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domingo, 28 de abril de 2013

"Cuidado com o sucesso"....! // Marshall Goldsmith em entrevista à Veja

Carreira

'Brasileiros precisam tomar cuidado com o sucesso', diz guru dos CEOs

Para Marshall Goldsmith, coach de mais de 150 executivos listados pela revista Forbes, a família move a ambição dos líderes brasileiros. Mas eles devem tomar cuidado com as armadilhas do sucesso, como a presunção e a arrogância

Ana Clara Costa
Marshall Goldsmith
Marshall Goldsmith: mais de 30 livros publicados sobre liderança (Divulgação)
Autor de mais de 30 livros de gestão e liderança, o americano Marshall Goldsmith é um dos coachs de executivos mais respeitados dos Estados Unidos. Ao longo de 30 anos de carreira, Goldsmith treinou mais de 150 CEOs listados na revista Forbes. Entre seus alunos, estiveram Alan Mulally, presidente da Ford, e o general Eric Shinseki, que chefiou o gabinete das Forças Armadas dos Estados Unidos. O autor esteve no Brasil na última semana a convite da escola de negócios Hult e da Fundação Dom Cabral para conversar com empresários brasileiros.
Chamado de ‘guru dos CEOs’, ele falou ao site de VEJA sobre o perfil dos líderes do país e as características que podem ser melhoradas. “O Brasil precisa tomar cuidado com o perigo do sucesso. Em qualquer organização, quanto maior o sucesso, maior pode ser a armadilha da arrogância e da presunção. É algo no que os CEOs brasileiros precisam pensar. Uma luz amarela para eles”, disse. Confira trechos da entrevista.
Qual é a principal diferença entre os líderes de hoje e os de 30 anos atrás, quando o senhor começou?Os líderes do passado sabiam mandar. Os de agora devem saber como pedir. Um dos grandes desafios dos líderes empresariais deste século é adquirir a capacidade de ouvir, aprender e perguntar. Antes, não era necessário. Hoje, você não pode simplesmente dar ordens. No Brasil, por exemplo, a economia está indo bem, as pessoas são espertas, capazes e confiantes. Se um líder que tem essas pessoas ao redor decide tratá-las de cima para baixo, elas vão embora. Não é mais um cenário em que as pessoas precisam, desesperadamente, daquele emprego. Agora há milhares de oportunidades. E quanto mais jovens, mais sensíveis elas são ao tratamento que recebem. Hoje, não trabalham só pelo dinheiro. Elas exigem um tratamento de igual para igual. Não admitem grosseria.
Um líder que pergunta sempre o que fazer não é visto como fraco?Não, pois eles não precisam fazer tudo o que lhes é dito. O líder tem o poder da decisão. Eu os treino para que absorvam o quanto puderem dos demais, mas não precisam acatar tudo. O líder não precisa agradar a todos. Conduzir uma empresa não é um concurso de popularidade.
Os CEOs brasileiros têm perfis diferentes daqueles dos demais países?
Eles são muito mais ligados à família. Tanto que, quando ensino, sempre resgato exemplos que possam ser aplicados à família. E eles gostam muito. Já na Europa, não gostam tanto. No Brasil, eles se esforçam na área profissional, muitas vezes, para agradar a própria família. Sobretudo porque, no Brasil, muitos dos grandes negócios estão no seio familiar.
O senhor diria que eles são mais ambiciosos?Não, diria que eles são mais movidos pela emoção. Na Índia, por exemplo, eles são muito focados, muito respeitosos, querem aprender, mas são menos emotivos. Na Europa, são mais ásperos, se cansam mais. Não que isso seja um impedimento. Apenas torna o trabalho mais desafiador.
Quando os CEOs o procuram, eles querem, no geral, a mesma coisa?Depende. Os que entram em contato comigo por vontade própria, querem melhorar. Eles querem ser exemplos para seus funcionários, querem aprender. Mas há casos em que o conselho da empresa me pede para dar o coaching ao CEO porque acham que, desta forma, ele pode ser um pouco mais eficiente. E há ainda os conselhos que me contratam para treinar os futuros CEOs. Cerca de 70% dos meus alunos são presidentes de empresas, mas 30% são aqueles nos quais as empresas apostam para os próximos anos.
