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NOTÍCIAS DE BRASÍLIA

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O PT transformou o STF em um 'puxadinho' do Palácio do Planalto

O PT ganhou no tapetão

O julgamento do mensalão reforçou os defeitos do Poder Judiciário. A lentidão para apreciar as ações, a linguagem embolada e oca de juízes, promotores e advogados, o burocratismo e a leniência quando crimes são cometidos por poderosos.
O Supremo Tribunal Federal, ao longo da história republicana, em diversos momentos foi subserviente frente ao Poder Executivo, ignorou a Constituição e as leis — por mais incrível que isto pareça. Mas rasgar uma decisão produto de um processo que se estende desde 2007 — quando a denúncia foi aceita — isto nunca ocorreu. A revisão da condenação por formação de quadrilha da liderança petista foi o ato mais vergonhoso da história do STF desde a redemocratização.
Até 2012, o governo federal deu pouca importância à Ação Penal 470. Mesmo a nomeação dos novos ministros foi feita sem dar muita atenção a um possível julgamento. Um deles, inclusive, foi indicado simplesmente para agradar ao então todo poderoso governador Sérgio Cabral.
Afinal, o processo vinha se arrastando desde agosto de 2007. Muitos esperavam que sequer entraria na pauta do STF e que as possíveis penas estariam prescritas quando do julgamento. Porém, graças ao árduo trabalho do ministro Joaquim Barbosa e do Ministério Público, a instrução do processo foi concluída em 2011.
"Derrubada a condenação por formação de quadrilha, o processo no seu conjunto ficou absolutamente incompreensível"
O presidente Ayres Brito, de acordo com o regimento da Corte, encaminhou então o processo para o exame do revisor. Esperava-se que seria questão meramente burocrática, como de hábito. Ledo engano. O ministro Ricardo Lewandowski segurou o processo com a firmeza de um Gilmar dos Santos Neves. E só “soltou” o processo — seis meses depois — por determinação expressa de Ayres Brito.
O calendário do julgamento foi aprovado em junho de 2012. Registre-se: sem a presença de Lewandowski. Dois meses antes, o ministro Gilmar Mendes repeliu (e denunciou publicamente) uma tentativa de chantagem do ex-presidente Lula, que tentou vinculá-lo ao “empresário” Carlinhos Cachoeira.
Em agosto, finalmente, começou o julgamento. Diziam à época que as brilhantes defesas levariam ao encerramento do processo com a absolvição dos principais réus. Os advogados mais caros foram aqueles que pior desempenharam seus papéis. O Midas da advocacia brasileira foi o Pacheco do julgamento, sequer conseguiu ocupar os 60 minutos regulamentares para defender seu cliente.
Os inimigos da democracia perderam novamente. Foram sentenciados 25 réus — inclusive a liderança petista. Desde então, as atenções ficaram voltadas para tentar — por todos os meios — alterar o resultado do julgamento. A estratégia incluiu a nomeação de ministros que, seguramente, votariam pela absolvição do crime de formação de quadrilha.
Mas faltava rasgar a Lei 8.038, que não permitia nenhum tipo de recurso para uma ação penal originária, como foi o processo do mensalão. E o PT conseguiu que o plenário — já com uma nova composição — aceitasse os recursos. A partir daí o resultado era esperado
Derrubada a condenação por formação de quadrilha, o processo no seu conjunto ficou absolutamente incompreensível. Como explicar — para só falar dos sentenciados — que 25 pessoas de diversos estados da federação, exercendo distintas atividades profissionais e de posições sociais díspares, tenham participado de toda a trama? Foi por mero acaso? Banqueiros, donos de agências de publicidade, políticos de expressão, ministro, sindicalistas, funcionários partidários e meros empregados com funções subalternas não formaram uma quadrilha para através do desvio de dinheiro público comprar uma maioria na Câmara dos Deputados? E as dezenas de reuniões entre os sentenciados? E as condenações por peculato, corrupção ativa e passiva? E os crimes de gestão fraudulenta e evasão de divisas?
Parodiando um ministro do STF, o processo do mensalão não fecha. Neste caso, é melhor derrubar as condenações (claro que, seguindo a tradição brasileira, somente dos poderosos, excluindo as funcionárias da SM&P) e considerar tudo como um mal-entendido.
Deve ser registrado que toda esta sórdida manobra não encontrou resposta devida do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Nas últimas sessões estava macambúzio. Pouco falou. E, quando teve a oportunidade de expor as teses do Ministério Público, deu a impressão que o fez com enfado, como uma pesada obrigação. A única semelhança com a enérgica atuação do procurador Roberto Gurgel foi o uso dos óculos.
O PT ganhou no tapetão, para usar uma metáfora ao gosto do réu oculto do mensalão, o ex-presidente Lula. Para os padrões da Justiça brasileira, o resultado pode até ser considerado uma vitória. Afinal, mesmo que por um brevíssimo período, poderosos políticos estão presos. Mas fica um gosto amargo.
A virada de mesa reforça a sensação de impunidade, estimula o crime e a violência em toda a sociedade. O pior é que a decisão foi da instância máxima do Judiciário, aquela que deveria dar o exemplo na aplicação da justiça.
Mas, se a atual composição do STF não passa de uma correia de transmissão do Executivo Federal, a coisa vai ficar ainda pior. Os ministros que incomodam a claque petista — por manterem a independência e julgarem segundo os autos do processo — estão de saída. Dois deles, nos próximos meses, devem se aposentar. Aí teremos uma Corte que não vai criar mais nenhum transtorno aos marginais do poder. Não fará justiça. Mas isto é apenas um detalhe. O que importa é transformar o STF em um simples puxadinho do Palácio do Planalto. Afinal, vai ficar tudo dominado.
Fonte: O Globo, 11/03/2014

