Postagem em destaque

Uma crônica que tem perdão, indulto, desafio, crítica, poder...

terça-feira, 5 de julho de 2016

Meninas, cuidado com suas escolhas !

Valentina de Botas: O rosto machucado de Luiza Brunet 

Homens covardes sempre se sentirão ameaçados pela beleza, inteligência e pela história de vida das mulheres com as quais se envolvem amorosamente.

Por: Augusto Nunes  
Eu a surpreendo pendurada em silêncio na xícara de café ralo sem açúcar contemplando um mundo e um tempo que meus sentidos só presumem. Segundos estendidos em que certo tipo de recato que meus pais me ensinaram impede a intromissão naquelas porções de vida interior traduzidos nos olhos da cabocla doce fixos no grifo do azulejo da cozinha logo acima do meu ombro. Da cor de mel, tão bonitos eles, mas não os fito; a discrição aprendida me faz simular distração e trato de lhe servir outro pedaço do bolo que preparei para o café no fim da tarde. Toco o braço dela com o cuidado de quem acorda um enfermo na hora de tomar o remédio. Mamãe ri e me mostra o ninho do silêncio: “Tu consegue, mulher faz coisa difícil mais fácil que homem. Velho confirmou que vem de escolta, bom: vai fazer o que vocês não podem. Deus te acompanhe. Beijo tuas mãos”.
O primeiro bilhete que recebera do marido é papai escrito: econômico, taxativo, suficiente. Intuindo que seria o último entre namoro, noivado e casamento, numa história de mais de 50 anos, mamãe plastificou o papel que documentava a mudança dela de Pernambuco para São Paulo, para onde o marido viera antes ajeitar trabalho e moradia; ela vinha numa viagem épica de 72 horas, de ônibus, com três bebês (eu e minhas irmãs, com idades entre 3 meses e 2 anos) e minha tia casada com o Velho, apelido de um tio que era velho como já eram velhos os sertanejos de 30 anos naquele Brasil profundo do final dos anos 60 e cujo código de honra obrigava que o mais forte cuidasse do mais vulnerável. Sim, mulheres – a fêmea humana – são fisicamente mais fracas do que homens (o macho humano).
Não, isso não as faz inferiores nem os faz superiores; isso é só mais uma das abençoadas diferenças entre nós. Tal nomenclatura vem esclarecer que me interessam aqui homens e mulheres reais, não essa coisa sem feromônio e de aparência indefinida habitante dos manuais vagabundos de sociologia que, com a tara da fanática desconstrução biológica do gênero, negam o aporte da biologia na identidade sexual. Um discurso encampado por setores brutos do feminismo, fazendo-se opressor, castrador, totalitário e vitimista-agressivo; com a gramática do ódio e a libido do ressentimento premeditado contra o macho. Amputa o feminino e quer submeter o masculino numa deformação que não combate o machismo e que atrapalha a necessária busca pelo reconhecimento dos direitos femininos.
Me interessa aqui o Adão do “Paraíso Perdido”, de Milton, que optou por abocanhar a maçã porque preferia seguir Eva no exílio da humanidade a viver ainda mais só dessa solidão que nos constitui, tornando inútil o Paraíso na antevisão do verso indagativo de Roberto Carlos – de que vale o paraíso sem amor? Meu pai cuidou da integridade física da mulher e das filhas não porque fosse este um papel construído culturalmente com base na divisão-biológica-de-papéis-numa-cultura-opressora; ele fez isso porque, sim, também a biologia o fez macho, portanto mais forte fisicamente do que a fêmea, condição que, desde a díade adão-e-eva, passando pelas savanas africanas para chegar a Pernambuco, capacitou o macho a cumprir uma função protetiva na garantia de perpetuação da espécie, mas também porque esse atavismo ou coragem física obrigatória evoluiu, pelo lado positivo da cultura, para a coragem moral necessária de defender os mais vulneráveis.
Uma demonstração do lado negativo é exibida no rosto machucado de Luíza Brunet, agredida pelo ex-namorado, o empresário Lírio Parisotto, que também quebrou quatro costelas da ex-modelo. A denúncia que deveria ser encarado como ato natural e obrigatório passa a ser um ato de coragem num contexto de afirmações covardes e especulações deslocadas, outra maldita vez, sobre a conduta da vítima: por que Luíza manteve uma relação abusiva e não se afastou nos primeiros sinais presumíveis? Por que provocou o ciúme do namorado? Ora, especular sobre as razões que a própria razão desconhece em relações amorosas não inverte os lugares de vítima e agressor; e homens covardes sempre se sentirão ameaçados pela beleza, inteligência e pela história de vida das mulheres com as quais se envolvem amorosamente.
A repercussão do caso poderia ajudar a engrossar o combate sério pelos direitos femininos, mas a gestapo feminista prefere exercer a si mesma em ataques como aqueles à figura de Marcela Temer quando a primeira-dama apareceu numa reportagem como “bela, recatada e do lar”. Como se esta opção não fosse tão lícita como qualquer outra honesta, como se não houvesse mulheres imbecis, oprimidas e/ou opressoras que não são “bela, recatada e do lar”. Comprova-se que o feminismo faria muito mais pelas mulheres se militasse por vagas em creches para que elas tivessem onde deixar os filhos para trabalharem sossegadas (lembrando que uma das maiores expressões da dignidade é poder cuidar de si mesmo, do próprio sustento) do que se bifurcar em tentativas de se enfiar na cama para onde não foi chamado; patrulhando o tesão e investigando quem lavará a louça.
Meu pai era alto e forte, minha mãe é miúda; ele ficou muito vulnerável quando se tratou de um câncer, mamãe cuidou do marido acamado: somos todos vulneráveis, seres que caminhamos para o fim, todos podemos cuidar uns dos outros segundo as especificidades de quem cuida e do cuidado requerido. Para cuidarmos de quem amamos, basta amar; para cuidar de quem é vulnerável, basta não ser covarde. Com os olhos fixos num ponto invisível, pendurada à minha xícara de café forte, espreitava estes pensamentos para um texto eventual, quando mamãe toca meu braço: havia outro pedaço de bolo no meu prato.

