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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Casa Cor Rio está no centro da cidade

https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/casacor-estreia-pela-1-vez-no-centro-do-rio-com-ambientes-mistos-como-proposta.ghtml


CasaCor estreia pela 1ª vez no 

Centro do Rio com ambientes 

mistos  como proposta

Convergência de espaços é a aposta deste ano e se alia ao local escolhido para a mostra. Exposição vai até 30 de novembro.

Por G1 Rio
 
CasaCor traz ideias inovadoras para morar na região portuária do Rio
Morar, trabalhar e se divertir num mesmo espaço é a aposta da CasaCor Rio na edição de 2017. Sendo assim, nenhum local seria mais representativo do que o Centro da cidade.
A mostra será inaugurada nesta terça-feira (24) no edifício Aqwa Corporate, na região portuária do Rio, e terá expostos os trabalhos de aproximadamente 40 equipes de arquitetos, designers de interiores e paisagistas. Este ano, a CasaCor chega à 27ª edição do evento.
No espaço de 10 mil m², serão dispostas obras conceituais de como é possível viver num local de uso misto, com projetos de lofts, estúdios e ambientes de convivência, além de lojas. A escolha do Centro da cidade, aliás, não foi à toa.
A 1ª vez da CasaCor na região central se alia à proposta de convergir vários espaços num só. O objetivo é "fugir dos excessos e repensar o urbano", segundo as sócias-diretoras da CasaCor Rio Patrícia Mayer e Patrícia Quentel.
"O Porto do Rio foi pensado para ser um mix de trabalho, moradia e cultura. E, na sua missão de ser o reflexo da ocupação urbana da cidade e estilo de vida de seus moradores, a CasaCor Rio 2017 valoriza o movimento de revitalização da Zona Portuária, que se iniciou há sete anos, a exemplo do que já aconteceu em grandes metrópoles mundo afora", afirmou Patrícia Mayer.
Os espaços trazem uma decoração para espaços pequenos, versáteis, reduzindo o número de paredes e apostando em iluminação natural. Espaços com tijolos e tubulações aparentes, madeira, metal e muito concreto são inspiração para as casas contemporâneas.
A sustentabilidade também é uma das prioridades da mostra, que traz ambientes direcionados a um estilo de vida que dê valor ao essencial e ao durável, utilizando o mínimo de itens e acessórios. Além do foco no meio ambiente, a artista plástica Patrícia Secco destaca o uso de estruturas 3D como tendência para a decoração contemporânea:
"Estou apaixonada pelo uso do arame como peça de decoração. O arame, além de ser uma delícia de material para se trabalhar, porque parece que estamos desenhando com grafite, se integra com facilidade ao ambiente porque ele tem essa fluidez e nos permite criações em 3D", explicou a artista.
"Para o Skyline Bar do Caco Borges, com essa vista 360º deslumbrante, eu pensei nesse homem de arame próximo ao bar, que fala muito desse frequentador indefinido do espaço e com o coração vermelho dentro porque mesmo nessa cidade linda, amor é um sentimento que estamos precisando!", complementou Sec....

sábado, 21 de outubro de 2017

"A vida não é um tribunal" / Hélio Schwartsman

hélio schwartsman
É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
Escreve às terças, quartas, sextas, sábados e domingos.

