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domingo, 1 de outubro de 2017

"Existe rock reacionário ?" Guilherme Fiuza

domingo, outubro 01, 2017

Vocês são "inútil" - 

GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA

Quem banca o saneamento da máquina pública é ele mesmo, um cacique do velho PMDB


Mais um festival de rock se vai, deixando mensagens no ar. Mas quem quiser decifrá-las para entender, afinal, o que é que muda o mundo, poderá se assustar: mantidas as tendências atuais, logo o rock"n"roll estará servindo para protestos contra a Guerra do Vietnã e em defesa da pílula anticoncepcional. Será que o mundo está mudando de marcha a ré? Existe rock reacionário?

Foi comovente ver aquelas bandas brasileiras caricaturando o passado que nunca tiveram, soltando brados heroicos contra o governo e a política nacional. Se tivessem gritado com metade desse entusiasmo nos 13 anos de rapinagem do PT... Bem, não teria acontecido nada, porque esses rebeldes não fazem mal a ninguém.
A rebeldia empalhada do Rock in Rio não se lembrou de Luiz Inácio Lula da Silva, o comandante do maior assalto da história republicana. Num país mais ou menos saudável, os acordes ensurdecedores do mensalão, do petrolão e das revelações obscenas da Operação Lava Jato imporiam, sobre qualquer outro som, o brado pela prisão de Lula. No entanto, o heptarréu (já condenado em um dos processos) não inspira os revolucionários da tirolesa.

É a onda purificadora mais poluída da história da rebeldia cívica (alô, vigilância sanitária!). No embalo do bordão carne assada "fora Temer", que virou até brinco no festival, os intelectuais de porta de assembleia resolveram classificar o impeachment da senhora Rousseff (que também está solta) como a mera substituição de uma quadrilha por outra. Não, companheiros da limpeza. Não foi isso o que aconteceu.

Notícia em primeira mão para vocês que estão chegando de Woodstock: a Petrobras, maior empresa nacional, jogada na lona pelo estupro petista, foi saneada e reerguida no espaço inacreditável de um ano. A mesma transfusão de gestão aconteceu no Banco Central, no Tesouro e nas principais instituições que comandam a economia nacional. Vocês não poderiam saber de nada disso porque estavam assistindo a Jimmy Hendrix, mas aí vai: o dólar, os juros, o risco país e a inflação despencaram, também em tempo recorde. Portanto, companheiros revolucionários, avisem ao pessoal da limpeza que, no coração do estado brasileiro, não houve a substituição de uma quadrilha por outra. A não ser que a que entrou seja uma quadrilha do bem, como vocês fingem que a gangue do Lula é.
Quem está bancando esse saneamento da orgia petista na máquina pública, contra tudo e contra todos, queridos metaleiros de playground, é o mordomo! Ele mesmo, um cacique do velho e fisiológico PMDB, que tem de ser investigado sempre. Mas o que se viu foram denúncias fajutas montadas por um falso justiceiro para fazer política – ou, mais precisamente, retomar o poder central para a turminha do progressismo trans.

Em outras palavras, os rebeldes de festival que pagam 500 pratas por um ingresso gritavam por uma virada de mesa a favor de quem esfolou o povo. Não esse povo imaginário que eles defendem, mas o povo que jamais passará nem na porta do Rock in Rio, muito menos participará de protesto fashion bem na hora que o emprego começa a reaparecer.

Os heróis dos revolucionários de auditório são personagens como Rodrigo Janot, que alegrou a criançada com sua brincadeira de arco e flecha enquanto conspirava com os açougueiros biônicos do PT. Janot e os rebeldes de festival deram à delinquência de Dilma Rousseff uma anistia comovente. A regente do petrolão, com seus e-mails de obstrução à Lava Jato esfregados na cara do país, não mereceu flechadas verdadeiras nem gritinhos da plateia.
O Rock in Rio 2017, com suas claques colegiais regidas por cantores decadentes – desesperados por um pouco de charme ideológico –, sintetizou a covardia fantasiada de bravura: todos passando aquele perfuminho de rebeldia para pertencer a um levante imaginário da esquerda popular contra a direita elitista. Todos, portanto, atrás do mesmo véu que protegeu o deputado petista flagrado comprando sua eleição no próprio PT – o último milagre da narrativa coitada.

