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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Criminosos sequestram médico e ambulância para socorrer homem na Maré... / G1

Criminosos sequestram médico e ambulância para socorrer homem na Maré

Bandido ficou ferido durante troca de tiros com a polícia. Em fuga, criminosos deixaram cair fuzil com iniciais de um dos chefes do tráfico da comunidade.

Por Henrique Coelho, G1 Rio
 
Bandidos sequestram ambulância com equipe médica para socorrer homem na Maré
Bandidos armados com fuzis sequestraram um médico e uma ambulância para socorrer um criminoso ferido, na Maré, Zona Norte do Rio, na madrugada de domingo (15). Depois de trocarem tiros com policiais militares que faziam uma blitz na Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso, os bandidos foram até uma das Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Maré pedir socorro, mas a unidade não atende feridos a bala.
Em depoimento à polícia, o médico sequestrado contou que, por volta das 2h deste domingo, foi acionado para socorrer um homem na UPA da Maré. Ele afirma que, chegando ao local, se deparou com cerca de 50 homens armados com fuzis.
Os bandidos sequestraram o médico e a ambulância e ainda roubaram uniformes dos funcionários. Cerca de quatro horas depois, os criminosos voltaram à unidade, liberaram o médico e devolveram a ambulância.
No tiroteio, um policial militar foi ferido e levado para o Hospital Geral de Bonsucesso, onde seguia internado na manhã desta segunda-feira (16). Durante a fuga, os criminosos deixaram cair um fuzil, que foi apreendido pela polícia. A arma tinha as iniciais de um dos chefes do tráfico de drogas no complexo da Maré. Ninguém foi preso.
Durante a manhã desta segunda (16), a polícia tentava identificar o local para onde a ambulância foi levada. O delegado já tem suspeitas de qual grupo o criminoso atendido pertence.
“Tinha um fuzil com a inscrição TH, então achamos que pode ser alguém da quadrilha do TH. Esse bandido ferido, com um tiro de fuzil no braço esquerdo, foi levado pra dentro da UPA, mas lá não atende ferido a bala. Então depois ele foi levado para outro local”, afirmou o delegado titular da 21ª DP, Wellington Vieira.
Ainda segundo o delegado, o supervisor da empresa terceirizada responsável pela ambulância pode ser indiciado por fraude processual. Segundo o delegado Wellington Vieira, titular da 21ª DP (Bonsucesso), o veículo foi lavado após a ação, o que dificulta o trabalho da polícia.
“A ambulância foi lavada antes da perícia. Segundo o supervisor do motorista da ambulância, isso é um protocolo para todas as ambulâncias que ficam sujas de sangue. “É até justificável, mas é difícil. Isso atrapalha. Ele pode ser indiciado por fraude processual”, afirmou Vieira.
Para o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Jorge Darze, o caso é muito grave. “Essas unidades públicas estão trabalhando com extrema precariedade. Esse é um dos casos mais graves de violência”, afirmou Darze.
Ambulância foi levada para a 21ªDP (Bonsucesso) (Foto: Renato Souza / TV Globo)Ambulância foi levada para a 21ªDP (Bonsucesso) (Foto: Renato Souza / TV Globo)
Ambulância foi levada para a 21ªDP (Bonsucesso) (Foto: Renato Souza / TV Globo)

domingo, 15 de outubro de 2017

Charge de Chico Caruso

A charge de Chico Caruso

Charge (Foto: Chico Caruso)

"Parem de brigar e julguem!" / Eliane Cantanhêde

domingo, outubro 15, 2017

Parem de brigar e julguem! - 

ELIANE CANTANHÊDE

ESTADÃO - 15/10

Como STF não faz sua parte na Lava Jato, tenta inventar penas a não condenados

Todo esse dramalhão envolvendo Supremo, Senado, Câmara, PSDB, PT, PMDB e redes sociais em torno do senador Aécio Neves tem uma origem clara: a demora do STF em julgar o tucano, alvo de nove investigações e uma denúncia, agravados pelas gravações entre ele e Joesley Batista e pela bolada que, ato contínuo, foi parar com o primo dele.

Se o Supremo tivesse pego esse touro a unha há tempos, não precisaríamos assistir a esse show de empurra-empurra. Aécio teria sido inocentado ou condenado e as instituições não estariam expondo suas vísceras ao vivo para escapar do problema, com o STF tentando até aplicar penas a quem nunca foi condenado!