A vida não é um tribunal

Mateus Bonomi/Folhapress
Policiais retiram placa com frases alusivas à corrupção colocada por manifestantes em frente ao Congresso Nacional, nesta segunda
Policiais retiram placa com frases alusivas à corrupção colocada por manifestantes no Congresso
SÃO PAULO - Num tom muito cordial, pelo qual agradeço, Reinaldo Azevedo criticou minha coluna do dia 18, em que apontava semelhanças entre as sinas de alguns políticos. "Temer é vítima de um complô, Aécio, de armação, e Lula, de perseguição", escrevi. Azevedo, se resumo bem seu argumento, diz que eu fui irônico e que isso é inadmissível diante das ilegalidades e abusos processuais a que os três dirigentes estão sendo submetidos.
Admito que eu tenha sido irônico, mas não creio que isso seja pecado. O que me surpreendeu é que Azevedo, que sabe ler e interpretar textos com maestria (ele daria um excelente talmudista), tenha deixado escapar o ponto central de meu artigo. Como Azevedo, sou um garantista. O Estado de Direito é um dos alicerces da civilização contemporânea. E deixei bem claro na coluna que nenhum dos três políticos pode sofrer sanções penais sem que sua culpa tenha sido demonstrada. Na esfera criminal, as garantias dadas a acusados precisam ser maiúsculas. "Reus sacra res est" (o réu é coisa sagrada). Só que a vida não é um tribunal. Ela encerra outras dimensões em que o nível de proteção ofertado à defesa não precisa e nem deve ser tão elevado.
O exemplo mais rudimentar é o do eleitor. Ele não tem de considerar as explicações de Lula ou de Aécio antes de negar-lhes seu voto. Num plano intermediário estão os conselhos de ética do Legislativo. Eles não podem cassar ninguém sem nem ouvir sua versão, mas não precisam proceder com o mesmo rigor formal e material do Judiciário. Ao contrário do que se dá com juízes, a Carta não exige de parlamentares que fundamentem seus votos condenatórios.
Independentemente das tipificações penais e da validade das provas, ficou bem demonstrado que Temer, Aécio e Lula se meteram em relações promíscuas com empresários que já confessaram inúmeros atos de corrupção. Isso é mais que suficiente para uma condenação política.

"Alguém precisa defender Marisa do seu marido" / Josias de Souza

Alguém precisa defender Marisa do seu marido

Josias de Souza
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Repentinamente, verifica-se que Lula e seus advogados perderam o respeito pela memória de Marisa Letícia. De mulher exemplar, a ex-primeira dama foi transformada numa doidivanas que pagou em dinheiro vivo, durante quase cinco anos, os aluguéis do apartamento malcheiroso de São Bernardo, vizinho à cobertura da família Silva. Nessa versão, a mulher de Lula foi acomodada pela defesa do homem com quem viveu por 43 anos, ao lado de personagens como Aécio Neves, outro inconsequente que tem uma predileção pelas formas mais primitivas e inseguras de transferência de valores: os envelopes, as malas, as mochilas.
No total, Marisa teria manuseado entre 2011 e 2015 algo como R$ 189 mil. Com esse dinheiro, teria quitado os aluguéis do apartamento que a Lava Jato sustenta que a Odebrecht comprou para Lula com dinheiro sujo desviado da Petrobras. No caso de Aécio, a Polícia Federal filmou as malas e mochilas utilizadas para transportar parte dos R$ 2 milhões que o senador tucano alega ter tomado emprestado do benfeitor Joesley Batista. Quanto a Marisa, ainda não foi explicado como ela fazia chegar os envelopes, mês a mês, às mãos do locador.
Chama-se Glauco Costamarques o hipotético locador. Segundo a força-tarefa de Curitiba, trata-se de um laranja que o amigo José Carlos Bumlai providenciou para funcionar como proprietário de fachada do imóvel que a Odebrecht deu de presente a Lula. Reside em Campo Grande. Não há notícia de que Marisa tivesse o hábito de visitar amiúde a capital do Mato Grosso do Sul. Aécio confiou ao primo Frederico Pacheco a missão de buscar a grana provida pelo dono da JBS. Os advogados de Lula ficaram devendo o nome do portador dos aluguéis que Marisa mandou pagar.
Em depoimento a Sergio Moro, Lula disse que nunca teve tempo para cuidar do ordenamento das despesas da família. Delegou a tarefa a Marisa. Foi ela quem assinou o contrato de locação. Era ela a responsável pelos pagamentos. O juiz da Lava Jato cobrou os recibos. E a defesa anexou aos autos um papelório malcheiroso. Agora, mais essa: dinheiro vivo! Lula costuma dizer que seus investigadores mentem. E inventam novas mentiras para justificar as anteriores. O pajé do PT enxerga mentirosos em toda parte, menos no espelho.
Viva, Marisa talvez não se importasse de emprestar seu nome para ser usado na fábula que a defesa de Lula compõe para justificar os confortos do ex-mito. Mas não estava previsto no contrato de locação —ou na certidão de casamento— que a veneranda senhora, depois de recolhida à sepultura, deveria servir de álibi post-mortem para um marido indefeso.
Alguém precisa defender Marisa Letícia do marido dela. É pena que os filhos não se animem a convocar uma entrevista coletiva. Não seria preciso muita coisa para salvar a imagem da mãe. Bastaria uma declaração singela. Algo assim:
“Mamãe era honesta. E nunca foi uma mulher imbecil. Como qualquer criança de cinco anos, ela sabia o que é um DOC. Para realizar o pagamento de um aluguel de quase R$ 4 mil mensais, mamãe não trocaria o ‘Documento de Ordem de Crédito’, uma forma de pagamento e transferência de dinheiro disponível em qualquer agência bancária, devidamente regulamentada pelo Banco Central, por envelopes de dinheiro vivo. Em tempos tão inseguros, com tanto ladrão ao redor, mamãe não se atreveria a retirar o dinheiro do ambiente eletrônico para levá-lo até o meio da rua.”
De resto, convém aos filhos de Marisa mandar confeccionar uma lápide nova para colocar no túmulo dela. Sugere-se a seguinte inscrição: “Não contem mais comigo!”.