A má notícia, companheiros perfumados, é que essa barulheira demagógica vai morrer dentro de sua própria bolha. A trilha sonora desse festival deveria ter sido cerimoniosamente solicitada ao Roger do Ultraje a Rigor: a gente somos inútil!

Detran sob nova direcao... O Dia

Detran libera vistoria de veículos com até cinco anos de fabricação

Medida valerá a partir de janeiro de 2018, junto com outros projetos contra burocracia e corrupção no órgão

Rio - A partir de janeiro de 2018, veículos com até cinco anos de fabricação não serão mais obrigados a passar pela vistoria anual do Departamento de Trânsito do Rio (Detran-RJ). Também em janeiro, ou mais tardar fevereiro, o combate à corrupção no órgão vai ser intensificado: todos os postos da autarquia terão monitoramento de câmeras em tempo real, a equipe de corregedoria salta de três para 57 agentes e serão realizadas blitz de surpresa nos postos de vistoria para coibir os desvios de conduta. Até o final do ano que vem, mais oito unidades de serviços serão inauguradas em cidades que não contam com postos do órgão.

O presidente da autarquia, Vinícius Farah, assumiu há seis mesesMárcio Mercante / Agência O Dia

O Detran quer deixar para trás a fama de corrupto e ineficiente. As medidas, anunciadas pelo presidente do órgão, Vinicius Farah, integram uma série de projetos concebidos para desburocratizar os serviços e enfrentar o mais enraizado dos problemas: a corrupção. "Não estou tapando o sol com a peneira. A corrupção existe e a gente está criando ferramentas para inibir e punir", garantiu Farah, que em seis meses à frente do Detran, já demitiu 90 pessoas por desvios de conduta.
"Assumi o Detran tem seis meses e meio, justamente com a missão de encurtar o caminho entre o órgão público e o dia a dia do cidadão. O Detran é um órgão que está diretamente ligado à vida de 16 milhões de pessoas, por uma característica muito clara: é o único do país que abrange o serviço de identificação civil. Nos outros estados, normalmente, é a polícia que faz isso", argumentou o Vinicius.
Tão logo sentou na cadeira de presidente, ele e sua equipe identificaram as vulnerabilidades do órgão e as demandas que, ao longo do tempo, foram se acumulando. "Não demorou muito tempo para enxergarmos o óbvio: o Detran que deveria ser um órgão facilitador, tinha uma série de barreiras e ferramentas que dificultavam essa entrega de serviço". Com o diagnóstico em mãos, Farah partiu para a ação. Surge, então, o primeiro, e um dos mais celebrados programas, o Detran Presente. "Esse projeto inverte a ordem natural das coisas. O cidadão levava de 10 a 15 dias para conseguir fazer o agendamento. Depois esperava de 30 a 40 dias para receber o serviço. Isso, sem contar com as reclamações de como eram atendidos. Era o maior absurdo que já vi: o cidadão quer pagar e não consegue porque não consegue agendar. O órgão que sobrevive da receita do cidadão atrapalhava quem queria pagar!", disse, estarrecido, o presidente da autarquia.

