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sábado, 20 de agosto de 2016

Uma ferramenta contra a corrupção nas obras públicas > PERFORMANCE BOND !

sábado, agosto 20, 2016


Corrupção nas obras públicas - 

MODESTO CARVALHOSA

ESTADÃO - 20/08

Uma solução em curso é a efetivação, pelo Congresso Nacional, do ‘performance bond’

Longo período decorreu desde que, no Programa Roda Viva, da TV Cultura, de 15 de dezembro de 2014, foi apresentado e debatido um instrumento efetivo de combate à corrupção nas obras públicas. Trata-se do comprovado sistema conhecido como performance bonds, adotado nos EUA há exatos 120 anos e que tem o mérito de quebrar a interlocução direta das empreiteiras, geneticamente corruptas, com os agentes públicos prazerosamente encarregados de fraudar as concorrências e permitir o superfaturamento das obras públicas.

A resposta da opinião pública foi muito positiva à proposta, tendo havido, desde então, efetivas contribuições de especialistas e de entidades no sentido de formular um projeto de lei que implementasse essa solução estrutural de combate à corrupção. Um anteprojeto de lei foi efetivamente elaborado, a pedido do senador Cássio Cunha Lima, que em julho deste ano logrou ingressar como o PL n.º 274 no Senado, com rito terminativo na Comissão de Constituição e Justiça.

Convém lembrar, a título de curiosidade, que no mesmo dia do lançamento da proposta de performance bond no Roda Viva a presidente, ora afastada, declarava, em seu discurso de diplomação no Tribunal Superior Eleitoral, que não deveriam ser punidas as empreiteiras corruptas, pois geravam empregos... E essa política de prevaricação, em face das empreiteiras do cartel da Petrobrás, foi efetivamente seguida, mediante a leniência escancarada da CGU, que jamais promoveu qualquer processo administrativo contra elas durante todo o governo dilmista. Ao contrário, continuaram elas a contratar livremente com o poder público e dele obter os financiamentos necessários a novas obras, no Dnit e em outros antros de corrupção do governo petista e suas aparelhadas estatais.

Mas esse quadro parece ter mudado. Já na segunda semana do novo governo o Ministério do Planejamento, por determinação do presidente em exercício, encampou o projeto do senador Cunha Lima, a fim de, efetivamente, implementar num prazo razoável a obrigatoriedade do regime de performance bond nas obras públicas contratadas.

A matéria está no Congresso não somente pelo projeto referido, como também por meio de emendas que o Ministério do Planejamento procura introduzir em outro projeto, n.º 559, do senador Fernando Bezerra, que deverá ser votado nas próximas semanas.

Há, com efeito, todo um movimento do atual Poder Executivo e de suas lideranças parlamentares visando à adoção do performance bond nas obras públicas. E esse sistema será um novo marco estrutural nas relações público-privadas no Brasil, em matéria de obras públicas.

Como é notório, prevalece entre nós o arcaico capitalismo de laços (crony capitalism), que se caracteriza como uma economia em que o sucesso nos negócios depende, necessariamente, das relações entre os empresários e os agentes públicos, tanto administrativos como políticos. No nosso caso, esse capitalismo de laços se caracteriza, portanto, como o regime da relação direta entre as empreiteiras e os agentes do Estado.

Essas construtoras de obras públicas, na sua totalidade, são controladas por grupos familiares, o que permite uma manipulação corruptiva continuada e cultivada dos agentes políticos e administrativos. Nessas empresas familiares quem manda são os controladores, muitas vezes fora do alcance da Operação Lava Jato.

Em alguns casos, esses familiares que operam o esquema da corrupção não são nem diretamente acionistas, refugiados que estão numa cadeia internacional de holdings. Essa verdadeira casta de empreiteiras de família, difusamente entrosadas com as autoridades, permite, que se formem os cartéis de obras, dos quais também participam multinacionais sediadas no exterior.

O remédio fundamental, portanto, para o combate estrutural à corrupção no setor público é o rompimento desse capitalismo de laços, ou seja, a quebra da interlocução, direta e promíscua, das empreiteiras e dos fornecedoras com os agentes políticos e administrativos. E esse rompimento se dá pela presença, no contrato de obras públicas, de uma seguradora que, obrigando-se a ressarcir o Estado, no caso de descumprimento, passa a fiscalizar permanentemente a respectiva obra, quanto aos prazos, à manutenção do preço ajustado e à qualidade dos materiais empregados.

O regime de performance bonds ampara-se em três elementos fundamentais: a obrigatoriedade da contratação da apólice em todos os contratos de obras públicas de valor relevante, a importância segurada em 100% do valor do contrato e a atribuição do poder de permanente fiscalização da obra e dos recebimentos/pagamentos pela seguradora. Esta passa a ser a principal interessada no cumprimento do contrato entre o poder público e a empreiteira.

