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terça-feira, 2 de agosto de 2016

Notícias terríveis de Brasília na coluna de Cláudio Humberto / Diário do Poder

Resultado de imagem para logo da coluna de claudio humberto

02 DE AGOSTO DE 2016
Petistas ilustres afirmam que o ex-presidente Lula cogita de novo sair do Brasil e pedir asilo a um país “amigo”. A decisão de denunciar o juiz Sérgio Moro à ONU faz parte da estratégia de buscar “solidariedade internacional” contra a “perseguição das elites”. A família prefere viver na Itália, onde sua mulher Marisa e os filhos já têm cidadania. Lula tenta agora estreitar relações com o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, que disse admirá-lo e o recebeu em almoço em junho de 2015.
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A decisão de Sérgio Moro de soltar o casal João Santana foi vista no PT como mau sinal: pode precipitar o impeachment e a prisão de Lula.
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Lula foi alertado que a delação de João Santana e Mônica Moura compromete profundamente Dilma e sobretudo Lula.
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Amigos mais sensatos avisaram a Lula sua saída do Brasil pode ser interpretada como fuga, o que o deixaria sujeito a caçada da Interpol.
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Lula poderia escolher Bolívia, Cuba, Equador, Venezuela ou Uruguai, governados por “amigos”, mas ele prefere, é claro, a Europa.

O atual prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), foi “poste simultâneo” do PSDB e PT, ao receber o apoio do tucano Aécio Neves e do petista Fernando Pimentel, atual governador. Oito anos depois, pela “bola sete” da popularidade, Lacerda lançou o próprio “poste” para concorrer à sua sucessão: como ele no início, o engenheiro Paulo Brant é um desconhecido do eleitor: tem 1% das intenções de voto.
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Agora, o prefeito Márcio Lacerda, que já não tinha o PT, ficou sem o PSDB também. Está só, pendurado na brocha e desfalcado.
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Parte do PSB de BH já apoia o candidato do PSDB, João Leite, e na vizinha Contagem, o PSB de Lacerda apoiará o candidato do PSDB.
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Em Contagem, o candidato estreante Alex de Freitas (PSDB) recebeu toda a cúpula do PSB em seu palanque, neste final de semana.
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Fontes policiais suspeitam da crescente influência, na política do Nordeste, do grupo criminoso que controla presídios. Eles tentam lavar dinheiro investindo em transporte coletivo, de linhas legalizadas.
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Irmão do ministro Geddel Vieira, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB) critica a pressão de parlamentares por cargo no governo. “O Congresso é terrível. Fica todo mundo pressionando”, afirma.
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O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que deve ser reeleito, deve disputar o governo da Bahia em 2018, varrendo o PT do comando político do Estado. Neto também pode virar vice em chapa presidencial.
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Está prontinho da silva o devastador relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) reiterando o impeachment. Metódico, organizado, o relator o concluiu nesta segunda-feira (1º), ao meio-dia.
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Os bastidores da Câmara já se movimenta em torno da sucessão de Rodrigo Maia, em fevereiro do próximo ano. O líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), do grupo de Michel Temer, é candidatíssimo.
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A Câmara se recusa a fornecer o endereço de Eduardo Cunha, que se mudou para apartamento de 200 metros na Asa Sul. Diz que não fornece endereço pessoal dos deputados. Mas a moradia é funcional.
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Avança a apuração desvios milionários no Banco do Nordeste. O Ministério Público Federal avalia denunciar o envolvimento do deputado José Guimarães (PT-CE), que controlava o banco na era petista.
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O deputado Paulinho da Força (SD-SP) acredita que o governo enfrentará problemas em votações neste semestre. "O governo não se desfaz dos petistas", diz. Para piorar, tenta isolar o centrão.
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Arremesso de Peso é aquela modalidade esportiva que os senadores estão prestes a praticar, no julgamento de Dilma?
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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Lula está preso à sua arrogância ...


LULA, UM CASO PERDIDO
por Percival Puggina. 

Artigo publicado em 29.07.2016




O título acima expressa minha convicção de que o ex-presidente já está condenado a uma das muitas grades em que se pode conter um ser humano: a que o confina ao pequeno séquito dos que compartilham os mesmos vícios e desvios morais.

