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DIÁRIO DO PODER informa ...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Ranking do Futebol Mundial // Fifa

http://pt.fifa.com/
Atualizado em 11 Abr 2013
Próximo Release 09 Mai 2013
Abr 2013
Rank.EquipePts+/- Pos
1 Espanha15380Igual
2 Alemanha14280Igual
3 Argentina12920Igual
4 Croácia11915Cima
5 Portugal11632Cima
6 Colômbia11540Igual
7 Inglaterra1135-3Abaixo
8 Itália1117-3Abaixo
9 Holanda1093-1Abaixo
10 Equador10561Cima
11 Rússia1052-1Abaixo
12 Costa do Marfim10081Cima
13 Grécia986-1Abaixo
14 México9711Cima
15 Suíça967-1Abaixo
16 Bélgica9533Cima
17 Uruguai932-1Abaixo
18 França914-1Abaixo
19 Brasil909-1Abaixo
20 Dinamarca9005Cima
21 Bósnia e Herzegovina8962Cima
22 Gana874-2Abaixo
23 Chile870-1Abaixo
24 Suécia838-3Abaixo
25 República Tcheca8292Cima
26 Mali826-2Abaixo
27 Montenegro7891Cima
28 EUA7795Cima
29 Japão773-3Abaixo
30 Noruega760-1Abaixo

Um comício de fazer inveja a oposição política brasileira foi filmado em Caracas, Venezuela

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/no-comicio-que-encerrou-a-campanha-de-capriles-a-resistencia-democratica-venezuelana-deu-uma-licao-aos-partidos-oposicionistas-brasileiros/
09/04/2013
 às 20:43 \ Direto ao Ponto

O comício de encerramento da campanha de Capriles foi uma lição da resistência democrática venezuelana aos partidos oposicionistas brasileiros

Em matéria de presidente da República, a Venezuela empata com o Brasil. Nicolás Maduro, o motorista de ônibus que virou piloto de país, confunde eleição presidencial com briga de trânsito, qualifica o adversário de “maricón” e jura que Hugo Chávez ressuscitou disfarçado de passarinho. Dilma Rousseff não diz coisa com coisa, é incapaz de produzir uma frase com começo, meio e fim, esquece à noite a promessa que fez de manhã e tornou-se uma prova ambulante de que o Brasil sobrevive até a governantes com um neurônio só.
Em matéria de presidente-adjunto e eleitorado, o empate se repete. No momento, Lula se faz de morto para escapar do caso Rose e governar na clandestinidade. Chávez se faz de vivo (fingindo que dorme no caixão transparente ou voando com a leveza de um colibri) para garantir a vitória de Maduro e tornar-se no primeiro presidente com gabinete no Além. Nos dois países, a eleição é decidida pela imensidão de desvalidos que se acham felizes por não saberem o que é isso. Gente que imagina que viver é não morrer de fome retribui com votos os donativos dos gigolôs da miséria.
Em matéria de oposição, a Venezuela está ganhando com folga ─ e, se mantiver a estratégia que resultou nas imagens do vídeo acima, talvez acabe impondo uma goleada ao Brasil. O PSDB troca socos e pontapés com tucanos, o PPS flerta com o PSB de Eduardo Campos, o DEM ainda não descobriu quem é. No reino dos chavistas, os adversários do chavismo e recuperaram a sensatez  e reaprenderam a unir-se no combate ao inimigo comum . Por aqui, a oposição oficial não se junta nem em festinhas de batizado. E há mais de dez anos não dá as caras nas ruas.
No comício de encerramento da campanha de Henrique Capriles, principal adversário de Maduro, foi reencenado em Caracas o espetáculo da multidão disposta a barrar nas urnas o avanço dos  pastores do primitivismo. Uma vitória e tanto. Seja qual for o resultado da eleição, a resistência democrática venezuelana mostrou-se extraordinariamente maior, mais musculosa e mais lúcida do que os arrogantes herdeiros de Chávez. Vejam o vídeo. A Venezuela garroteada por um bolívar-de-hospício, quem diria, pode livrar-se do tempo das cavernas bem mais cedo que o Brasil.