Deputada da Venezuela critica passividade da América Latina com relação ao governo de Maduro

Opositora critica passividade da América Latina em relação à Venezuela

Manifestantes interrompem sessão com deputada venezuelana e gritam ‘golpista’
Após um início de discurso conturbado, quando foi interrompida por manifestantes durante audiência no Senado brasileiro, a líder opositora María Corina Machado pediu, nesta quarta-feira, uma maior implicação e apoio dos países democráticos da América Latina. Em uma clara referência ao governo brasileiro, María Corina considerou “incompreensível que países que foram tão ativos nas crises políticas no Paraguai e Honduras, deem as costas para a Venezuela.
— Nossos países são signatários da Carta Democrática Interamericana, que estabeleceu compromissos entre os países deste hemisfério para a defesa e a promoção da democracia. Para os venezuelanos, é incompreensível ver como países da América Latina foram tão ativos em situações como as crises políticas ocorridas em Paraguai e Honduras e, frente ao ocorrido na Venezuela, nos dão as costas. O que tem que acontecer na Venezuela? Quantas violações mais aos direitos humanos? — questionou.
A opositora, cujo mandato foi cassado pelo Congresso venezuelano na semana passada, recebeu o apoio expresso do candidato Aécio Neves, em segundo lugar nas pesquisas eleitorais para a presidência, atrás apenas de Dilma Rousseff.
A parlamentar criticou também a União de Nações Sul-americanas (Unasul), dizendo que a entidade estaria com a credibilidade arranhada devido à sua proximidade com o governo Maduro, e comparou a situação que a Venezuela vive hoje com a da ditadura militar brasileira iniciada em 1964.
— Pelas circunstâncias da vida, venho na hora em que seu país completa 50 anos do início da ditadura. Sei que ficaram muitos sentimentos dolorosos, com famílias destruídas e torturas. Isso nos une, porque é o que a Venezuela vive atualmente.
Durante a manhã, María Corina havia começado a falar, há poucos minutos, quando foi interrompida pelo protesto. Eles começaram a gritar “golpista” e foram retirados por seguranças. Logo depois, a parlamentar exibiu um vídeo com cenas da polícia reprimindo protestos na Venezuela. A senadora Vanessa Graziotin (PCdoB) denunciou tratar-se de uma “montagem grotesca”.
— Por que você rejeitou uma conferência de paz, proposta pelo governo de Maduro? — perguntou.
“Aberração típica da ditadura” – Ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília, María Corina classificou a cassação de seu mandato de uma “aberração típica de uma ditadura”. Ela chegou à capital por volta das 11h para participar de reuniões com as comissões de Relações Exteriores do Senado e da Câmara.
A deputada afirmou que a Venezuela vive hoje sob censura e que a imprensa internacional tem sido fundamental para mostrar ao mundo o que se passa naquele país.