DetranArte O Dia

Segundo ele, o Detran Presente leva o órgão até as pessoas. "Todo sábado, o Detran Presente visita uma cidade ou região, com mais de 150 profissionais, com toda a estrutura do órgão, de 9h às 16h", explicou Farah. Ele garante que o Detran Presente resolve dois problemas que emperravam o órgão. "Primeiro, a gente entrega o serviço, que é o grande desejo do cidadão; e também elimina os atravessadores, que aproveitavam a burocracia do órgão para vender facilidades. E ainda melhora a receita do órgão", garantiu. O projeto deu tão certo que foram criadas edições especiais do projeto. Amanhã, por exemplo, tem Detran Presente exclusivo para motofretistas, no posto da Barra da Tijuca.
Na luta contra os brigões no futebol
O Detran vai auxiliar a Polícia e a Justiça a combater os torcedores brigões. Segundo o presidente do Detran, Vinícius Farah, o órgão vai utilizar uma tecnologia de leitura facial, que já possui, para identificar, na multidão, membros de torcida organizada proibidos de frequentar os estádios.
”Vamos criar uma espécie de lista negra. Quem estiver nela e tentar entrar no jogo vai ser barrado na roleta. O programa é tão preciso que se o cara estiver de boné ou um falso bigode, ele consegue identificar”, afirmou Farah. O projeto está sofrendo ajustes e deve começar a operar em meados do ano que vem. Segundo Farah, a lista negra vai ser inserida no banco de dados do Detran.”Para não ter que checar todo mundo dentro do estádio, coisa de 70 mil pessoas, o programa identifica aqueles selecionados e lança um alerta ao pessoal da entrada do estádio”
Centro médico e refeitório
As boas novas do Detran não se limitam ao público. Segundo o presidente Vinícius Farah, os colaboradores da autarquia também foram lembrados. "Estamos fazendo um centro médico e odontológico para os funcionários do Detran, dentro do prédio. Também teremos um novo refeitório, para que as pessoas tenham mais conforto, além de oferecer cursos de qualificação", adiantou. O presidente disse ainda que está revisando os métodos de meritocracia para os funcionários.
'Estamos construindo o Novo Detran'
O Dia - A imagem do Detran sempre foi associada à burocracia e corrupção. Como mudar isso?
Quando o governador Pezão me fez o convite, deixou claro que precisava dar uma nova cara ao Detran. Não poderia ser mais o órgão que só arrecadava tributos e não devolvia ao cidadão o produto pronto de forma moderna. A gente está atacando as duas questões mais importantes e que eram mais vulneráveis: burocracia e o desvio de conduta das pessoas que trabalham nos postos.
Mas, acabar com a corrupção não é utopia?
Acabar completamente, talvez seja. Mas, criamos o Detran Conduta. Juntei a Ouvidoria com a Corregedoria, ampliei a equipe e estamos implantando um sistema de monitoramento com imagens em tempo real. Porém, as câmeras vão estar monitorando também o cidadão que tentar corromper o agente público. E quem for flagrado vai ser processado. Fizemos convênio com o Ministério Público para promover a ação penal.
E como enfrentar a burocracia?
Com tecnologia e ações. O Detran Presente já está facilitando a vida das pessoas. Além disso, ampliamos o telemarketing que agenda os serviços.

O mapa ideológico do Brasil

https://youtu.be/8qz7YAYTOe0

Divirta-se com Neymar

https://youtu.be/4mUfXgqa9Uk

sábado, 30 de setembro de 2017

Jucá ficou bravo depois de sua família tornar-se suspeita de diversas ilicitudes no estado de Roraima

Com filhos na Polícia Federal, Romero Jucá parte para o ataque

Em entrevista à emissora de rádio da filha, em Roraima, senador critica a imprensa e xinga o ex-procurador Rodrigo Janot, responsável pela Lava Jato

