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domingo, 19 de agosto de 2012

Reportagem mostra José Dirceu atuando nos bastidores da Casa Civil

http://aluizioamorim.blogspot.com.br/2012/08/reportagem-bomba-revela-documentos-do.html

sábado, agosto 18, 2012

REPORTAGEM-BOMBA REVELA DOCUMENTOS DO PLANALTO EXPONDO AÇÕES DE JOSÉ DIRCEU QUANDO ERA MINISTRO DE LULA

Documentos oficiais obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo - entre correspondências confidenciais, bilhetes manuscritos e ofícios - revelam os bastidores da atuação de José Dirceu no comando da Casa Civil, entre janeiro de 2003 e junho de 2005. Liberados com base na Lei de Acesso à Informação, os papéis enviados e recebidos pelo homem forte do governo Luiz Inácio Lula da Silva explicitam troca de favores entre governo e partidos aliados, intervenções para que empresários fossem recebidos em audiências e controle sobre investigações envolvendo nomes importantes da máquina pública. 
Dirceu deixou o governo em meio ao escândalo do mensalão, acusado de comandar uma "quadrilha" disposta a manter o PT no poder via compra de votos no Congresso - ele é um dos 37 réus do julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal. Desde a saída do governo, mantém atuação partidária e presta serviços de consultoria a empresas privadas no Brasil e no exterior.
Uma centena de ofícios dos primeiros anos do governo Lula agora tornados públicos trata quase exclusivamente da ocupação dos cargos públicos por partidos aliados. Sob a "incumbência" de Dirceu, Marcelo Sereno, seu chefe de gabinete e braço direito, despachava indicações de bancadas, nomeações e currículos para os mais variados cargos federais.
A troca de ofícios com o então presidente do PL (hoje PR), deputado Valdemar Costa Neto, não esconde os interesses de cada um. O assunto é a negociação de cargos-chave na Radiobrás. Em ofício arquivado na Presidência com o número 345/Gab-C.Civil/PR, Valdemar indica nomes à estatal federal de comunicação e acrescenta: "Certo de que V.Exa. poderá contar com apoio integral desta Presidência e da Bancada do Partido Liberal no Congresso."
Em 27 de fevereiro de 2003, Dirceu ordena que a demanda seja encaminhada ao então presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci.
Valdemar viria a ser denunciado mais tarde sob a acusação de integrar a "quadrilha" do mensalão por ter recebido dinheiro do valerioduto. Hoje deputado pelo PR, o parlamentar também aguarda a sentença do STF.
Os documentos liberados também mostram pedidos de colegas de partido de Dirceu. Em 11 de fevereiro de 2003, por exemplo, a deputada estadual petista Maria Lúcia Prandi envia mensagem onde diz tomar "a liberdade de estabelecer contato no sentido de solicitar audiência para tratar de questões referentes à condução de articulações no sentido de consolidar a relação partidária com as ações governamentais, em especial assuntos relativos à atuação desta parlamentar na Baixada Santista".
Outro ofício recebido pelo Planalto mostra o então presidente do Diretório Regional do PT em Sergipe, Severino Oliveira Bispo, pedindo a Dirceu para tratar da seguinte pauta: "1) Apresentação da relação dos nomes dos indicados para os cargos federais no Estado; 2) O que mais ocorrer".
A documentação liberada revela uma ordem da Casa Civil a favor de uma empresa. Em 13 de março de 2003, a pedido de Dirceu, Marcelo Sereno intermedeia pedido de audiência de representantes da Ondrepsb Limpeza e Serviços Ltda. no Ministério da Justiça. Naquele ano, a empresa de Santa Catarina recebeu R$ 2,9 milhões do governo federal. Em 2004, ganhou R$ 3,9 milhões. Segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), a média de pagamentos dos três anos posteriores ao ofício foi 100% maior em comparação ao mesmo período que antecedeu a intervenção.
ControleOs registros mostram ainda que Dirceu mantinha uma rede de informações que extrapolava os órgãos federais de investigação. O serviço era tocado pela Secretaria de Controle Interno. Vinculado à Casa Civil, comandado à época por José Aparecido Nunes Pires, celebrizado em 2008 por ter sido apontado como um dos autores do dossiê com dados sigilosos sobre os gastos com cartões corporativos no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os documentos indicam, por exemplo, que Dirceu teve acesso - antes do ministro da Justiça da época, Márcio Thomaz Bastos - às gravações de um encontro entre o assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no Aeroporto Internacional de Brasília. Fitas e documentos relacionados ao assunto chegaram ao ex-ministro pelo então chefe da Polícia Civil do Distrito Federal, Laerte Bessa.
As imagens foram gravadas pela segurança da Infraero atendendo a uma solicitação da polícia de Brasília, em uma investigação sigilosa. Só após passar pelo crivo de Dirceu é que a investigação foi remetida a Thomaz Bastos, hoje advogado de um dos réus do mensalão, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, e ex-defensor de Cachoeira. Questionada pela reportagem, a Casa Civil confirmou que dois agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) faziam na época parte da estrutura da Casa Civil e estavam subordinados ao então ministro.
Nota
Em outro caso, conforme os documentos, a atual presidente da Petrobrás, Graça Foster, foi alvo de investigações tocadas pela estrutura de Dirceu. Na época, ela ocupava o cargo de secretária de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia. Adversária do grupo político do então ministro, Graça foi questionada sobre contratos da empresa do marido, Colin Foster, com a Petrobrás.
A nota técnica 23/2004, encaminhada para a então ministra da pasta, Dilma Rousseff, levanta detalhes da atuação da empresa, contratos e considera "prudente" que Dilma, hoje no comando do País, tomasse conhecimento das denúncias. O documento com timbre de "urgente" ressalta que Graça Foster participava, inclusive, do Grupo de Trabalho, instituído pela Casa Civil, encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade de utilização do biodiesel como fonte alternativa de energia. Do site do jornal O Estado de S. Paulo

