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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Viajar de ônibus é barato...!!!

INFLAÇÃO - 13/06/2013 17h09 - Atualizado em 15/06/2013 07h45

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O ônibus está barato!

Nos últimos dez anos, o salário mínimo subiu mais que o dobro da tarifa do transporte coletivo em São Paulo

JOSÉ FUCS

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Passagem de ônibus (Foto: José Fucs)
Não precisa ser um araponga da Abin, a Agência Brasileira de Inteligência, ou da CIA, sua congênere americana, para saber que as manifestações promovidas pelo movimento Passe Livre têm pouco ou nada a ver com o aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus de São Paulo. 
Primeiro, porque muitos dos militantes que provocaram atos de vandalismo e selvageria na cidade, como se estivessem participando de uma operação de guerrilha urbana, nunca trabalharam na vida e jamais dependeram de ônibus e metrô para se deslocar diariamente de casa para o trabalho e vice-versa.
Segundo, porque a ideia de que o aumento é abusivo e tem um custo inaceitável para os pobres não resiste a uma análise que tenha aderência à realidade. Basta dar uma olhada nos números e comparar a evolução da tarifa de ônibus na capital paulista com a do salário mínimo.
Nos últimos 10 anos, entre 2003 e 2013, o preço da passagem avulsa de ônibus em São Paulo aumentou 88,2%, de R$ 1,70 para R$ 3,20. É certo que o aumento foi ligeiramente maior que a inflação medida pelo IPCA, do IBGE, de 82,5%. Só que o salário mínimo subiu mais que o dobro da passagem no mesmo período. Passou de R$ 240 para R$ 678 – um aumento de 182%.
Em 2003, uma passagem de ônibus na cidade equivalia a 0,7% do salário mínimo. Hoje, representa apenas 0,47%. Isso significa que o peso do transporte coletivo em São Paulo no orçamento da população não aumentou, como afirmam os radicais do Passe Livre. Ao contrário. Em termos reais (já descontada a inflação), diminuiu de forma significativa.
Considerando apenas o que aconteceu desde 2011, quando ocorreu o aumento anterior dos ônibus na cidade, a conclusão é a mesma. A inflação alcançou 16,1% no período, enquanto o aumento da passagem ficou em 6,7%.
Se levarmos em conta os benefícios do Bilhete Único, lançado em 2004, essa queda é ainda maior. Além de possibilitar a integração com o metrô e os trens urbanos com um desconto, o Bilhete Único permite ao usuário fazer até quatro viagens em três horas no sistema de ônibus da cidade pagando apenas uma passagem. Também é preciso lembrar que todos os trabalhadores têm o benefício do vale transporte, pelo qual pagam apenas o equivalente a 6% de seus salários brutos por mês – o resto é pago pelos empregadores. Há, ainda, o subsídio concedido pela Prefeitura aos usuários e custeado pelos contribuintes. Calcula-se que, sem ele, o preço da passagem chegaria hoje a R$ 4,35.
Por tudo isso, pode se afirmar, sem medo de errar, que a passagem de ônibus em São Paulo está barata. Se a turba do movimento Passe Livre andasse de ônibus e trabalhasse, em vez de organizar manifestações e quebradeiras generalizadas para ganhar um minuto de fama na TV, provavelmente chegaria à mesma conclusão.

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