"Imaginem se Temer fosse petista?"

sábado, outubro 21, 2017

"Ah, se Temer fosse petista…" -

 RODRIGO CONSTANTINO

REVISTA ISTO É

Bastou tirar o PT e abandonar o nacional-desenvolvimentismo para ter uma significativa melhora do quadro econômico

Eis a narrativa de um típico petista: um líder popular chegou ao poder depois de 500 anos de exploração do povo pelas elites, e finalmente o pobre podia andar de avião. Revoltada com esse ultraje, a elite orquestrou, com a ajuda da CIA, um golpe para tirar do poder esse governo popular voltado para os mais pobres.
Agora eis os fatos: uma quadrilha disfarçada de partido político finalmente conquistou o poder, graças a um estelionato eleitoral. Uma vez lá, aliou-se ao que há de pior em termos de “elites”, como caciques políticos e empreiteiras, para roubar como nunca antes na história desse País. No processo, destruiu nossa economia e jogou milhões no desemprego, com seu populismo corrupto.
Uma vez retirada do poder por um instrumento constitucional de impeachment, a quadrilha enfrentou inúmeros processos na Justiça, e o chefe já tem ao menos uma condenação. Enquanto isso, o governo transitório adotou políticas mais sóbrias e ortodoxas, nomeou economistas sérios e bons executivos para as estatais, e bastou essa mudança para estancar a sangria desatada de antes.
Em números, eis o que temos: a inflação veio de mais de 9% do último mês de “gestão” do PT para 2,5%; a taxa de juros caiu de 14,25% para 8,25%; a produção industrial saiu de uma queda de quase 10% para um ligeiro crescimento de 0,8%; o Ibovespa bateu recorde histórico; o PIB saiu de uma assustadora queda de 5% para a estagnação.
Não é milagre, e não é suficiente para desfazer o estrago causado. Mas é espantoso pensar que bastou tirar o PT de lá e abandonar o nacional-desenvolvimentismo para ter uma significativa melhora do quadro econômico. Temer continua rejeitado pela imensa maioria, por questões éticas acima de tudo. Mas é inegável que seus números demonstram acertos na área econômica, lembrando que ainda falta muito para o Brasil engrenar num crescimento sustentável.
O que fazem os “intelectuais” diante disso? Ora, o de sempre: ignoram os fatos para salvar a ideologia. A narrativa precisa sobreviver, então as mentiras vêm socorrer o PT. A crise antes era mundial, repetem, ignorando que em 2015, de 114 países com mais de cinco milhões de habitantes, apenas 7 cresceram menos do que o Brasil. São eles: Iémen, Serra Leoa, Ucrânia, Líbia, Venezuela, Burundi e Belarus. Crise internacional?
No discurso esquerdista, um povo fascista — pois a maioria defendeu o impeachment — deu um golpe no governo popular, o que já soa contraditório. Na realidade, os socialistas quase destruíram o Brasil, e foram enxotados do poder, pelas vias legais e com amplo apoio popular, antes de nos transformar na Venezuela, que até hoje é tida por eles como exemplo a ser seguido. Agora imaginem como estariam esses “intelectuais” se Temer fosse petista, com esses números…

"Apesar de vocês " / Guilherme Fiuza

sábado, outubro 21, 2017

Apesar de vocês

GUILHERME FIUZA

O Globo - 21/10

Vocação dos brasileiros para santificar picaretas não é novidade. Se fosse, o conto do vigário pornô não teria durado 13 anos


O gigante está se guardando pra quando o carnaval eleitoral chegar. A opinião pública — essa entidade simpática e distraída — deu um tempo da dura realidade, que não leva a nada, e saiu aprontando suas alegorias para 2018. Funaro Guerreiro do Povo Brasileiro é uma das preferidas.