Entenda-me o leitor. Assim como os dependentes químicos se reúnem, qual escombros humanos, em terrenos baldios e obscuros recantos das cidades, assim também pessoas na situação moral e legal de Lula agrupam-se por semelhança e fogem do convívio com pessoas de bem. Um dia, porém, o mal feito às ocultas, nos porões, é proclamado desde os telhados. E o que estava nas páginas dos processos, nas denúncias, nas provas e nos privilégios de foro, vai para as manchetes dos jornais. Acaba o teatro e a vida real começa. Pode ser curto, muito curto, o caminho entre a conduta viciosa ou criminosa e essa forma de reclusão por rejeição e repulsa social.

Será ele preso, condenado e cumprirá pena? Sei lá! No dia em que eu entender nossa Justiça e, de modo especial, a Suprema Corte, que certamente exercerá o último grau de jurisdição no processo de todos os notáveis hoje investigados, provavelmente haverá outra composição por lá e nós estaremos vivendo num Brasil melhor. Não, não tenho resposta para essa pergunta. Nosso STF faz "desacontecer" fatos que todos viram e ouviram. Mas Lula já está sendo punido, embora ainda não como se espera. Ele está contido, preso. Basta vê-lo, como o vi agora, há poucos minutos, na TV.

Quando Delcídio Amaral perdeu o mandato de senador, agravou-se a situação do ex-presidente. O Procurador Geral da República pediu ao ministro Teori Zavascki que o processo - que incluía Lula - fosse enviado para Curitiba e para o juiz Sérgio Moro. Ouriçou-se a morofobia do estadista de Garanhuns que, por seu advogado, solicitou a remessa para a Justiça Federal de São Paulo. O ministro, porém, acabou enviando tudo para Brasília, considerando que lá foi praticada a maior parte dos atos denunciados.
Não poderia desabar sobre os muitos problemas do ex-presidente algo mais inoportuno do que a decisão do juiz Ricardo Leite tornando-o réu no exato momento em que choraminga perante a ONU supostas injustiças e perseguições que estaria sofrendo por parte de Sérgio Moro. Imagine só a situação: tapado de orgulho das próprias virtudes, inocente como um anjo de Rafael, vê seu delírio persecutório desfazer-se com o reconhecimento de outra robusta hipótese criminal em vara diferente, longe da tenebrosa Curitiba de seus mais freqüentes arrepios. Orgulho, ambição e vaidade formam um explosivo coquetel. E Lula o bebeu até a última gota.

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

' "O mundo está em guerra... diz o papa Francisco / Reuters

Papa diz que ataques recentes mostram que mundo está em guerra; religião não deve ser culpada
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Papa diz que ataques recentes mostram que mundo está em guerra; religião não deve ser culpada

quarta-feira, 27 de julho de 2016 14:18 BRT
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A BORDO DO AVIÃO PAPAL (Reuters) - O papa Francisco disse nesta quarta-feira que a série de ataques recentes, incluindo o assassinato de um padre na França, é prova de que o “mundo está em guerra”.
O papa disse, no entanto, em conversa com repórteres a bordo do avião rumo à Polônia, que não está falando sobre a guerra religiosa, mas sobre uma dominação de interesses pessoais e econômicos.
    “A palavra que está sendo repetida geralmente é insegurança, mas a palavra real é guerra”, disse em comentários a repórteres, enquanto seguia para uma visita de cinco dias na Polônia.
    “Vamos reconhecer isto. O mundo está em estado de guerra em partes e pedaços”, disse, acrescentando que ataques podem ser vistos como outra guerra mundial, mencionando a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.
    “Agora há esta (guerra). Talvez não seja orgânica, mas é organizada e é uma guerra”, disse. “Não devemos ter medo de falar esta verdade. O mundo está em guerra, porque perdeu a paz.”
    Cerca de 15 minutos depois, após agradecer a jornalistas individualmente, Francisco pegou o microfone novamente e disse que queria “esclarecer” que não se referia a uma guerra religiosa.
    “Não uma guerra de religião. Há uma guerra de interesses. Há uma guerra por dinheiro. Há uma guerra por recursos naturais. Há uma guerra pela dominação de povos. Isto é a guerra”, disse
    O pontífice chamou Jacques Hamel, o padre forçado por militantes islâmicos na terça-feira a se ajoelhar e que teve a garganta cortada, de “um padre sagrado”, mas disse que ele é somente uma de muitas vítimas inocentes.
(Reportagem de  Philip Pullella)

Admire sem moderação

domingo, 31 de julho de 2016

Crime a sangue frio..../

O martírio do Padre Hamel


O crime bárbaro, cruel como todos os crimes, que tirou a vida do padre Jacques Hamel na Igreja de Saint-Étienne-du-Rouvray, na Normandia, foi ainda mais chocante pela figura da vítima que morreu tal como o padroeiro de sua igreja, martirizado por sua fé, na terça-feira, 26 de julho de 2016.