O Mensalão pode ser um zumbi mas a 'Cafetina do Mensalão' existe sim!



'Cafetina do mensalão' ainda abala a capital federal

Integrar seu cast é o sonho de dez entre dez garotas de programas brasilienses, mas realidade de poucas. Não serve muita maquiagem, roupas curtas demais nem jeito vulgar. As meninas de Jeany entendem inglês e espanhol. São contratadas não só para sexo, mas para serem agradáveis e "nunca encher o saco do cara". Não fazem escândalo. Mas, no primeiro semestre, Jeany deu azar. As juras de um parlamentar subiram à cabeça de uma menina, que cresceu o olho na fortuna do cliente e ligou para a esposa dele. O erro custou à cafetina ameaças e nova temporada forçada em São Paulo.
"Só não foi pior porque a mulher não quis escândalo. Ele falou que ia dar um tiro na cabeça da menina e da Jeany", conta outra garota, dispensada após o ocorrido.
Ela aguarda ansiosa a volta da antiga chefe. Hoje, consegue R$ 500 por programa, em casas noturnas. Com Jeany, ganha pelo menos o dobro, nas festinhas em mansões no Lago, suítes presidenciais ou apartamentos funcionais. Com o dinheiro que juntou quando trabalhava para a cafetina, comprou um carro e metade de seu apartamento.
As meninas de Jeany entendem inglês e espanhol. São contratadas não só para sexo, mas para serem agradáveis.

Não foi a única a lucrar. Ganhar crédito com políticos é o objetivo de financiadores das farras abastecidas por Jeany. Como foi no namoro de Marcos Valério com dirigentes do PT recém-chegado ao poder. Pelo menos duas festas bancadas por meio de seu sócio Ricardo Machado chegaram ao conhecimento da PF nas investigações do mensalão.
Em 9 de setembro e em 5 de novembro de 2003, os tapetes persas da suíte presidencial do Hotel Grand Bittar foram cenário de festas regadas a Veuve Cliquot, uísques 15 anos e dezenas de latas de energético para garantir euforia com as meninas de Jeany.
O depoimento-bomba do sócio de Valério, em 2005, levou Jeany aos holofotes. Em 2006, continuou presente, capaz de constranger autoridades envolvidas no mensalão. O preço do seu silêncio ficou mais caro, garantem dois parlamentares ouvidos pelo Globo e procurados por emissários dela. Um relatório com detalhes dos encontros com autoridades passou a circular pelas mãos certas, o assunto foi resolvido e morreu.
Jeany foi dispensada pelo então procurador-geral da República Antônio Fernandes de Souza de falar à Justiça o que sabia sobre o mensalão. Localizada pelo Globo, não quis falar.
"Não sou celebridade. Não quero saber de jornalista. Saí há mais de um ano desse negócio, agora tenho é um salão de beleza", disse, desligando o telefone.