Todos os CEOs são 'treináveis?Nem todos. É preciso que queiram melhorar. Os conselheiros que me contratam sempre me fazem essa pergunta. Quando um executivo termina um grande curso de MBA, ele tem capacidade técnica. Todos que traçam esse caminho têm capacidade técnica. O diferencial que os recrutadores buscam é se esses jovens líderes estão dispostos a ouvir e a aprender. Se um determinado jovem não quer ouvir, ele se torna um problema desde o início para as empresas.
E eles estão dispostos a ouvir?Hoje, muito mais do que antes.
Os brasileiros estão dispostos a aprender?Sim, mas os que mais se destacam nesse quesito são os asiáticos. Não é que eles sejam melhores, mas eles querem aprender mais. Na Índia, eles idolatram os professores, ouvem tudo e são muito focados. No Brasil, o professor não tem tanto status. Então não é o aprendizado puro que move os brasileiros. É a família.
O que pode ser melhorado no comportamento desses executivos?Há uma situação perigosa acontecendo, que acende a luz amarela para o país, não a vermelha. É o perigo do sucesso. Em qualquer organização, quanto maior o sucesso, maior pode ser a armadilha da arrogância, da presunção, de se achar especial. É algo que os CEOs brasileiros precisam pensar. Não se trata de ser melhor que ninguém. Ocorre apenas que o país e seus líderes estão aproveitando as oportunidades que surgiram. Talvez as gerações passadas não tenham tido essas mesmas oportunidades. Mas isso não quer dizer que não tenham sido, também, brasileiros brilhantes.
Há mais puxa-sacos hoje do que antes nas grandes empresas?Não sei dizer. A bajulação existiu ao longo de toda a história e não creio que deixe de existir. O que é engraçado é que todos os CEOs que treinam comigo dizem odiar os puxa-sacos. E eu lhes perguntou por que, então, há tantos puxa-sacos nas empresas? O fato é que o puxa-saco em uma empresa é como o cachorro dentro de uma casa. Não briga, não reclama, está sempre feliz em ver o dono, não liga se o dono chega bêbado em casa. E, no final das contas, o membro mais amado da família acaba sendo quem? O cachorro. Sempre vai haver a bajulação porque sempre vai haver pessoas elogiando seus superiores e ganhando favoritismo por causa disso.
Qual é o seu CEO favorito?Alan Mulally, presidente da Ford. Um cara espetacular que transformou aquela empresa. Ele foi meu aluno, mas, no fim, ele que acabou me ensinando muitas coisas. Ele me ensinou a trabalhar sempre com as melhores pessoas, com pessoas sensíveis e que se preocupam com o ambiente em que estão. E o Alan é muito amado na Ford. Mas isso não quer dizer que ele seja o rei da popularidade. Ele sabe tomar decisões difíceis e as tomou muitas vezes. Mas sabe lidar com as pessoas.
Há um movimento liderado pela diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, para estimular a liderança entre as mulheres. Mulheres são boas líderes?Em média, a mulher é percebida com melhor líder que o homem. O problema é que as mulheres são muito mais duras com elas mesmas e isso as impede de avançar. Elas são muito mais duras que os homens, na verdade. O que digo para elas no coaching é para que não sejam tão duras. Elas querem ser perfeitas em tudo: como mães, esposas, filhas, amigas e profissionais. Mas ninguém é perfeito. Os homens sabem que as mulheres, no geral, são melhores que eles em tudo que fazem. A boa notícia é que eles não ligam para isso. Outra coisa que as mulheres não sabem fazer é autopromoção. Já os homens fingem que não sabem, mas sempre se autopromovem. As mulheres têm a percepção ingênua de que o mundo vai reconhecê-las se elas trabalharem duro. E isso não acontece. Toda empresa tem um departamento de marketing para vender seu produto, mesmo os bons produtos. Elas não podem ter medo de mostrar seu trabalho. Não podem se sentir mal por tentar ir adiante. E a Sheryl Sandberg diz isso em seu livro.
Ela também diz que as mulheres que se autopromovem são, em muitos casos, odiadas.Sim. Mas as mulheres precisam fazer as coisas de maneira diferente dos homens. A autopromoção feminina não pode ser dura. Eu digo às mulheres: se tiverem um sonho, corram atrás. Mas terão de dar algo em troca. E é essa troca que as faz se sentir culpadas e, em muitos casos, as impede de ir adiante.