Vítima de monstros piores do que os piores monstros.
Senti uma dor profunda ao ler sobre a morte do padre Hamel. Ao olhar suas poucas fotos, ele não era um padre midiático, era um padre devotado ao seu ofício, isso sim, o que percebemos é uma expressão da mais profunda paz interior. Um homem bom, um homem que se dedicou aos outros a vida toda.
Santo Estêvão (Saint Étienne) morreu lapidado em 36 D.C. Foi o primeiro mártir da Cristandade. Como eu gostaria de saber que padre Hamel foi o último!
Mas, como disse o papa Francisco em voo para Cracóvia, onde vai participar de uma nova Jornada da Juventude, o mundo está em guerra. Segundo ele, não é uma guerra religiosa, mas sim por dinheiro e poder.
Concordo com o papa. É uma guerra sim, uma guerra imunda e covarde, como todas as outras, aliás.

Passaram-se dois mil anos desde o martírio de Santo Estêvão e o Homem se vangloria da civilização em que vive.
Civilização? Que civilização?
O que faz o governo francês que não toma uma atitude drástica contra os fundamentalistas islâmicos que se valem de tudo que a França lhes oferece de bom, mas que a odeiam a ponto de degolar um padre de 86 anos que não lhes fazia mal algum, só lhes dava conforto espiritual e auxílio quando necessário?
No Libération, no dia de sua morte, li muitos comentários de pessoas comovidas com o sofrimento do padre que os batizou ou aos seus filhos, que casou seus pais, que dava assistência aos muçulmanos que habitam a pequena cidade, espalhados que estão por toda a França. País onde têm escola de primeira linha, saúde de qualidade e gratuita, onde, para os que querem, há trabalho e moradia, mesquitas para orar livremente, mas ao qual retribuem com atentados e matanças inacreditavelmente violentos.
O padre foi assassinado em plena missa das 10:00 por dois muçulmanos, um dos quais recém-saído da cadeia e que usava uma tornozeleira eletrônica. Ele só podia sair de casa entre 8h30 e 12h30, horário que o desgraçado cumpriu... Além de obrigar o padre a se ajoelhar, ele e seu comparsa pregaram em árabe diante de sua vítima e depois o degolaram.
Quando, há poucos meses, perguntaram ao padre Hamel por que ele não se aposentava, idoso como era, ele respondeu:
— Já viu um padre se aposentar? Vou trabalhar até meu último suspiro.
E foi o que fez. Foi diante do altar onde cumpria seu ofício e rezava a missa do dia que Jacques Hamel foi degolado pelos infelizes do ISIS. Foi diante do altar que ele deu seu último suspiro.

Sem saber o que dizer diante de tanta brutalidade fui buscar na poesia de T.S.Eliot, em sua magistral peça teatral 'Murder In The Cathedral', cujo tema é o martírio do Arcebispo Thomas Becket em 29 de dezembro de 1170, na catedral de Canterbury, os versos a seguir:
A morte tem cem mãos e anda em mil caminhos.Pode passar à vista de todos, chegar sem ser vista nem ouvida.Chegar como um sussurro no ouvido, ou um choque súbito na nuca.
E foi assim que a morte chegou para Jacques Hamel, padre há 58 anos, logo após a celebração da Eucaristia na Igreja de Saint-Étienne-du Rouvray.

Lula, morrendo de amor por si mesmo...!

