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Uma crônica que tem perdão, indulto, desafio, crítica, poder...

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O discurso final de Dilma Roussef em defesa de seu mandato no Senado selou sua deposição ! / J R Guzzo

J. R. Guzzo: Zero na saída

O que se viu até o último minuto do último ato, foi Dilma Rousseff no papel de Dilma Rousseff

Por: Augusto Nunes  
Publicado na edição impressa de VEJA
De tudo o que houve de ruim no governo do segundo presidente da República deposto legalmente do cargo na história deste país, o pior, feitas com calma todas as contas, parece ter sido a saída. É uma alta proeza, sem dúvida, quando se leva em conta a espetacular ruindade do desempenho de Dilma Rousseff em seus cinco anos e tanto de estada na Presidência — alguém é capaz de citar, falando sério, um outro governo pior que o seu em 127 anos de República? A deposição, quando enfim chegou, na semana passada, foi uma cerimônia de encerramento perfeitamente adequada à miséria do espetáculo em cartaz. Em momentos de trauma político de primeira linha, como deveria ser a deposição legal de uma presidente da República eleita, o protocolo prevê alguns instantes de drama intenso — ou, pelo menos, uns quinze minutos de grandeza por parte de quem está sendo posto na rua. Foi o contrário disso tudo.
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Na sessão decisiva do Senado Federal que acabou por cassar seu mandato, Dilma Rousseff gastou o dia inteiro que tinha à disposição para fazer sua defesa enchendo a paciência dos ouvintes com a leitura do que deveria ser a obra magna de sua carreira política — e acabou sendo apenas mais uma montoeira de afirmações desesperadamente chatas, com atividade cerebral mínima e na maior parte do tempo incompreensíveis, neuróticas ou positivamente falsas. De uma presidente à beira da desgraça pública seria possível esperar algum momento mais caprichado em matéria de “falar bonito”; imaginava-­se, talvez, que tentasse “fazer um gesto”, algo como um “saio da vida para entrar na história”, por exemplo, ou coisa parecida. Nada disso. O que se viu na prática, até o último minuto do último ato, foi Dilma Rousseff no papel de Dilma Rousseff.
“Não é 30% dos recursos da exploração”, resolveu dizer a ex-presidente a certa altura daquele que deveria ser, no seu mundo, o equivalente ao discurso de Marco Antônio no funeral de Júlio César. Que diabo “recursos da exploração” e outras miudezas desse tipo estariam fazendo num pronunciamento que pretendia tornar-se histórico? Bem, o discurso era dela — e ela tinha o direito de enfiar ali o que bem entendesse. Foi o que fez. O resultado é que essa história dos “30%” em sua fala de defesa promete sobreviver como um dos maiores clássicos do “dilmismo” em todos os tempos. Eis o que disse Dilma: “Não é 30% da receita da exploração. É 30% de 25%. Ou 30%… de 30%, portanto não é 30%. Está entre 7,5% ou um pouco mais de 12%. Não se trata de 30%”. Como de costume, a ex-presidente serviu esse angu de números com a cara brava, a voz irritada e um tom geral de impaciência; parecia que ela estava com raiva das porcentagens, coitadas. Ninguém entendeu coisa nenhuma, como sempre, mas aí é que está: Dilma Rousseff, na hora de ir embora, foi a Dilma Rousseff de sempre. A ex-presidente apareceu como ela é — e seu governo apareceu como ele foi. É essa a pessoa que nos governou até a semana passada. Não poderia dar certo.
A saída foi pior que a estada, também, quando se considera a contabilidade final da cassação. Não é fácil para ninguém, claro, ser demitido da Presidência da República. Mas demitido por 61 a 20? É, de novo, uma surra com cara de Brasil e Alemanha na Copa de 2014 — e que, por sinal, mostra a perda de tempo sem limites que foi levar a sério o noticiário sobre “placar apertado”, as capacidades sobrenaturais de Lula para “virar a votação” e outras bobagens do mesmo tipo. O que o painel de votação do Senado mostrou na vida real é que Dilma não conseguiu encontrar mais que vinte senadores, num total de 81, dispostos a absolvê-la dos crimes de fraude fiscal pelos quais perdeu o mandato. Como governar o Brasil desse jeito?
Some-se a isso, para completar, o “apoio das ruas” que deveria salvar o mandato de Dilma e o seu “projeto de sociedade” — e com o qual, no discurso em modo de rancor extremo que fez após a condenação, Dilma ameaça guerrear o governo legítimo que lhe sucedeu. Todo esse apoio somou um grande zero. Na hora suprema da resistência, o máximo que conseguiu mostrar foi uma fileira de pneus queimados atrapalhando o trânsito de uma avenida em São Paulo. É um retrato que combina perfeitamente com um governo em ruínas. Dilma deixa a mais demorada recessão que a economia do Brasil já conheceu, 11 milhões de desempregados e uma destruição sem paralelo no patrimônio público — a começar pela Petrobras, privatizada em favor da corrupção confessa e contabilizada. Combina, sobretudo, com aquilo que esse governo realmente foi — uma minoria.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