Usina solar "à base de sal" na Sicilia

http://hypescience.com/primeira-usina-solar-%E2%80%9Ca-base-de-sal%E2%80%9D-entra-em-funcionamento/
Por  em 26.07.2010 as 21:44

Primeira usina solar “à base de sal” entra em funcionamento


A Sicília é uma ilha italiana com mais de 5 milhões de habitantes, com um dos maiores complexos petrolíferos da Europa. O local foi escolhido para abrigar uma usina de uma energia mais limpa e durável: a energia solar, e com uma tecnologia inédita no mundo.
Até hoje, as dezenas de usinas de energia solar existentes no mundo (a maioria delas nos EUA e na Espanha) operam com o mesmo sistema: usam um sistema de espelhos que conduzem a energia do sol para um tubo preenchido com um óleo sintético, que é aquecido a temperaturas de até 390 graus centígrados. Esse calor então é convertido para ferver a água, cujo vapor movimenta turbinas que produzem a energia com a ajuda de um gerador.
As usinas mais antigas só podiam operar durante o dia, na presença direta do sol, porque o armazenamento da energia dependia exclusivamente do óleo sintético e da água. Buscando resolver esse problema, usinas na Espanha usaram pela primeira vez o sal fundido, que segura o calor por muito mais tempo, para armazenamento da energia. Os italianos, agora, foram além: utilizam o sal não apenas para armazenar a energia, como para coletá-la do sol, para começar. O sal fundido, assim, é a base de todo o novo método.

O sal fundido apresenta várias vantagens de funcionamento em relação ao óleo. A primeira é o suporte de temperatura: enquanto o óleo sintético de antes só alcançava 390 graus, o sal chega até 550. Com o aumento da capacidade de aquecimento vinda do sal fundido, a usina ganha muito em tempo: pode operar vários dias, mesmo durante a noite ou na ausência de sol devido a dias nublados e chuvosos.
Além disso, o sal é um material mais limpo do que o óleo, que precisa ser trocado muito mais constantemente e pode poluir o meio ambiente se for descartado incorretamente. São mais baratos do que o óleo. Não são inflamáveis e nem tóxicos, ao contrário do óleo. A mais importante vantagem, contudo, está no fato de que, com o sal fundido, a potência que se alcança no aquecimento faz com que a usina seja tão eficiente com um conversor de vapor d’água quanto seria com gás ou combustíveis fósseis. Essa equivalência, que era impensável no caso do óleo, dá à usina um imenso ganho em economia e agride ainda menos ao meio ambiente.
O motivo para a esta mudança (óleo pelo sal fundido) ainda não ter sido feita em outras usinas, em primeira instância, é político. O grande incentivador da tecnologia do sal (com a qual ganhou o Prêmio Nobel em 2001), o italiano Carlo Rubbia, entrou em desavenças com dirigente da ENEA, agência tecnológica da Itália que financiaria o projeto. Agora, Rubbia trabalha na Espanha, que é o maior pólo da energia solar no planeta, mas com tecnologia a óleo.
Como se isso não bastasse, há razões técnicas para a demora na troca. Como o sal tende a se solidificar quando a temperatura bate nos 220 graus, foi preciso desenvolver um complexo aparato tecnológico para evitar que os equipamentos parem de funcionar por causa disso. Essa tecnologia custou 60 milhões de Euros à usina italiana, e nem todos os lugares do mundo estão dispostos a fazer o mesmo investimento para implantar a tecnologia do sal, ao menos por enquanto.
A Itália, assim como a Espanha, está mais disposta a investir em energias alternativas, como a solar, e os italianos preveem que até 2020 o país vai abrigar entre 3000 e 5000 usinas de energia solar. Outros países, no entanto, ainda são menos receptivos a investir quantias altas em fontes de energia não muito “seguras”. Mas a tendência é que todas acabem aderindo. Cedo ou tarde. [Guardian]

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Uma visão feminina do pênis masculino. As mulheres preferiram os tamanhos mairores

Evolução

Tamanho do pênis é, sim, importante para as mulheres, diz estudo

Cientistas australianos avaliaram quais características alteravam a atratividade do corpo masculino. As mulheres preferiram os tamanhos maiores

figuras masculinas
As voluntárias avaliaram 343 figuras masculinas diferentes, que variavam em sua altura, tamanho do pênis  e proporção entre ombros e cintura ((PNAS/Reprodução))
Um novo estudo publicado nesta segunda-feira na revista PNAS mostra que, sim, o tamanho importa. Pesquisadores da Universidade Nacional da Austrália analisaram a reação de um grupo de mulheres a 343 formatos de corpos masculinos diferentes e descobriram que existem algumas características que deixam um homem mais atraente, entre elas o tamanho do pênis.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Penis size interacts with body shape and height to influence male attractiveness

