Para economista da OCDE, Brasil não é imune a crises
À ANSA, um economista citou os principais problemas do país
Ministro da Fazenda, Guido Mantega (foto: Ansa)
10 JULHO, 13:56•SÃO PAULO•CARLO CAUTI
(ANSA) - Um dia após o Fundo Monetário Internacional (FMI) rever as perspectivas de crescimento do PIB do Brasil, o economista sênior da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o italiano Andrea Goldstein, declarou em entrevista à ANSA que a economia brasileira está apresentando sinais negativos e que, se o mundo entrasse em uma nova crise, o país não seria imune às consequências, como aconteceu em 2008.
"O baixo crescimento do Brasil se deve a um problema de condução macroeconômica. De um lado, temos a falta de investimentos, do outro, a inflação, que está ressurgindo. Também existe o problema da pressão tributária e dos gastos públicos, que estão pesando sobre as decisões de investimento e de consumo das empresas e das famílias", declarou Goldstein.
Segundo o economista, autor de vários livros, entre os quais "BRIC: Brasil, Rússia Índia e China no comando da economia global" e "A Economia do Brasil", o país sofre por falta de estratégia. "Os investimentos têm um retorno em 20-30 anos, e não podem ser realizados imediatamente. O que falta é um planejamento de longo prazo, além da qualidade do dinheiro público gasto", afirmou.
Goldstein lembrou como o Brasil foi capaz de fazer grandes investimentos em infraestrutura, como a central hidrelétrica de Itaipu, mas ao mesmo tempo não conseguiu planejar obras que atendessem às necessidades da população. Ele também disse que os investimentos para a Copa do Mundo "tiveram somente um aspecto simbólico e de imagem", mas não resolveram problemas reais, como a deficiência de transportes entre os aeroportos e as grandes cidades brasileiras.
"O problema do Brasil é político. No exterior, todo mundo acha que o país é governado há 10 anos por um partido de esquerda, mas ninguém entende que a maioria que o apóia é a mais heterogênea possível. O sistema político brasileiro permite esse tipo de situação de paralisia, com os 'dinossauros da política', os caciques das áreas periféricas que continuam mantendo o controle. Isso eu acho que é um dos problemas culturais que impedem investir onde é realmente necessário", defendeu Goldstein.
"O baixo crescimento do Brasil se deve a um problema de condução macroeconômica. De um lado, temos a falta de investimentos, do outro, a inflação, que está ressurgindo. Também existe o problema da pressão tributária e dos gastos públicos, que estão pesando sobre as decisões de investimento e de consumo das empresas e das famílias", declarou Goldstein.
Segundo o economista, autor de vários livros, entre os quais "BRIC: Brasil, Rússia Índia e China no comando da economia global" e "A Economia do Brasil", o país sofre por falta de estratégia. "Os investimentos têm um retorno em 20-30 anos, e não podem ser realizados imediatamente. O que falta é um planejamento de longo prazo, além da qualidade do dinheiro público gasto", afirmou.
Goldstein lembrou como o Brasil foi capaz de fazer grandes investimentos em infraestrutura, como a central hidrelétrica de Itaipu, mas ao mesmo tempo não conseguiu planejar obras que atendessem às necessidades da população. Ele também disse que os investimentos para a Copa do Mundo "tiveram somente um aspecto simbólico e de imagem", mas não resolveram problemas reais, como a deficiência de transportes entre os aeroportos e as grandes cidades brasileiras.
"O problema do Brasil é político. No exterior, todo mundo acha que o país é governado há 10 anos por um partido de esquerda, mas ninguém entende que a maioria que o apóia é a mais heterogênea possível. O sistema político brasileiro permite esse tipo de situação de paralisia, com os 'dinossauros da política', os caciques das áreas periféricas que continuam mantendo o controle. Isso eu acho que é um dos problemas culturais que impedem investir onde é realmente necessário", defendeu Goldstein.
Segundo o economista, a atual situação de crise das empresas de Eike Batista também é um "sinal negativo para o Brasil". "Em primeiro lugar, porque a mineração e a extração petrolífera estão entre os principais setores da economia brasileira. Mesmo com todos os problemas que poderia criar a 'doença holandesa', permanecia a esperança do aumento de pontos no PIB graças a esses setores. Mas agora está claro que é muito mais difícil explorar o pré-sal do que tinha sido previsto", analisou. "Um segundo aspecto negativo é que estamos falando de uma pessoa que era considerada membro de uma classe de novos capitalistas brasileiros que aparentemente iriam mudar a cara do país e que, ao contrário, hoje aparecem com fortes dificuldades. O terceiro ponto negativo é a grande exposição do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com as empresas de Eike. Isso demonstra que as críticas às políticas econômicas do banco realizadas nos últimos anos estavam corretas", salientou Goldstein.O economista explicou que, por todas essas razões, o Brasil não consegue crescer a ritmos acelerados, e "mesmo quando cresce por um ano com um PIB como a China, nos anos seguintes deve reduzir o crescimento por causa dos desequilíbrios provocados pelo próprio crescimento. Isso demonstra que o Brasil não tem a capacidade de crescer a um ritmo muito elevado".
"Se o contexto externo se mantiver positivo ou neutro, o Brasil poderá crescer a taxas baixas. Entretanto, se a economia internacional entrasse em crise, a situação ficaria realmente difícil para o Brasil. Essa seria uma 'tempestade perfeita' para os investimentos brasileiros", disse Goldstein. (ANSA)
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