Sponholz no blog de Aluízio Amorim

Sponholz: Os psicopatas.


Excessos do PT foram bloqueados pela Justiça

terça-feira, julho 05, 2016

JUSTIÇA BLOQUEIA R$ 102 MI DO PT E SEUS SEQUAZES ENROLADOS NA LAVA JATO

A Justiça Federal, em São Paulo, bloqueou R$ 102 milhões dos investigados da Operação Custo Brasil. Entre os alvos da decisão estão o PT, o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento/Governo Lula) , o ex-tesoureiro do partido Paulo Ferreira e pessoas jurídicas que teriam envolvimento com o esquema Consist – empresa de software que teria desviado R$ 100 milhões de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento na gestão Paulo BernardoA decisão é do juiz Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo. O bloqueio tem caráter solidário, ou seja, cada investigados terá que desembolsar uma parte dos R$ 102 milhões. Este valor é correspondente a desvios do esquema Consist – fraudes em contrato de empréstimos consignados no Ministério do Planejamento.
Sob o comando de Paulo Bernardo, que liderou a Pasta de março de 2005 a janeiro de 2011 no governo Lula, o Planejamento assinou acordo com o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar (SINAPP) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC). Essas entidades contrataram a Consist para desenvolver o sistema de gerenciamento e controle dos créditos consignados. De 2010 a 2015, o esquema teria gerado R$ 100 milhões em propinas sobre o contrato da Consist. Do site do Estadão

segunda-feira, 4 de julho de 2016

STF, oásis para eleitos ilícitos ...?





Artigos do Puggina


ÚLTIMA TRINCHEIRA DA CIDADANIA OU DA IMPUNIDADE?
 por Percival Puggina. Artigo publicado em 02.07.2016


Foi o ministro Marco Aurélio Mello quem conferiu ao Supremo o atributo de última trincheira da cidadania. Ora, cidadania é a condição do cidadão que desfruta do direito de participar da vida política nacional. Ao ouvir o ministro, vislumbrei, então, esse cidadão ao qual ele se referia. No fragor da batalha contra a corrupção, sujo de terra e fuligem, levava ele à mão um farrapo verde e amarelo. Vi-o arrastando-se pelo chão, noite adentro, até resvalar para o interior da trincheira onde onze homens e suas sentenças o acolheriam no abraço cálido da Justiça. Foi o que a imaginação me proporcionou, mas nem eu acreditei em tal delírio.


