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terça-feira, 7 de abril de 2015

BNDES na fila dos escândalos e dos maiores escândalos... /


BNDES, UM ESCÂNDALO GIGANTESCO (O DA PETROBRÁS É APENAS GORJETA) --REPASSANDO...   


 Vejam o que o governo petista estava escondendo sob a alegação de “sigilo necessário”. Dá para assustar! Ver artigo “BNDES, um escândalo gigantesco” de Liberato de Póvoa, desembargador aposentado do TJ-TO       BNDES, UM ESCÂNDALO GIGANTESCO (O DA PETROBRÁS É APENAS GORJETA)   
Liberato Póvoa liberatopovoa@uol.com.br (Desembargador aposentado do TJ-TO, escritor, jurista, historiador e advogado)

 Li, estarrecido, um artigo do abalizado constitucionalista Leonardo Sarmento, publicado no “JusBrasil” do último dia 4 de fevereiro, que denuncia: “O BNDES patrocina ideologia partidária, enriquece protagonistas do sistema e empobrece o Brasil”. Acesse e leia a matéria, que vale a pena. O risco é você cair de costas. 
  Logo no encabeçar da matéria surge a imagem de um imenso “iceberg” em cuja ponta aparece o “mensalão” e, quase dez vezes maior, o “petrolão”, e - pasmem!  - na parte submersa, aparece o BNDES, com o tamanho no mínimo o suficiente para considerar o “petrolão” um mero troco, e o “mensalão”, uma insignificante gorjeta.   Discorre o articulista dizendo que nós sofremos uma crônica falta de infraestrutura, para cuja correção existe o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas ele financia portos, ferrovias, estradas e outras obras necessárias. Só que ele financia outros países, como se estivéssemos fazendo algo em troca de um retorno que nunca virá, ou se tivéssemos uma espécie de colônias com o dever de desenvolvê-las. 
  Todos devem lembrar-se de que, desde o primeiro governo petista, o cenário é o mesmo para personagens que a cada hora desempenham papéis diferentes, mas dentro de um mesmo “script”. Mercadante saiu do ministério da Educação, mas encarapitou na Casa Civil; Guido Mantega presidiu o BNDES até 2006, quando pulou de galho e foi empoleirar-se no ministério da Fazenda. Na sua gestão o total de empréstimos do Tesouro para esse Banco saltou de menos de 10 bilhões para 414 bilhões de reais. Esses empréstimos financiam atividades de empresas brasileiras no exterior, que, até bem pouco tempo, eram “segredo de Estado”, pois foram consideradas secretas pelo banco (o que já dava a impressão de maracutaia, para usar um vocábulo inventado por Lula, quando era oposição). 
  Mas no início do segundo semestre do ano passado o Ministério Público Federal acionou a Justiça para liberar tais informações. E a juíza federal Adverci Mendes de Abreu, da 20.ª Vara Federal de Brasília, considerou que a divulgação dos dados de operações com empresas privadas “não viola os princípios que garantem o sigilo fiscal e bancário” dos envolvidos (e a ilustre magistrada vem incomodando o PT com suas decisões: foi ela quem, esses dias, mandou deportar o terrorista Cesare Battisti, que Lula aninhara no Brasil, desafiando o Supremo)

   A partir da decisão da intrépida juíza, o BNDES está obrigado a fornecer dados solicitados pelo Tribunal de Contas da União, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU). E aí é que a coisa começou a ganhar uma dimensão que até então era sequer imaginada: 