A Política é uma zorra....

http://revistaepoca.globo.com//Brasil/noticia/2013/04/investigacao-expoe-irregularidades-na-campanha-de-candidato-do-grupo-de-garotinho.html
INVESTIGAÇÃO - 26/04/2013 21h24 - Atualizado em 26/04/2013 21h24
TAMANHO DO TEXTO

Investigação expõe irregularidades na campanha de candidato do grupo de Garotinho

Um esquema que envolve o deputado Anthony Garotinho no Rio de Janeiro é enrolado como a trama de um filme policial – cujo final pode estar próximo

HUDSON CORRÊA
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FESTA O deputado Anthony Garotinho e sua mulher, Rosinha, prefeita de Campos, em evento doméstico. Enquanto eles se divertem, o Ministério Público trabalha (Foto: reprodução/Revista ÉPOCA)
A família Garotinho gosta de criar um mundo de faz de conta em festas à fantasia. Há dois anos, o deputado e líder do PR na Câmara, Anthony Garotinho, vestiu-se de Zorro no baile de aniversário de sua filha, a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR) (confira a foto). No vídeo da festa, ele se ajoelha aos pés de sua mulher, a prefeita de Campos dos Goytacazes,Rosinha Garotinho, também do PR. Ela sorri orgulhosa em seu vestido de melindrosa. No início deste mês, Rosinha completou 50 anos. Lá estava Garotinho, agora fantasiado de Elvis Presley, com uma peruca de topete avantajado e costeletas. Rosinha trajava um vestido cor-de-rosa com bolinhas lilás, no estilo broto dos anos 1960. Enquanto Garotinho se divertia, o Ministério Público do Rio de Janeiro trabalhava, investigando as contas do partido de Garotinho. O que o MP encontrou nessas investigações não é nada divertido.

No centro do imbróglio está uma empresa com nome de grife de moda, que entrega mercadorias de natureza diferente e bastante variada: a GAP Comércio e Serviços Especiais. Ela já foi contratada em circunstâncias suspeitas pelo gabinete de Garotinho na Câmara, tem contratos no valor de R$ 32 milhões com a prefeitura de Campos e aparece na campanha do PR, em 2010, quando Garotinho tentou eleger o desconhecido Fernando Peregrino. ÉPOCA descobriu notas fiscais de mais de R$ 1 milhão da campanha de Peregrino com indícios de falsidade. Elas passam, ainda que indiretamente, pela GAP.

Garotinho pavimenta o caminho para se candidatar a governador em 2014. Sua estratégia tem dois pilares. O primeiro é consolidar seu PR como força nacional. Garotinho assumiu, em fevereiro, a liderança do PR na Câmara. A legenda tem um bloco de 42 deputados, a quinta maior bancada, e comanda o Ministério dos Transportes, Pasta com orçamento de R$ 10 bilhões. Como líder de um partido de médio porte, Garotinho pode dificultar a vida do governo em votações no Congresso Nacional. Por isso, o Palácio do Planalto prefere não contrariá-lo. Antes de anunciar, no começo deste mês, a nomeação do novo ministro dos Transportes, César Borges (PR-BA), a presidente Dilma Rousseff telefonou para Garotinho. Queria saber se havia alguma objeção ao nome.

O segundo pilar de Garotinho é montar uma base sólida no Rio de Janeiro, que envolveu o lançamento, em 2010, da candidatura de Peregrino. As novas investigações do MP, somadas à reportagem de ÉPOCA, apontam irregularidades justamente na campanha eleitoral de 2010. Se Garotinho é famoso pelas pantomimas em suas festas à fantasia, as suspeitas envolvendo o PR flertam com outro ramo das artes cênicas: o thriller policial. No caso, um movimentado filme em três atos.
PRIMEIRO ATO: O ESTRANHO CASO
DO POSTO DE GASOLINA QUE ALUGA CARROS