— Na Venezuela há uma censura atroz. Graças a vocês o mundo viu a crueldade de uma repressão massiva e sistemática por parte do regime de Maduro e começa a chamar as coisas por seu nome. Na Venezuela não há democracia, há um regime que atua como uma ditadura — disse a repórteres.
E reafirmou que continua sendo deputada, porque assim decidiu o povo da Venezuela.
— É uma aberração. É um ato que só ocorre em ditaduras. Vim a Brasília como deputada e vou continuar sendo nas ruas da Venezuela.
A parlamentar foi recebida pelo presidente da Comissão de Relações de Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), e por dois venezuelanos que moram no Brasil. Um deles presenteou a deputada com rosas. Ela ficará no Brasil até sexta-feira ou sábado.
A comissão do Senado decidiu convidar também um representante do chavismo, provavelmente a deputada Blanca Eekhout, para vir a Brasília, mas ainda não foi marcada a data. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que transmitirá a Blanca a sua opinião de que Corina deveria ter tido direito de defesa antes de ter o mandato cassado.
Fonte: O Globo

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Crítica ao bolivarianismo de Dilma, Kirchner, Morales, Maduro e outros em forma de samba ...

quarta-feira, abril 02, 2014


BIGODAGEM BOLIVARIANA: "ACADÊMICOS DE MILTON FRIEDMAN", DETONAM, COM IRONIA, A IDIOTIA COMUNISTA QUE CASTIGA VENEZUELA E TODO O CONTINENTE LATINO-AMERICANO


Um leitor acaba de enviar o link para este vídeo dos Acadêmicos de Milton Friedman, em que cantam um samba cuja letra denuncia, com humor mordaz, o descalabro da ditadura de Nicolás Maduro e manda um recado para Dilma, Kirchner, Morales e demais comunistsa bolivarianos da América do Sul.

Vejam e ouçam que é excelente. A letra do samba resume de forma irretocável, o que está acontecendo depois que o Brasil, Venezuela e demais países latino-americanos foram tomados de assalto pelo maldito Foro de São Paulo, a organizaçao comunista fundada por Lula e Fidel Castro, em 1990, destinada a transformar o continente sul americano numa grande Cuba.

Com absoluta precisão, os Adêmicos de Milton Friedman, com criatividade, muito humor e ironia, detonam a idiotia comunista bolivariana.

Valeu, galera!

O pessoal do PT é 'barra pesada" ...!


02/04/2014
 às 14:35

Levanta a mão! Ou: André Vargas e os presidiários

A moçada já sacaneia no Twitter com esta foto e a seguinte legenda: “Quem voa em jatinho de doleiro preso levanta a mão”. E a foto, como sabem, é aquele em que o deputado André Vargas cerra o punho, na presença de Joaquim Barbosa, para indicar que ele se solidarizava é com a turma da Papuda. Que coisa! Esse rapaz gosta de um presidiário, né?
Andre Vargas mão erguida avião

Por Reinaldo Azevedo

Curso de oratória com a 'professora' Dilma

02/04/2014
 às 17:36 \ História em Imagens

Aprenda a discursar com Dilma Rousseff: dez aulas práticas em cinco minutos e meio