...descobriu-se que o BNDES concedera mais de 3.000 empréstimos para a construção de usinas, portos, rodovias e aeroportos no exterior. Só uma amostra para o leitor se estarrecer junto comigo: as obras que o banco considerou estarem aptas a receber investimentos financiados por recursos brasileiros são obras tocadas por empresas flagradas pela “Operação Lava-Jato”, figurinhas conhecidas no lamaçal da corrupção. A Odebrecht obteve financiamentos de 957 milhões de dólares para o Porto de Mariel (Cuba), 243 milhões de dólares para a Hidrelétrica de San Francisco e 124,8 milhões de dólares para a Hidrelétrica de Manduruacu, ambas no Equador; 320 milhões de dólares para a Hidrelétrica de Cheglla, no Peru; um bilhão de dólares para o Metrô da Cidade do Panamá e 152,8 milhões de dólares para a Autopista Madden-Colón, ambas as obras no Panamá; um bilhão e 500 milhões para Soterramento do Ferrocarril Sarmiento, ambos na Argentina; 732 milhões de dólares para as Linhas 3 e 4 do Metrô de Caracas e 1 bilhão e 200 milhões para a segunda ponte sobre o rio Orinoco, na Venezuela; 200 milhões de dólares para o Aeroporto de Nacala e 220 milhões para o BRT de Maputo, ambas as obras em Moçambique. 

A OAS foi contemplada com 180 milhões de dólares para o Aqueduto de Chaco, na Argentina e a Andrade Gutiérrez, com 450 milhões de dólares para Barragem de Moamba Major, em Moçambique. E assim, aparecem outras empreiteiras, como a Queiroz Galvão, com obra na Nicarágua (Hidrelétrica de Tumarin), ao custo de um bilhão e cem milhões de dólares, e 199 milhões de dólares em obra na Bolívia (Projeto Hacia El Norte – Rurrenabaque-El-Chorro), sem se falar em outras obras no Peru e no Uruguai. Percebe-se que a “Lava-Jato” vem apenas se antecipando na revelação dos colaboradores da quadrilha. E isto foi apenas uma minúscula parte que se soube, pois o BNDES, alegando “sigilo necessário”, só revelou os beneficiários de 18% dos empréstimos. E foram mais de três mil. 
  
E recentissimamente, Dilma esteve, de araque, na posse de um “companheiro” na presidência do Uruguai, quando, na verdade, foi acertar com o colega Tabaré Vasaquez a construção de um porto naquele país companheiro, ao custo de um bilhão de dólares, dinheiro do BNDES. Com o Brasil atravessando uma crise sem precedentes, totalmente sucateado, é estranho que tais obras em países sem qualquer perspectiva de parceria útil, apenas unidos por ideologia, estejam jogando pelo ralo nosso minguado dinheirinho. E o que nos assusta é saber que, malgrado a boa vontade do Ministério Público e o verdadeiro heroísmo da Polícia Federal, estamos desesperançados com tanta corrupção, sem saber a quem recorrer. Em carta de 798 d.C, Alcuin de York advertiu Carlos Magno: “Vox populi, vox Dei”.Mas vamos provar muito em breve que “a voz do povo é a voz de Deus”. O povo que elegeu será o mesmo povo que tomará de volta o poder.   (Publicado no “Diário da Manhã” de 09/02/2015)      

"Obrigado Roberto Jefferson" / Nelson Motta

Assunto: Fwd: FW: Roberto Jefferson, por Nelson Motta     

Roberto Jefferson / Wikipedia
A análise de Nelson Motta está perfeita.             

Nelson Motta - O Estado de S.Paulo            

Se o mensalão não tivesse existido, ou se não fosse descoberto, ou se Roberto Jefferson não o denunciasse, muito provavelmente não seria Dilma, mas Zé Dirceu o ocupante do Palácio da Alvorada, de onde certamente nunca mais sairia.                    Roberto Jefferson tem todos os motivos para exigir seu crédito e nossa eterna gratidão por seu feito heroico: "Eu salvei o Brasil do Zé Dirceu".            
 Em 2005, Dirceu dominava o governo e o PT, tinha Lula na mão, era o candidato natural à sua sucessão. E passaria como um trator sobre quem ousasse se opor à sua missão histórica. Sua companheira de armas Dilma Rousseff poderia ser, no máximo, sua chefe da Casa Civil, ou presidente da Petrobrás.             