A análise minuciosa das contas de Peregrino revela várias estranhezas. Primeira estranheza: Peregrino declarou à Justiça Eleitoral pagamentos de R$ 1,2 milhão a quatro postos de gasolina de uma mesma rede. Se todo esse dinheiro tivesse sido empregado em combustível, daria para percorrer duas vezes toda a malha rodoviária do Estado do Rio de Janeiro. Segunda estranheza: uma parcela expressiva desse valor – R$ 873 mil – foi para uma mesma estação de combustível, o Posto 01, no município de Itaboraí, propriedade da empresária Jacira Trabach Pimenta. Terceira estranheza: uma das notas emitidas pelo posto, no valor de R$ 700.500, não se referia a gasolina, mas à locação de carros. A nota discriminava a locação, para campanha eleitoral, de uma gigantesca frota de 170 veículos. Ficavam à disposição do candidato 100 Kombis, 50 carros populares, 15 vans executivas e cinco caminhões no período de 15 de julho a 31 de agosto.  

ÉPOCA foi até Itaboraí verificar como um posto de gasolina se transformou em locadora de veículos. O Posto 01 fica quase fora da cidade, numa daquelas ruas em que, aos poucos, o comércio começa a rarear. Lá, um funcionário informa, estranhando a pergunta, que nunca houve uma locadora de carros funcionando no posto. “O senhor tem de voltar para o centro da cidade”, disse. Não havia pátio que indicasse espaço para 170 veículos, incluindo os caminhões alugados por Peregrino. Os documentos das inscrições estadual e municipal do posto também só falam de venda de combustível e alguns serviços relacionados ao ramo. Não aparece nada sobre locação de veículos.
a mensagem 779 investigação (Foto: reprodução/Revista ÉPOCA)
A pedido de ÉPOCA, o perito Ricardo Molina analisou as cinco notas fiscais referentes a gastos com combustível, anexadas à prestação de contas de Peregrino, no Posto 01 e em outros estabelecimentos. Aí aparece uma quarta estranheza. Ao verificar o documento que deveria se referir à locação de veículos, Molina apontou “inconsistência, estranheza e indícios de irregularidade”. Para emitir notas fiscais à moda antiga – atualmente tudo é feito por meio eletrônico –, a empresa precisaria encomendar os documentos a uma gráfica autorizada, que imprimiria uma série de talões. Cada nota deveria ser emitida em sequência, assim que os serviços fossem prestados. O documento fiscal referente à locação de carros para Peregrino pertencia a um talonário impresso em setembro de 2008, que tinha 250 notas fiscais. A emissão da nota para a campanha de Peregrino ocorreu em 6 de setembro de 2010, dois anos depois da impressão. “Aparentemente, os talonários foram entregues pela gráfica ao posto em 2008 e, dois anos depois, já muito próximo da data de expiração dos talões, teriam sido emitidas apenas quatro notas em todo o conjunto”, diz Molina.

Das cinco notas fiscais emitidas por postos de gasolina para a campanha de Peregrino, quatro foram preenchidas à mão, incluindo a da locação de veículos. Molina comparou as grafias e concluiu que a letra era a mesma. Isso sugere que a emissão dos documentos tenha sido feita pela mesma pessoa. Geralmente, a expedição de notas ocorre no local da venda ou prestação de serviços. Os quatro postos, apesar de integrar a mesma rede, são empresas individuais, com notas fiscais próprias, e estão localizados em regiões diferentes do Estado: zonas Norte e Oeste do Rio, Itaboraí e Duque de Caxias. A distância entre um e outro chega a ser de 60 quilômetros. Entre as cinco notas fiscais, apenas uma foi preenchida no computador. Sua emissão ocorreu no mesmo dia das outras. Uma anotação à caneta indica o número da conta bancária em que o dinheiro deveria ser depositado. Essa grafia difere das preenchidas à mão.
SEGUNDO ATO: A ESTRANHA EMPRESA, COM NOME
DE GRIFE DE MODA, QUE ALUGA AMBULÂNCIAS