Bem ao contrário, o que a realidade mais tem trazido ao conhecimento dos cidadãos brasileiros é um STF convertido em centro das expectativas dos mais destacados membros na hierarquia da corrupção. É lá e em nenhum outro lugar que todos os investigados desejam estacionar seus processos. É ali que os poderosos suplicam. Foi ali que Paulo Bernardo retomou a liberdade. Ali sumiu do mundo dos fatos o crime de obstrução da justiça tentado por Dilma e revelado naquela infame conversa telefônica com Lula. Oito minutos de gravação, disponibilizados no YouTube e já ouvidos por algo como três milhões de cidadãos, simplesmente deixaram de existir. Ali, segundo o site stf.jusbrasil.com.br, trafegam 275 inquéritos e 102 ações penais contra autoridades. É bem provável que muitos desses processos tenham nascido nas investigações e delações ocorridas no âmbito da Lava Jato, onde cerca de 70 "plebeus" já foram condenados. Quantas outras investigações dessa mesma operação, porém, bateram na trave do foro especial por prerrogativa de função e foram desviadas para as espaçosas gavetas do STF, onde o prazo médio de aceitação de uma denúncia é de 617 dias? Por enquanto, o placar mostra 70 x 0. E não é o zero, mas são os 70 que traziam desconforto ao ministro Marco Aurélio quando falou em "justiça de cambulhada".


Centenas de parlamentares e autoridades encrencados no STF contam com as regalias do sigilo, com a prolongada ocultação de seus crimes, com o faustoso usufruto dos bens mal havidos e com a sonhada regalia da prescrição. O ministro Roberto Barroso afirmou, há poucos dias, que foro privilegiado é uma herança aristocrática. E tem razão. Privilégios da nobreza acompanham o direito vigente no Brasil pelo menos desde as Ordenações Manuelinas (1521). Aqui, o cidadão comum sempre soube o seu lugar e sempre reconheceu a existência de uma cidadania superior à sua, chapa branca, de cujas regalias ele, cidadão comum, é detentor do direito de pagar a conta.


É tão benevolente o foro especial por prerrogativa de função, que ganhou, na linguagem plebeia, o nome daquilo que de fato é: foro privilegiado. Talvez o leitor esteja ponderando, coberto de razão, que a extinção dessa iniquidade seja uma prerrogativa do Congresso Nacional, que jamais o eliminará ou moderará, por motivos óbvios. Mas não é bem assim. O STF já tem legislado tanto contra o próprio texto constitucional! Basta-lhe, para isso, apontar inércia do parlamento ou contradições entre o texto da Carta de 1988 e determinado princípio constitucional. Nada o impede, então, de acabar com o foro privilegiado pelo mesmo caminho, invocando, por exemplo, o princípio constitucional da Igualdade. De que vale o Art. 5º proclamar que todos são iguais perante a lei se a uns é reservado o direito de ter seus crimes encobertos por delongas e pelo véu do sigilo, além da possibilidade de receber o impagável benefício da prescrição? A nada serve o Supremo tecer críticas ao foro privilegiado e permanecer servindo à impunidade tanto quanto o Congresso Nacional.


________________________________
* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

Está preocupado ? Preocupe-se ! / El País


GERAL

Cada vez mais esquecido? Isso tem nome: ‘demência do preocupado’

Identifique se você sofre dos sintomas desse novo transtorno moderno
Cabeça na bandeja (Foto: El País)
Alexandra Lores, EL País
Vivemos em uma sociedade obcecada com a produtividade, na qual se valoriza realizar o maior número de tarefas no 
menor tempo possível. Esse excesso de responsabilidades que enfrentamos, juntamente com a sensação de estarmos continuamente conectados através do smartphone e outros dispositivos, deteriora a qualidade das atividades realizadas, o que leva a uma irremediável impressão de fracasso. Perceber continuamente que se tem algo pendente, e sofrer por não poder alcançar o sucesso em todos os aspectos da vida, passou a ser conhecido como a demência do preocupado, conceito recentemente cunhado pela neurologista Frances Jensen, autora de O Cérebro Adolescente.
"A síndrome parece uma demência [perda ou debilidade das faculdades mentais, que se caracteriza por alterações de memória, razão ou conduta], mas, na verdade, é apenas algo que acontece devido às preocupações contínuas e constantes. Acho que acontece com muitas pessoas. Nosso cérebro não pode mudar de tarefa de uma maneira tão rápida como a que nos exige o dia a dia, de forma que perdemos a atenção, e depois nos esquecemos o que tínhamos que fazer", diz Jansen.
O que nos levou a isso
O termo multitasking, (multitarefa, em português) foi criado em 1965 por especialistas em computação dos Estados Unidos para se referir às múltiplas funções que um computador poderia executar naquela época. Hoje, essa palavra nos remete à capacidade humana de prestar atenção a muitas atividades ao mesmo tempo.