Com uma campanha milionária comandada por João Santana, bancada por montanhas de recursos não contabilizados arrecadados pelo Delúbio, e Lula com 85% de popularidade animando os palanques, massacraria Serra no primeiro turno e subiria a rampa do Planalto nos braços do povo, com o grito de guerra ecoando na esplanada: "Dirceu guerreiro/do povo brasileiro". Ufa!            
 A Jefferson também devemos a criação do termo "mensalão". Ele sabia que os pagamentos não eram mensais, mas a periodicidade era irrelevante. O importante era o dinheirão. Foi o seu instinto marqueteiro que o levou a cunhar o histórico apelido que popularizou a Ação Penal 470 e gerou a aviltante condição de "mensaleiro", que perseguirá para sempre até os eventuais absolvidos.             
 O que poderia expressar melhor a ideia de uma conspiração para controlar o Estado com uma base parlamentar comprada com dinheiro público e sujo? Nem Nizan Guanaes, Duda Mendonça e Washington Olivetto, juntos, criariam uma marca mais forte e eficiente.            
 Mas, antes de qualquer motivação política, a explosão do maior escândalo do Brasil moderno é fruto de um confronto pessoal, movido pelos instintos mais primitivos, entre Jefferson e Dirceu. Como Nina e Carminha da política, é a história de uma vingança suicida, uma metáfora da luta do mal contra o mal, num choque de titãs em que se confundem o épico e o patético, o trágico e o cômico, a coragem e a vilania. Feitos um para o outro.             
O "chefe" sempre foi José Dirceu. Combativo, inteligente, universitário - não sei se completou o curso - fala vários idiomas, treinado em Cuba e na Antiga União Soviética, entre outras coisas com uma fé cega em implantar a Ditadura do Proletariado a "La Cuba". Para isso usou e abusou de várias pessoas e, a mais importante - pelos resultados alcançados - era Lula. Ignorante, iletrado, desonesto, sem ideais, mas um grande manipulador de pessoas, era o joguete ideal para o inspirado José Dirceu.             
 Lula não tinha caráter nem ética, e até contava, entre risos, que sua família só comia carne quando seu irmão "roubava" mortadela no mercado onde trabalhava. Ou seja, o padrão ético era frágil. E ele, o Dirceu, que fizera tudo direitinho, estava na hora de colher os frutos e implantar seu sonho no país.            
 Aí surgiu Roberto Jefferson... e deu no que deu.   OBRIGADO ROBERTO JEFFERSON!

Olavo de Carvalho expõe fraudes do PT em TV Americana

Pense nisso ...

Por que nos comovemos com a Germanwings e esquecemos o Quênia http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/04/internacional/1428142200_147673.html

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Operação Lava Jato é internacional... Investigação do Metrô da Caracas pode apontar Lula e Odebrecht envolvidos

4/05/2015 10:23:00 PM

LAVA JATO: DINHEIRAMA DO BNDES QUE FINANCIOU METRÔ VENEZUELA ESTÁ SOB INVESTIGAÇÃO E ENVOLVE LULA E A EMPREITEIRA ODEBRECHT.

Marcelo Odebrecht, Lula e o finado tiranete Hugo Chávez: investigações levantam suspeitas sobre o montante de dinheiro do BNDES recebido pela Odebrecht via governo chavista segundo reportagem da revista Época.
Foi no fio do bigode, com a informalidade que marcou alguns negócios do Brasil com a Venezuela de Hugo Chávez. Em 26 de maio de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao subsolo do hotel Pestana, na orla de Salvador, para encontrar o líder venezuelano. Conversa vai, conversa vem, os companheiros acertaram que o BNDES desembolsariaUS$ 747 milhões para financiar a construção de linhas do metrô de Caracas, na Venezuela. Combinou-se que a obra seria tocada pela construtora baiana Odebrecht. Seis anos depois (e dois anos após a morte de Chávez), surgem indícios de irregularidades na operação, escondidas na quase impenetrável opacidade dos financiamentos do BNDES no exterior. Documentos reservados do Tribunal de Contas da União, obtidos por ÉPOCA, revelam que a construtora e o governo venezuelano receberam do banco mais dinheiro do que precisavam para executar as obras, sem apresentar as garantias necessárias para cobrir o risco do calote.
A operação de crédito orquestrada por Lula e Chávez levanta duas suspeitas principais. A primeira tem a ver com a aprovação do empréstimo do BNDES. Para liberar os US$ 747 milhões, o banco ignorou suas regras e abriu exceções camaradas: dispensou a exigência de garantias por parte da Odebrecht e assumiu o risco de calote acima dos limites estabelecidos em sua própria resolução. O segundo indício de irregularidade detectado pelo TCU se relaciona à “incompatibilidade entre os avanços físicos e financeiros do projeto”. Em outras palavras, o BNDES mandou dinheiro para as obras da Odebrecht mesmo quando elas não avançavam conforme o combinado. Assim, produziram-se saldos em dólares no exterior, embolsados pelo governo venezuelano e repassados à empreiteira para executar obras. Segundo cálculos do TCU, cerca de US$ 201 milhões foram “antecipados sem justificativa na regular evolução da obra” da linha Los Teques, o mais caro dos projetos. Entre janeiro e abril de 2010, a Odebrecht só havia gastado 8,15% do valor total do empreendimento. Mesmo assim, recebeu centenas de milhões de dólares do cofre do BNDES, via governo da Venezuela.
força-tarefa da Lava Jato já obteve fortes evidências de que a Odebrecht pagava propina a políticos e burocratas brasileiros por meio de empresas do grupo sediadas no exterior – o que inclui a Venezuela. A dinheirama para as obras no metrô está sob investigação. Do site de Época - Leia Mais