Onde foi divulgada: periódico PNAS

Quem fez: Brian S. Mautz, Bob B. M. Wong, Richard A. Peters e Michael D. Jennions

Instituição: Universidade Nacional da Austrália

Dados de amostragem: 105 mulheres australianas que avaliaram 343 imagens de corpos masculinos com altura, proporção entre ombro e cintura e tamanho de pênis diferentes

Resultado: Ao analisar os dados, os pesquisadores descobriram que as três características importavam para medir o quanto uma mulher considerava o corpo de um homem atraente
O tamanho médio do órgão sexual masculino costuma variar de espécie para espécie. Entre os humanos, por exemplo, ele é maior do que nos outros grandes primatas, seus parentes evolutivos mais próximos. O gorila, por exemplo, apesar de poder chegar até os dois metros de altura, tem um pênis de apenas quatro centímetros (o humano, flácido, tem um tamanho médio de 9 centímetros e de 14 centímetros ereto). Essa variação costuma ser explicada pela taxa de sucesso que os diferentes tipos de pênis têm na hora da fertilização: a evolução tenderia a selecionar os órgãos sexuais responsáveis pelos maiores índices de sucesso reprodutivo. Os pesquisadores, no entanto, dizem que o tamanho da genitália masculina também pode ser produto de uma seleção sexual, e a preferência feminina teria, nesse caso, ajudado a selecionar pênis cada vez maiores na espécie humana.
Para descobrir se as mulheres realmente consideram que tamanho é documento, pesquisadores da Universidade Nacional da Austrália realizaram uma pesquisa com 105 voluntárias heterossexuais de seu país. Elas foram apresentadas a uma série de figuras masculinas geradas por computador, cada uma variando em três características: tamanho do pênis (em estado flácido), altura e proporção entre ombros e cintura (pesquisas anteriores já haviam mostrado que homens com altos valores nas duas últimas características são mais atraentes). As figuras mostravam sete variações em cada uma dessas características, fornecendo, ao todo, 343 formatos diferentes de corpo. As mulheres tinham de avaliar cada figura conforme sua atratividade, ajudando assim os pesquisadores a descobrir quais características eram mais importantes. 

Como resultado, descobriram que a característica mais importante para um homem ser considerado atraente é a proporção entre o tamanho dos ombros e a cintura. Em seguida, aparecem empatados a altura e o tamanho do pênis. Essas características também se relacionam entre si, e as mulheres consideraram o tamanho da genitália mais importante entre os homens mais altos e com maiores proporções entre ombro e cintura.

Seleção sexual -  A pesquisa fornece indícios de que o tamanho do pênis flácido pode afetar no quanto uma mulher considera um determinado homem atrente. Os pesquisadores perceberam, no entanto, que a atratividade não variava de forma constante conforme o tamanho do pênis mudava. Nos tamanhos menores, cada aumento no órgão proporcionava um grande acréscimo na atratividade masculina. Mas, a partir dos 7,6 centímetros — tamanho menor do que a média da espécie humana — os aumentos sucessivos vão se tornando cada vez menos importantes.

Os índices de atratividade também estiveram relacionados ao biotipo da mulher que avaliava as figuras. Quanto mais alta fosse a voluntária, mais importância ela dava à altura masculina. Também houve uma pequena tendência de as mulheres mais obesas daram mais importância ao tamanho do órgão sexual. 

Os cientistas dizem ser difícil explicar as origens dessas preferências femininas, que podem ter causas tanto culturais quanto biológicas. Mas concluem que, independente do mecanismo por trás disso, o resultado do estudo apoia a hipótese de que as escolhas de companheiros por parte das mulheres pode ter levado à evolução de maiores pênis nos seres humanos. É importante ressaltar que essa preferência tem origens pré-históricas, quando os humanos e seus ancestrais não usavam roupas. 

Os sapatos de meu tio... // conto de Arnaldo Jabor

Arnaldo Jabor
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Os sapatos de meu tio