A PF, a PGR e a Justiça não dão conta de tantos inquéritos (como no caso também de Renan Calheiros) e o fantasma fica pairando sobre Brasília. Como não se pune pela Constituição, a Primeira Turma do STF buscou aplicar o Código do Processo Penal, com o afastamento das funções e o tal recolhimento noturno – ambas soluções, digamos, heterodoxas. O plenário interveio, lembrando que não se afasta parlamentar sem aval dos plenários do Congresso e o problema voltou para o Senado. Se no Supremo não há solução, imagine-se no Senado, um dos templos do corporativismo na República.

A expectativa para a próxima terça-feira é que os senadores não deem aval para as medidas contra Aécio, mas o resultado vai ficar mais apertado a cada dia que passa. No plenário do STF, foram cinco a cinco, que viraram seis a cinco com o voto confuso da presidente Cármen Lúcia. No do Senado, caminha para um racha equivalente a partir da ameaça do PT de rever sua posição.

Na primeira sessão, os petistas foram contra a Primeira Turma e, portanto, a favor de Aécio. Mas estão mudando de ideia, daí porque os aliados do presidente afastado do PSDB tentaram um outro jeitinho brasileiro: o voto secreto, não previsto no artigo 53 da Constituição e derrubado, por exemplo, na sessão que autorizou a prisão do então senador Delcídio do Amaral.

Aécio, portanto, escapou do Supremo e tende a escapar do plenário do Senado, com seus pares fazendo a mise-em-scène de enviar o caso para o Conselho de Ética. E daí? Criado em 1993, o conselho só cassou um senador até hoje, Luiz Estêvão, que, aliás, foi parar na Papuda após o STF aprovar a prisão de condenados em segunda instância. Seu presidente pela sexta vez, senador João Alberto (PMDB-MA), é sempre posto ali pelo padrinho José Sarney justamente para garantir a impunidade de todos os seus pares.

Por falar nisso, Aécio Neves está por trás da escolha dos relatores na CCJ da Câmara para a primeira e a segunda denúncia da PGR contra o presidente Michel Temer, Paulo Abi-Ackel e Bonifácio de Andrada, ambos, não por coincidência, do PSDB de Minas. A equação é simples: Aécio articulou a salvação de Temer, Temer articula a salvação de Aécio, enquanto o lobo não vem e o STF não julga de fato.

O fato é que, enquanto o Supremo não começar a fazer sua parte na Lava Jato, condenando quem tem de condenar e inocentando quem merece, as assombrações vão continuar soltas por aí. Ninguém vai ter sossego, nem réus, nem julgadores, e o script vai se repetir, com o STF tentando aplicar penas a não-condenados, a Câmara e o Senado salvando os seus e a opinião pública querendo explodir as instituições. Meretíssimos, parem de brigar e julguem!
PS 1: Cármen Lúcia deixou de ler seu voto de mais de 30 páginas porque três ministros tinham voos para Miami. Ai, se arrependimento matasse!

PS 2: Depois da crise com o Legislativo, vem aí a crise do Judiciário com o Executivo. Planalto e Ministério da Justiça querem extraditar o italiano Cesare Batisti, mas STF está... dividido.

"Os catadores de lixo ideológico " / Guilherme Fiuza

domingo, outubro 15, 2017

Os catadores de lixo ideológico 

- GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA

O maior eleitor de Bolsonaro é Jean Wyllys, e o maior eleitor de Jean Wyllys é Bolsonaro

O Brasil está em perigo. A polêmica sobre o peladão do MAM vai bem, dando oportunidade a toda essa gente sofrida que batalha de sol a sol por um slogan progressista, mas surgiu o alerta: há sinais de que estão começando a desconfiar do debate – ou, mais precisamente, dos debatedores. Isso é grave.

O sobressalto deixou todo o pelotão da narrativa em alerta. Para o caso de acontecer o pior – isto é, a maioria distraída descobrir que a polêmica só serve aos polemistas de plantão – já há alternativas em estudo. Criar um evangelho trans pode ser uma boa. Descobrir algum brucutu que defenda a virgindade antes do casamento seria melhor ainda. Já pensaram? Toda a MPB de mãos dadas contra o celibato das solteiras? Viva a revolução!