Charge de Sponholz / blog de Aluízio Amorim

Sponholz: A embusteira.


domingo, 5 de abril de 2015

Sindicalismo como profissão... / coluna de Reinaldo Azevedo

Lula deixa de ser estadista para ser sindicalista...

03/04/2015
 às 14:28

Lula está morto Minha coluna na Folha de hoje:

A Apeoesp, o sindicato dos professores da rede oficial de ensino do Estado de São Paulo, que tenta manter no muque uma greve à qual a categoria se nega a aderir, teve a coragem de patrocinar na TV uma campanha publicitária em que recomenda que os pais não levem seus filhos à escola. É indecente. É asqueroso.
Que tipo de gente faz isso? Isabel “Bebel” Noronha, “presidenta”, como ela gosta, da entidade, é aquela senhora que anunciou, em 2010, em outra greve malsucedida, que “quebraria a espinha” do então governador José Serra (PSDB). Na sequência, participou de um ato em apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT). A assembleia-fantasma da Apeoesp que aprovou a paralisação neste ano ocorreu no dia 13 de março, na rua, em meio aos “protestos a favor” do governo, sem que se pudesse saber quem era e quem não era professor.
No programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan, recebi um telefonema indignado de dona Márcia Amaral. Tem seis filhos. É diarista. Estava inconformada com a propaganda de Bebel, a burguesona do trabalho alheio que pretende cassar dos pobres o direito à escola para que possa impor a sua agenda na marra. Na quarta, 30 grevistas invadiram a Diretoria Regional de Ensino da mesma São Bernardo de onde Márcia me ligou. Dois funcionários ficaram feridos.(…)
Leia a íntegra na Folha.


Por Reinaldo Azevedo

Exemplar modelo de oportunismo político .... / coluna de Augusto Nunes

05/04/2015Luciana Genro, a leviana, aproveitou o assassinato de Eduardo e a morte de Thomaz para mobilizar a patrulha do luto