Esse poder-dever de fiscalização permanente que tem a seguradora contratada pela empreiteira, a favor do ente público, acaba por eliminar as fraudes na execução da obra, sobretudo, nas mediações, nos aditivos e seus superfaturamentos, no cumprimento de prazos e na efetiva qualidade dos materiais utilizados.

Tem, ademais, a seguradora da obra pública três opções no lugar do puro e simples pagamento do sinistro, por inadimplemento da empreiteira: poderá ela própria assumir a obra, por sua conta e risco; ou poderá contratar, sob sua responsabilidade, outra empreiteira para concluir os trabalhos; ou, ainda, financiar a empreiteira inadimplente para que prossiga na sua execução. Essas alternativas ao pagamento puro e simples do sinistro dão maior viabilidade ao prosseguimento das obras, atendendo ao interesse público na sua efetiva conclusão.

A cidadania espera que esse movimento em torno da adoção do performance bond nas obras públicas seja levado avante pelo Congresso Nacional, o que permitirá uma mudança estrutural indispensável no combate à corrupção no setor público.

*Modesto Carvalhosa é advogado em São Paulo


O Brasil sofre bulling da OEA por intermédio da Comissão de Direitos Humanos no processo de impeachment de Dilma



Estrelas).

Pedido de explicações de Comissão da OEA sobre impeachment é um apanhado de tolices

O órgão cumpre uma formalidade; nem por isso, a coisa deixa de ter um elevado grau de estupidez

Por: Reinaldo Azevedo  
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA enviou ao governo brasileiro um documento pedindo explicações sobre o processo de impeachment. Atenção! Trata-se de um procedimento padrão, mas que, nem por isso, deixa de revelar seu caráter ridículo, uma vez que a ação que o motivou é um despropósito.
Parlamentares petistas, encabeçados por Wadih Damous, ex-presidente da OAB-RJ — o que, suponho deve envergonhar a Ordem —, denunciaram à Comissão o que seria um golpe parlamentar no Brasil. Segundo a denúncia dos petistas, “estamos diante de uma situação que não pode ser solucionada por meio de recursos internos”. Os companheiros pedem ainda que a Comissão suspenda o processo. A iniciativa conta com o apoio de José Eduardo Cardozo, o advogado de Dilma, ele também, agora, investigado por obstrução da Justiça.
Chamo atenção para o fato de que, segundo os parlamentares do PT, o próprio Supremo faria parte, então, do tal golpe, uma vez que, como está na denúncia, inexistem “recursos internos” para resguardar os direitos políticos e, pasmem!, humanos de Dilma. Vamos mais longe: para esses senhores, o Brasil já não consegue cuidar sozinho dos seus problemas.
Trata-se de um acinte e de um despropósito. As perguntas enviadas pela Comissão, dado o ridículo da denúncia, tornam-se igualmente vexaminosas.
A Comissão quer saber, por exemplo, “como teria sido garantido o devido processo legal” e “quais seriam os efeitos de uma inabilitação definitiva [de Dilma]”. Ora, ora… O órgão, que abriga o lulista Paulo Vannuchi, não precisaria nem preguntar isso ao governo. Bastaria consultar o Google. A pena em caso de impeachment está devidamente prevista em lei.
Como foi garantido o devido processo legal? Ora, com a aplicação estrita dos nossos códigos, referendados pelo regime democrático e devidamente acompanhados pelo Supremo, que foi chamado a atuar mais de uma vez pelos aliados de Dilma. A Comissão pergunta ainda se haveria a chance de uma “revisão” do processo… Hein? Revisão de quê? Estaria a dita-cuja disposta a declarar sem validade a Constituição do Brasil?
O que acho mais divertido é ler por aí que a Comissão pode conceder uma liminar para “suspender” o julgamento. É mesmo? E quem aplicaria a medida? A Quinta Cavalaria? O Brasil é um país soberano, onde vigora uma democracia de direito. A deposição de Dilma, segundo a Constituição e as leis, é uma questão de política interna.
E arremato com uma questão que já lembrei aqui: quando essa mesma Comissão recomendou a Dilma a suspensão da construção da usina de Belo Monte, a então presidente, em 2011, deu-lhe uma solene banana. E fez muito bem!
Nem a Comissão nem a Corte Interamericana de Direitos Humanos são instâncias revisoras da Justiça brasileira. Menos ainda do Congresso Nacional.
O pedido de explicações não passa de uma tolice derivada de outra.
Se o deputado Wadih Damous não gosta da Constituição e das leis que temos, ele que proponha projetos e emendas para alterá-las. Ou, então, que proponha, sei lá, a luta armada.