09 de abril de 2013 | 2h 18



Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo
foto-sapato-preto-para-o-noivo-12.jpg (600×486)
O telefone não dava linha. Era sempre assim: as linhas para o centro da cidade nunca completavam a chamada. Depois de meia hora conseguiu falar com a secretária do seu chefe no Banco do Brasil que lhe disse de uma reunião de urgência, o que lhe deu um pavor especial, como se fosse para um tribunal. Os 'lotações' passavam lotados, zuniam sem parar até que um deles fez meia trava e falou: "Só agachadinho". No terno marrom da Ducal ele foi sentado no chão e se consolou pensando nos jogadores que posavam nessa postura, Ademir agachado, Danilo agachado, ele no micro-ônibus com as pernas de uma senhora de meias ortopédicas junto a seu rosto. Recebeu o troco do ramalhete de notas que o motorista tinha entre os dedos e desceu na Avenida Rio Branco, em 1951, quando tudo era precário, com ônibus amontoados no trânsito sem rumo, milhares de transeuntes em sua pressa pobre, o que lhe aumentava o medo e a solidão porque (pensava sempre) dali a 50 anos todos estariam mortos.
E seu peito esfriou mais ainda quando atravessou a repartição, entre as máquinas de escrever batucando, como se o acusassem de fracassado, ele que marcava passo enquanto incompetentes subiam na vida.
Por que por que a ponta de sarcasmo no tom do contínuo que o chamou de 'meu chapa'? Por que a ironia (ele achou) no sorriso gélido da secretária?
O novo chefe à sua frente exibia uma desdenhosa superioridade, de modo a camuflar o fato de ser um indicado político boçal. Ele falava lentamente, como cabe a um diretor dirigir-se a um subordinado em cadeira mais baixa e seus olhos luziam cruéis quando lhe comunicou que seu relatório estava muito fraco, entregando-lhe o maço de papéis com desprezo. Trêmulo, ele perguntou por que o relatório era ruim e o chefe respondeu com um sorriso de expert para ocultar sua ignorância: "Descobre você mesmo" e indicou-lhe a porta.
Seu amigo mais próximo era o porteiro que o 'gozou' quando ele saiu do prédio: "Seu Flamengo, hein? Vender o Zizinho pro Bangu?" Dos bondes pendiam cachos de passageiros nos estribos como trens da Índia. Agarrou-se em um deles, grudado entre um negão fuzileiro naval de paletó vermelho, irritado com o recém-chegado e o condutor que se pendurava no cacho humano para pegar as notinhas de cruzeiro e ele, protegendo o maço do relatório que o vento ameaçava desfolhar, se perguntava com amargor por que o relatório era ruim, mas falou está falado, o chefe manda, e pensava também no catupiry que esquecera de comprar, já imaginando a cara de sua mulher dando um muxoxo que significava sua desvalia.
Não que fossem infelizes no casamento longo; sem ódio ou desamor, havia entre eles uma estranheza, um temor quando se amavam raramente no escuro da cama, quase um incesto entre dois irmãos íntimos, o que lhes esfriava o corpo, pois não sabiam como transformar o tédio incestuoso num delicioso pecado, numa perversão excitante.
Não que estivessem velhos e feios; eles eram exatamente o que a vida lhes previa havia anos - ela, com sua gostosura suburbana, perdera a bela maciez juvenil que clamava por fecundações que nunca vieram, sem falar no aborto espontâneo que lhe extinguiu o desejo maternal. O que antes era vigor do fundo de suas glândulas virara um peso de órgãos infelizes, ovários inchados, flores brancas, escassez de menstruo, varizes que lhe azulavam as pernas muito brancas e indesejados pelinhos negros que se espalhavam pelas coxas como uma hera, o que o abatia quando despia o terno da Ducal e se deitava sobre seu corpo. Ambos eram fiéis e quase não brigavam em silenciosa paciência, numa familiaridade insossa e, de noite, nas salas e quartos, pareciam personagens de uma casa que era na realidade habitada pelos móveis. Entre poltronas de veludo, quadros de pretos velhos e pombas, entre cortinas e abajures eles viviam combinando seus gestos com a mudez desbotada dos ambientes.
E o que mais lhe doía ali no estribo do bonde era saber que não seria despedido jamais, apenas eternamente humilhado, pois tinha estabilidade no emprego público; se bem que, no fundo do seu corpo havia o desejo de sê-lo - por quê? Sentia vontade de ser expulso não só do banco, mas de tudo, ejetado, projetado como uma bala para bem longe, para um remoto lugar onde não houvesse nada a não ser uma imensa planície verde como um infinito campo de golfe - por quê?
Pulou do bonde andando e chegou em casa. No elevador, já sentia a habitual mão dura e fria no peito. Quando entrou no apartamento evitou passar em frente do espelho, com um vago receio de não ser refletido. A casa estava vazia - somente ele e os móveis: o sofá de folhagens estampadas, a poltrona de veludo que parecia se mover em sua direção, a jarra de flores de plástico prestes a cair da cristaleira e o rádio tocando baixinho um bolero. Desligou tudo e ouviu o silencio com um agudo ruído ao fundo, como uma nota de violino sem fim.
A mão fria apertava mais seu peito e empurrou-o até a cozinha. A empregada pretinha chamava-se Hermínia (por que o nome grego?)
Mandou-a comprar bananas. Ela saiu. Ele bebeu um copo d'água com goles sôfregos. Em seguida foi até a área de serviço, tirou os sapatos, arrumou-os juntinhos com o pé direito um pouco à frente, como sempre fazia para dar sorte. Em seguida, jogou-se da janela como um banhista que mergulhasse de um trampolim.
As estatísticas registram o hábito estranho de que quase todos os suicidas tiram os sapatos antes de pular. Por quê? Talvez uma esperança de leveza, uma hipótese de voo, o quê? Um desejo de elegância para evitar sapatos desconjuntados?
Em três segundos, enquanto caía, muitas emoções viveu na velocidade da luz: um alívio pela coragem, um pavor arrependido, a ressurreição (sim, muitos se matam para renascer), a esperança de que o chão não chegue nunca, a curiosidade de conhecer a morte no instante do impacto e a pergunta 'por quê?' Caído na calçada, pode ter visto um campo verde.
Quando a empregada chegou com as bananas só viu a cozinha vazia e os sapatos pretos de amarrar, arrumadinhos no canto da área. Pegou os sapatos para levar ao quarto quando começou a gritaria dos condôminos lá embaixo.

