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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Blog do Xico Vargas... Situação da Saúde no Rio


São tantas e de tal dimensão as aberrações na área de saúde que a informação segundo a qual dois modernos hospitais federais no Rio – o Into e a unidade da Rede Sarah – funcionam abaixo da capacidade não causou a menor comoção. Da coluna de Ancelmo Gois, onde foi noticiada, a novidade desdobrou-se num conjunto de horrores em que se descobre que o Instituto de Traumato-Ortopedia administra uma fila de 22 mil pacientes à espera de cirurgia. É mais gente que a população da maioria das cidades brasileiras. Mais grotesco, porém, é constatar que a fila é tão longa quanto lenta, já que grande número de doentes aguarda o tratamento há mais de dois anos.
Apesar disso, o quadro não se compara à corrosão do atendimento de saúde produzida no governo Lula, quando um hospital inteiro foi transformado em escombros, no Rio, por ter sido posto em pé pelo antecessor. Assim funciona a política no Brasil. Como certos remédios que não podem ser administrados simultaneamente sem o risco de matar o paciente. Por isso governantes que assumem tratam logo de sepultar a obra anterior, ainda que o culto a esse vício custe a vida do eleitor.
Em janeiro de 2003, quando Lula sentou na cadeira, o Instituto de Neurociências estava pronto, no bairro da Saúde, ao lado do Hospital dos Servidores. Ocupava o prédio reformado do Instituto Brasileiro do Café, o IBC. Tinha do equipamento às fronhas e lençóis, e prometia 120 cirurgias de cérebro por mês, quase 1.500 por ano. Para acabar com a fila de doentes em ano e meio de trabalho só faltava contratar o pessoal. Mas aí o governo desconversou e o hospital, cheirando a novo, foi posto a andar de lado.
Em lugar da nova unidade o ministro da Saúde, em busca de visibilidade, plantou hospitais de campanha nas praças do Centro da cidade e mandou o carioca buscar a cura embaixo da lona. Parecia socorro, mas era só papagaiada para dar a impressão de que algo estava mudando. Em pouco mais de um ano a passagem construída entre o Neurociências e o Hospital dos Servidores foi fechada por grossas lâminas de compensado e o novo prédio entregue ao tempo.
Quem ameaçou abrir a boca foi informado de que eventuais denúncias seriam rechaçadas com acusações de corrupção. Chegaram a ser abertos inquéritos que, como bons instrumentos de intimidação, jamais tiveram desfecho conhecido ou, como o prédio de que tratavam, viraram escombros.



Se a fila de dois anos e 22 mil pacientes à espera de cirurgia no Instituto de Traumato-Ortopedia, no Rio, já é uma aberração, imagine-se um adjetivo para o crime de jogar um hospital inteiro no lixo, como fez o governo Lula para sepultar uma obra do antecessor. O Instituto de Neurociências estava pronto em janeiro de 2003. Hoje é escombros.


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