Lula culpa o Brasil

Lula, o santo (Foto: Arquivo Google)
Fingir que não é com ele, mentir para livrar a sua cara e a sua pele são traços impressos na personalidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sempre foi assim. Desde os palanques de São Bernardo do Campo -- quando recitava palavras de ordem óbvias diante da massa e de uma ditadura que lhe era dócil --, até à quase inacreditável petição contra o Estado brasileiro que impetrou, na quinta-feira, junto à Comissão de Direitos Humanos da ONU. Uma alma narcisa que só pensa em si. Que xinga e elogia, soca e abraça por conveniência e só age na primeira pessoa.
O mesmo Lula que em 1993 escorraçou a Câmara dos Deputados afirmando que ela abrigava “300 picaretas” dedicou loas à Casa, 10 anos depois, ao receber a Suprema Distinção Legislativa: “não existe nada mais nobre que um mandato parlamentar”.
Pouco despois de se eleger em 2002, desfilou de braços dados com José Sarney, a quem já acusara de ser “grileiro”. Adulou Renan Calheiros para ficar em pé durante o processo do mensalão; bajulou Paulo Maluf – que já fora o mal em si – para eleger Fernando Haddad, o prefeito mais impopular que São Paulo já teve.
Algumas lembranças do Lula de ocasião fazem arrepiar até a esquerda cativa que ainda hoje o aplaude. Collor de Mello que o diga. A entrevista ao Bom Dia Brasil, na TV Globo, pouco antes de ser eleito presidente da República pela primeira vez, é simbólica. Ali, elogiou, em alto e bom som, os governos de Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, que “pensavam o Brasil estrategicamente”. E discordou de bate-pronto da afirmativa do entrevistador sobre as altas taxas de inflação que os generais deixaram como herança. “Não é verdade”, assegurou.
Depois de vencer a eleição, Lula soltou ainda mais a verve. Fez do hoje condenado e preso José Dirceu o “capitão do time”, para depois puxar-lhe o tapete. Foi a público, em cadeia de rádio e TV, pedir desculpas pela traição dos seus no escândalo do mensalão, ocorrência que, meses depois, passou a negar peremptoriamente.
Quando se vê sem alternativas, escolhe a categoria de vítima, posando como perseguido da mídia e da elite. A mesma elite que lhe prestou favores pessoais e garantiu os bilhões para custear o sonho da hegemonia petista. Tudo à custa de generosas propinas nos negócios públicos.
Ainda que um pouco chamuscado, livrou-se do mensalão. E, se já podia tudo, Lula acreditou no infinito. Inventou Dilma Rousseff, enfiou-a goela abaixo do PT e dos aliados, provocando uma indigestão que nem todos os bilhões desviados de obras públicas, dos fundos de pensão e do sabe-se lá mais onde, foram suficientes para curar.
Vieram a Lava-Jato, o processo de impeachment de Dilma, a incerteza, o medo da cadeia.
O Lula que agora recorre à ONU não é mais o mesmo. Está fragilíssimo.
Por ironia da história, virou réu em Brasília – não em Curitiba -- quase que simultaneamente à sua tentativa de estender ao mundo a sua versão de mártir.
Mas suas bravatas já não ecoam. O processo que tenta impor em Genebra é um amontoado de mentiras. O cerne da peça -- o juiz Sérgio Moro age arbitrariamente para forçar delações de prisioneiros e não há tribunais para rever as sentenças – desintegrou-se em uma simples nota da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe): “O sistema processual brasileiro garante três instâncias recursais e, até o momento, menos de 4% das decisões do juiz Sérgio Moro foram reformadas”. E a tentativa de dizer que as acusações que pairam sobre si não passam de uma ação articulada de forças conservadoras para impedir a sua candidatura em 2018 beira o ridículo.
O Lula que agora recorre à ONU, seja para criar um fato novo em pré-impeachment ou facilitar uma eventual solicitação de asilo político no futuro, se mostra miúdo, debilitado, anêmico.
Ao acusar a Polícia Federal, a mesma que ele tanto elogiava durante o seu governo, e a Justiça, para a qual ele e sua sucessora indicaram 13 ministros, oito dos onze em atividade na Suprema Corte, Lula enterra-se, definitivamente, na lama.
Sua defesa age como se todas as instituições brasileiras – incluindo a imprensa, é claro -- fossem criminosas. E ele, só ele, inocente. O Lula que agora recorre à ONU é patético.

"Precisamos de encanadores"... / Fernando Gabeira

domingo, julho 31, 2016

Sobre humor e cangurus -

 FERNANDO GABEIRA

O Globo - 31/07

A frase infeliz de Paes faz pensar: existe um humor tipicamente carioca?


Não precisamos de cangurus, mas sim de encanadores. A frase da chefe da delegação australiana na Olimpíada do 
Rio é mais do que uma tirada pragmática. Ela nos leva a pensar no humor. Quando prometeu os cangurus, diante das reclamações sobre problemas hidráulicos, Eduardo Paes estava fazendo humor. E, ao contrário do que ele costuma dizer, não é um humor carioca, apenas humor. Na verdade, não sei se existe um humor tipicamente carioca. Um dos maiores humoristas de todos os tempos, o carioca Millôr Fernandes era universal na maioria dos seus textos e pode ser incluído em qualquer boa seleção planetária.