Qual é a avaliação que se pode fazer dos Jogos do Rio com relação à atuação dos atletas do Brasil ?

O Brasil realmente precisa de medalhas olímpicas?

  • Há 2 horas
Rio 2016Image copyrightAFP
Image captionIsaquias Queiroz, medalhista triplo na canoagem, Martine Grael e Kahena Kunze, ouro na vela, e Alison e Bruno, ouro no vôlei de praia; qual é o valor que deve ser dado aos pódios no quadro mais amplo do esporte no país?
Neste domingo, o Comitê Olímpico Brasileiro fará uma reunião de avaliação dos resultados da Rio 2016 já sabendo que o país não atingirá a meta, estabelecida publicamente, de terminar as competições entre os 10 maiores ganhadores de medalhas.
Longe de ser uma tragédia, já que o país, na pior das hipóteses, ficará com 18 medalhas, seu melhor resultado da história, o desempenho deverá despertar uma sucessão de debates sobre investimentos e filosofias do esporte de alto nível.
Na opinião de acadêmicos ouvidos pela BBC Brasil, a campanha da delegação brasileira oferece uma oportunidade de avaliação de prioridades para os próximos ciclos olímpicos.
E não necessariamente apenas as Olimpíadas de Tóquio, daqui a quatro anos. Sobretudo diante dos temores de redução de investimentos por causa da crise econômica.
Uma das perguntas que podem nortear a discussão é sobre o valor de que deve ser dado às subidas no pódio.
"A proposta de uma meta foi feita para justificar o dinheiro gasto na organização dos Jogos Olímpicos. O atleta olímpico é um grupo específico e não reflete o que é o esporte do país. Precisamos fazer uma grande avaliação, porque o modelo de esporte de alto nível no Brasil é privatizado e pautado pelos clubes", afirma Katia Rubio, professora da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo e especialista em esporte olímpico brasileiro.
No ciclo olímpico da Rio 2016, o esporte brasileiro recebeu quase R$ 2 bilhões em investimentos para tentar obter o número recorde de medalhas.
Até a noite de sexta-feira, a delegação brasileira tinha obtido 16 medalhas (5 de ouro, 6 de prata e cinco de bronze) em nove modalidades diferentes.
Em duas delas - maratona aquática e canoagem de velocidade -atletas brasileiros jamais haviam subido ao pódio. Conseguiu medalhas múltiplas no mesmo esporte, incluindo três na ginástica artística. Para ter ficado em décimo lugar, teria que ter chegado a pelo menos 20 medalhas.

Thiago BrazImage copyrightAFP
Image captionThiago Braz celebra o ouro no salto com vara na Olimpíada do Rio. Para especialista, país deveria pensar nas medalhas como consequência, não como objetivo principal da política esportiva

Como interpretar o resultado?

"Ao tornar a meta pública e enfatizá-la, o COB colocou pressão exagerada sobre todo mundo, praticamente dando nome e sobrenome a algumas projeções. Como vimos nos Jogos, alguns atletas cotados para o pódio não conseguiram medalhas, porque a Olimpíada tem surpresas e conjunturas, e isso agora vai gerar críticas", opina Marco Antônio Bortoleto, especialista da Faculdade de Educação Física da Unicamp.
Durante visita ao Parque Olímpico nesta semana, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, disse que a avaliação do desempenho dos atletas não será feita apenas observando o número de medalhas.
"A medalha não pode ser o único parâmetro a ser seguido. Vamos considerar posições totais e as classificações históricas de cada modalidade", afirmou Picciani, cuja pasta também contribuiu para o orçamento do ciclo olímpico.
O assunto chamou a atenção também de acadêmicos estrangeiros. Borja Garcia, da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, especializada em estudos esportivos, questiona se o foco em medalhas não desvia demais a atenção de problemas estruturais maiores.
"Não vejo um grande problema em haver uma meta, mas vejo que há no esporte brasileiro a necessidade de maior investimento no esporte de base e nas escolas. Sim, conquistas olímpicas são inspiradoras e são parte dos fatores que levam pessoas a fazer esporte, mas há dúvidas sobre o quão duradouro esse fator é", analisa.

Rafaela SilvaImage copyrightGETTY IMAGES
Image captionVencedora do ouro no judô, Rafaela Silva recebe bolsa federal para atletas de alto nível

Visão de longo prazo

Para Rubio, há equívocos no planejamento esportivo brasileiro.
"Precisamos de políticas esportivas públicas e de modelos de longo prazo. Não adianta apenas colocar dinheiro em função da Olimpíada. E o quadro de medalhas da Rio 2016 é falacioso. Não quero desmerecer os resultados, mas algumas das medalhas conquistadas pelo Brasil ainda são fruto muito mais do esforço pessoal, como é o caso do Isaquias Queiroz (canoagem), descoberto por um projeto social, e não em uma coisa mais estruturada".
A Rio 2016 serviu como um grande laboratório de políticas de esporte de alto nível. Países "gigantes" mostraram posições curiosas: a China, por exemplo, ampliou seu leque de medalhas, passando a pontuar em esportes como a luta olímpica. Os britânicos apostaram em uma política draconiana, em que esportes que foram mal em 2012 viram seu investimento ser cortado totalmente ou substancialmente, e podem sair do Rio com um histórico segundo lugar no quadro geral.
A Jamaica manteve o foco específico no atletismo, também contando com a ajuda de Usain Bolt, para conquistar nove medalhas, sendo seis de ouro.