Para cumprir a promessa formulada no título ─ “Aprendendo a discursar com Dilma Rousseff ─, o vídeo de  5:39, agrupou 10 palavrórios da presidente que criou um estranho subdialeto para deixar claro que não consegue dizer coisa com coisa. Ela tropeça na gramática e espanca o raciocínio lógico até quando está lendo o que algum assessor escreveu. Encerrado o curso intensivo, também fica evidente que é melhor ser surdo do que ouvir um improviso em dilmês.
O cortejo de assombros começa com Dilma ensinando a Barack Obama que pasta de dente não tem nada a ver com dentifrício e termina com a invenção do “decreto líquido”. Entre os dois espantos, o neurônio solitário promove Manaus a capital da Amazônia, descobre no segundo parágrafo que está lendo à tarde o discurso que foi escrito para o comício da noite, revela que a Zona Franca evita o desmatamento, avisa que as árvores são plantadas pela Natureza, inaugura uma ligação submarina entre o Brasil e a Europa, enxerga um cachorro oculto por trás de toda criança e reconhece formalmente “a União Europeia como sendo uma reserva dos maiores times de futebol”. Fora o resto.
Veja Dilma em ação. E seja compassivo com os encarregados de traduzir para outros idiomas falatórios que nenhum brasileiro com cérebro consegue decifrar.

Charge de Sponholz / 1º de Abril ?

Sponholz: Ah, se fosse apenas 1º de abril!

terça-feira, 1 de abril de 2014

O que é uma quadrilha ??? / Guilherme Fiuza

Vida normal para a ex-quadrilha

O Supremo diz que o mensalão não foi quadrilha, e o governador visita o chefe na cadeia. Tudo certo

GUILHERME FIUZA
26/03/2014 07h00 - Atualizado em 26/03/2014 07h47



O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, foi visitar José Dirceu na prisão. Era uma visita clandestina, que acabou descoberta. Agnelo confirmou o encontro com o chefe da ex-quadrilha do mensalão (o STF determinou que o bando seja tratado doravante como coautoria, o que fica mesmo mais elegante). Agnelo explicou que participava de uma inauguração ali perto, e aproveitou para fazer uma inspeção na Papuda. Aí, esbarrou com Dirceu.

Foi, portanto, um encontro casual, como outro qualquer. Se Agnelo estivesse vagando pela Marquês de Sapucaí, poderia ter esbarrado na Sabrina Sato. Como o rolezinho era no presídio da Papuda, esbarrou com José Dirceu. Cada macaco no seu galho. A única coisa estranha nessa história é a reação do Brasil a ela.

A oposição reclamou, disse que a visita não programada afronta o sistema penitenciário e as sanções por ele firmadas. A oposição é uma mãe. O que incomodou os adversários do PT foi o “privilégio” de Dirceu, ao receber Agnelo na cadeia. Com uma oposição dessas, dá para entender por que o PT vai para 16 anos no poder.
O governador do Distrito Federal visita clandestinamente na cadeia um criminoso, que por acaso é do seu partido, que por acaso foi condenado por corrupção não num desvio pessoal, mas no exercício da política partidária, exatamente aquilo que o liga a seu visitante. Um governador filiado ao PT foi visitar um ex-ministro também filiado ao PT, preso por roubar o contribuinte. Sobre o que eles conversaram? Agnelo foi dar um pito em José Dirceu, dizendo-lhe que nunca mais repita isso? E que, enquanto ele não se regenerar e cumprir toda a pena, não é mais seu amigo?