Neste momento é necessário fazer um flashback no filme. Em 2011, com a verba da Câmara dos Deputados destinada a cobrir gastos com atividade parlamentar, Garotinho alugou um Ford Fusion na empresa GAP Comércio e Serviços Especiais. O nome GAP nada tem a ver com a famosa grife americana de moda. É a sigla de George Augusto Pereira, dono de 99,8% das ações da empresa. Sediada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a empresa recebeu R$ 27 mil do gabinete de Garotinho entre fevereiro e julho daquele ano, até que houve um acidente de percurso. Literalmente. Wladimir Matheus, filho de Garotinho e presidente municipal do PR em Campos, bateu um Ford Fusion num muro da cidade. O carro ficou totalmente destruído. Matheus sobreviveu graças ao sistema de air bags. Em meio à comoção, descobriu-se que o carro pertencia à GAP. ÉPOCA revelou a história na ocasião. Garotinho afirmou que o veículo pago pela Câmara não era o mesmo destruído pelo filho. Pelo sim, pelo não, deixou de contratar a locadora.
LETRA O candidato Fernando Peregrino e a perícia encomendada  por ÉPOCA sobre suas notas de campanha. Postos diferentes, a  mesma caligrafia (Foto: Gabriel de Paiva/Ag. O Globo)
Logo em seguida, em agosto de 2011, o MP entrou com uma ação na Justiça, acusando a prefeita Rosinha de improbidade administrativa pela contratação da GAP para alugar 56 ambulâncias para o município. ÉPOCA teve acesso à peça de acusação. O MP diz que a GAP tinha a obrigação de contratar motoristas para dirigir as ambulâncias, mas quem ficava atrás do volante eram funcionários da prefeitura. A GAP recebia combustível do posto público que atende a frota oficial, mas parte da gasolina, segundo o MP, acabava desviada para encher tanques de carros particulares. Vales-combustível, assinados em branco por um funcionário público, foram apreendidos na sede da empresa por determinação da Justiça. O contrato foi assinado em 2009 e se estende até hoje. A Promotoria de Justiça concentrou sua apuração no pagamento de R$ 32 milhões à empresa até 2011.

A Justiça mandou notificar Rosinha em fevereiro deste ano para que ela apresente defesa. Se condenada, poderá ser obrigada a devolver aos cofres públicos todo o dinheiro que foi parar nas contas da GAP. Ela também corre o risco de perder o mandato e ficar inelegível por oito anos. Procurada por ÉPOCA, Rosinha informou, por meio de sua assessoria, que ainda não foi notificada pela Justiça. Ela diz que o Tribunal de Contas do Estado não viu irregularidades na contratação.
TERCEIRO ATO: A ESTRANHA VENDA DAS AÇÕES
DA GAP – QUANDO AS DUAS HISTÓRIAS SE UNEM

Documentos obtidos por ÉPOCA revelam que o Posto 01 chegou a ter uma filial no mesmo endereço da GAP, que as empresas tinham um contador em comum e compartilhavam uma conta bancária. As ligações suspeitas se estreitaram oficialmente em maio de 2012. Inexplicavelmente, o GAP da GAP – George Augusto Pereira, o sócio majoritário dono de 99,8% das ações – deixou repentinamente a sociedade. Àquela altura, a Promotoria de Justiça já investigava seus negócios. Ao longo dos anos, a GAP acumulou um capital social de R$ 8 milhões e amealhou ativos de R$ 5,6 milhões. Mesmo assim, Pereira vendeu sua participação societária por R$ 100 mil, parcelados em dez vezes. Quem comprou a GAP, em condições tão especiais? A empresária Jacira Trabach Pimenta. Ela mesma, a dona do Posto 01, de Itaboraí, que também aluga carros. Além dos R$ 32 milhões já auditados pelo MP, a GAP assinou um aditivo de R$ 15 milhões com a prefeitura de Campos, em setembro de 2012, quando a empresa já estava no nome de Jacira. O MP suspeita que, se avançar mais nas investigações, não encontrará apenas suspeitas de novos desvios relacionadas à prefeitura de Campos. Fatalmente, chegará às contas eleitorais do PR em 2010 e ao candidato de Garotinho.

Procurado por ÉPOCA, Peregrino negou que sua prestação de contas tenha lançado gastos com combustível e apresentado nota fiscal de locação de veículos. “Não tem isso, não. Eu não estou vendo a nota que você tem. Se quiser me mostrar, vejo isso com o contador. É um posto que aluga carro?”, disse. Peregrino argumentou que suas contas foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral. Fernando Trabach, que se identificou como diretor comercial da rede de postos que inclui o Posto 01, afirmou que o estabelecimento aluga veículos e prestou os devidos serviços. Ele negou irregularidades nas notas. Garotinho preferiu não comentar as acusações de desvio na prefeitura de Campos e as suspeitas na campanha.