Como se sabe, o maior eleitor de Bolsonaro é Jean Wyllys, e o maior eleitor de Jean Wyllys, coincidentemente, é Bolsonaro. Foram feitos um para o outro, e serão felizes para sempre em sua guerra particular cenográfica. Assim vão se formando as parcerias mais profícuas da vida moderna. Para cada Crivella há um Caetano, num sistema perfeito de retroalimentação demagógica que nos deixa boquiabertos com a exuberância e a simetria da criação. Um bocejo retórico de um multiplica imediatamente o rebanho do outro, tornando-os assim seres unidos para a eternidade pela gratidão mútua. Aleluia.
Há diversos outros casais perfeitos na natureza, como o militante do PSOL e o policial boçal, que rezam diariamente a Nossa Senhora das Causas Idiotas pela oportunidade de se encontrarem na rua. Esse amor lacrimogêneo rende audiências incríveis e faz bem a todo mundo que não tem mais o que fazer.

Por uma coincidência antropofágica, a rapaziada da vanguarda de museu é toda de viúvas petistas. Normal. Não pense que é fácil você chegar ao paraíso fantasiado de algoz da burguesia e te tirarem de lá porque seu guru esfolou o povo. Claro que tudo isso foi um golpe da elite invejosa, mas dói. Como defender ladrão não é propriamente um ato revolucionário (embora muitos ainda insistam que seja), você passa a precisar urgentemente de um esquete novo, algo que te permita chegar em casa e se orgulhar de ter chocado a burguesia, abraçado a seu ursinho de pelúcia.

No princípio era o Fome Zero para chocar a elite branca. Após mais de década de rapinagem soterrando o slogan esperto, surge o plano genial: ficar pelado para chocar a elite branca. É claro que a essa altura, no ano da graça de 2017, com tudo o que a TV já mostrou, tudo o que a internet já escancarou, tudo o que já foi exposto inteiro e do avesso para crianças, velhos, meninos, meninas, burgueses, favelados, crentes e ateus, ficar pelado não choca mais ninguém. Droga. Desde a Xuxa e o rebolado na boquinha da garrafa a erotização infantil já está aí, comendo solta, e até já foi temperada, e até a criançada já teve de aprender a escolher e filtrar o grau de sensualidade com que quer conviver. Absolutamente nada de novo no front. Então vamos convidar crianças para ir ao museu tocar num homem nu e ver o que acontece. Deu certo.

A vanguarda do anteontem ia ficar brincando sozinha de chocar ninguém, mas foi salva. A imagem circulou com aquele poder das redes antissociais de transformar o nada em tudo, tipo “menos a Luíza que está no Canadá”, e num instante estava montada a ficção científica sobre arte moderna e pedofilia, ou vice-versa, só importando ver quem grita mais e quem prevalece sobre quem – num universo onde só o que prevalece é o cultivo e a multiplicação dos mesmos e cegos rebanhos. Jair e Jean, amor eterno.

Junte-se tal fenômeno antifenomenal com a tal polêmica de laboratório em torno da “criança viada” e tem-se a ressurreição dos revolucionários lutando contra a censura! Na proa da nave fantasma, a turma daquele movimento obscuro que batalhou pela censura prévia a biografias não autorizadas por razões pecuniárias, que ninguém é de ferro. São os catadores de lixo ideológico: meu reino por um general fardado que me permita tirar do armário a fantasia de oprimido rebelde.

Todo poder advém do queixume e em seu nome deve ser exercido, enquanto os otários não sacarem a malandragem. Cazuza avisou: somos um museu de grandes novidades. Entre e veja, de graça, que o Brasil hipócrita está nu.

A morte da jararaca...