Sponholz no blog de Aluizio Amorim

domingo, julho 03, 2016

"O escândalo obsceno de Pasadena não mereceu o devido inquérito" / Guilherme Fiuza

Começou a operação Lava Crime - 

GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA

 O ESCÂNDALO OBSCENO DE PASADENA, REPLETO DE DIGITAIS DE DILMA, NÃO MERECEU O DEVIDO INQUÉRITO

O ex-ministro Paulo Bernardo foi preso. Ele ocupou as Pastas do Planejamento e das Comunicações nos governos Lula e Dilma. Um ministro importante - ou, mais que isso, um dos líderes da hegemonia petista no Planalto. É acusado de roubar R$ 100 milhões de servidores públicos - destinando a maior parte do roubo para o caixa do Partido dos Trabalhadores, sem esquecer-se de reservar seu pixuleco particular. Mas Paulo Bernardo foi solto pelo STF, em decisão providencial do companheiro Dias Toffoli.


Veio também do Supremo Tribunal Federal outra decisão importantíssima para a preservação da saúde da quadrilha. Em ato do companheiro Teori Zavascki, o processo contra Lula por tentativa de comprar o silêncio de Nestor Cerveró foi parar longe das mãos de Sergio Moro. O argumento do ministro companheiro para mandar a operação cala a boca para a Justiça Federal de Brasília é impagável: o suposto delito de Lula denunciado pelo senador cassado Delcídio do Amaral não está no âmbito das investigações da Lava Jato.

Perfeito: o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró foi condenado no escândalo do petrolão, investigado pela Operação Lava Jato, mas a tentativa de um ex-presidente da República de impedir que o condenado contasse tudo o que sabia sobre o escândalo investigado pela Operação Lava Jato não tem nada a ver com a investigação conduzida pela Operação Lava Jato. Claro como petróleo roubado.

Surge então o companheiro procurador Rodrigo Janot, autor de vistosas coreografias para bagunçar o processo de impeachment, e recomenda que José Dirceu tenha sua pena pelos crimes do mensalão perdoada. Outra decisão cristalina. Ela ocorre no exato momento em que o juiz Sergio Moro, esse golpista, aceita nova denúncia contra o ex-ministro de Lula e o torna réu pela segunda vez na Lava Jato. Como se vê, a floresta de implicações de Dirceu no assalto ao Estado brasileiro perpetrado pelo PT não enseja outra providência senão o perdão.

E a quem caberá, no STF, a decisão final sobre o perdão ao guerreiro do povo brasileiro? Ao companheiro Luís Roberto Barroso - isso, aquele mesmo. Façam suas apostas.

Outra dobradinha da Procuradoria-Geral com o Supremo que tem feito história no refresco à quadrilha do bem é a Janot-Teori. Funcionou melhor que a zaga do Barcelona rebatendo a saraivada de denúncias contra a companheira afastada Dilma Rousseff. Nem o escândalo obsceno de Pasadena, repleto de digitais da companheira, mereceu o devido inquérito - sempre sob as escusas de não haver indícios suficientes contra ela, embrulhadas no sofisma de que presidente no exercício do mandato não pode ser investigado.

Mais uma falsidade, naturalmente. Presidente não pode ser réu, mas o delito no qual supostamente se envolveu pode e deve ser investigado. Menos na democracia companheira - onde as instituições são muito sensíveis aos corações valentes.

Aí aparece uma perícia no Senado decretando que a Senhora Rousseff não pedalou. Como o Brasil é uma mãe, a opinião pública é uma geleia e as instituições são uma sopa, a barbaridade se dissemina com solene indignação.