Qual deve ser o rumo do Brasil?

"Cada país precisa descobrir vocações. Se queremos ganhar medalha, esse é o lado. Mas o Brasil deveria pensar mais amplamente. Pensar nas medalhas como consequência, não como objetivo principal da política esportiva. Se fosse pensar em um país, pensaria no Japão, que vem conseguindo medalhas, mas cujo investimento no esporte leva mais em conta o desenvolvimento central", diz Bortoleto.
Qualquer plano dependerá de uma resposta para uma pergunta que diversos atletas vêm fazendo nos últimos meses: após a Olimpíada "caseira" e em meio ao encolhimento da economia, haverá redução de investimentos no esporte brasileiro para o próximo ciclo olímpico?
Os sinais até agora são de aperto de cinto. Especialmente no caso de modalidades que receberam recursos de empresas estatais.
"Isso poderá reforçar a necessidade de parar tudo e fazer grande avaliação. Precisamos de uma política de Estado, não de governo", diz Kátia Rubio, da USP

Mais enrolo que envolve o Ministro do Supremo Tribunal Dias Toffoli / Veja

REPORTAGEM EXCLUSIVA DE 'VEJA' REVELA: EMPREITEIRA DELATA MINISTRO DO SUPREMO DIAS TOFFOLI.

A revista Veja, que preferiu a Olimpíada e outras amenidades como destaque de suas últimas capas, desta feita retomou o jornalismo investigativo e revela mais uma bomba, desta vez envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.

Veja diz que teve acesso ao capítulo do depoimento - delação premiada - do empresário Léo Pinheiro, da OAS, que inclui o magistrado Dias Toffoli indicado à Suprema Corte por Lula quando era Presidente da República.

Veja postou no seu site um aperitivo da reportagem-bomba, que transcrevo como segue:

Era um encontro de trabalho como muitos que acontecem em Brasília. O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, e o empreiteiro José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, então presidente da construtora OAS, já se conheciam, mas não eram amigos nem tinham intimidade. No meio da conversa, o ministro falou sobre um tema que lhe causava dor de cabeça. Sua casa, localizada num bairro nobre de Brasília, apresentava infiltrações e problemas na estrutura de alvenaria. De temperamento afável e voluntarioso, o empreiteiro não hesitou. Dias depois, mandou uma equipe de engenheiros da OAS até a residência de Toffoli para fazer uma vistoria. Os técnicos constataram as avarias, relataram a Léo Pinheiro que havia falhas na impermeabilização da cobertura e sugeriram a solução. É um serviço complicado e, em geral, de custo salgado. O empreiteiro indicou uma empresa especializada para executar o trabalho. Terminada a obra, os engenheiros da OAS fizeram uma nova vistoria para se certificarem de que tudo estava de acordo. Estava. O ministro não teria mais problemas com as infiltrações — mas só com as infiltrações.

A história descrita está relatada em um dos capítulos da proposta de delação do empreiteiro Léo Pinheiro, apresentada recentemente à Procuradoria-Ge­ral da República e à qual VEJA teve acesso. Condenado a dezesseis anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no escândalo do petrolão, Léo Pinheiro decidiu confessar seus crimes para não passar o resto dos seus dias na cadeia. Para ganhar uma redução de pena, o executivo está disposto a sacrificar a fidelidade de longa data a alguns figurões da República com os quais conviveu de perto na última década. As histórias que se dispõe a contar, segundo os investigadores, só são comparáveis às do empreiteiro Marcelo Odebrecht em poder destrutivo. No anexo a que VEJA teve acesso, pela primeira vez uma delação no âmbito da Lava-Jato chega a um ministro do Supremo Tribunal Federal.

No documento, VEJA constatou que Léo Pinheiro, como é próprio nas propostas de delação, não fornece detalhes sobre o encontro entre ele e Dias Toffoli. Onde? Quando? Como? Por quê? Essas são perguntas a que o candidato a delator responde apenas numa segunda etapa, caso a colaboração seja aceita. Nessa primeira fase, ele apresenta apenas um cardápio de eventos que podem ajudar os investigadores a solucionar crimes, rastrear dinheiro, localizar contas secretas ou identificar personagens novos. É nesse contexto que se insere o capítulo que trata da obra na casa do ministro do STF.