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/elio-gaspari-morte-da-jararaca-nao-e-fava-contada/

Elio Gaspari: 

A morte da jararaca não é fava contada

Postado em 15 de outubro de 2017 às 12:14 pm
Da Folha:
Em julho passado, Lula foi condenado a nove anos de prisão pelo juiz Sergio Moro. Para que ele fique inelegível, a sentença precisa ser confirmada pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal 4, de Porto Alegre, composta por três desembargadores. Se Lula for condenado por unanimidade, ficará inelegível, com poucas chances de ser salvo nos tribunais superiores.
Se o resultado ficar num 2×1, a inelegibilidade estará adiada, dependendo de confirmação pela Seção Criminal do TRF-4, composta por seis desembargadores federais, três dos quais da 8ª Câmara.
Cabeça de juiz não permite prognósticos seguros, mas quem conhece o TRF-4 levanta duas dúvidas. Na primeira, a condenação pode ser anulada. Na segunda, a confirmação da sentença pode demorar, permitindo o registro da candidatura.
A morte da jararaca ainda não é fava contada.

sábado, 14 de outubro de 2017

"Os indivíduos valem pelos seus atos, não pelas suas palavras""

joão pereira coutinho
Escritor português, é doutor em ciência política.
Escreve às terças e às sextas.

Os indivíduos valem pelos seus atos, não pelas suas palavras

Yann Coatsaliou - 23.mai.2017/AFP
O produtor Harvey Weinstein no 70º Festival de Cannes, na França
O produtor Harvey Weinstein no 70º Festival de Cannes, na França
NOVA YORK - É um conselho elementar: os indivíduos valem pelos seus atos, não pelas suas palavras. Qualquer um é capaz de uma retórica competente. E seria possível escolher dois ou três discursos políticos de grandes criminosos da história –discursos sobre a liberdade, a igualdade, a fraternidade– sem revelar o essencial sobre as suas condutas miseráveis.
Mas os atos, sobretudo quando praticados anonimamente, são a verdadeira revelação de caráter.
Um caso exemplar é o de Harvey Weinstein. Cheguei a Nova York alguns dias atrás. Pensava eu que as notícias seriam Donald Trump de manhã à noite. Erro. Trump desapareceu dos radares e a mídia só fala de Weinstein.
Apresentações: Harvey Weinstein é um dos mais conhecidos e reconhecidos produtores de cinema atuais. Sem falar do resto: democrata "convicto" e um ilustre apoiante e doador do Partido Democrata.
Problema: Weinstein terá cometido uma série de assédios sexuais contra atrizes e outro pessoal que trabalhava para a sua produtora –a poderosa Miramax. Angelina Jolie ou Mira Sorvino estão na longa lista das alegadas vítimas. Sabemos que Weinstein celebrou 8 acordos extrajudiciais para esconder os crimes. Há também acusações de violação– três, para sermos exatos.
E a "The New Yorker", dois dias atrás, liberou uma gravação onde Weinstein mostra os seus dotes "predatórios" com uma modelo italiana.
Perante isso, que fez o nosso Harvey? Escreveu uma carta para o "The New York Times", jornal que iniciou as denúncias, e que deveria ser estudada como uma obra-prima da hipocrisia progressista.
Para começar, Harvey Weinstein afirma que lamenta os seus comportamentos; mas atira com as culpas para a contra-cultura das décadas de 1960 e 1970, onde se formou e deformou. Os assédios, no fundo, não foram dele; foram dos "hippies" que lhe ensinaram o mantra "faça amor, não guerra", mesmo que esse amor envolva uma certa dose de ameaças e brutalidades.
Mas o momento esplendoroso da carta acontece quando o produtor promete, perante as massas "liberais", que reforçará o seu combate à National Rifle Association –e que doará 5 milhões de dólares para apoiar mulheres diretoras.
O "The Wall Street Journal", em editorial, resumiu com propriedade o raciocínio que existe na cabeça de Weinstein: "Se eu relembrar ao ilustre público que apoio as causas certas, serei perdoado pelos meus pecadilhos. Donald Trump não tem salvação quando agarra as mulheres pela genitália; mas eu, combatendo a cultura das armas e batalhando pela igualdade dos sexos, terei a absolvição dos otários."
Infelizmente para Weinstein, os otários não parecem disponíveis para semelhante bondade. Mesmo os otários –como Matt Damon, por exemplo– acusados de terem protegido o produtor no passado. Como? Pressionando jornalistas para não publicarem as denúncias.
Confesso: não sei se as acusações são verdadeiras ou falsas. E, aqui entre nós, não tenho uma curiosidade mórbida pelo assunto. Deixemos para a justiça o que é da justiça.
Mas também confesso que existe alguma ironia quando vemos um moralista devorado em público pela fúria de outros moralistas. 