Funaro é aquele agente do caubói biônico escalado para “fechar o caixão” do mordomo, conforme áudio divulgado para todo o Brasil. Mas nessa hora o Brasil estava ocupado com as alegorias, e não ouviu os bandidos bilionários confessando a armação da derrubada do governo com Rodrigo Janot — outro guerreiro do povo brasileiro.

Vejam como o Brasil é sagaz: seu despertar ético está depositado numa denúncia bêbada (leitura obrigatória, prezado leitor) urdida por Joesley (preso), Janot (solto), Miller (solto e rico) e Fachin (solto e dando expediente na Suprema Corte), todos cacifados política e/ou financeiramente pela quadrilha que depenou o país por 13 anos. Como se diz na roça, é a ética que passarinho não bebe.

A vocação dos brasileiros para santificar picaretas não é novidade. Se fosse, o conto do vigário pornô não teria durado 13 anos, fantasiado de apoteose social. A novidade — tirem as crianças da sala —é a adesão dos bons.

Isso sim pode ser o fechamento inexorável da tampa do caixão — não de um presidente ou de um governo, mas desse lugar aqui como tentativa de sociedade. Os bons não são esses heróis de história em quadrinhos tipo Dartagnol Foratemer, que transformam notoriedade em gula eleitoral e sonham ser ex-BBBs de si mesmos. O que dizer de um aprendiz de Janot, que poderia ter Sergio Moro como inspiração, mas preferiu o truque de demonizar os políticos para virar político?

Os bons não são ex-tucanos patéticos como Álvaro Dias e demais reciclados, que ressurgem sob slogans espertos tentando perfumar o próprio mofo. Nem os ainda tucanos (e ainda mais patéticos) como Tasso Jereissati, com seu teatrinho de dissidência ética. Os realmente bons são os que sabem que, após a ruína administrativa do PT, se impôs a agenda da reconstrução — defendida desde sempre por eles mesmos.

Agora, o escárnio: mesmo testemunhando os resultados inegáveis, a restauração de indicadores socioeconômicos para ricos e pobres, as perspectivas repostas a duras penas por gente que trabalha sério (eles conhecem cada um), dos juros/inflação ao risco/investimento, essa minoria esclarecida resolveu surfar no engodo. Os ex-virtuosos também estão se guardando para quando o carnaval eleitoral chegar.

Fim de papo, Brasil. Um réquiem para o espírito público e todos à praia. Espírito público?! Pode gargalhar, prezado leitor. Melhor do que ir ao Google checar quantos nomes insuspeitos do meio acadêmico e da administração pública estão dando sangue neste governo de transição, virando noites para enfrentar o estrago dos cupins de Lula (solto), e vendo seus melhores parceiros intelectuais virando a cara, colocando os óculos escuros e dando uma surfadinha no foratemer, que ninguém é de ferro. Não vá ao Google. Chega de história triste.

Ponha seus óculos escuros e assuma imediatamente seu lugar ao sol. Você também é filho de Deus, e Ele há de consertar essa porcaria toda. Peça uma caipirinha e fique gritando contra tudo isso que aí está, porque a essa altura cogitar que haja alguém trabalhando sério em Brasília pode até dar cana. Já que os picaretas são maioria, faça como a maioria: finja que ninguém presta, que só você e sua caipirinha são confiáveis. Grite para que ninguém seja reeleito — que era mais ou menos a mensagem de Adolfinho na Alemanha dos anos 30, e a limpeza que ele imaginou também era arretada.

Mas diga aos sorveteiros que você é contra a ditadura, contra a censura (que censura? Procurem saber), a favor da beleza e também da felicidade. Você é contra o sistema, contra o que é velho e a favor do que é novo. A sua modernidade está provada inclusive no seu apoio à causa gay — que já tem meio século, mas os revolucionários do Facebook não precisam saber disso.

Grite que está cercado e sufocado por famílias conservadoras decrépitas, finja que os dias são assim e você é a contracultura! Se precisar, defenda a pílula anticoncepcional contra os celibatários malditos. Quem sabe até alguém te convida para um convescote noturno com Dartagnol Foratemer e a alegre tropa de choque da Dilma (bota choque nisso).