" “quando as ideologias ficam bem velhinhas, elas vêm morar no Brasil”. Millôr Fernandes by Valentina de Botas



Valentina de Botas: Millôr Fernandes tinha razão

A Paulista vermelhinha confirmou o que disse o grande pensador: quando as ideologias ficam bem velhinhas, elas vêm morar no Brasil

Por: Augusto Nunes  

Neste domingo, na Paulista toda vermelhinha em que as bandeiras da CUT, do MST (como esses caras ficaram pelo menos 13 anos no poder e continuam sem terra?) e de outras siglas vigaristas substituem a bandeira do Brasil, o “Fora, Temer” pede a prisão do juiz Sérgio Moro, nada menos: coerência é isso aí, no faroeste esquerzoide, como diz o Augusto Nunes, o bandido prende o xerife.
Aliás, por falar em coerência, o Papa Francisco, que foi à Cuba tirânica e à Bolívia de Morales e cuja conversão ao Cristianismo ainda é esperada, não vem ao Brasil atendendo ao pedido da petista CNBB e certamente por intervenção de nossa senhora de forma geral, a santa de devoção eleitoreira da ex-presidente.
Democracias como Venezuela e Bolívia contam com a adesão da Igreja homófoba-patriarcal-machista à tese do golpe imaginário e hão de atrair a Coreia do Norte para lutar pela liberdade ao totalitarismo. Millôr Fernandes tinha razão, “quando as ideologias ficam bem velhinhas, elas vêm morar no Brasil”.

O capital humano do político brasileiro tem tendência à maluquice ...


Fugiu do manicômio

Vanessa Grazziotin imita Marilena Chauí e aumenta o time de mulheres que têm visões
Por: Augusto Nunes  

“Será uma luta sem trégua para evitar que eles coloquem em prática os objetivos de fundo do golpe parlamentar: aniquilar os direitos trabalhistas e previdenciários e entregar nossas riquezas naturais ao capital internacional”. (Vanessa Grazziotin, senadora do PCdoB do Amazonas, em artigo publicado na Folha, ao confirmar que anda tendo visões semelhantes às de Marilena Chauí, acusando 367 deputados, 61 senadores, os ministros do STF e integrantes do Ministério Público de serem agentes da CIA recrutados por Sérgio Moro e orientados, claro, por FHC)

A tendência é piorar ... /

terça-feira, setembro 06, 2016


AFINAL, AS FORÇAS ARMADAS VÃO PERMITIR QUE A MAIORIA DECENTE DO POVO BRASILEIRO SEJA SUBMETIDA AOS JAGUNÇOS COMUNISTAS CHEFIADOS POR LULA?

Afinal, as Forças Armadas vão permitir que o povo brasileiro em sua maioria que estuda, trabalha e é decente, seja submetido a essa corja de delinquentes do PT chefiados por LULA que prometem “incendiar” o Brasil?
Esta é a pergunta que não quer calar, que está entalada na garganta dos brasileiros de bem que desejam a lei e a ordem. Leiam:
O site O Antagonista acaba de revelar neste vídeo o que todo mundo já sabia. Alguma coisa tem de ser feita imediatamente para barrar a ação nefasta levada a efeito por esses jagunços e psicopatas comunistas que constituem uma minoria. Leiam: 
O Antagonista obteve vídeo em que Marcelo Rodrigues, presidente da CUT-RJ, revela que a greve geral dos bancários, convocada a partir de hoje, tem como verdadeiro objetivo incendiar o país contra Michel Temer.
"Eu tenho o maior orgulho de estar na assembleia que vai dizer que nós vamos mudar o rumo desse país. E que esses golpistas de m... vão ser relegados ao lixo da história."
"A greve é por tempo indeterminado. Vamos para luta, convocando mais do que bancários e bancárias, todos os trabalhadores, a vir para rua para dizer 'Fora, Temer'."
Isso é abuso do direito de greve e merece uma reação enérgica, além de ser um tiro no pé dos trabalhadores.