Não adianta informar ao jardim de infância que a perícia contratada pelos ciclistas operou apenas mais uma malandragem - alegando que não há ato direto da Sra. Rousseff nas pedaladas. Claro que não há. O ato da ex-mandatária foi justamente uma omissão - não pagar os débitos do Tesouro com o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o BNDES, forçando os bancos públicos a emprestar a seu controlador, o que é proibido pela lei fiscal.
A tal perícia deixou só um crimezinho pendurado no processo de impeachment, reconhecendo que os decretos de crédito suplementar não foram autorizados pelo Congresso Nacional. No país da geleia geral, onde as convicções são formadas com a meticulosidade de um churrasco em Atibaia, vai emergindo a versão de que os ladrões não eram tão maus assim - e no fundo são até simpáticos. Aí, Dilma lança sua vaquinha para percorrer o Brasil contra o golpe. E você achava que sabia o que era uma ópera-bufa.


Libertem Paulo Bernardo. Prendam os milhares de servidores públicos desfalcados no escândalo do crédito consignado. Tragam Dilma de volta. Deem mais uma chance à elite vermelha - ela ainda não tinha terminado de raspar o tacho.

"Os jovens hoje, por detrás de toda essa "fúria" de acharem que são uma "evolução" das gerações anteriores, morrem de medo."

segunda-feira, julho 04, 2016

Vida medíocre - 

LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 04/07

Ouço com frequência jovens me perguntarem o que fazer para não terem uma vida medíocre. A angústia deles é verdadeira. Os jovens hoje, por detrás de toda essa "fúria" de acharem que são uma "evolução" das gerações anteriores, morrem de medo.

Esse é o sentimento básico da chamada geração Y: o medo. O mundo é mais competitivo, as pessoas, mais egoístas, as opções de escolha, maiores (o que os faz viver como se a vida estivesse na prateleira de uma promoção do freeshop), e, por isso mesmo, a chance de fracassar, muito maior. A ansiedade de errar entre tantas opções os esmaga.

Por detrás desse blablablá de que os jovens de hoje são mais corajosos para seguir seus sonhos, está a boa e velha publicidade vendendo vidas que não existem.

Sei que alguns afirmam que viver segundo o desejo é a solução. Concordo em teoria, mas o problema é que viver segundo o desejo (seja lá o que isso for) é sempre um risco porque, como nos ensinou Arthur Schopenhauer (1788-1860), o desejo pode nos humilhar de duas formas básicas: negando-nos a realização de nosso desejo ou, pior, deixando que realizemos nosso desejo, porque assim perceberemos que, ao realizarmos nosso desejo, perdemos o tesão por ele, um pouco como o velho personagem Dom Juan e seu desespero diante da perda do desejo pela mulher seduzida.

Alguns acham que para escapar da vida medíocre devemos viver uma vida estética, como se diz em filosofia. Uma vida estética é uma vida vivida pelas sensações, como dizia Soren Kierkegaard (1813-1855). Uma vida estética é bastante sedutora: sexo, bebida, jogos, comida, viagens. Mas fracassa pela mesma razão que dizia Schopenhauer: uma hora o tesão pela sensação acaba.

O dinamarquês Kierkegaard levanta outra hipótese, que é a da vida ética. Essa proposta centra o sentido da vida numa busca de vida honesta. Cuidar da família, ser fiel no casamento, ser trabalhador, pagar impostos, investir em previdência privada. O fracasso será, entretanto, muito provável: famílias traem, um dia você pode ser trocado ou trocada por alguém mais jovem e belo, empregadores demitem, injustiças abundam, impostos só aumentam e pouco se ganha em troca. A aposta na vida ética é ainda mais frustrante porque você se sentirá um pouco ingênuo ao perceber que o mundo não leva em conta os esforços para termos uma vida "reta".

Outra opção, segundo nosso dinamarquês, é aderir a uma vida religiosa numa igreja. De nada adiantará porque igrejas são poços de repressão, mentiras e hipocrisias. De volta a estaca zero.

Para Kierkegaard, toda essa busca se dá porque somos um poço de angústia. Tememos uma vida inundada em angústia, e, por isso mesmo, tentamos toda forma de fuga, para ao final tombarmos na mesma constatação: medo, desespero e angústia.

O existencialista Kierkegaard aposta num "salto na fé", livre de instituições religiosas, tipo "você e Deus". Mas, ao mesmo tempo esse "salto" implica um ato de coragem que é apostar numa vida sem medo da angústia. Toda vez que tentamos escapar dela e fracassamos, mergulhamos no desespero: perdemos a esperança de que possamos viver uma vida sem angústia e pautada por alguma garantia contra nossos medos.