Tal como está, a narrativa de Léo Pinheiro deixa uma dúvida central: existe algum problema em um ministro do STF pedir um favor despretensioso a um empreiteiro da OAS? Há um impedimento moral, pois esse tipo de pedido abre brecha para situações altamente indesejadas, mas qual é o crime? Léo Pinheiro conta que a empresa de im­per­mea­bi­li­za­ção que indicou para o serviço é de Brasília e diz mais: que a correção da tal impermeabilização foi integralmente custeada pelo ministro Tof­fo­li. Então, onde está o crime? A questão é que ninguém se propõe a fazer uma delação para contar frivolidades. Portanto, se Léo Pinheiro, depois de meses e meses de negociação, propôs um anexo em que menciona uma obra na casa do ministro Toffoli, isso é um sinal de que algo subterrâneo está para vir à luz no momento em que a delação for homologada e os detalhes começarem a aparecer. Do site da revista Veja

Mais 'coisas do arco da velha' para preocupar os principais dirigentes do PT e deixá-los de 'cabelo em pé' / IstoÉ

REPORTAGEM-BOMBA DE 'ISTOÉ' REVELA: DEPOIS DO IMPEACHMENT, DILMA, LULA E SEUS SEQUAZES PODEM PEGAR CADEIA.

Dilma Rousseff e Lula: horizonte nebuloso no pós-impeachment. Foto: IstoÉ
A revista IstoÉ que chega às bancas neste sábado traz um bom inventário dos episódios que conduziram Dilma Rousseff ao impeachment. Selecionei os trechos fundamentais da principal reportagem da revista assinada por Pedro Marcondes de Moura. Trata-se de um levantamento dos fatos relativos ao processo do impeachment. Entretanto, há mais, muito mais coisas que complicam seriamente Dilma, Lula, Mercadante e José Eduardo Cardoso, não estando descartado após o impeachment o andamento de processos criminais contra Dilma, Lula e seus sequazes já então sem foro privilegiado. Pela gravidade dos fatos e dependendo das investigações pode dar cadeia. Leiam:
Na semana em que o Senado inicia o derradeiro julgamento do impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff enfrenta o auge de sua fragilidade. As preocupações da petista vão além da iminência de deixar o Palácio do Planalto pela porta dos fundos. Agora, pesam contra ela mais do que as acusações por ter editado créditos complementares ou ter cometido as famigeradas pedaladas fiscais, passíveis de perda de mandato. Dilma passou a ser investigada por um crime comum. Desde a última semana, ela corre risco real de ser condenada pela Justiça por interferir na Operação Lava Jato. Atendendo a um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, determinou a abertura de um inquérito para apurar as suspeitas de que a petista usou o cargo para obstruir a Justiça, o que configura crime. Para Zavascki, há fortes indícios de que Dilma liderou uma conspiração para nomear Marcelo Navarro Ribeiro Dantas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em troca do compromisso para soltar empreiteiros presos da Lava Jato, articulou uma tentativa de evitar a delação do ex-senador Delcídio do Amaral e nomeou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tirá-lo da jurisdição do juiz Sérgio Moro.
SEM FORO PRIVILEGIADO
O momento para as acusações contra ela não poderia ser pior. Dilma já planejava um exílio de oito meses por países latino-americanos, tão logo sua saída do cargo fosse oficializada. Com a decisão de Teori, talvez seja mais prudente mudar o plano de vôo. Motivo: ao perder o foro privilegiado, Dilma poderá ser processada em primeira instância junto a outros acusados de também obstruir a Justiça, como os ex-ministros Aloizio Mercadante, José Eduardo Cardozo e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão atinge ainda os ministros do STJ Marcelo Navarro e Francisco Falcão. Uma eventual condenação pode levar Dilma à cadeia. Por muito menos, Delcídio foi preso. Agora começa a etapa de coleta de provas, o que pode incluir até o depoimento de investigados. Em sua primeira diligência, Teori solicitou os registros de visitas de Navarro ao Senado.
Política e juridicamente, a abertura do inquérito pelo Supremo pode ser considerada o pior revés já experimentado por Dilma desde sua ascensão ao poder. Isolada e sem apoio até do PT, Dilma tentava construir a narrativa da vítima. Sonhava em entrar para a história como uma presidente cassada sem provas e acima de qualquer suspeita. Desde a posse para o segundo mandato, a petista ecoava um mantra de que o governo dela era marcado pela independência nas investigações de corrupção e propagandeava a inexistência de acusações de enriquecimento pessoal, apesar das inúmeras provas de que o Petrolão abasteceu as campanhas dela de 2010 e 2014 ao Palácio do Planalto. Agora, ao autorizar a abertura do inquérito, o STF sepulta de uma vez a sua versão. Mostra que existem, sim, suspeitas contra ela. Mais do que isso.
COISAS DO ARCO DA VELHA
Há evidências de suas digitais em, pelo menos, duas tentativas de obstruir a Lava Jato: a nomeação de Navarro ao STJ e a tentativa de empossar Lula na Casa Civil. Em um primeiro movimento, Aloizio Mercadante, então ministro da Casa Civil, foi flagrado, em uma conversa gravada com um assessor do ex-senador Delcídio do Amaral, oferecendo ajuda para que o parlamentar não fizesse um acordo de delação premiada. O diálogo acabou vindo à tona quando Delcídio, com o objetivo de deixar a prisão, resolveu contar tudo o que sabia aos procuradores. O ex-senador afirmou à Justiça, em depoimento revelado por ISTOÉ com exclusividade, que o Palácio do Planalto – mais precisamente Dilma Rousseff – interferiu diretamente para que o Superior Tribunal de Justiça soltasse empreiteiros. Em uma conspiração envolvendo Dilma, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e o presidente do STJ Francisco Falcão foi acertada a nomeação de Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para a Corte com a condição de que ele concedesse a liberdade aos empresários envolvidos no Petrolão. Navarro, de fato, votou favorável à soltura Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, e Marcelo Odebrecht. O plano só não vingou porque a maioria da turma do STJ optou por mantê-los detidos. Não importa. Para Teori e Janot, há elementos para a caracterização da prática criminosa por Dilma e companhia.