Um pouco do muito que se sabe a respeito de Prefeituras no Brasil...

http://ricandrevasconcelos.blogspot.com.br/2013/04/superfaturamento-de-shows-acaba-em.html

terça-feira, 9 de abril de 2013


SUPERFATURAMENTO DE SHOWS ACABA EM CADEIA

Da Agência Brasil 


09/04/2013 - 14h32
Alex Rodrigues

2969-2.jpg (450×300)Repórter Agência Brasil

Brasília – Doze pessoas foram presas hoje (9) em caráter temporário, durante a Operação Máscara Negra, deflagrada conjuntamente pelos ministérios públicos do Rio Grande do Norte (MP-RN) e da Bahia (MP-BA). A ação faz parte da Operação Nacional Contra a Corrupção, que realiza operações semelhantes em  mais 10 estados brasileiros.
O alvo da Operação Máscara Negra são as suspeitas de superfaturamento na contratação de shows musicais pelas prefeituras de Macau e de Guamaré, no Rio Grande do Norte. Segundo o promotor de Justiça baiano, Ariomar Figueiredo, os shows contratados pelas administrações das duas cidades eram intermediados por empresas baianas de produção de eventos.
O MP-RN afirma ter encontrado indícios de irregularidades na contratação de trios elétricos, aluguel de som, montagem de palcos e decorações de eventos entre os anos de 2008 e 2012. A estimativa dos promotores potiguares é de que aproximadamente R$ 3 milhões tenham sido desviados por ordem dos então prefeitos e demais agentes públicos.
Matéria na íntegra aqui:

Dúvida com vida própria... // Roberto daMatta

Roberto Damatta
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Antropólogo ou espião?