Em Campos, aguarda-se o tema do próximo baile à fantasia de Garotinho. E o desfecho do thriller que investiga as denúncias no Rio de Janeiro. 
>>Esta reportagem está em ÉPOCA desta semana

Coluna de Guilherme Fiuza na Revista Época // O New York Times também não sabia


sábado, 27 de abril de 2013

Charge de Sponholz

sábado, abril 27, 2013

Sponholz: O cinismo como arma política!


"Estou relendo minha luta, meus valores...." / Vander Lee em Meu Jardim

Vídeo com canção de reflexão... uma espécie de mantra!

Bernado do Vasco entre as bolas e a balas...

Rio de Janeiro

A mulher que fez o jogador Bernardo perder a cabeça

Dayana Rodrigues, 23 anos, está com o traficante Menor P. há dois anos e também foi punida pela 'traição'. Na favela, bandido ganhou apelido de "Tufão"

Leslie Leitão, do Rio de Janeiro
Dayana, mulher do traficante Menor P.
Dayana, mulher do traficante Menor P. - VEJA
A forma como o caso chegou à 21ª DP (Bonsucesso) é praticamente uma confissão de crime: a mãe, o pai e uma irmã de Dayana foram à delegacia acompanhados pelo advogado Nilson Lopes dos Santos - o mesmo que defende Menor P. das acusações de tráfico. A alegação: Dayana teria sido atingida por "sete balas perdidas"
“Deixa ela passar. Não olha nem mexe. Sabe quem tá passando? É a mulher do chefe”. Popular nos bailes das favelas do Rio, o funk Mulher do Chefe traz, no refrão, uma brincadeira com uma das leis do tráfico de drogas. Flertar, brincar ou, como no caso do jogador Bernardo, envolver-se com a mulher de um chefe do tráfico é um delito punido com tortura, fuzilamento e desaparecimento do corpo da vítima. Bernardo, o meia vascaíno que escapou da morte no Complexo da Maré, foi salvo pela fama. O bandido Marcelo Santos das Dores, o temido “Menor P” e chamado também de “Astronauta”, foi alertado por outro jogador, o tricolor Wellington Silva, sobre as consequências óbvias da morte de uma figura conhecida nacionalmente: em resposta ao crime, a favela seria ocupada pela polícia e, como tem ocorrido nos últimos quatro anos, receberia uma UPP, algo que faz minguar os lucros do tráfico de drogas.
Bernardo cometeu um erro que já levou para o “microondas”, como é chamada a fogueira de pneus onde corpos são incinerados, um número incalculável de vítimas no Rio. A mulher que fez o jogador perder a noção do perigo é Dayana Rodrigues, de 23 anos, mãe de um menino de 6, filho de um traficante que já morreu. A criança chama Menor P. de pai, o que indica o grau de envolvimento do bandido com Dayana. Apesar de ser “mulher do chefe”, Dayana ainda mora com o pai e a irmã, em um apartamento na favela Vila dos Pinheiros, às margens da Linha Amarela. Como manda o figurino, Dayana gosta de ostentar riqueza e poder nas redes sociais – o que se traduz em joias douradas, poses em baladas, exibição de presentes caros e uma tatuagem, uma singela letra M, em homenagem ao amor com o traficante.
Dele, recebe mimos, e já ganhou pelo menos dois carros. O último deles um Peugeot 308 branco. No início do ano, Menor P. montou uma loja de sapatos para a amada. Os dois estão juntos há pelo menos dois anos – uma relação duradoura, se considerada a vida curta dos traficantes e a alta rotatividade dos relacionamentos no mundo do crime. No último dia 10, o apartamento da ‘segunda dama’ (sim, o traficante tem uma esposa e outras duas namoradas na favela) foi alvo de uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), após receberem a denúncia de que o bandido estaria escondido ali, o que não se confirmou.
Balas perdidas? - Dayana também foi punida: ela foi atingida por cinco tiros nas pernas e dois no pé esquerdo, mas está fora de perigo e recebeu alta do hospital. A forma como o caso chegou à 21ª DP (Bonsucesso) é praticamente uma confissão de crime: a mãe, o pai e uma irmã de Dayana foram à delegacia acompanhados pelo advogado Nilson Lopes dos Santos - o mesmo que defende Menor P. das acusações de tráfico. A alegação: Dayana teria sido atingida por "sete balas perdidas".