Sob investigação: STF autoriza inquérito contra Dilma, Lula e os ex-ministros José Eduardo Cardozo e Aloizio Mercadante por conspiração para parar a Lava Jato - Foto: IstoÉ

PARCERIA CRIMINOSA
A terceira investida de Dilma para interferir na Lava Jato ocorreu em março. Após o ex-presidente Lula ser alvo de uma condução coercitiva, a petista o nomeou ministro da Casa Civil. Interceptações telefônicas de conversas entre os dois mostram a pressa com que ela agiu para que o antecessor assumisse o cargo. Enviou pelo assessor Jorge Messias o termo de posse, antes mesmo da cerimônia, para que Lula ganhasse foro privilegiado e seu caso saísse das mãos do juiz Sérgio Moro. Por decisão do Supremo, a conversa não pode ser usada na acusação por ter ocorrido após o período de gravação autorizado por Moro. Outra prova, no entanto, foi suficiente para encalacrar Lula e Dilma: uma edição extra do Diário Oficial da União publicada pelo Palácio do Planalto para garantir que a nomeação do ex-presidente entrasse em vigor o mais rápido possível. Para Miguel Reale Jr., um dos juristas signatários do pedido de impeachment de Dilma, o episódio é uma afronta aos princípios republicanos e confere materialidade ao impedimento da presidente. “É um ato de imoralidade administrativa e política”, afirma. O inciso 5 do artigo 6º da a Lei nº 1.079 define como crime de responsabilidade exatamente o que as ações de Dilma atestaram, ou seja, “opor-se diretamente e por fatos ao livre exercício do Poder Judiciário, ou obstar, por meios violentos, ao efeito dos seus atos, mandados ou sentenças. Do site da revista IstoÉ onde há muito mais para ler

"Uma mulherzinha de caráter miúdo" / Valentina de Botas

Valentina de Botas: 

Uma mulherzinha de caráter miúdo

Enquanto há brasileiros competindo para serem os melhores, o jeca e a respectiva criatura quebram cotidianamente o próprio recorde de delinquência