 às 1:35 \ Opinião
luciana-genro
VALENTINA DE BOTAS
“Meu filho Absalão! Absalão, meu filho!”, me lembro do lamento denso do rei Davi, em Samuel II, dilacerado pelo assassinato do filho que tentara matá-lo para lhe tomar o trono. Mesmo não vencendo o pai, Absalão destruiu-lhe um pedaço da alma, tanto que a ruína e morte de Thomas Sutpen, o protagonista do magnífico romance de Faulkner “Absalão! Absalão”, efetivadas pelos próprios descendentes, prenunciam-se na repetição do nome do filho do rei hebreu.
“Deixa, Deus, eles viverem”, me lembro de pais e mães na UTI neonatal onde minha filha permaneceu quase três meses porque nascera na improbabilidade do quinto mês de gestação. Enquanto não automatizam o ato da respiração, bebês prematuros se esquecem de respirar e ficam lá, paradinhos. Lindos, minúsculos e grandiosos. E os pais só pedindo: “Deixa, Deus, eles viverem”. Aí, voltam a respirar como quem leva um susto.
Alguns Deus não deixou; e tudo ficava impossível neste choque insuportável entre o que é pó em nós e a face horrenda do eterno. Me ausentei do mundo para ver minha filha cada dia de todos aqueles dias. A pequena audaz me dava colo nas 12 horas diárias que eu permanecia na UTI: eu vigiava Deus. Saudável e doce, ela é a memória diária de um milagre; não é a única filha que tive, mas é a única que tenho. O que me faz pensar mais de perto nos pais que conhecem essa dor absoluta e subversiva.
As mortes de Thomaz e Eduardo, uma num acidente estúpido – será que a única forma de testar um helicóptero é fazê-lo voar? – e a outra numa selvageria, reforçam que talvez só os indecifráveis propósitos divinos possam harmonizar o sublime (o milagre) e o nefando (a tragédia) que nos tangem neste mundo, embora ambos necessitem do humano para acontecer.
Desnecessário é o desrespeito de Luciana Genro aos mortos que, à sombra da pilha de cadáveres que a ideologia que ela rumina produziu, usou o assassinato de Eduardo para exercer a patrulha do luto: quer saber por que não lamentar a morte de Eduardo. Ora, todos lamentamos uma barbaridade dessas. Leviana, sugere que o preconceito de classe sepulta Eduardo no esquecimento.
Duplamente estúpida – por ser estúpida mesmo e por achar que ninguém percebe –, confessa involuntariamente que só se lembrou de Eduardo pela asquerosa conveniência ideológica, afinal quando foi que lamentou quaisquer dos incontáveis eduardos anteriores a este? O texto do nosso Reynaldo disse tudo e fico pensando nos pais cujos filhos se vão. Em geral, orgulhamo-nos e ficamos felizes com o êxito dos filhos, claro; mas é em algum insucesso, em alguma vulnerabilidade deles que nosso amor parece maior.
Vai ver é aí que nosso amor pelos filhos se exacerba e realiza a completa potência dele. Seja o pai um rei ameaçado, plebeus numa UTI, o governador ou um ajudante de pedreiro. Mas todo esse amor não os poupa do abismo que tocaia a todos e quando um filho morre, talvez o mesmo amor que nos leva ao limite do humano possa nos fazer confiar nos planos de Deus e, então, vislumbramos a face sublime do eterno no milagre de conseguir ir em frente.

O fatalismo político predominante na América Latina nos coloca na traseira do desenvolvimento do processo econômico mundial

















MUNDO
ORIENTE MÉDIO


A verdade e a busca da verdade

Por: Por Eurípedes Alcântara05/04/2015 às 13:38 - Atualizado em 05/04/2015 às 16:42
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Mahmoud Ahmadinejad, Hugo Chávez e Cristina Kirchner(Morteza Nikoubazl/Reuters;Jorge Silva/Reuters; Alberto Pizzolia/AFP)


Apesar das diferenças culturais e das vertentes históricas nem sempre coincidentes, os países da nossa América do Sul tendem a mover-se coordenadamente em política. O caudilhismo, a mímica do fascismo europeu, as turbulentas experiências democráticas do pós-guerra, os regimes militares durante a Guerra Fria e, agora, o populismo "dependendista"-- em que, idealmente, o nascimento, vida e morte de empresas, e quem sabe, de pessoas -- depende unicamente da vontade do Estado. Movemo-nos em nossos países acompanhando o eixo pendular de forças tectônicas que, abaixo das nossas percepções conscientes, direcionam nosso pensamento e ação políticas. O processo, é evidente, dá-se em ritmos e graus diferentes. No entanto, individualmente nossos países são como passageiros caminhando para a traseira no corredor do avião imaginando que vão para onde seus narizes apontam, quando o vetor de seu deslocamento real é aquele pelo qual vai a aeronave. Com o risco de render-me ao fatalismo e de minimizar o protagonismo individual como agente da história, esse é o processo que, a meu ver, predomina em nossa caminhada conjunta na América do Sul. Como bom materialista, francês Fernand Braudel, em "A Dinâmica do Capitalismo", sua obra quase póstuma, de 1985, tenta explicar,em parte, esse comportamento de manada no continente sul-americano e, de certa forma, de toda a América Latina, pela nossa matriz econômica comum: monoculturas locais com preços das nossas mercadorias definidos nos centros consumidores da Europa, Estados Unidos e, mais recentemente,China. Em uma palavra, dependência, da qual, aponta Braudel, só nos livraremos com educação de qualidade para a maioria e capacidade técnica para agregar valor a nossos produtos de modo que eles imponham seus preços em qualquer mercado. Antes de prosseguir para a questão central que motivou esse artigo, quero crer que, interpretando os rumores do mundo à minha volta, o pêndulo do continente já está se movendo do populismo dependentista para uma posição de equilíbrio. A imprensa livre e comercialmente viável de nossos países teve e está tendo um papel importante em apressar o movimento reparador da dolorosa distorção populista.