Minta como todo mundo: finja que o governo de transição pertence à gangue do Cunha e ignore a salvação da Petrobras da gangue do Dirceu. Isso pega bem. E é claro que a sua luta cívica contra a corrupção jamais terá qualquer campanha lamuriosa pela prisão de Lula e Dilma. Eles esfolaram o Brasil, mas são do bem.

Quanto a vocês, ex-virtuosos em situação de surfe, vocês que sabem como poucos o que está se passando de fato no país, vocês que conhecem exatamente o tamanho da fraude narrativa e o custo criminoso disso para a recuperação nacional, boa sorte em seus projetos particulares. O Brasil não parou, e talvez até nem caia nas mãos de um idiota em 2018. Apesar de vocês.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Quem quer defender a razão, a verdade, os limites de tolerância ?

O SENADOR MAGNO MALTA ESTÁ FALANDO POR MIM

por Percival Puggina. Artigo publicado em 

 É da natureza da tolerância a existência de limites. Questão de pura racionalidade: na ausência de quaisquer balizas, a tolerância que abrangesse o impossível de tolerar abraçaria, inclusive, a mais odienta intolerância, tornando-se autodestrutiva.
Por isso, é importante a construção de consensos mínimos, em torno de algumas verdades e direitos em torno dos quais se constroem leis e preceitos constitucionais. Com eles se elimina a subjetividade em relação a algumas determinações de certo e errado, justo e injusto, permitido e proibido. Conta-se que um professor, interpelado por aluno que afirmou ser subjetivo e relativo o conceito de justiça, apontou-lhe a porta e ordenou-lhe, em alta voz, que se retirasse da sala. Diante da surpresa de todos, o professor perguntou à classe: "O que estou fazendo lhes parece justo?" Como a resposta foi negativa, esclareceu: "Ele acha que é tudo relativo e que na minha perspectiva pode ser, sim."
Como lembra Alfonso Alguiló num interessante livrinho sobre tolerância, foram necessários milênios para que a humanidade, através dos pensadores gregos, alcançasse a capacidade de distinguir o bem do bem individual. Isso representou um enorme avanço no sentido da moral e o fato de que ainda hoje, em diferentes culturas, essa noção esteja dispersa, não significa que não existam concepções superiores e inferiores, embora nos tentem convencer de que é "politicamente incorreto" afirmá-lo. Opinem sobre isso as crianças emparedadas, os bebês abortados, os ladrões de mãos cortadas e os infiéis de cabeças decepadas... Os profetas do relativismo moral, os sacerdotes do "politicamente correto" vivem de convicções que negam a todos os demais. E ainda lograram convencer parcela expressiva das sociedades civilizadas de que não precisam respeitar a ninguém exceto a si mesmos.
Vamos ao ponto desta reflexão: o senador Magno Malta fala por mim nestes tempos marcados por inegável, inocultável, palpável e multiforme investida contra alguns daqueles limites além dos quais a tolerância ganha outro nome e passa a denominar-se lassidão, covardia. Não preciso descrever (até porque já cumpri a indigesta tarefa em texto anterior) os extremos a que chegam as agressões a duas dessas balizas: a inocência da infância e a sacralidade das manifestações de fé. Em diversos vídeos, entre os quais este, o senador Magno Malta aborda o tema de uma forma que representa meu pensamento e me dispenso de ampliá-lo aqui.
Minhas perguntas vão além. O que faz o governo Temer que não fecha a torneira da Lei Rouanet e da Lei do Audiovisual para eventos que atentam contra a infância e cometem vilipêndio religioso? O PPS apoia o disponibilização desses recursos através do ministério da Cultura sob seu comando? O que têm a dizer ou fazer os católicos do Congresso Nacional a esse respeito? Ou só cuidam de reeleição? O DEM apoia o aparelhamento do Ministério da Educação por pedagogos cujo objetivo de vida parece ser a implantação da ideologia de gênero no cérebro das nossas crianças? Por que não se conhecem ações expressivas da CNBB (como acontecem em certas pautas ideológicas) com relação a essas perniciosas políticas de cultura e educação?
Seremos tão poucos os que compreendemos o quanto deve ser maligno o objetivo de quem mobiliza, em todo o Ocidente, ações multiformes e sistemáticas contra o cristianismo, a instituição familiar a vida e a infância? Não se pode e não se deve tolerar o intolerável.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.