Friedrich Nietzsche (1844-1900) apostava numa vida vivida a partir "dos seus próprios valores", longe do espírito de rebanho que assola a humanidade, principalmente na modernidade, essa era dos rebanhos e manadas. Richard Rorty (1931-2007) traduzia essa ideia assim: "Buscar uma vida autoral". Isso significa o seguinte: viver de forma tal que sua vida seja sua obra de arte.

De volta a questão dos jovens: como não ter uma vida medíocre? Acho difícil não ter uma vida medíocre, porque, principalmente, você acaba tendo uma vida medíocre porque quer ter uma vida segura (o que é normal querer, afinal de contas). A modernidade é um parque de mediocridade regado a busca de segurança e garantias.

Creio que a receita para termos uma vida medíocre é termos muito medo. A proposta de Nietzsche e Rorty me parece bastante sedutora. Mas, quem está preparado para não ter medo de sofrer?

domingo, 3 de julho de 2016

""Empresas escolhidas a dedo dentro da política megalomaníaca de campeãs nacionais, todas foram anabolizadas por generosos empréstimos do BNDES nos governos Lula e Dilma""

Corrupção campeã

Corrupção (Foto: Arquivo Google)
Odebrecht, Oi, Sete Brasil, e agora o Grupo J&F, dono da JBS – Friboi, o maior frigorífico do mundo. Diferentes nos negócios, elas têm tudo em comum. Escolhidas a dedo dentro da política megalomaníaca de campeãs nacionais, todas foram anabolizadas por generosos empréstimos do BNDES nos governos Lula e Dilma. E, sem exceção, estão arroladas e enroladas na roubalheira de dinheiro público apurada pela Lava-Jato e suas sucursais.
Tanto políticos quanto empresas remetem suas culpas a um sistema que os obrigaria a corromper e ser corrompido. E o fazem sem qualquer escrúpulo.
Empresários descolados e multimilionários afirmam, em juízo, que se não topassem pagar as cotas-corrupção estariam fora do jogo e que outros o fariam. Na outra ponta, o PT quer fazer crer que perdeu a sua pureza para o mundo dos maus. E que, se errou, o fez em nome do povo. Não se contentou em ter institucionalizado a bandidagem, quis dar a ela ares Robin-Hoodianos.
Para virar gigante, a Friboi recebeu mais de R$ 8 bilhões do BNDES entre 2006 e 2014 e, de acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), teria lesado o banco em R$ 847 milhões. Regalias, empréstimos e renovações sem contrapartidas.
Novato no grupo de denunciados, a J&F detém 80,9% da Eldorado Brasil Celulose, um dos alvos da Sépsis, nova etapa da Lava-Jato, deflagrada na sexta-feira. De acordo com a denúncia, a empresa teria pagado propina para a ala nobre do PMDB para obter recursos do fundo de investimentos FI-FGTS.  Chama atenção o fato de os outros 19,1% das ações da Eldorado estarem nas mãos dos também encrencados fundos de pensão Petros e Funcep, usados e abusados pelo governo petista.
Pelo menos parte da conduta criminosa dessas campeãs é conhecida. A Sete Brasil pintou e bordou e deixou um buraco de quase R$ 20 bilhões, a Oi acaba de pedir recuperação judicial de R$ 65 bilhões, a maior de que se tem notícia na história no país, e a Odebrecht, junto com outras seis grandes empreiteiras, está afundada na pilhagem da Petrobras.
Menina dos olhos de Lula, a Sete Brasil nasceu para ser grande. Construiria 29 sondas até 2020 para explorar petróleo em mar profundo. Só junto ao BNDES, obteve R$ 10 bilhões. Não entregou sonda alguma. Financiou companhas do PT e de aliados, enriqueceu outros e deixou a conta para ser paga pelos impostos dos brasileiros.
O processo da Oi seguiu na mesma batida. Apareceu parcialmente no Mensalão, nos negócios com Portugal, e, ao lado de Lula, na Lava-Jato.
Em benefício da operadora, Lula descriou e criou leis, entregando a ela a telefonia fixa de mais da metade dos municípios do país, a maioria deles no Norte e Nordeste. Com investimentos Oi, o filho Lulinha enricou. Virou empresário da área de games, que, mesmo com prejuízos anuais, continuou recebendo aportes da operadora. Isso sem falar dos mimos, como a antena particular instalada a poucos metros do sítio de Lula em Atibaia, que o ex afirma que não é seu.
A intimidade de Lula com a Odebrecht completa as ligações espúrias entre o governo do PT e as empresas eleitas para brilhar que, em contrapartida, lustravam o brilho da estrela.
A fórmula se repetiu nos governos do PT por mais de uma década, com maior ou menor sofisticação.
Empresas premiadas com contratos e financiamentos públicos superfaturavam e devolviam a dádiva.  Legalmente, por meio de doações eleitorais, declaradas e assinadas, ou diretamente para o bolso de uns e outros, por meio de pagamentos em papel-moeda - malas de dinheiro -, ou em contas externas em paraísos fiscais, offshores, trusts.
A política de eleger empresas campeãs nada rendeu ao país e deixou dívidas gigantescas – calcula-se mais de R$ 50 bilhões só ao BNDES.  Mas consolidou o PT na liderança do ranking da corrupção – pódio que custa caríssimo ao Brasil.