As meninas do FEMEN estão protestando em São Paulo contra Putin

http://br.noticias.yahoo.com/fotos/mulheres-seminuas-s%C3%A3o-presas-em-sp-slideshow/femen-photo-1345065399.html

Julian Assange quer evitar sua ida a Suécia por ser acusado de crimes sexuais...

http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/assange-pede-a-obama-que-acabe-com-%E2%80%9Ccaca-as-bruxas%E2%80%9D-contra-wikileaks

Londres

Assange pede a Obama que acabe com “caça às bruxas” contra WikiLeaks

Fundador do site que revelou documentos secretos dos EUA fez primeiro pronunciamento após se refugiar, há dois meses, na embaixada do Equador em Londres

Em pronunciamento neste domingo, feito da sacada da embaixada do Equador em Londres, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, atacou os Estado Unidos e classificou os processos movidos pelo país contra o site como “caça às bruxas”. Essa foi a primeira vez que ele falou desde que precisou se refugiar na embaixada, há dois meses, para evitar sua extradição para a Suécia, onde é acusado de crimes sexuais.
Assange apareceu por volta das 14h30 (10h30 no horário de Brasília) vestindo uma camisa azul-clara, gravata vermelha e com os característicos cabelos brancos bem curtos. Ele leu um discurso, de aproximadamente cinco minutos, sendo constantemente ovacionado pelas pessoas que o acompanhavam do lado de fora da embaixada – e atentamente observado pela polícia britânica. Caso coloque os pés fora do prédio, Assange pode ser preso. 
No início de sua fala, ele agradeceu aos países da América do Sul, entre eles o Brasil, por "defenderem o direito ao asilo" e aproveitou para agradecer ao presidente equatoriano, Rafael Correa, "pela valentia que demonstrou por levar em consideração e me conceder asilo político".
O fundador do WikiLeaks acusou a polícia de tentar entrar na embaixada do Equador na última quarta-feira para prendê-lo. Segundo ele, a polícia só desistiu porque existiam testemunhas na embaixada. Um porta-voz da Polícia Metropolitana de Londres, a Scotland Yard, garantiu que as denúncias são falsas. 
Assange também atacou os Estados Unidos e pediu ao presidente Barack Obama que acabe com a “caça às bruxas”, referindo-se aos processos contra o WikiLeaks. "Peço ao presidente Obama que faça o certo: os EUA devem renunciar à caça às bruxas contra o WikiLeaks", disse Assange. “Não deve haver mais essa conversa sobre processar qualquer organização de mídia, seja o WikiLeaks ou oThe New York Times”, acrescentou. O jornal americano é um dos veículos que publicou o conteúdo de documentos secretos dos Estados Unidos, revelados pelo WikiLeaks. Assange também pediu a libertação de Brandley Manning, soldado americano acusado de vazar informações para o site.
Minutos antes do pronunciamento de Assange, seu advogado de defesa, o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, havia dito que o fundador do WikiLeaks estava com espírito "combativo" e havia lhe pedido "que recorra à Justiça para proteger os direitos do WikiLeaks, os seus próprios e os de todas as pessoas que são alvo de uma investigação". O tom das declarações de Assange indica que ele não tem intenção de se entregar à polícia.
Assange pediu asilo no Equador porque teme que, uma vez na Suécia, seja enviado aos Estados Unidos e submetido a novo julgamento. O país garantiu o asilo, mas o australiano não tem salvo-conduto para deixar a embaixada e circular pelas ruas de Londres até o aeroporto.
Garzón especificou que entrará com uma ação judicial sobre "diferentes pontos, em diferentes países, tanto sobre a situação financeira do WikiLeaks, os bloqueios injustificados que foram feitos, assim como para reivindicar a concessão de um salvo-conduto".
Também neste domingo, o número 2 do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, assegurou que seria possível negociar a extradição de Assange para a Suécia se o país se comprometesse a não extraditá-lo aos Estados Unidos. "Seria uma boa base para negociar, uma maneira de encerrar este assunto, se as autoridades suecas declarassem sem nenhuma reserva que Julian nunca será extraditado da Suécia aos Estados Unidos", indicou o porta-voz. "Posso garantir que ele quer responder às perguntas do promotor sueco há muito tempo, há quase dois anos", acrescentou Hrafnsson.
A Suécia reagiu rapidamente: "O suspeito não tem o privilégio de ditar suas condições", disse um porta-voz do ministério das Relações Exteriores. "Se o WikiLeaks quer dar uma mensagem deste tipo, deve fazê-lo conosco diretamente, de maneira convencional".  O porta-voz disse que, na situação atual, a Suécia não pode dizer o que pretende fazer, embora tenha assegurado que "não extraditamos ninguém que corre o risco de pena de morte".
Relação promíscuaAnalistas internacionais afirmam que, para se entender a decisão do governo equatoriano de conceder asilo a Assange, é preciso ter em conta que Correa e Assange têm interesses comuns. “Os dois acreditam que os Estados Unidos são um 'império' que precisa ser controlado”, afirmou à rede CNN Robert Amsterdam, advogado especializado em direito internacional. A relação do presidente equatoriano e do criador do WikiLeaks é, aliás, estreita. Correa, por exemplo, já participou do show de TV comandado por Assange, “The World Tomorrow”, transmitido pelo canal de televisão russa R-TV. No programa, ambos trocaram elogios. O australiano definiu Correa como um “líder transformador”. “Seu WikiLeaks nos fez fortes”, respondeu Correa.