23 fotos de atletas paralímpicos / Huffington Post

http://www.huffingtonpost.com/entry/paralympics-photos_us_57c887f3e4b078581f12132f?section=us_sports

 Clique no link e veja mais fotos






segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Ensaio sobre a crítica .../ Luiz Felipe Pondé

segunda-feira, setembro 05, 2016


Uma selfie da crítica -

 LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 05/09

Uma coisa me chama a atenção nos tais jovens críticos: sua intolerância


Nosso mundo contemporâneo é cheio de fetiches sobre seu próprio avanço em relação ao passado. Hoje vou dar dois exemplos de fetiches típicos. O primeiro a ver com a ideia de crítica e de pessoas críticas. O segundo a ver com a ideia de revolução, mais precisamente a revolução sexual.

O primeiro fetiche proponho chamarmos de fetiche da crítica. Este é um dos mais comuns e mais bobos do mundo contemporâneo. Nunca vi gente mais longe de qualquer pensamento que valha a pena do que gente "crítica". Não conheço gente mais chata do que gente "crítica".

O fetiche da crítica aparece muito associado à educação, à arte e à cultura. Você pode ouvir gente falando dele em todo lugar em que muita gente se reúna para pensar a educação, a arte e a cultura.

Como fazer um aluno crítico? Como criar uma arte crítica? Como produzir uma cultura crítica? Minha primeira aposta é que, se você perguntar diretamente para um desses defensores de uma educação crítica, de uma arte crítica e de uma cultura crítica o que é ser crítico, ele vai responder mostrando uma selfie dele numa manifestação na Paulista.

Eu vou dizer para você uma coisa: não conheço aluno mais fechado ao diálogo do que alunos que se consideram críticos. Ser "crítico" nesse caso, basicamente, significa falar mal do capitalismo, do patriarcalismo e dos EUA. Uma banalidade que se ensina em qualquer aula barata de filosofia e sociologia.

Mas uma coisa me chama a atenção nos tais jovens críticos: sua intolerância. Torquemada ficaria com complexo de inferioridade. Não conte com nenhuma autocrítica em gente crítica. Normalmente lê pouco, é afogado em certeza banais do tipo "o mundo seria melhor se fosse como eu descrevi em minha tese", e tem pouco afeto pelo estudo profundo de qualquer coisa.

Aí vai uma característica chocante em gente crítica: não gosta de estudar de fato. Quando fala, fala a partir de uma posição inquestionável. Acho que o motivo dessa atitude é justamente aquele tipo de ignorância marcante em quem conhece pouco de qualquer coisa. Por isso, acho mais importante procurarmos levar um aluno a entender o que um texto quer dizer simplesmente e não levá-lo a ser "crítico". Antes de tudo, podemos perguntar: crítico do que, se, normalmente, mesmo os professores não são críticos de nada a não ser daquilo de que não gostam?

Portanto temo pela educação, pela arte e pela cultura quando se busca formar críticos. O fetiche os leva ao gozo porque, usando essa palavra "crítica", você pode dizer qualquer banalidade que ela soa ungida pelo véu da inteligência.

De minha parte, acho que devemos evitar a palavra "crítica" da mesma forma que devemos evitar palavras como "cabala" ou "energia". Em si, as duas são coisas sérias, mas, no mundo do fetiche da informação como o nosso, as duas não significam muito mais do que palavras vazias de sentido.

Outro fetiche é o da revolução. Toda pessoa crítica faz uma revolução por fim de semana. Mas, entre todas, a mais ridícula é a revolução sexual, aquela que matou o desejo e o afeto entre homens e mulheres. Quando, no futuro, estudarem nossa época, perceberão que, entre as baixas causadas pela gente crítica, estarão o afeto e o desejo. Nunca ambos foram tão falados e tão combatidos a pauladas. Afogados na banalidade das quantidades.

Vejo mesmo uma manifestação de gente crítica e revolucionária na Paulista no futuro. Essa manifestação que tenho na cabeça acontecerá em poucos anos. Se focarmos melhor nossas câmeras, veremos alguns cartazes, claro, todos revolucionários. Perguntará o leitor ingênuo: "A favor do que ou contra o quê?" Gente crítica e revolucionária sempre é a favor de algo ou contra algo.

Alguns desses cartazes dirão frases assim: "Pelo incesto como forma de crítica sexual!", "Por que não posso amar a minha mãe sexualmente?", "Freud morreu: viva o incesto como forma plena do desejo antiedípico!". Teses pelo mundo afora discutirão a nova forma de amor livre: o direito ao incesto.

E, no meio dos cartazes, um outro: "Pelo direito de casar com o meu dobermann!".