Talvez exista um humor judeu, classificado, organizado em antologias, com traços marcantes, como a autoironia de Woody Allen. Mas ainda assim é um esforço classificatório. No livro “O ato da criação”, Arthur Koestler descreve a dinâmica do humor e, de um modo geral, o atribui a um tipo de associação que expressa o encontro súbito de dois quadros do pensamento, uma centelha criativa que faz rir. Paes associou rapidamente um fato do mundo material, o entupimento das pias, para outro do mundo afetivo, os cangurus tão presentes no cenário australiano. A resposta australiana recolocou o quadro real da demanda.

Se examinarmos o quadro clássico da dinâmica do humor, ele apenas introduziu uma centelha criativa, com o propósito de fazer rir. No entanto, carioca ou judeu, o humor está sujeito a uma condição universal: tem ou não tem graça? É difícil aceitar a tese de um humor carioca, sempre que o prefeito do Rio diz uma frase infeliz. Existe um estado de espírito mais descontraído talvez. Mas ele também está sujeito ao julgamento do outro.

Se as frases de Paes expressam um típico humor carioca, era de se esperar que os cariocas fossem discretamente evitados por outros povos: lá vêm aqueles caras, com aquelas piadas sem graça. E não é isso o que acontece nas relações entre eles e o mundo. É compreensível que pessoas modestas atribuam seus talentos à sociedade em que trabalham, que socializem a celebração de suas conquistas. Mas torna-se um pouco difícil atribuir frases das quais ele próprio se arrepende a um traço da sua própria cultura. Como os cariocas, por serem cariocas, estivessem condenados culturalmente a dizer coisas sem graça, nas circunstâncias mais sérias. A resposta da australiana, Kitty Chiller — “precisamos de encanadores” — jogou Paes na realidade e foram feitos avanços nas reparações. Ministros de Brasília andaram dizendo que isso acontece mesmo com prédios novos. É a inversão do senso comum. Seria como dizer: meu carro é novo, por isso não sai da oficina.
O diálogo Paes-Chiller me jogou também numa outra dimensão da realidade. Se uma obra que custou R$ 2,9 bilhões, inaugurada com exposição internacional, foi entregue assim, o que acontece com as outras ao longo do Brasil, escondidas das câmeras, anônimas? Cobrindo uma enchente num bairro popular de São Gonçalo, a moradora me convidou para entrar em sua casa e ver o resultado de uma recente obra de saneamento. Simplesmente os canos devolviam esgoto para dentro de casa. Naquele momento, senti muito que ela fosse obrigada a viver naquelas circunstâncias desagradáveis. Era apenas uma velha senhora de São Gonçalo. O que vemos hoje atrela aquele destino individual à própria imagem do Brasil.

As reportagens mais críticas e dolorosas referem-se sempre aos graves problemas de saneamento. Uma atleta americana postou para seus seguidores: vou remar na merda por vocês. Num sentido mais amplo, a chefe da delegação australiana falou por todo o Brasil: precisamos de encanadores. Impossível esconder de uma superexposição internacional o fato de que ainda não resolvemos no XXI o problema que alguns países resolveram no século XIX, como o saneamento básico. Não é preciso ir aos bairros mais pobres para constatar essa realidade. As lagoas são um termômetro. Todas, e especialmente a Baía de Guanabara, são poluídas e decadentes. A opção de realizar a Vila Olímpica na Barra consagra um tipo de crescimento que segue o ritmo do próprio comércio imobiliário. Ao fugir das grandes concentrações, a expansão impõe ao governo custos muito altos para instalar a infraestrutura. A frase da australiana Kitty Chiller não é todo estranha à Barra de Tijuca de hoje.

Mas, certamente, ao apontar o crescimento para a região, ela pode se tornar profética: precisamos de encanadores. De uma certa forma, a Lava-Jato nos ajudou nisso. Grandes empreiteiras como a Odebrecht não terão condições de repetir seus métodos. E não poderão substituir o planejamento pela lista das obras que querem construir. O colapso dessas grandes empresas talvez abra caminho para se enfrentar com mais eficácia a tarefa do saneamento.

Se isso acontecer será também um legado da Olimpíada, teremos encanadores e os canos que ainda nos faltam.