Bernardo, nas redes sociais, negou ter sido torturado, apesar de ter contado a história para o supervisor Renê Simões, na última quarta-feira. A própria mãe recusa-se a dizer se o filho, de fato, foi agredido. O depoimento do atacante estava previsto para hoje, mas acabou não acontecendo. Ele deve falar à polícia na semana que vem, quando finalmente apresentará sua versão sobre os momentos de terror na favela, que frequentava, como tantos outros jogadores, por ter amigos de outras épocas. Exemplo recente disso foi o atacante Adriano, que teve o nome envolvido com traficantes por ter presenteado a mãe de um deles com uma moto e doado 60.000 reais para a quadrilha da Vila Cruzeiro.
Empréstimo – Bernardo tinha tanta intimidade com bandidos da favela que chegou a pedir dinheiro emprestado ao traficante Menor P., em um dos momentos de atraso de salários do Vasco. Ele pegou com o bandido 40.000 reais e saldou a dívida quando voltou a receber do clube.
O caso de Bernardo vem à tona no momento em que corre, em Minas Gerais, o júri do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o assassino da jovem Eliza Samudio, que namorou o ex-goleiro Bruno Fernandes, do Flamengo. O novo episódio deixa claro, além do risco que persiste nas favelas cariocas, a atração incontrolável que os craques da bola têm pelo perigo.
Bernardo tem dito a amigos que jamais pisará na favela da Maré outra vez. É uma decisão sábia, diante do problema que criou. O bandido Menor P. passou a ser, depois do episódio, ainda mais visado pela polícia. E está enfurecido: além de amargar a traição, tem sido desmoralizado na favela, onde recebeu o apelido de “Tufão”, em referência ao personagem interpretado por Murilo Benício na novela Avenida Brasil, sempre traído pela mulher, Carminha (Adriana Esteves). Muros da favela passaram a ser pichados com o novo apelido.
O bandido – Nos quatro últimos anos, desde que assumiu o controle de quase todas as favelas do Complexo da Maré, localizado às margens da Linha Vermelha e da Avenida Brasil, rotas obrigatórias para turistas que chegam ao Rio de Janeiro pelo Aeroporto do Galeão, o traficante Marcelo Santos da Dores, conhecido como Menor P., expandiu seus tentáculos de poder usando e abusando da violência. Extorquiu (2 milhões de reais) empreiteiras que faziam obras públicas que passavam em seu reduto, capitaneou disputas pelo território que deixaram quase uma centena de mortos e puniu traidores com a morte. O criminoso adotou também políticas assistencialistas, distribuindo gás, remédios e presentes para moradores da favela em datas festivas como Natal, Dia das Crianças, promoveu shows de artistas famosos, como o cantor Naldo, e grandes cultos evangélicos para angariar a simpatia de todos os gêneros. Tudo isso, misturado à corrupção de parte das forças policiais a quem paga.
Menor P. - ou Astronauta - era tão confiante que gostava de dar recados no baile. Numa das gravações que foram parar no youtube, ele pede a união de todos os moradores e reclama que a polícia e o Diabo tentaram ‘ceifar sua vida’. E em seguida cita uma passagem bíblica: “Eu sou que nem o Monte Sião, que não se abala nunca mas permaneço para sempre”. O traficante encerra seu discurso demagogo pedindo gritos mais altos dos presentes ao baile: “Quero ouvir toda a comunidade gritando, porque quem manda na comunidade é vocês (sic), a gente só administra”.

Os boleiros e o crime

1 de 6

Sequestro da mãe de Robinho

A mãe do atacante Robinho, Marina da Silva Souza, foi rendida no dia 6 de novembro de 2004, durante um churrasco no litoral de São Paulo. Foi mantida em cativeiro por mais de um mês e liberada após pagamento de resgate. A polícia de São Paulo prendeu o chefe da chefe da quadrilha especializada em sequestro, Célio Marcelo da Silva, que confessou participação em 14 sequestros.

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