Para o analista político equatoriano Jorge Leon, a concessão do asilo a Assange está relacionada às eleições presidenciais, programadas para acontecer em fevereiro de 2013. Segundo ele, a presença de Assange no país pode ser "útil para reforçar a imagem de esquerda de Correa". Não deixa de ser irônica essa aproximação entre um homem que se proclama defensor incondicional do direito de expressão, como Assange, com um dos grandes perseguidores da imprensa independente, como Correa. O presidente equatoriano é famoso por processar jornalistas e recomendar a ministros que não deem entrevistas. Em seu pronunciamento deste domingo, Assange também agradeceu a países como Venezuela e Argentina, que também procuram controlar o trabalho da imprensa. Para Amsterdam, Assange parece agora estar mais interessado em se salvar do que em defender a imprensa livre.
Neste domingo, na cidade equatoriana de Guayaquil, está prevista uma reunião de ministros das Relações Exteriores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) sobre o caso Assange. No encontro, o Equador busca conseguir apoio dos demais países para o asilo de Assange. A Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou uma reunião para o dia 24 de agosto em Washington.
(Com AFP)
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Retrospectiva WikiLeaks


Em 30/12/2010: Os colunistas do site de VEJA Augusto Nunes, Reinaldo Azevedo e Ricardo Setti falam sobre Julian Assange e o site WikiLeaks.

Curiosity continua atuando em Marte...


HOJE às 13:05
Com video0

Curiosity divulga novas imagens de Marte, incluindo um auto-retrato detalhado


A NASA divulgou novas imagens em alta definição captadas pelo robot Curiosity em Marte, incluindo o primeiro «auto-retrato» com grande resolução.


A imagem foi captada na noite de 7 de Agosto, apenas dois dias após o Curiosity ter aterrado em Marte.

«O que é realmente excitante sobre esta imagem é que vemos o robot – um auto-retrato com o cume da cratera Gale no horizonte», disse John Grotzinger, cientista-chefe da missão.

O principal alvo científico do Curiosity é o Monte Sharp, uma montanha de 5,5 quilómetros de altura que se ergue no centro da Cratera Gale. O satélite que orbita o Planeta Vermelho identificou indícios da presença de argilas e sulfatos perto da base do Monte Sharp, o que pode sugerir a presença de água em estado líquido há muitos anos atrás.

No entanto, o Curiosity não deverá iniciar a viagem rumo ao Monte Sharp durante os próximos meses. Para já, os cientistas estão a verificar se está tudo em ordem com o robot e com os seus instrumentos.

Entretanto, os investigadores anunciaram que o primeiro grande «passeio» do Curiosity será rumo a um local designado Glenelg, situado a cerca de 400 metros a leste do local de aterragem. Apesar de Glenelg não ficar no caminho para o Monte Sharp, alberga três tipos diferentes de terreno para o robot investigar.

Um primeiro passeio de teste deverá ser iniciado já na próxima semana, eventualmente na segunda ou terça-feira. Se tudo correr bem, o robot deverá começar a viagem para Glenelg pouco tempo depois.

