Não compreendem que aquilo que sentem pode ter um significado e um motivo que precisam ser escutados, pela própria pessoa. Também sentem muita necessidade de dar um nome para o que sentem. Querem logo receber um diagnóstico.
Tenho alguns exemplos que, imagino, não fogem muito à realidade de outros colegas trabalhadores da área. Um deles é quando alguém perde um ente querido e a própria pessoa – ou alguém da família, ou até mesmo outro profissional de saúde – solicita atendimento especializado pelo fato de ele ou ela estar sofrendo ou chorando muito. Enterram o pai num dia e querem estar prontos para ir ao cinema no fim de semana seguinte. Temos também adolescentes encaminhadas à psiquiatria por estarem em conflito com o namorado, assim como crianças indicadas por apresentarem problemas de comportamento e dificuldades de aprendizagem.
Para os que não estão familiarizados com o fluxo de funcionamento da atenção à saúde do SUS, precisamos abrir um parêntese para que entendam o exemplo que vou dar a seguir. O sistema funciona, ou pelo menos deveria funcionar, em rede. A atenção primária – o posto de saúde, unidade de saúde ou estratégia de saúde da família – é a extremidade da rede mais próxima do usuário. Portanto, é a primeira que ele procura quando apresenta qualquer problema. O desafio da atenção primária é não trabalhar em cima das especialidades médicas, mas intervir na pessoa como um todo, tendo como diretriz a promoção e a prevenção da saúde. Entretanto, a atenção primária pode, em casos mais específicos, nos quais a intervenção do chamado especialista seja imprescindível, acionar outros parceiros da rede que possam oferecer suporte. Os CAPS, modalidade de serviço que trabalho, oferecem uma escuta especializada no campo da saúde mental.

Certa vez, recebemos em acolhimento uma mulher, encaminhada por um profissional da atenção primária do nosso território de atuação. Segundo ele, esta mulher apresentava um quadro de insônia e delírio persecutório. Numa escuta mais cuidadosa, soubemos que ela, na verdade, estava insone por medo do marido, que ameaçava jogar água fervente em seu ouvido enquanto ela dormia. Portanto, uma ameaça real – e não um delírio de perseguição. Quando ela me disse que precisava de uma consulta com um psiquiatra para que ele lhe desse um remédio pra dormir, tive de perguntar a ela: “Um remédio? Para quê? Para a senhora acordar com o ouvido queimado?”. Parece óbvio, mas ela não se dava conta de que não dormir, no seu caso, era um sinal de saúde, era uma forma de se proteger (do marido violento) – e não uma doença. Tivemos de autorizá-la a estar com insônia e, obviamente, auxiliá-la a tomar outras providências mais adequadas à situação.
“Estamos nos tornando uma geração de humanos que teme sua própria humanidade” 
O que essa queixa de “infelicidade” diz da nossa época? O que ela oculta? O que revela?
Rita
 Na verdade, o que causa infelicidade às pessoas não mudou muito. Sofremos, em geral, pelo mesmo motivo apontado por Freud há quase 100 anos. Sofremos, na imensa maioria das vezes, do mal-estar resultante das nossas relações com os outros. Entretanto, percebo que mudou muito a forma como as pessoas lidam com esse mal-estar, com sua infelicidade cotidiana. Num passado não muito distante o profissional da saúde mental era, em geral, procurado para ajudar a pessoa a compreender seus mal-estares, decifrá-los. Hoje, um número cada vez mais crescente de pessoas nos procura com um único objetivo: se livrar dos mal-estares. Não querem saber nada sobre seus sofrimentos ou sobre sua infelicidade, não desejam decifrá-los ou interrogá-los. Querem apenas que o sofrimento e a infelicidade silenciem, e ainda demandam de nós uma resposta rápida, eficaz e, especialmente, que não lhe exija muito esforço. Estamos nos tornando uma geração de humanos que temem sua própria humanidade. Vivemos numa sociedade que pretende negar e rejeitar toda espécie de tragicidade que a condição humana carrega consigo.

O que perdemos quando paramos de nos interrogar sobre nosso mal-estar com o mundo? Ou sobre nossos conflitos, nossas angústias e ansiedades?
Rita –
 Para a psicanálise, nossos mal-estares são oportunidades que temos para reconduzir e aperfeiçoar nosso processo de subjetivação, de construção de nós mesmos, processo este que nunca cessa. São esses mal-estares que nos fazem repensar nossos valores, objetivos, nosso modo de ser e nossas relações. As lagartas, para se transformarem em borboletas, precisam antes passar pela fase do casulo. Se quisermos aproveitar esta metáfora para entender o processo de subjetivação humano, diríamos que somos capazes de viver esse processo de transformação um sem número de vezes. De lagarta para borboleta, de borboleta para lagarta, e assim sucessivamente. Estas transformações, por sua vez, só acontecem quando questionamos nosso modo de ser e de estar no mundo. Quando paramos de nos interrogar, perdemos a oportunidade de passar por essas transformações, ficando paralisados, fixados em uma só condição: ou lagarta, ou borboleta. E é muito melhor quando podemos aproveitar todas as possibilidades de estar nesse mundo.
Por que você acredita que paramos de nos interrogar? O que aconteceu? O que mudou?
Rita –
 A pressa talvez seja o sintoma mais evidente da nossa sociedade atual. Zygmunt Bauman (sociólogo polonês, autor de Modernidade LíquidaO Mal-Estar da Pós-Modernidade eVida para Consumo, entre outros) descreve muito bem nosso tempo. Ele diz que vivemos sob a pressão de constantes mudanças, o que favorece uma cultura do esquecimento, em vez de uma cultura do aprendizado e da lembrança.
Como eu disse, as queixas são as mesmas de 10 anos atrás, mas hoje é cada vez mais comum que as pessoas procurem soluções fáceis e rápidas. As pessoas não têm paciência e disposição para passar por tratamentos longos, que exijam esforço e tempo. Outro dia, eu ouvi algo mais ou menos assim, num atendimento: “Olha aqui, minha filha, eu não vim aqui pra ficar de conversinha com você. Eu tenho depressão e preciso de um remédio, porque esse que eu estou tomando não está valendo nada”.
O que você diz para uma pessoa que acabou de perder alguém que amava, mas não quer viver esse luto? Ou acredita que não deveria estar sentindo essa dor, ou até que é injusto sentir essa dor?