Saiba mais: Chavistas confirmam conspiração denunciada por Nisman

Ocupo esse espaço no diário Perfil como uma oportunidade muito bem recebida de comentar, no limite dos respeito às fontes jornalísticas, as circunstâncias que levaram VEJA a obter as informações que embasaram a reportagem "A Conexão Teerã-Caracas-Buenos Aires", de 18 de março deste ano, em que se revelou a intermediação por Hugo Chávez, em Caracas, de acordo firmado entre o governo do Irã e da Argentina, que tinha dois objetivos:

1) a retirada de ordens de captura contra funcionários iranianos acusados de envolvimento no atentado à Amia; e

2) dar acesso a Teerã a certas tecnologias nucleares relacionadas à produção, estocagem e transporte de plu†ônio, resíduo do urânio não-enriquecido, um dos combustíveis dos reatores de água pesada da usina argentina de Atucha I.

Em troca, o Irã se comprometia a financiar o dramático aumento no volume de compra por Chávez de bônus soberanos argentinos.

A pista para se chegar às pessoas que passaram a VEJA essas informações foi aberta em 2010 pelo Wikileaks que, então, mencionou, de passagem, que os serviços de segurança dos Estados Unidos trabalhavam em colaboração com suas contrapartes no Brasil na investigação de simpatizantes e financiadores de grupos terroristas, em especial,o libanês Hezbolá e outros de menor capacidade operacional, mas que tinham em comum o recebimento de apoio material e logístico do Irã. VEJA designou o jornalista Leonardo Coutinho para, a partir das informações do Wikileaks, encorpar a história. Depois de quatro meses de trabalho, Leonardo Coutinho produziu e assinou a reportagem "A rede - O terror finca bases no Brasil". A reportagem revelou a existência de uma rede de financiadores do terror em operação no Brasil, cujos integrantes podiam ser encontrados em diversas cidades do país, algumas bem distantes da região do Iguaçú, a Tríplice Fronteira, epicentro da investigação dos agentes brasileiros e americanos. VEJA e Leonardo Coutinho foram processados judicialmente por algumas das pessoas identificadas pela reportagem. As acusações contra VEJA e seu repórter não prosperaram na Justiça, onde já foram ou continuam sendo recusadas por juízes de diversas instâncias.

Como ocorre com frequência com jornalistas que trabalham com seriedade, transparência e clareza de propósitos, Leonardo Coutinho tornou-se interlocutor de muitos de seus entrevistados, alguns deles tendo sido identificados como suspeitos pela reportagem, mas que descobriram estar sendo instrumentalizados por extremistas em quem, por desconhecimento, confiaram. Paralelamente, diplomatas de diversos países, analistas políticos, investigadores, policiais e membros moderados da comunidade muçulmana no Brasil e no exterior passaram a procurar Coutinho com o objetivo de compartilhar o que sabiam sobre aquelas atividades. As relações de Hugo Chávez com o Irã e os Kirchner na Argentina surgiram no radar de Coutinho de uma dessas conversas.