Por: Augusto Nunes  
O que torna o cotidiano possível? O Brasil sempre me deu a impressão de que padecia da deformação resultante da inversão “o importante é ganhar, não competir”, mas isso parece a forma branda da patologia verdadeira: “importante não é ganhar, mas ganhar sempre”. O texto primoroso de Augusto Nunes, da gratidão citando a excelente Dorrit Harazim, passando pela homenagem ao grande Ricardo Prado, até a comemoração do que espero ser uma melhora definitiva na alma enferma de um país infantiloide e brutalizado na rejeição a qualquer resultado que não o pódio – e, neste, o topo –, ensina um olhar de generosidade sobre grandes homens e mulheres que inspiram uma nação e colonizam a alma dela com a beleza de fazer flutuantes os limites ou da poesia no desafio aos limites imóveis.
Essa generosidade nada tem de condescendente e contempla não somente o desempenho quase inumano dos competidores numa olimpíada, mas também a risonha oportunidade de que o possam testemunhar homens e mulheres normais, heróis anônimos de si mesmos que, além de envolvidos em embates íntimos ou privados normais da vida, tentam sobreviver moral e fisicamente num Brasil cujas melhores potencialidades o lulopetismo sabotou enquanto se servia das piores.
Agora mesmo, enquanto há brasileiros competindo para serem os melhores, o jeca e a respectiva criatura quebram cotidianamente o próprio recorde de delinquência numa disputa sem limites ao pódio mais alto do pior que a terra tão garrida produziu para ser tão esbulhada. Enquanto ele, sempre afastando os limites da sordidez, para escapar da merecida e tardia cadeia, mente numa cartilha em quatro idiomas distribuída no exterior, difamando o Brasil, as instituições brasileiras, Sergio Moro e Rodrigo Janot; ela, para escapar do merecido e tardio impeachment, faz do Alvorada a locação para um documentário ficcional a respeito do processo lendo uma carta em que encena promessas tão plausíveis quanto válidas de uma mulherzinha de caráter miúdo que demitiu a verdade de todas as promessas inventadas, com exceção de uma: fazer o diabo para ganhar a eleição.
Maquiando o vazio, Dilma repetiu a tríade formada por uma verdade desnecessária e duas mentiras inúteis: foi torturada pela ditadura militar, o que não a inocenta do crime de responsabilidade fiscal; é honrada, OK, Fernando Henrique Cardoso acreditar nisso não a inocenta do crime de responsabilidade fiscal; ela não tem conta no exterior, nem eu, só que não cometi crime de responsabilidade fiscal, ela sim, crime pelo qual será condenada.
Os bravos Sergio Moro ou Hélio Bicudo não são heróis e há coisas que o impeachment e a Lava Jato não poderão fazer, mas acho que eles são figuras inspiradoras e triste do país que, desgraçado por Lula e Dilma, não pudesse contar com eles. Do mesmo modo, ainda que a excepcionalidade de Ricardo Prado ou Thiago Braz não baste para curar nossa impotência olímpica, eles integram, para sempre e mesmo sem repetir o que já fizeram, uma coleção heterogênea de genialidades humanas que deslumbram o presente, como Usain Bolt, e inspiram o futuro.
Me lembro que em agosto de 2012, quando esta coluna ergueu o justo brinde a Usain Bolt por ter sobrevoado no chão da pista olímpica de Londres 100 metros em menos de 10 segundos, eu quis comentar, mas não sabia o que dizer. Na ocasião, minha filha me perguntou para que serve correr 100 metros em menos de 10 segundos. Também não soube o que dizer. Mas falei qualquer coisa sobre como isso não acontece da noite para o dia, que exige treino absurdo, disciplina espartana, que a marca genial era inédita, que o feito ajuda a entender melhor a fisiologia do corpo humano e… vi que era melhor ter ficado calada. Aquilo não estava alcançando a pequena.
Fiquei olhando para os olhos grandes dela, atentos, lindos na sua apressada curiosidade pelo mundo. Lembrei-me de um dia de agosto de 1977, quando, só um pouco maior do que ela, o cabelo preso num alto rabo-de-cavalo, cheguei da escola vestindo o uniforme de sainha xadrez plissada e camisa branca. Não quis almoçar, brincar, nem fazer a lição de casa. Por quê? Minha mãe deixando as costuras quis saber e eu não sabia como explicar que meu primeiro namorado acabara de morrer sem que eu pudesse contar a ele da minha paixão.
Passei o dia inteiro ouvindo as músicas dele numa vitrolinha ordinária do Mickey, como se cada uma fosse um beijo: It’s now or never, Kiss me quick, Burning love, Blue moon, Suspicious mind, Love me tender, Blue suede shoes, tantas outras e a eterna You’re always on my mind. Por algum tempo, o cotidiano só era possível se eu ouvisse Elvis Presley.
Então, soube o que dizer à minha filha: como qualquer realização genial, alguém correr 100 metros em menos de 10 segundos, fazer mil gols e ter os mais lindos gols não feitos ou saltar mais de 6 metros é um sonho que torna possível o cotidiano e, com outras palavras, confidenciei que isso faz aquilo que é pó e transitório em nós experimentar por instantes, como num beijo, o eterno.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Sonia Zaghetto: "O que nos falta é um movimento vigoroso de todo o organismo social para expurgar de vez os personagens sem ética que nos fazem campeões da vergonha"



Sonia Zaghetto: 

A medalha dourada do vexame

O que nos falta é um movimento vigoroso de todo o organismo social para expurgar de vez os personagens sem ética que nos fazem campeões da vergonha