10 de abril de 2013 | 2h 14



Roberto Damatta - O Estado de S.Paulo
Eu fui dragado pela então chamada Etnologia Indígena muito cedo. Tinha uns 20 anos quando pelas mãos de Luiz de Castro Faria fui levado ao Museu Nacional e iniciado por um entusiasmado jovem Roberto Cardoso de Oliveira nos mistérios luminosos das sociedades sem escrita, grupos tribais com uma tecnologia modesta e um assombroso simbolismo, mas sempre tidos como "primitivos", "atrasados" e "selvagens".
Nos anos 60, quando isso acontecia comigo, a vida política brasileira girava em torno do binômio desenvolvido/subdesenvolvido. Era urgente, dizia-se, "mudar as estruturas!".
Logo fui apresentado ao pensamento de Claude Lévi-Strauss. Um primeiro momento de reflexão foi sobre o ensaio Estrutura Social (publicado no livro Antropologia Estrutural, em 1958), mas apresentado e discutido numa reunião internacional em 1952 nos Estados Unidos. Antes, eu havia trabalhado com o livro Social Structure, de George Peter Murdock, professor em Yale. Fui casado com a senhora "estrutura" por algumas décadas e, pensando bem, jamais pedi um divórcio. Cada geração tem uma palavra mágica - e a dos meus contemporâneos foi "estrutura".
A "estrutura" no singular era vista como um instrumento para o entendimento da sociedade. Já "as estruturas" definiam uma substância histórica claríssima feita de instituições e práticas sociais atrasadas - como o feudalismo rural brasileiro - a serem radical e facilmente transformadas pelo Estado. Na medida em que me tornei um pesquisador de povos indígenas e fui me civilizando, meu destino foi marcado mais pelo primeiro significado do que pelo segundo.
Minha primeira viagem de campo foi realizada entre agosto e novembro de 1961. Nesse período, vivi com os índios Gaviões do Sul do Pará, como provam as 600 páginas escritas em cadernos de capa verde musgo, de acordo com instruções do meu professor. O "diário de campo" era para os antropólogos o mesmo que a leitura do Breviário para os padres. Coisa sagrada esse registro de tudo o que podíamos observar. Meu diário foi aberto no dia 8 de agosto, em Marabá, e fechado em 30 de outubro de 1961, na aldeia do Cocal.
No dia 15 de agosto, eu estou em Itupiranga, Pará, e me preparo para cruzar o Tocantins e seguir para Leste, na direção do que hoje é Nova Ipixuna, com o objetivo de chegar à Aldeia do Cocal com meu companheiro de aventura Júlio Cezar Melatti, um grande e generoso antropólogo, hoje professor emérito da Universidade de Brasília. Em 18 de agosto - depois de um dia e uma noite na mata - chegamos à aldeia. Por onde começar? Eis a pergunta que todo etnólogo faz a si mesmo, tal como um menino num parque de diversões, um prisioneiro na cela, ou um noivo em lua de mel.
Todas as entradas do meu diário revelam uma recorrente dificuldade em lidar com o mundo aborígine. Muito angustiado, escrevo: "Eles falam e eu não entendo, eu falo, eles não entendem". A marca desses primeiros dias foi uma aproximação física um tanto exagerada - eles nos tocam para ver se somos reais. Tudo o que faço é visto e comentado: não há privacidade. Comemos com eles e descobri que o estudo da "estrutura" promovia fome. Estava enrascado. A aldeia ficava a um dia de viagem de Itupiranga (que, na época, tinha umas seis ruas) e Itupiranga ficava a um dia de Marabá. Na aldeia, 15 homens, 6 mulheres e apenas 2 meninos exprimiam, debaixo do nome de "Gaviões", uma forma de humanidade.
Estava antenado na teoria das estruturas, mas não tinha rádio. Os índios, por sua vez, não queriam saber de suas tradições e só falavam dos seus mortos pelo contato conosco - os estrangeiros-inimigos. Naquele tempo eu não sabia nada das perdas e da morte. Estava protegido por minha alucinação antropológica.
Mais para dentro do mato havia um posto de extração de castanha com uns seis ou sete trabalhadores comandados por um chefe chamado Lourival. No dia 29 de agosto de 1961, ele falou da renúncia de Jânio Quadros (ocorrida no dia 25) e da crise institucional que reinava no que chamava de "Sul" (o Brasil) que, como disse, estava "vivendo uma cagada". Uma das muitas que infelizmente tenho testemunhado em minha vida.
Estava emparedado entre duas estruturas. A "social" dos índios, que eu tinha a obrigação de desvendar e não sabia como; e a do Brasil, que, pelo que tudo indicava, começava a mudar para pior.
Mesmo em meio a essa maluquice iniciatória, porém, eu havia estabelecido um plano para enviar e receber cartas. Um certo João da Mata, logo identificado como um possível parente, prestou-se a receber nossa correspondência e enviá-la às nossas mãos. Recebemos as primeiras cartas no dia 31 de agosto, entregues por um jovem caçador que passou rápido pela aldeia.
No final do trabalho, de volta a Itupiranga depois de passar fome e ter sido vítima de malária, encontramos o prestativo senhor de nossas cartas.
Houve um confronto: por que, perguntamos, toda a nossa correspondência fora violada? Ora - respondeu João da Mata -, porque eu não acreditei que vocês fossem cientistas. Esse interesse pelos "cabocos Gaviões" não podia ser verdade. Vocês seriam garimpeiros em busca de ouro ou, quem sabe, espiões americanos procurando urânio. As cartas mostravam que eram cientistas e eu me orgulho de os ter conhecido.
Ao pegar o "motor" que ia nos levar de volta a Marabá e, dali, ao Brasil que eu tanto queria mudar, eu ainda ouvia essas palavras. Elas jamais saíram da minha cabeça...