Seria interessante saber. Porque, se não foi isso, se não houve reprimenda, nem conflito, o que houve? Solidariedade? Não, não é possível: um governador não pode ir à cadeia apoiar um político condenado por corrupção. Seria um escândalo. Se também não foi isso, o que aconteceu no tal encontro casual? Falaram sobre Neymar e Bruna? Cauã e Grazi? Sobre o último esquete do Porta dos Fundos?
Depois, esse Brasil abobado e carnavalesco não sabe por que os companheiros representantes do povo pintam e bordam. Agnelo, o dublê de governador e cortesão de mensaleiro, deveria ser interrogado – pelo Congresso Nacional, pelo Ministério Público ou pelo raio que o parta. Deve explicações pormenorizadas sobre o seu encontro obscuro, em pleno exercício do mandato, com o parceiro condenado. Se nada explicar, autorizará a suposição de que Dirceu continua seu chefe político e que a ex-quadrilha é bem maior do que aquela julgada pelo STF.
Um indivíduo citado pelo bando de Carlinhos Cachoeira como o “01 de Brasília”, que permaneceu no cargo de governador imune aos graves indícios, graças à implosão da CPI do Cachoeira e à alergia dos brasileiros a investigações longas, deveria ser no mínimo receoso. Mas essa turma já não tem receio de nada, porque depois de toda a pilhagem volta a se encher de votos, na mais perfeita lavagem de reputação proporcionada pela maravilhosa democracia brasileira. Fora um camicase, como Roberto Jefferson, ou um franco-atirador, como Joaquim Barbosa, o terreno está sempre limpo – lavou, está novo.
O Supremo diz que os mensaleiros não formaram uma quadrilha, o governador visita o chefe na cadeia, e o Brasil chupa o dedo. Tudo certo. Se os companheiros formassem uma quadrilha, não bastaria operar dentro do mesmo partido, com o mesmo despachante, com os mesmos prepostos estatais (um deles está na Itália, esperando uma visita casual do companheiro Agnelo). Não bastaria montarem juntos um mesmo esquema de sucção de dinheiro público para o caixa partidário, com o mesmo tesoureiro coordenando tudo, as mesmas salas e as mesmas secretárias. Só configuraria formação de quadrilha se todos eles usassem aquela mesma máscara dos Irmãos Metralha – e isso, o ministro Luiz Roberto Barroso deixou claro, com todo o seu lirismo, não aconteceu.
Enquanto Agnelo esclarecia que esbarrou por acaso com Dirceu no xadrez, a ex-ministra Gleisi Hoffmann esclarecia que quem salvou o Plano Real foi o PT. Viva a verdade bolivariana, que o Brasil consagrou.

Photos panoramique / Túnel subterrâneo em NY

http://www.nytimes.com/interactive/2008/07/17/nyregion/20080718_SUBWAY_FEATURE.html?scp=3&sq=Raymond%20McCrea%20Jones&st=cse&_r=0
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Capa de Veja online / 01/04/2014

segunda-feira, 31 de março de 2014

Resultado das urnas da eleição passada: em eleitorado de 135 milhões o Brasil ficou com 80 milhões de votos; Dilma, 55 milhões de votos