Mais de 8 bilhões de reais bloqueados de fundos de pensão de estatais

http://flip.it/JDgTuh


PF investiga fundos de pensão de estatais; Justiça manda bloquear R$8 bi

segunda-feira, 5 de setembro de 2016 13:41 BRT

Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira operação para investigar suspeita de fraude em fundos de pensão de estatais, com o cumprimento de mandados judiciais e o bloqueio de 8 bilhões de reais, determinado pela Justiça Federal de Brasília.
Foram expedidos 7 mandados de prisão temporária, 34 de condução coercitiva e 106 de busca e apreensão pela Justiça, que também determinou o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas no valor aproximado de 8 bilhões de reais, segundo comunicado da PF.
A operação tem como objetivo, segundo a PF, apurar suspeita de crimes de gestão temerária e fraudulenta dentro dos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Postalis (Correios) e Funcef (Caixa Econômica Federal), tendo como base dez casos revelados a partir do exame das causas de déficits bilionários apresentados pelos fundos.
"Entre os dez casos, oito são relacionados a investimentos realizadas de forma temerária ou fraudulenta pelos fundos de pensão, por meio dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participações)", disse a PF em comunicado.
"Durante as investigações, alguns núcleos criminosos restaram configurados: o núcleo empresarial, o núcleo dirigente de fundos de pensão, o núcleo de empresas avaliadoras de ativos e o núcleo de gestores e administradores dos FIPs."
O empresário Wesley Batista, presidente-executivo da empresa de carnes JBS, foi um dos alvos de mandados de condução coercitiva na operação.
A J&F, controladora da processadora de carne JBS e da Eldorado Brasil, confirmou a presença da Polícia Federal nas sedes da J&F e da Eldorado por ocasião da chamada operação Greenfield.
"A J&F e seus executivos esclarecem que colaboram com as investigações e estão à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários", afirmou a holding em comunicado à imprensa. [nL1N1BH0JN]   Continuação...

domingo, 4 de setembro de 2016

À procura de si ...


Classificados! 

3
Josias de Souza
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– Charge do Paixão, via Gazeta do Povo.

Um governo cheio de raposas com armas de canetas

domingo, setembro 04, 2016

As raposas que nos governam -

 FERNANDO GABEIRA

O Globo - 04/09

Cheguei a Brasília no seu típico calor seco, sabendo que não haveria surpresas no resultado final. Dilma seria cassada. Restavam-me apenas as peripécias, essas sim imprevisíveis. Pela primeira vez, vi Renan Calheiros perder a calma no plenário. E olha que, ao microfone, já disse coisas bem pesadas para ele, e sua máxima reação foi suspender os trabalhos por algum tempo. Renan disse que o Senado parecia um hospício. Lembrou-me de Maura Lopes Cançado que escreveu o livro “Hospício é Deus”. E la colaborava com o suplemento literário do “JB”. Ficou internada por muito tempo. O livro mostra que o hospício, além de todos os seus horrores, era também um espaço de negociação. Renan ficou próximo da realidade ao reconhecer o lado maluco do plenário do Senado, assim como Maura contribuiu ao sugerir o lado parlamentar do hospício. O problema é o equilíbrio entre os dois. Há visões mais céticas, como a do filósofo inglês John Gray.

“De qualquer forma”, escreve ele, “apenas alguém milagrosamente inocente em relação à História poderia acreditar que a competição entre ideias possa resultar no triunfo da verdade. Certamente, as ideias competem umas com as outras, mas os vencedores são aqueles que têm o poder e a loucura humana ao seu lado”.

Renan disse também, ao microfone, que a burrice humana era infinita. Na verdade, repetia o final de um famosa frase de Albert Einstein, para quem o universo e a estupidez humana eram infinitos. Alguns cientistas ainda pesquisam se o universo é mesmo infinito. Mas a parte final da frase sobre a estupidez humana nunca foi contestada. Refletindo sobre isso em Brasília, no corre-corre do trabalho cotidiano, constatei que também a esperteza humana é infinita. Renan e a bancada do PMDB fatiaram a Constituição: condenaram Dilma por irresponsabilidade fiscal e mantiveram seus direitos políticos. Não me parece que fizeram isso por Dilma. No fundo, é também uma manobra defensiva, prevendo o próprio futuro. Quando Romero Jucá disse que era preciso estancar a Lava-Jato, não estava brincando. O objetivo da cúpula do PMDB é o de bloquear investigações e neutralizar o trabalho das instituições que combatem a corrupção no Brasil.