Por: Augusto Nunes  
Sempre tive uma certeza: a medalha de ouro na categoria vexame internacional por equipes seria nossa. Seguíamos liderando também nas modalidades individuais mazela política, incompetência administrativa, corrupção despudorada e obras não concluídas. A imprensa mundial já trombeteava aos quatro ventos nossa vitória, apontando lixo e cadáveres boiando na baía de Guanabara, a violência onipresente e a precariedade da Vila Olímpica.
Tanta certeza tive de que o campeonato era nosso que não titubeei: adquiri uma sacolinha de papel para usar sobre a cabeça. Para completar o quadro, surgiram novas chances de medalhas na categoria péssimo anfitrião, quando oferecemos cangurus, vaiamos atletas e delegações adversários, incluindo os vizinhos que aprendemos a odiar.
Foi quando surgiu o nadador americano Ryan Lochte. Ah, esses americanos, sempre tentando arrebatar as medalhas alheias! Lochte relatou um assalto, incrementou a performance com a história de uma arma na cabeça e bateu em retirada. Estava certo de que nada aconteceria, afinal estava numa terra de ninguém, famosa pela incapacidade do Estado, por um aterrorizante número de crimes e por um povo acostumado a assistir passivamente a seus dirigentes mentirem com a mesma naturalidade com que se respira.
Desmascarado, o nadador seguiu agindo com arrogância e sem dar mostras de arrependimento. Foi a essa altura que, sozinho, Lotche quase nos arrebatou a medalha dourada e eu ensaiei tirar a sacola de papel que me cobria a cabeça. Como bem sabe quem acompanhou a saga, inicialmente os americanos deram suporte aos seus atletas, mas, diante das evidências, fizeram algo cada vez mais raro no Brasil: reconheceram a gravidade da conduta dos seus compatriotas e o Comitê pediu desculpas formalmente.
Com a maturidade desse gesto, os Estados Unidos deixaram a disputa pela medalha da vergonha. Continuamos soberanos na incapacidade de reconhecer erros, admitir equívocos, curvar a cabeça diante de provas cabais e demonstrar pudor em apoiar mentiras e crimes. Não há estatística da tragédia socioeconômica, testemunho de antigos comparsas, prova documental ou gravação de conversas obscenas que consiga arrancar de nossos homens públicos e seus apoiadores uma singela admissão de culpa ou o reconhecimento da gravidade de suas condutas.
Da nota do Comitê Olímpico americano destaquei esta frase: “O comportamento desses atletas não é aceitável, muito menos representa os valores do Time Americano ou a conduta da vasta maioria de seus membros”. Pensei aqui comigo no quanto seria prazeroso ouvir algo assim de dirigentes de partidos cujos membros foram flagrados em casos de corrupção. Ou como seria confortador ouvir de alguns eleitores que não é aceitável que seus políticos de estimação mintam, manipulem, cometam crimes e permaneçam impunes.
“Em nome do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, pedimos desculpas aos nossos anfitriões no Rio e aos brasileiros pelo problema causado durante o que deveria ser apenas a celebração da excelência”, declarou o comitê americano. E já que nossos políticos são apenas hóspedes temporários em Brasília, seria de bom tom copiar o modelo acima em várias situações:
º Em nome do meu partido/coligação, peço desculpas aos brasileiros pelos crimes causados durante o que deveria ser apenas um mandato. O comportamento desses políticos não é aceitável, muito menos representa os valores do partido ou da vasta maioria de seus membros.
º O comportamento causado pelo político que elegi causou graves prejuízos ao nosso país. Isso é inaceitável. Peço desculpas aos brasileiros pelos crimes causados por minha escolha equivocada.
º Reconheço e peço desculpas ao povo brasileiro pelos crimes que cometi, pelas mentiras que espalhei para convencer incautos e por ter me locupletado com dinheiro público durante o que deveria ser apenas um mandato. Meu comportamento não é aceitável, muito menos representa os valores da Nação brasileira.
Achou excessivo? Pois lembre-se que Ryan Lochte é considerado um dos maiores atletas olímpicos de todos os tempos e os americanos não hesitaram em expor o membro doente que pode corromper toda uma sociedade. Obviamente os Estados Unidos não são exemplos de perfeição ética ─ não é isso que estou afirmando. Mas demonstraram, neste episódio específico, que prezam pela imagem de seu país e que não aceitam ser associados a condutas abjetas. O recado foi claro: mentiras são prova de péssimo caráter e não há passado glorioso que possa justificar atos vergonhosos.
É exatamente o que nos falta: um movimento vigoroso de todo o organismo social para expurgar de vez os personagens sem ética que nos fazem campeões da vergonha. Mas, antes disso, temos uma outra tarefa ainda mais árdua: tornar verdadeira a parte das desculpas que diz que os comportamentos indecorosos não representam os valores de partidos políticos, da maioria de seus membros e do conjunto da pátria brasileira.
Com a medalha dourada do vexame reluzindo na Praça dos Três Poderes, decidi manter a sacolinha de papel na cabeça