MATEUS COUTINHO
30/09/2017 - 12h30 - Atualizado 30/09/2017 12h37
Um dia após seus dois filhos serem indiciados pela Polícia Federal em Roraima, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foi à rádio 93FM, que pertence à sua filha, e deu uma longa entrevista na qual chamou o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de “palhaço”, e “imbecil”. Jucá também criticou a imprensa, a ponto de chamar jornalistas da Rede Globo de “canalhas” por terem divulgado os áudios de conversa entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Em um dos trechos gravados por Machado, que na ocasião buscava firmar um acordo de delação premiada, ouve-se Jucá dizer que era preciso “estancar a sangria”, em referência ao avanço da Operação Lava Jato.
senador Romero Jucá (Foto:   Pedro Ladeira/Folhapress)
A rádio 93 FM de Roraima está registrada em nome de Marina de Holanda Menezes Jucá. Ela e seu irmão, Rodrigo Jucá, ex-deputado estadual, foram indiciados pela PF pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no caso da venda superfaturada de uma fazenda cujo terreno, mais tarde, foi usado para construir um empreendimento do programa Minha Casa Minha Vida. Duas enteadas de Jucá foram conduzidas coercitivamente. Em resposta, Jucá dedicou quase 40 minutos à entrevista para defender os filhos e enteadas e rebater as acusações feitas pela Polícia Federal.  Em seguida, Jucá lembrou do episódio com Sérgio Machado, no ano passado. “Um ano eu fui atacado, o Jornal Nacional, todo dia aqueles canalhas da Globo bateram em mim", disse Jucá ao locutor. "A imprensa toda, falando de “sangria”, quando eu falava que a sangria era o governo da Dilma que estava matando o povo brasileiro, tirando o sangue do País”. 
A partir daí, Jucá passou a atacar o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que apresentou três denúncias contra o senador na véspera de deixar o cargo, no dia 17. “Pois bem: esse palhaço desse Janot, um mês antes, quinze dias antes de sair, ele teve dar um despacho se dobrando ao relatório da PF, dizendo que não tinha nada de errado que eu tinha feito, nem tinha falado nada que tinha que ‘parar a Lava Jato’”, atacou. “Ao contrario, eu ajudei a aprovar aquele imbecil na recondução dele do Senado, mas não sabia que ele era tão imbecil a esse ponto”. Jucá é um dos parlamentares campeões de inquéritos na Lava Jato. 
Na conversa grampeada, o senador afirmava que era necessário “mudar o governo para estancar a sangria”  e mencionava como ‘solução’, o então vice-presidente Michel Temer. À época, a então presidente Dilma Rousseff estava à beira do processo de impeachment e Nachaod e Jucá falavam sobre as investigações. Jucá, inclusive, sugeria um “pacto nacional” com o Supremo para que a Lava Jato não avançasse sobre outros alvos além dos que já estavam sob investigação. O áudio levou à abertura de um inquérito contra Jucá, Renan Calheiros e o ex-presidente José Sarney por suspeita de tentativa de obstrução de Justiça e que foi arquivado por Janot em seus últimos dias à frente da Procuradoria já que, apesar dos áudios, nem a polícia nem a Procuradoria encontraram provas de como os parlamentares agiram para prejudicar a investigação.
Ao final, Jucá ainda aproveita o recente escândalo envolvendo a negociação da delação dos executivos da J&F para atacar Janot e toda sua equipe que esteve à frente da Lava Jato.
“E o que aconteceu hoje? Estão aparecendo os áudios da JBS, hoje apareceu um dizendo que ele (Janot) queria acabar com o PMDB, que eles montaram um esquema, uma facção uma organização criminosa de delação premiada. Ele, o Marcelo Miller (ex-procurador suspeito de fazer jogo duplo na negociação da delação), o Pelella (Eduardo Pelella, ex-chefe de gabinete de Janot) o Sérgio Bruno (promotor que estava no Grupo da Lava Jato na PGR),  com a doutora Fernanda (Tórtima, advogada da JBS que atuou na negociação da delação) o Sérgio Machado, esse povo todo aí, os filhos do Cerveró. Tudo no pacote, isso será investigado, isso será apurado a sociedade brasileira vai saber de toda essa história”.
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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

"Conhecimento ainda é poder ?

sexta-feira, setembro 29, 2017

Conhecimento ainda é poder? -

 MICHAEL CARDOSO

DCI - 29/09
Todos já ouvimos a máxima "conhecimento é poder". Há milhares de anos, o sábio Hebreu, no livro de Provérbios, declarou: "O homem sábio é forte, e o homem de conhecimento consolida a força."

Ao longo da história, o conhecimento foi usado como um instrumento de dominação, criando abismos sociais. Muitas vezes, quem detinha o conhecimento infundia terror e superstição, com intuito de controlar e coagir.

Sábios, sacerdotes, padres, imperadores procuraram erguer barreiras entre as pessoas e o conhecimento, para que pudessem manter o controle sobre as massas ignorantes e manipuláveis.

