Rubén abre trabalhos e elogia Nenê,
mas avisa: ‘Quero ver nas atitudes’
Técnico mostra otimismo no primeiro treino coletivo em São Paulo e evita traçar metas para Londres: ‘A expectativa é montar um time competitivo’
agora
Até o momento em que a bola subir na arena do basquete em Londres, vão correr 46 dias de uma rotina que não sai muito da receita de bolo cantada por Rubén Magnano nesta quarta-feira, em São Paulo: “Treino, treino, mais treino, jogo, treino, treino, alguma folguinha por aí... e mais treino, treino, jogo, treino”. Assim caminha a seleção brasileira, que acaba de abrir para valer a jornada rumo a um terreno onde não pisa há 16 anos: as Olimpíadas. A novidade ficou por conta da casa cheia, com força quase máxima, e a presença de uma figura tão rara quanto importante no sonho de conquistar uma medalha: Nenê está de volta.
O pivô do Washington Wizards, que não disputa um torneio oficial pela seleção há cinco anos, desde o fracasso no Pré-Olímpico de Las Vegas em 2007, foi a atração principal do primeiro treino coletivo, no Núcleo de Alto Rendimento Pão de Açúcar. Nos últimos minutos da atividade - os únicos abertos à imprensa - Nenê parecia com o entrosamento em dia. Emendou até um papo descontraído com Marcelinho Machado à beira da quadra. Magnano não duvida do comprometimento do jogador, mas já avisou: quer ver essa fome na prática, com a bola quicando.
- Estamos falando de um cara muito inteligente, que tem muito orgulho de jogar pela seleção. Agora, falei para ele, quero ver esse comprometimento nas atitudes, na forma de jogar – avisou o comandante, que treina o grupo em SP até o dia 23, quando começam os torneios amistosos.
A estreia em Londres é mais de um mês depois, no dia 29 de julho, contra a Austrália, num grupo que tem ainda a poderosa Espanha, atual vice-campeã olímpica. O desafio mais complicado? Rubén se esquiva no jogo de palavras para responder.
- O primeiro jogo é o mais difícil de todos. O segundo é ainda mais difícil. E o terceiro é muito mais difícil que os dois anteriores. Estamos falando de Jogos Olímpicos – ensina, com a experiência de quem já colocou no bolso o ouro de 2004, pela Argentina.
Além de Nenê, estiveram em quadra mais dois representantes da NBA: Anderson Varejão e Leandrinho - os três ausentes da campanha em Mar del Plata, no ano passado, que garantiu a classificação do Brasil para Londres. Tiago Splitter, quarto elemento da liga americana, ainda não se apresentou porque vai acompanhar o nascimento do filho nos Estados Unidos. E Marcelinho Huertas está com seu Barcelona no meio da final na liga espanhola. Com todos em quadra, fato inédito na última década, o treinador argentino espera mostrar em Londres um time capaz de encarar qualquer rival.
O primeiro jogo é o mais difícil de todos. O segundo é ainda mais difícil. E o terceiro é muito mais. Estamos falando de Olimpíadas"
Magnano
- A expectativa é montar um time competitivo. Se não conseguirmos êxito, vamos ver aonde chegamos. Na preparação, precisamos fazer com que os jogadores criem novamente um grupo competitivo, isso é importante – avaliou Magnano.
Ele sabe que não está em jogo apenas uma luta por medalha, mas também o reflexo que uma boa campanha pode ter na garotada que joga basquete no país. E lá vai Magnano de novo buscar no jogo de palavras a receita do sucesso.
- Toda casa se constrói a partir do cimento. Para ter um teto bom, é preciso ter um chão muito bom. Estou falando de quantidade e qualidade do trabalho na base. Temos 200 milhões de habitantes no Brasil. Se você fizer essa relação de quantos meninos jogam basquete, não vai encontrar um bom percentual. Eu falei isso para os jogadores desde antes do Mundial da Turquia, em 2012: hoje eu sei que somos um espelho muito importante para os garotos – afirmou, pouco antes de sair apressado para a van que o levou ao hotel ali perto.
Era o momento da tal “folguinha por aí”, mas só durante algumas horas, já que a seleção trabalha em dois períodos. Foi o tempo de almoçar, descansar um pouco e voltar ao mantra: “Treino, treino, mais treino...”
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