"Opção pelo incerto" / J R Guzzo



J. R. Guzzo: Opção pelo incerto

O referendo respondido pelos britânicos levanta uma questão: é melhor ficar com os males de hoje que sabemos quais são ou aventurar-se ao convívio com dificuldades que só conheceremos lá adiante?

Por: Augusto Nunes  

Publicado na versão impressa de VEJA
Coube justamente aos eleitores britânicos, na semana passada, ser chamados a responder mais uma vez à pergunta feita 400 anos atrás pelo príncipe Hamlet e até hoje não respondida: vale a pena livrar-se dos problemas do presente, que envenenam a vida mas são conhecidos, em troca dos problemas do futuro, que nos salvam das misérias de hoje mas ninguém sabe quais são? O monólogo do “Ser ou não ser” talvez tenha solenidade demais para ser comparado com a dúvida de hoje ─ trata da questão da vida e da morte, nada menos, enquanto a votação mencionada aqui apenas perguntou se os cidadãos do Reino Unido queriam continuar fazendo parte da União Europeia, na qual estão desde 1973, ou preferiam sair dela. De qualquer maneira, essa era a essência da questão a responder ─ é melhor (ou pior) ficar com os males de hoje que sabemos muito bem quais são ou seria melhor (ou pior) aventurar-se ao convívio com dificuldades que só conheceremos lá adiante, quando já estiverem acontecendo? É melhor conformar-se ou é melhor arriscar? Qual tentativa vale mais: a de consertar o presente ou a de construir um futuro? Essas foram as dúvidas colocadas no referendo inglês. Mas valem para muita gente ─ valem, em todo caso, para todo lugar onde houver algum problema sério, e isso quer dizer praticamente o mundo inteiro.
No caso dos britânicos, a maioria decidiu ficar com os males do futuro. Eles votaram contra o que conhecem ─ tudo aquilo que é percebido como uma camisa de força para as decisões do governo do seu país. Não podemos fazer isso porque a União Europeia não deixa; temos de fazer aquilo porque países estrangeiros nos obrigam. Muito do que vai mal hoje no Reino Unido (certas dessas aflições, por aqui, nem seriam vistas como problemas) é ligado à Europa. Excesso de imigrantes, baixo desempenho dos sistemas de medicina e de educação públicos, por falta de verbas que vão para os países europeus mais pobres, fraqueza diante do crime, por perda de autonomia na polícia, e por aí em diante. Argumenta-se que bons negócios de exportação com os Estados Unidos, a Índia e a China, por exemplo, são perdidos ou dificultados porque o Reino Unido, subordinado às regras comerciais comuns da UE, não tem liberdade de negociar diretamente com essas nações. Há uma sensação geral de que o país está dando mais do que recebe dos seus parceiros europeus. Por cima de tudo, para uma nação que há 1000 anos vem defendendo com paixão a sua independência, flutua um sentimento mal digerido de intromissão de estrangeiros na vida britânica. Por que burocratas holandeses ou gregos, por exemplo, teriam o direito de dar palpite sobre o dia a dia da Inglaterra ou da Escócia? Por que há uma espécie de segunda capital em Bruxelas, com dezenas de milhares de funcionários escrevendo regras a respeito de como os ingleses devem pescar ou construir suas caixas-d’água?
Tudo isso faz parte do preço a pagar quando um país deixa de viver de forma isolada e passa a desfrutar das vantagens de pertencer a um conjunto de nações; mas os britânicos, embora por estreita margem, acharam que esse preço ficou alto demais. A redução dos níveis de “identidade nacional”, em sua opinião, tornou-se excessiva. Decidiram que o Reino Unido tem de ser de novo o Reino Unido ─ e já não era sem tempo, quando se considera que hoje em dia o prefeito de Londres é muçulmano, o maior empregador da indústria automobilística inglesa é o empresário indiano Ratan Tata e não se consegue montar um time de futebol de terceira divisão sem chamar filhos e netos de imigrantes para completar os onze. Mas a questão parece ir muito além dos constrangimentos trazidos pelo convívio com estranhos. O que o referendo mostrou é o impulso da separação; milhões de britânicos não querem mais os benefícios de ser cidadãos de um poderoso país chamado “Europa”, dono do maior PIB do mundo, segundo o Banco Mundial, e de outras maravilhas estatísticas. Como acontece na Espanha, no caso da Catalunha, e dentro do próprio Reino Unido, com a Escócia, optaram eles por ser menores. Preferem os problemas desconhecidos e o território não mapeado de um Reino Unido que agora existirá unicamente por sua própria conta. (A maioria da população, aliás, nem sabe o que é isso; só quem tem mais de 61 anos era maior de idade antes da entrada do país na Comunidade Europeia.) Acham melhor a incerteza econômica trazida por sua decisão, e os erros a ser cometidos por seus próprios governantes, do que as dificuldades de um presente no qual perderam as esperanças.