A partir das revoluções promovidas pelo protestantismo, pelo iluminismo, e todas as demais ondas que se sucederam, assistimos à gradual socialização do conhecimento, que culminou com a corrosão sistêmica do poder como o conhecíamos e transformou as relações humanas em todas as suas esferas: política, familiar, espiritual, mercantil e social.

Aprendemos a usar o conhecimento adquirido para resolver problemas complexos da nossa civilização, nas mais diversas áreas: nutrição, saúde, economia, biotecnologia, produção, agricultura, entre outros.

Como efeito natural deste processo de socialização do conhecimento, o poder migrou de mãos, se tornou mais disperso e disforme. Conhecimento não é mais garantia de poder.

Moisés Naim defende em seu livro "O Fim do Poder" que, após a segunda guerra mundial, o processo de deterioração do poder tornou-se acelerado, acompanhando a revolução digital e o surgimento da internet.

O autor diz que "o poder está se dispersando cada vez mais e os grandes atores tradicionais estão sendo confrontados com novos e surpreendentes. E aqueles que controlam o poder deparam-se cada vez mais com restrições ao que podem fazer com ele".

A partir deste contexto, proponho uma reflexão, trazendo o assunto ao campo da gestão. Como é possível liderar uma organização na atualidade? É inegável que o poder é componente imprescindível da gestão. Sem a legitimidade que o poder confere ao gestor, o trabalho de liderança torna-se ineficaz.

Para responder a esta pergunta, é importante definir qual é o papel de um gestor na organização moderna, e com base nesta compreensão, poderemos definir que tipo de poder é necessário para garantir a eficácia do gestor.

Eric Schmidt, chairman do Google, afirma no livro "Como o Google Funciona" que "o gestor é como um roteador muito eficiente". Ou seja, o papel do gestor é garantir que o fluxo de informação aconteça da forma correta, no tempo certo, e para as pessoas certas. A legitimidade do gestor está na relação de confiança que este mantém com seus liderados. A relação de confiança é fruto do convívio, de evidências e fatos que mostrem compromisso real com o grupo.

Quando a liderança é exercida com base na hierarquia, o poder consiste na alçada de decisão de uma pessoa, que tem o privilégio de enxergar o todo. O seu ponto de vista precisa ser único para que possa manter o poder.

Hoje, a liderança está se firmando nos relacionamentos e no alinhamento de propósitos. O mundo se tornou mais horizontal, os lideres serão revelados pela sua capacidade de influenciar e conectar pessoas, pela sua habilidade para construir o consenso de forma eficaz, atingindo resultados.

Dinheiro em contêineres ... Eliane Cantanhêde

sexta-feira, setembro 29, 2017

Das cuecas aos contêineres -

 ELIANE CANTANHÊDE

ESTADÃO - 29/09

Encurralados, corruptos passam a guardar dinheiro sujo em apartamentos e até contêineres


Ao estourar o apartamento com os R$ 51 milhões do ex-ministro e agora presidiário Geddel Vieira Lima, a Lava Jato chegou a uma outra frente de investigações: essa nova forma de guardar dinheiro sujo está longe de ser exclusividade de Geddel e tende a produzir escândalos e fotos espetaculares desde já e principalmente nas eleições de 2018. Nem doleiros, nem laranjas, nem contas no exterior, nem paraísos fiscais. A moda agora é esconder dinheiro vivo em apartamentos, casas, depósitos e... contêineres.

Os investigadores esfregam as mãos diante da delação do ex-poderoso Antonio Palocci, ansiosos para ele entregar onde estaria, afinal, a dinheirama que delatores atribuem ao ex-presidente Lula. A expectativa é de que esteja não em um contêiner só, mas em contêineres, no plural, nos países em que Lula atuava com as empreiteiras – por exemplo, na África e na América Latina. Lembram dos dólares bolivarianos dando sopa por aí? Sem contar o que pode estar em solo nacional, muito além das aplicações de R$ 9 milhões do ex-presidente que têm origem clara e legal.