"“Resta aos juízes prender ladrão de galinha”

13/10/2017

“Resta aos juízes prender ladrão de galinha”

POR FREDERICO VASCONCELOS
O texto abaixo foi enviado a amigos pelo juiz federal Roberto Wanderley Nogueira, do Recife:***
Magistrado há 35 longos e bem vividos anos, forjado na dor de uma experiência profissional sem nódoas ou grandes desacertos, temente a Deus Todo Poderoso, reconhecido comumente pelos pequeninos, minha jurisprudência sempre foi preferencialmente aquela que eu mesmo produzo à luz da Constituição Federal e das leis.
Jamais me deixei impressionar pela jurisprudência de Tribunais constituídos politicamente, na alcova da vida de tanta gente que simplesmente não presta. Há exceções, é claro, mas elas não chegam a sequer perturbar o sistema de injustiças e desigualdades prevalecentes entre nós.
No entanto, o Supremo Tribunal Federal, para cujo acesso basta a boa vontade da autoridade de plantão no Palácio do Planalto e uma sabatina pró-forma no Senado Federal, é a cúpula do sistema do qual fazemos parte, todos nós, magistrados. Isso é trágico, porque muito frequentemente temos de dar lição aos nossos superiores por meio de nossos veredictos, simplesmente apontando as contradições desse sistema que eles encabeçam, não raro sem mérito e/ou competência algumas, conquanto eleitos pelas conveniências da política de momento, também frequentemente associadas ao clientelismo de Estado.
É o que devemos fazer, esperando as bordoadas próprias da espécie de um ambiente concorrencial e emulativo que opõe colegas contra colegas no pano de fundo das nossas próprias carreiras.
O carreirismo, aliás, é um fenômeno estimulado pelo sistema político para nos fazer definhar como categoria social. Quem for independente não sobe. Quem abrir mão de sua própria vocação na verticalidade da estrutura funcional da Organização Judiciária a que pertence, outros nem isso, caso dos incluídos no sistema pelo “quinto constitucional” e das composições do próprio STF, ficam disponíveis para evoluir, menos neste último caso, pois as investiduras são para cargos isolados (sem perspectiva de progressão).
Eis o dilema histórico, existencial e corporativo da magistratura nacional, sobre o qual a iniqüidade faz a festa, sentindo-se segura em face da atmosfera de impunidade que sobrepaira aos poderosos. Mas, sobra implacabilidade aos “ladrões de galinha”, cujo aprisionamento é praticamente o único poder que resta de fato aos juízes do Brasil.
E viva o carnaval!

Natureza bem tratada devolve benefícios à cidade

Natureza em foco no planejamento urbano de três metrópoles brasileiras http://p.dw.com/p/2jNW1