VEJA parte do princípio de que em uma investigação jornalística, más pessoas podem ser portadoras de boas informações. Assumimos também que uma fonte com intenções escusas tem interesse em ver revelado aquilo que nos conta. Seu motivo mais frequente é vingança, por exemplo, por ter se sentido injustiçada na repartição do produto de algum ato de corrupção. Pouco importa. Temos que falar com esse tipo de fonte, ouvir que têm a dizer, entender seus motivos, checar a e rechecar o que contam com outras fontes, obter provas documentais -- ou, na impossibilidade de obter os originais ou cópias fotográficas, pelo menos, vê-las e manuseá-las. Como dissemos internamente em VEJA, "falar com o Papa não nos torna santos, da mesma forma que falar com corruptos não nos corrompe". Leonardo Coutinho obteve diversas provas de que sua fonte sobre Chávez era alguém que privara da confiança e do convívio com o líder venezuelano e sua corte. Através dessa fonte, Leonardo soube de detalhes do câncer que acabou por matar Hugo Chávez e, assim, pudemos relatar a evolução real da doença e não, ingenuamente, dar publicidade às versões edulcoradas da propaganda oficial. O mesmo alto funcionário do governo de Caracas deu-lhe a estrutura do que viria a ser uma excelente reportagem sobre as relações entre o chavismo com o narcotráfico.

Com a subida de Nicolás Maduro ao poder, alguns dos informantes do repórter de VEJA na Venezuela romperam com a nova ordem e abandonaram o país, a maioria indo se estabelecer nos Estados Unidos. Eles se juntaram a quase uma dezena de outros expoentes do núcleo de poder chavista cujos acordos e alianças não puderam ser transferidos para Maduro. Exilados nessas condições sabem que, dependendo de com quem se relacionam, são valiosos ora pela fortuna material que legitimamente possuem -- ou subtraíram de suas pátrias -- ora pelas informações de que são portadores. A tendência é que gastem esse patrimônio com parcimônia, pois para eles a ruína seria que suas vidas biológicas durem mais do que suas fortunas. Mais ruinoso ainda para o interesse pessoal deles seria a revelação de que seus tesouros materiais são feitos de ouro de tolo e moedas falsas ou que as informações que passam à frente não tenham qualquer substância.

É natural, portanto, que esses personagens sejam fontes de informações sobre o que se passava no coração da estrutura de poder de Chávez. É natural que despertem a curiosidade de bons jornalistas e o interesse de diplomatas e serviços de inteligência de diversos países. Mas é natural também que as histórias que cada um conta não devam ser tomadas na integralidade por seu valor de face. É preciso, como fez Leonardo Coutinho, cruzar as histórias entre eles e checa-las com outras fontes até que , por serem do interesse público, pudessem ser publicadas.
A publicação de reportagens -- como as que revelam o acordo Caracas-Teerã-Buenos Aires e a existência de contas conjuntas no exterior da família Kirchner e uma alta funcionária do governo argentino -- não devem ser vistas como o julgamento definitivo sobre esses fatos. Uma boa reportagem é apenas uma porta aberta para outras reportagens. Não quero e não posso aqui afirmar que as reportagens de VEJA sobre esses episódios, sendo fidedignas e corretas no essencial, sejam absolutamente verdadeiras em todos os menores detalhes. O que quero e posso afirmar é que na história de 46 anos de VEJA, chegar e se manter na posição de maior, mais lida e respeitada revista de informação do Brasil é um feito conseguido não pela publicação apenas de verdades absolutas, mas por meio da absoluta clareza de propósitos na busca da verdade. É exatamente isso o que incomoda e nos distingue de arranjos políticos com pendor totalitário. Eles acreditam ter encontrado e se assenhorado da verdade. Nós estamos sempre em busca dela.
Este artigo de Euripedes Alcântara, diretor de redação de VEJA, foi publicado em 5 de abril pelo diárioPerfil, da Argentina, com o título "Trastienda secreta de la investigación de 'Veja'".
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No PT, qual a proporção entre defeitos e virtudes...? Época / Guilherme Fiuza



domingo, abril 05, 2015

O manifesto da virtude não contabilizada 

GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA


O Brasil estava à deriva, até que veio o encontro nacional do PT em São Paulo. Os presidentes dos 27 diretórios reuniram-se em torno do oráculo, e aí tudo ficou claro como a pele da elite branca. É sempre assim: por mais tenebrosa que seja a tempestade lá fora, quando o PT se junta em torno de Lula da Silva, tudo fica belo e luminoso. Ficamos sabendo que a crise é pura inveja que os ricos têm do povo. E saiu um novo manifesto -atenção, Brasil! - no qual o partido do mensalão e do petrolão ensina aos brasileiros o que é virtude.