Segundo Marcelo Odebrecht e o próprio Palocci, era o ex-ministro, e só o ex-ministro, quem gerenciava os milhões da conta pessoal do “Amigo” Lula, cuidando da contabilidade de entradas e saídas, das retiradas em dinheiro vivo, dos envios até Lula. Quando os também ex-ministros Guido Mantega e Paulo Bernardo tentaram entrar na operação, Marcelo rechaçou. Quem metia a mão no dinheiro de Lula era Palocci, hoje o principal algoz do chefe.


A primeira impressão, quando surgiu o inacreditável bunker de Geddel, foi a de que se tratava de uma mania individual e patológica de roubar e amontoar dinheiro num apartamento usado especificamente para esse fim. Depois, foi ficando claro que a fortuna não era só de Geddel, como a prática não ficava restrita a ele, sua família e o PMDB.

Os corruptos e corruptores começaram a se sentir encurralados pelos vários e efetivos acordos entre a PF e o MP com seus correspondentes na Suíça, no Uruguai, nos EUA... e isso piorou com as novas regras de transparência na Europa para depósitos de estrangeiros. O dinheiro sujo ficou facilmente rastreável, não é, Eduardo Cunha? Ele dizia que nunca teve conta no exterior. A Suíça dizia que tinha e comprovou com contas e extratos. A mentira ruiu, a carreira política de Cunha também.

Além disso, os principais operadores estão presos, a começar por Marcos Valério, Alberto Youssef e Lúcio Funaro, e os outros andam de barbas de molho. Quem vai lavar o dinheiro? Enviá-lo para o exterior? Servir de laranja? Daí porque a PF acha que a descoberta dos R$ 51 milhões de Geddel é um veio de ouro. Basta procurar para achar outros apartamentos, depósitos e contêineres que seus donos julgam mais seguros do que operações obsoletas, malas e cuecas. Só questão de tempo.

A maior festa de novos “apartamentos do Geddel”, porém, deverá ser em 2018. As campanhas continuam pela hora da morte, mas as fontes tradicionais (empreiteiras, JBS...) secam, as regras estão mais rígidas e a PF e o MP estão na espreita. Sem falar que os vizinhos, como no caso de Geddel, estão na onda de denunciar movimentos suspeitos. Coitados dos corruptos. A vida deles está cada dia mais difícil.

Dobradinhas. Gilmar e Marco Aurélio, PT e PSDB... São curiosas as alianças contra a decisão do STF de prender Aécio Neves sem prender, inventando a figura da prisão preventiva domiciliar, como diz Marco Aurélio. Além das dúvidas jurídicas, há o sentido de autopreservação no Congresso: hoje é Aécio, amanhã pode ser qualquer um. Os senadores deram um tempo ao STF: ou o plenário da Corte derruba a decisão, ou o plenário do Senado vai fazê-lo.

Notícias políticas sem surpresas de Brasília / coluna de Cláudio Humberto

sexta-feira, setembro 29, 2017

COLUNA DE CLÁUDIO HUMBERTO

DIÁRIO DO PODER - 29/09

TEMENDO ‘EFEITO ORLOFF’, GLEISI FEZ PT DEFENDER AÉCIO
O medo de Gleisi Hoffman de ser presa, ou de amargar restrições semelhantes àquelas impostas a Aécio Neves, levou a senadora e presidente do PT, a fazer seus colegas de bancada criticar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o tucano. A informação é de políticos petistas inconformados com a “saia justa” da surpreendente solidariedade a um adversário que sempre os criticou e foi criticado.

VOCÊ AMANHÃ
A expressão “efeito Orloff” é inspirada numa antiga propaganda da marca de vodca cujo slogan era: “eu sou você amanhã”.

CORRUPÇÃO E LAVAGEM
Gleisi Hoffmann e o marido Paulo Bernardo, ex-ministro de Lula e Dilma, são processados no STF por corrupção e lavagem de dinheiro.

DESGASTE IMPREVISTO
Ao denunciar Aécio ao conselho de ética, o senador Humberto Costa (PT-PE) tentou compensar o desgaste inesperado no caso do tucano.

PETISTAS DIVIDIDOS
Na definição da urgência no caso Aécio, ao menos um dos três senadores do PT presentes votaram contra o partido: Paulo Paim (RS).