MEIO AMBIENTE

Natureza em foco no planejamento urbano de três metrópoles brasileiras

Com ajuda de projeto internacional financiado pelo governo alemão, Campinas, Belo Horizonte e Londrina pretendem evitar crises hídricas, alimentar a população sem agredir o meio ambiente e otimizar uso do solo.
Vista aérea de Belo Horizonte
Belo Horizonte: Interact-Bio pretende fortalecer biodiversidade e ecossistemas essenciais para assegurar serviços urbanos
O Brasil tem a maior biodiversidade do planeta, com pelo menos 20% das espécies existentes e 30% das florestas tropicais do mundo. Mas na hora de integrar políticas de conservação e sustentabilidade ao planejamento urbano, o país está longe de ser exemplo. Um novo projeto liderado pela associação internacional Iclei - Governos Locais pela Sustentabilidade e financiando pela Alemanha busca reverter essa lógica e colocar a natureza em foco em três regiões metropolitanas brasileiras.
Campinas (SP), Belo Horizonte (MG) e Londrina (PR) foram escolhidas para participar do projeto, chamado Interact-Bio e que deve trazer investimentos, ações estratégicas para o meio ambiente, trocas de experiências e capacitações técnicas para as regiões. Com isso, a meta é não simplesmente preservar a natureza, mas também resolver problemas urbanos bem específicos com ajuda dos recursos naturais.
O projeto, com duração de quatro anos, conta com investimento de 6 milhões de euros, provenientes do Ministério Federal Alemão do Meio Ambiente, Proteção da Natureza, Construção e Segurança Nuclear (BMUB). Além do Brasil, a iniciativa será simultaneamente realizada em três regiões da Índia e três da Tanzânia, outros países conhecidos por sua biodiversidade.
Crise hídrica
Campinas, escolhida como região modelo no Brasil, foi palco da crise hídrica que atingiu o Sudeste em 2014, com impactos econômicos e de fornecimento para a população, que teve que recorrer ao chamado volume morto dos reservatórios. Causada principalmente pela escassez de chuvas, a situação também foi agravada por componentes locais.
Um levantamento da SOS Mata Atlântica constatou na época que apenas 21,5% das áreas do Sistema Cantareira continham cobertura vegetal. A falta de vegetação causou erosão e assoreamento, que reduzem a capacidade do sistema de armazenar água, complicando ainda mais o problema, segundo o secretário municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, Rogério Menezes.
A cidade está agora trabalhando para religar fragmentos de áreas verdes em seu território por corredores ecológicos, recuperando áreas de preservação permanente, de nascentes e matas ciliares. O Plano Municipal do Verde de Campinas prevê, até 2026, recuperar 280 quilômetros de corredores ecológicos e 1.590 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs).
Para ajudar a resolver problemas maiores, como o da gestão hídrica, Campinas quer que todos os municípios da região também insiram a biodiversidade no planejamento regional de longo prazo quando realizarem seus planos diretores. O Interact-Bio vai ajudar a articular essa interação.
"Aqui a gente sabe de quantas mudas precisamos, que áreas são essas, se são públicas ou privadas. E pedimos compensações ambientais de empresas na aprovação de novos empreendimentos. Mas não é só Campinas que precisa fazer isso, são 20 cidades na região–, afirma Menezes. "Hoje há uma articulação de planejamento muito frágil dentro das regiões metropolitanas. Os municípios cresceram e foram emendando um no outro."
Segurança alimentar 
No caso de Belo Horizonte, o Interact-Bio contribuirá com a busca de soluções para a segurança alimentar da população. O fornecimento de alimentos na capital de Minas Gerais depende de municípios ao redor, onde o tecido urbano está avançando sobre áreas destinadas à agricultura, que por sua vez avançam sobre áreas naturais.
 
Assistir ao vídeo05:44

A importância da natureza no planejamento de cidades

"A gente precisa descobrir como dar conta de alimentar a população de uma maneira que não seja agressiva ao meio ambiente", diz a analista de políticas públicas da Secretaria de Meio Ambiente de Belo Horizonte e uma das coordenadoras do projeto na cidade, Ana Maria Caetano.
Uma das soluções para locais onde a natureza está ameaçada pode ser, por exemplo, um processo de urbanização planejada, com a implementação de hortas familiares e proteção de cursos d'água e matas. Outros problemas são como preservar a biodiversidade no espaço urbano e lidar com os efeitos das mudanças climáticas, que têm provocado o aumento de ondas de calor.
"O projeto vai alinhavar uma série de ideias e ações que já existem, cada uma na sua caixinha", englobando outras cidades na região como Betim, conta Ana Maria. A terceira metrópole brasileira escolhida pelo projeto, Londrina, planeja tratar de questões relativas ao uso do solo com o Interact-Bio.
Governos locais fortalecidos
De acordo com Sophia Picarelli, coordenadora do projeto no Iclei – associação que conecta mais de 1.500 governo de cidades e estados em mais de 100 países –, o objetivo é promover um olhar mais aguçado dos governos locais para o potencial da gestão local da biodiversidade. Com isso, a ideia é ajudar o Brasil a alcançar as Metas de Aichi para a Biodiversidade, adotadas por mais de 190 países em 2010. 
A conversa vai ser fomentada entre diferentes níveis de governo para que as metas globais sejam traduzidas para questões práticas. Em um momento em que o governo federal tem sido criticado por ambientalistas, a iniciativa representa uma oportunidade de explorar melhor o potencial dos governos locais.
"É onde ocorrem atribuições que esperamos que se mantenham quanto ao licenciamento ambiental, uso e ocupação do solo, medidas de fiscalização, monitoramento e a potencial conectividade de fragmentos de mata. Esse protagonismo deve receber cada vez mais força", afirma Picarelli.