Mais desvio de dinheiro para tapar prejuízos do BNDES ...

sexta-feira, julho 01, 2016


O FUNDO DO FGTS: DINHEIRO DE QUEM TRABALHA DIRETAMENTE PARA OS COFRES DE LULA E SEUS SEQUAZES.

O jornalista Leandro Narloch, em sua coluna no site de Veja, creio que resumiu tudo mo qiue se refere à patifaria do Lula quando criou em 2007 o tal FI-FGTS, um fundo com a dinheirama depositada pelos trabalhadores que movimentou uma grana fabulosa que foi parar nas mãos do PT e da canalhada dita "grandes empresários" acumpliciadados com o esquema lulístico. O título original do artigo de Narloch é "Do bolso do trabalhador para a irmã do JBS". Leiam:
Se alguém decidisse dedicar a vida para azucrinar e tripudiar os trabalhadores brasileiros, não teria ideia melhor.
Primeiro, você obriga os trabalhadores a depositar parte do salário numa conta, a do FGTS, e avisa a eles que reajustará os valores a taxas menores que metade da inflação.
Depois, cria um fundo de investimento com a montoeira de dinheiro que os trabalhadores depositam todo mês. E então – jogada de mestre! – torra parte do dinheiro em investimentos tolos, só para ajudar compadres, financiadores de campanha e quem estiver disposto a pagar propina.
MIL VEZES CANALHAS
O Fundo de Investimento do FGTS foi criado por Lula em 2007, com o objetivo, dizia o ex-presidente, de estimular investimentos em infraestrutura. Na prática, o fundo cobriu rombos do BNDES e ajudou a corromper o capitalismo brasileiro.
Fundos como esse são causas, e não só alvos da corrupção. Como cientistas políticos não se cansam de repetir, a possibilidade de obter dinheiro fácil com o governo dá mais incentivos para empresas prestarem favores a políticos, em vez de tentarem lucrar oferecendo produtos melhores e mais baratos.
Em 2015, o FI-FGTS perdeu 900 milhões de reais. Quase o mesmo valor (940 milhões) que investiu na Eldorado Brasil, o projeto de celulose da J&F, que controla gigantes brasileiras como a Alpargatas e a JBS (a maior financiadora de campanhas de 2014).
Há no Congresso um projeto de lei, do deputado Irajá Abreu, filho da senadora Katia Abreu, para extinguir o FI-FGTS. Mas a relatora do projeto, deputada Moema Gramacho, do PT da Bahia, se posicionou contra a extinção do fundo. E acredita que ele é um sucesso.
“Os resultados do FI-FGTS mostram que o fundo tem obtido sucesso em trazer rentabilidade e significativos avanços para a capacidade produtiva do país, por meio do investimento em projetos de infraestrutura em setores extremamente estratégicos”, diz ela em relatório de suas semanas atrás.
Esta é a cereja do bolo: a deputada favorável ao fundo que motivou toda essa piada com os trabalhadores pertence Partido dos Trabalhadores.