APOIO A GOLPE MILITAR CRESCE NA BAIXA ESCOLARIDADE
Levantamento do Paraná Pesquisas revela que pessoas de baixa escolaridade apoiam a “intervenção militar provisória”. Esse apoio é manifestado por 44,4% dos entrevistados que têm no máximo o ensino fundamental. Impressionam também o apoio ao golpe “provisório” de 46,1% dos jovens de 16 a 24 anos, que não viveram na ditadura. A pesquisa entrevistou 2.540 pessoas entre 25 e 28 de setembro.

NÃO QUEREM REPETECO
O menor índice de apoio à ideia de “intervenção militar provisória” é de quem tem 60 anos ou mais (37%), que viveram a ditadura.

QUEM CONHECE, REJEITA
A pesquisa indicou menor apoio à “intervenção militar provisória” entre 38% dos brasileiros que têm nível de escolaridade “superior completo”.

REGIÕES
As regiões Norte e Centro Oeste, somadas, têm o maior índice de apoio aos militares (44,8%), mas o Sudeste é segundo com 43,2%.

MUDANÇAS À VISTA
Provocou uma crise política a pesquisa do Ibope indicando 3% de aprovação do governo Michel Temer. São esperadas mudanças na área de comunicação do governo.

RUIM DE SERVIÇO
Aliados compreendem as dificuldades de Michel Temer para melhorar índices de aprovação, mas acham o fim da picada que o governo não “fature” o fim da recessão, o crescimento, a queda do desemprego etc.

CPI DAS RODOVIAS PRIVADAS
A Câmara criará uma CPI para investigar irregularidades em contratos de concessão de rodovias. O autor, deputado Evair de Melo (PV-ES), diz já ter 171 assinaturas necessárias. Deve sair nos próximos dias.

MADAME NA AGULHA
Há na CPI mista da JBS quatro pedidos de convocação da ex-presidente Dilma, uma das maiores beneficiadas pelo esquema de corrupção que abasteceu os cofres do PT com grana da J&F/JBS.

ROLLEMBERG, MIL DIAS
Rodrigo Rollemberg completou ontem mil dias no governo do DF, celebrando – como ele próprio relatou a esta coluna – o equilíbrio das contas e a redução de homicídios e dos acidentes fatais de trânsito.

FIM DO FORO
Petição destinada ao Supremo Tribunal Federal no site Change.org pede o fim do foro privilegiado de políticos investigados ou condenados por corrupção. Já acumulou mais de 29,1 mil assinaturas em sete dias.

APESAR DE TUDO
A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor mostra que a taxa total de empreendedorismo no Brasil foi 36%; ou seja, 48 milhões de pessoas entre 18 e 64 anos estavam envolvidas em criar ou manter um negócio.

PRIVADOS, MAS NEM TANTO
A Medida Provisória 779 “reprograma o pagamento das outorgas” das empresas que compraram as concessões dos aeroportos públicos. Segundo a Anac, elas já devem mais de R$ 1,31 bilhão em outorgas.

JABUTICABA
Em 2015, o Brasil inventou a “mulher sapiens”. Em 2016, foi o impeachment fatiado. Agora em 2017 é o meio-senador, meio-solto.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

"Santo Agostinho atormentou a vida de centenas de milhões. Eu, não." / Contardo Caligaris

quinta-feira, setembro 28, 2017


Texto de Santo Agostinho criou a culpa cristã frente ao sexo

 - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 28/09

Texto de Santo Agostinho criou a culpa cristã frente ao sexo, afirma autor

Li um extraordinário ensaio de Stephen Greenblatt, na "New Yorker" de 19 de junho: "How St. Augustine Invented Sex", como santo Agostinho inventou o sexo.

Greenblatt é um autor de quem tento não perder nada, desde que li "The Swerve", de 2012 ("A Virada - O Nascimento do Mundo Moderno", Companhia das Letras —esgotado, como pode?).

"The Swerve", para mim, está na lista dos 200 livros que é necessário ter lido para não morrer idiota.