30/03/2014‘Nós, nós e nós’, um texto de J. R. Guzzo

 às 19:34 \ Opinião
Publicado na edição impressa de VEJA 
J. R. GUZZO
O governo do Brasil criou uma certeza nos últimos onze anos. Está absolutamente convencido de que o fato de ganhar eleições lhe dá, automaticamente, razão em tudo; não pensa, nunca, que o eleito representa todos, e não apenas os que são a seu favor. Exatamente ao mesmo tempo, acha que quem discorda do governo está errado por princípio. É como na religião ─ se você não tem a mesma fé do vizinho, jamais pode ter razão em nada. É um herético que está desafiando a vontade de Deus, e um inimigo que tem de ser destruído. O problema é que existe aí uma séria encrenca com os fatos, essa praga que só atrapalha o conforto das ideias prontas ─ o Brasil, infelizmente para o governo, o PT e seus profetas, tem heréticos demais.
Fazer o quê? O diabo, além de estar nos detalhes, está nos números. No caso das eleições para presidente em 2010, a última medição objetiva sobre quem está a favor e quem está contra o governo, a aritmética prova que ninguém é muito maior que ninguém. No segundo turno da eleição, Dilma teve 55 700 000 votos e José Serra ficou com 43 700 000; obviamente não dá para fazer de conta que os votos do perdedor não existem. Na verdade, já é um assombro que Serra, tido como um dos candidatos menos atraentes do planeta, tenha conseguido esses espantosos 43,7 milhões de votos; positivamente algo não deu certo do outro lado. Além disso, mais de 29 milhões de eleitores nem foram votar, e outros 7 milhões preferiram ficar nos nulos e brancos ─ ou seja, 36 milhões de cidadãos simplesmente não votaram em ninguém. Resumo da ópera: de um eleitorado total de 135 milhões de pessoas, 80 milhões não votaram em Dilma.
Ficamos, assim, na curiosa situação em que a maioria dos eleitores é considerada pelo governo como inimiga da vontade popular ─ se não estão com a gente, reza o seu evangelho, só podem estar do lado do mal. Lula, Dilma e sua máquina de propaganda, ao que parece, resolveram lidar com esse despropósito inventando um modelo de adversário fabricado na sua imaginação. “O ódio que alguns têm de nós é ver a filha da empregada cursando uma universidade federal”, disse Lula ainda há pouco. Mas por que raios alguém haveria de se importar com isso? Quem vai se prejudicar se a filha da empregada estiver numa universidade federal? Ou estadual? Ou particular? Por que ficaria com “ódio”? Lula sabe muito bem que tudo isso é pura invenção. Mas sabe também que a mentira viaja de Ferrari, enquanto a verdade vai a lombo de burro; passa 100 vezes pelo mesmo lugar antes que a verdade tenha conseguido chegar lá, e nesse meio-tempo falsifica até a regra de três. Dilma faz a mesma coisa com menos talento. Outro dia veio com a história de que só criticam a estratégia social do governo os que “nunca tiveram de ralar, de trabalhar de sol a sol para comprar uma televisão, uma geladeira, uma cama, um colchão”. Como é mesmo? Todo mundo, ou 999 em cada 1 000 brasileiros, tem de trabalhar para comprar qualquer dessas coisas, já que nenhuma delas é dada de graça a ninguém. Mas e daí? O que interessa é vender a ficção de que só o governo é capaz de ajudar os pobres ─ e só pode discordar disso quem nunca trabalhou na vida.
Essa montanha de dinheiro falso é engolida com casca e tudo no Brasil de hoje ─ e, conforme o caso, há uma conta a pagar por quem não engole. O caso do músico João Luiz Woerdenbag Filho, 56 anos, natural do Rio de Janeiro, conhecido do público como Lobão e autor de uma coluna quinzenal nesta revista, é um clássico. Lobão foi colocado no banco dos réus do Tribunal de Inquisição formado na classe artística para decidir o que é o bem e o mal no Brasil, e até hoje não conseguiu se levantar. É acusado do delito de ter se vendido “à direita” ou apenas de ser “de direita” ─ coisa esquisita, porque se imagina que ele teria o pleno direito, pela Constituição, de ser de direita ─ ou de esquerda, ou seja lá do que lhe desse na telha. O que o resto do mundo tem a ver com isso? Mas Lobão é um artista de fama, e um artista de fama não tem direito à liberdade de pensamento e de expressão se ganhar o selo de “direitista”. Na verdade, no Brasil de hoje nem se sabe o que é ser “de direita”; nossos juristas diriam que o crime de “direitismo” ainda não está bem “tipificado”. Tanto faz. Para a polícia política do PT, é criminoso de direita todo sujeito que disser às claras que não gosta de Lula, nem de Dilma, nem da sua inépcia, nem do PT, nem do governo, nem do “projeto” do petismo, nem dos seus melhores amigos, que vão de Collor a Maluf.
Esperem a campanha começar.