É claro que o manifesto do PT não trata da estagnação econômica, nem da previsão de recessão apontada pelo Boletim Focus do Banco Central. Eles estão no Palácio há 12 anos, mas não têm nada com isso. O documento também não trata da mais recente façanha do partido - a inscrição de seu tesoureiro como réu no processo da Lava Jato. Isso é o tipo de coisa que só interessa à imprensa burguesa. E é justamente a imprensa o que preocupa os companheiros em seu mundo dourado. O manifesto propõe um projeto de lei para controlar a mídia (novidade!) - no exato momento em que a presidente dá posse ao novo ministro da Secretaria de Comunicação exaltando a... liberdade de expressão.

Dilma falou que sabe quanto a imprensa livre é importante, porque ela é uma pessoa que viveu sob uma ditadura. Atualmente, no Brasil, praticamente só Dilma viveu sob uma ditadura. Todos aprendemos a acompanhar, contritos, o sofrimento diuturno de Dilma Rousseff em sua resistência implacável aos militares. Quando começamos a achar que a batalha está concluída, o Palácio do Planalto solta mais um release sobre "Os anos de chumbo", e lá vamos nós sofrer mais um pouco ao lado de nossa heroína. Não há nada mais urgente hoje no Brasil do que apoiar Dilma contra o regime militar. Ela há de nos libertar desse inimigo morto e enterrado há 30 anos.

Enquanto a presidente luta heroicamente pela liberdade de expressão, que só ela sabe quanto é valiosa, seu partido costura docemente a mordaça. O PT já tentou colocar rédeas na mídia até através de um pacote de direitos humanos. Agora, o tal manifesto propõe uma nova regulamentação do direito de resposta. Os companheiros só vão sossegar quando a comunicação de massa no país alcançar o padrão de uma assembleia do partido. Chega de perseguição a guerreiros do povo brasileiro como João Vaccari. A cada denúncia publicada sobre as peripécias do tesoureiro na arrecadação de fundos para a revolução progressista, a mídia há de ter que abrir espaço para a resposta do guerreiro. E ele terá o sagrado direito de declarar, como seu antecessor Delúbio no mensalão, que há uma conspiração da direita contra o governo popular.

O manifesto divulgado pelo PT no dia 30 de março explica que o partido está sendo "atacado por suas virtudes". Não esclarece se entre essas virtudes está a formidável capacidade de captação de recursos junto às empresas investigadas na Lava Jato. Ou a invejável capacidade de escolher e cultivar os diretores certos para a Petrobras, sem os quais uma legião de parasitas e picaretas morreria de fome. Talvez por humildade exacerbada, o manifesto do PT não cita entre suas virtudes a façanha de ter jogado a maior empresa brasileira na lona, rebaixando-a ao grau de investimento especulativo. Tamanho virtuosismo realmente só poderia gerar inveja e perseguição.

"A campanha de agora é uma ofensiva de cerco e aniquilamento", diagnostica o manifesto. "Para isso, vale tudo. Inclusive criminalizar o PT." Eis o escândalo: estão criminalizando o PT. Será que não percebem que todos os crimes pelos quais os petistas têm sido indiciados, julgados e condenados são crimes decorrentes das suas virtudes? Será possível que essa elite golpista não aprendeu a distinguir o crime mau do crime bom?

Na reunião de cúpula, o assessor da Presidência, Marco Aurélio Garcia, esclareceu: "Ganhamos a eleição com uma narrativa que a presidente assumiu de forma corajosa". No dia seguinte, no Senado, o ministro da Fazenda tentava salvar a pele do governo com uma narrativa oposta a essa que a presidente assumiu corajosamente. Talvez seja por isso que as multidões voltaram às ruas: 
entenderam enfim que estão sendo governadas há 12 anos por uma narrativa.





Postado por MURILO às 10:41