Enfim, no ensaio da "New Yorker", Greenblatt aponta nas "Confissões" de santo Agostinho (fim do século 4) a origem das dificuldades da cultura cristã com os prazeres da carne.

O artigo está ligado ao novo livro de Greenblatt: "The Rise and Fall of Adam and Eve" (Norton, 2017), o surgimento e a queda de Adão e Eva, em que trata da aparição e eventual queda, na nossa cultura, do casal com o qual a Bíblia começa —sua história, suas imagens e sua inquietante exemplaridade.

Discute-se até hoje: há quem diga que eles são exemplo da miserável desobediência humana, e há quem diga que eles são os antepassados do Prometeu de Goethe, criaturas rebeldes a seu criador e orgulhosas de sua humanidade.

É o dilema de Adão e Eva: servidão e vergonha? Ou heroísmo da liberdade?

Tanto faz que a gente acredite ou não que eles foram realmente o primeiro casal criado. O que importa, para Greenblatt, é que sua fábula foi, durante séculos, uma maneira maravilhosa de agitar questões essenciais.
No sucesso da história de Adão e Eva, a função de Agostinho é crucial.

Inicialmente, Agostinho achava que o Gênesis era uma história para boi dormir.

Só depois de sua conversão, ele descobriu que Adão e Eva expulsos do Éden lhe eram muito úteis 1) para fundar a ideia de um pecado original (com o qual todos nasceríamos, por causa do pecado do casal inaugural) e 2) para que o tal pecado original fosse identificado com o tesão carnal.

Ou seja, pela desobediência de Adão e Eva, todos nascemos com a tara do desejo sexual.

O batismo nos livra do pecado original. E o que faremos para nos livrar do desejo sexual?

Ainda estou lendo o novo livro de Greenblatt. Enquanto isso, o artigo da "New Yorker" me mandou de volta para as "Confissões".

Minha primeira leitura do texto se dera no primeiro ano de faculdade. E minha lembrança era parecida com as quartas capas das inúmeras edições de bolso das "Confissões": um texto moderno, uma maneira de o autor interrogar suas próprias entranhas mais íntima e cativante que a de Montaigne nos "Ensaios".

Pois bem, pasmei. Um pouco porque o tempo passou e um pouco pelo prisma de Greenblatt, encontrei outro livro, inquietante e mórbido. Agostinho escreve para justificar a repressão, que ele se impõe, de seu próprio prazer carnal e de um passado que ele considera devasso e do qual ele não nos diz quase nada (homossexualidade? Promiscuidade? Vai saber).

Ele se consagra à castidade, seguindo o desejo de sua mãe, com quem, aliás, ele conhece uma espécie de êxtase orgásmica simultânea. E se defende contra seu próprio desejo transformando-o em pecado original de todos os humanos, do qual é necessário que todos se redimam.

Claro, o sexo é necessário para a reprodução, mas, para o cristão, os órgãos sexuais deveriam responder ao intelecto como qualquer outro órgão (sem tesão involuntário, então) e funcionar sem paixão e sem gozo especial, como quando alguém peida à vontade (exemplo dele, sorry).

Pela ficção seria difícil construir um relato tão exemplar do que é uma neurose.

Agora, que eu saiba, não há outros casos de um relato mórbido grave que tenha tido um sucesso comparável. Agostinho conseguiu mesmo transformar o asco doentio por seu próprio tesão em condenação do desejo sexual numa cultura inteira, por séculos.

As encruzilhadas da vida são curiosas.

Agostinho inventou um deus que pudesse ajudá-lo a reprimir seu desejo carnal.

Eu, desde a adolescência, deixei de acreditar no deus de Agostinho justamente porque me parecia absurdo que ele se preocupasse em reprimir o desejo carnal de quem quer que seja e especialmente o meu. Ou seja, ele chamou deus para que o auxiliasse na luta contra seu próprio prazer. Eu achei que realmente não precisava de um deus que fosse oposto a meus prazeres.

Alguém dirá que por isso irei ao Inferno. Veremos. Por enquanto, o fato é que Agostinho atormentou a vida de centenas de milhões. Eu, não.