Grotzinger acredita que o Curiosity poderá iniciar a jornada para o Monte Sharp mais para o final do ano.

Para já, os testes prosseguem e o Curiosity vai disparar o seu laser sobre uma rocha (identificada no vídeo), vaporizando-a e analisando a sua composição química.

sábado, 18 de agosto de 2012

O Jornalismo como deveria ser....!

http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/dica-de-leitura/newsroom-a-nova-serie-da-hbo-mostra-a-imprensa-nao-como-e-mas-como-deveria-ser-mesmo-assim-e-muito-boa/

18/08/2012
 às 18:00 \ Livros & Filmes

“Newsroom”, a nova série da HBO, mostra a imprensa não como é — mas como deveria ser. Mesmo assim, é muito boa

SÓ OS FATOS -- Daniels e Emily, como o âncora e a produtora: um telejornal sem fofoca nem desvirtuação - e sem medo das baixas audiências
SÓ OS FATOS -- Daniels e Emily, como o âncora e a produtora: um telejornal sem fofoca nem desvirtuação - e sem medo das baixas audiências
Artigo de Isabela Boscov, publicado na edição de VEJA que está saindo hoje das bancas

IDEALISTA TEIMOSO
Em “The West Wing”, Aaron Sorkin tentou consertar o governo. Em “The Newsroom”, seu alvo é o jornalismo

Foi à base de uma postura evasiva que Will McAvoy (Jeff Daniels) se tornou o segundo âncora de maior audiência da TV a cabo. Mas, em um debate com estudantes de jornalismo, ele afinal mostra os dentes que sempre escondeu. “Na sua opinião, o que faz dos Estados Unidos a maior nação do planeta?”, pergunta uma aluna. “Oportunidade”, “diversidade”, “liberdade”, respondem monotonamente os outros debatedores. Will tenta sair pela tangente, mas por fim contesta: “E quem diz que é isso que somos?”, replica, enfileirando uma enxurrada de estatísticas negativas.
A plateia de inocentes está consternada, e Will está libertado: falou das coisas como as coisas são. E, por sua vez, Aaron Sorkin, o criador de The Newsroom, em exibição pela HBO, já se plantou assim com os dois pés em um território que é em grande parte de sua invenção — o da América como ela deveria ser.
Durante os anos em que esteve à frente da série The West Wing, Sorkin conjurou uma Casa Branca em que o presidente e seus assessores erravam, sim, mas por serem humanos, nunca por serem venais — um ideal da governança nortea­da pela moralidade e pelo bem maior. Agora, emNewsroom, ele quer demonstrar à imprensa tudo o que ela poderia ser.
FOCA ASSUSTADA -- Alison, como a novata da equipe: diálogos à velocidade de 100 palavras por segundo
FOCA ASSUSTADA -- Alison, como a novata da equipe: diálogos à velocidade de 100 palavras por minuto
Nem todo mundo, claro, acha a América de Sorkin ideal ou quer viver nela – nem que seja pelo fato de seus personagens, sempre que abrem a boca, recitarem editoriais à velocidade de 100 palavras por minuto (a artilharia verbal de Sorkin foi um dos pontos altos também de A Rede Social, que lhe deu o Oscar de roteiro).
Há umas tantas contradições, ainda, das quais Sorkin passa ao largo. A mais vital delas é que o noticiário com que Will e sua produtora e ex-namorada Mackenzie (Emily Mortimer) querem informar de maneira responsável o telespectador tem de se desprender de ditames vulgares como audiência e receita publicitária – ao passo que, no mundo real, esses são os mecanismos com que os veículos garantem sua independência de associações com governos, lobbies e facções.
Outro ponto a mencionar é que não são os âncoras brandos como Will que hoje dominam a audiência americana – são os da variedade truculenta, como os da Fox News, que Sorkin, aliás, adora desancar em sua série.
Feitas essas ressalvas, contudo, Newsroom é ainda assim Aaron Sorkin no seu melhor: personagens carismáticos (Alison Pill é um achado como a novata da equipe), diálogos ultra-articulados e deliciosos – e, sim, a crença teimosa de seu criador de que o mundo em geral, e os Estados Unidos em particular, sempre poderiam ser melhores.
De uma coisa ele não pode se queixar: só em um país que dedica respeito devocional à liberdade de expressão ele poderia fazer as invectivas que faz, e dar nome aos bois como dá, com amparo da lei e paz de espírito.