Nessa empreitada, contam com o deslumbramento de Temer, para quem um pedaço do mandato presidencial é um presente dos céus. E com a timidez dos tucanos, que temem romper uma aliança num momento de reconstrução. O sonho das raposas é continuar depenando o galinheiro. Se as pessoas não se derem conta, elas liquidam os avanços das instituições de controle e continuarão roubando o país até o último centavo. Se o quadro é tão ameaçador, não teria sido melhor manter o mandato do PT até 2018?

Acontece que são forças com objetivos diferentes. As raposas do PMDB querem apenas enriquecer em paz. O PT tinha um projeto hegemônico que passava pelo crescente controle do Parlamento, dos juízes e, também, se tudo desse certo, da própria imprensa. Com sua vasta experiência política, as raposas recebem as críticas, lamentando apenas que estamos sendo injustos com elas. O PT seguia arruinando o país mas recebia as críticas com uma agressiva tática de defesa. Questionar a corrupção oficial era coisa da elite, da burguesia, de gente loura de olhos azuis que não aceita que o filho da lavadeira estude Medicina nem que os pobres viajem ao seu lado nos aviões.

A mudança no discurso oficial é insidiosa, sedutora. Cúmplice de toda a política que arruinou o país, num misto de incompetência e corrupção, o PMDB se dispõe a conduzi-lo a um porto seguro.

O lugar para onde as raposas sonham em nos conduzir é um oásis ameno, onde possam continuar enriquecendo, posando, ao mesmo tempo, de estimados líderes nacionais.
Assim como setores da esquerda toleram a corrupção sob o argumento de que a vida do povo melhorou, os liberais tendem a olhá-la com complacência desde que se façam as reformas sonhadas pelo mercado. Num livro sobre a tolerância na idade moderna, Wendy Brown lembra aos estudiosos que ela é uma descendente da superação das sangrentas guerras que separaram política e religião. Modernamente, existe um espaço maior para o indivíduo, diante do Estado e da Igreja. Mas existe também um certo cansaço diante das tramas políticas, uma vontade de se concentrar apenas na sua própria vida. O novo governo traz um perigo de natureza diferente. Ele não quer transformar o país num paraíso bolivariano. Nem se meter na liberdade individual, classificando as pessoas como reacionárias, progressistas ou preconceituosas. Quando Renan disse que a estupidez humana era infinita, concordei com ele pela primeira vez. Se estivesse no plenário, apenas acrescentaria: a malandragem humana também. O país apenas se livrou de um tipo de exploração. Por falar em tortura, tema que Dilma trouxe à tona, não se pode esquecer que uma boa equipe é sempre dividida entre os bons e os maus torturadores. Uns mordem, outros sopram.

"Vilipêndio à razão" Fernando Collor /

domingo, setembro 04, 2016


Vilipêndio à razão - 

FERNANDO COLLOR

FOLHA DE SP - 04/09

Escrevo este artigo em 1º de setembro. É um dia simbólico para os dois processos de impeachment vividos pelo país e separados por quase 25 anos. A data é o único ponto em comum entre eles.

Em 1992, nesse dia, duas entidades entraram com uma representação contra mim. Em 1º de setembro de 2015, renomados juristas apresentaram denúncia (aditada em outubro) contra a ex-presidente por crime de responsabilidade.

Aqui acaba a semelhança e aqui começam as disparidades, desde os primeiros aos últimos atos de duas peças que beiram a ficção.

O cotejamento entre os números dos dois processos mostra que, sob a mesma Constituição, sob a mesma lei e sob o mesmo rito, adotaram-se dois pesos, duas medidas.
Basta verificar: o processo da ex-presidente dispôs do triplo do tempo gasto em 1992 -um ano versus quatro meses. A apresentação da denúncia e seu acolhimento pelo presidente da Câmara, naquele ano, deram-se no mesmo dia, 1º de setembro. Dois dias depois, a comissão especial foi instalada.

Em 2015, entre a denúncia inicial (1º/9), o seu acolhimento (2/12) e a instalação da comissão especial (17/3/16) passaram-se 198 dias.

Para o meu afastamento provisório (2/10) bastaram 31 dias. No recente processo, isso se deu em 12/5/16, ou seja, 254 dias após a denúncia inicial. Na fase de admissibilidade no Senado, não houve qualquer participação de minha defesa na comissão. Em 2016, só nessa fase, foram sete participações, incluindo advogado, juristas e ministros de Estado.


Em 1992, o parecer de admissibilidade continha 17 linhas, em meia página, e foi discutido e votado, simbolicamente, em três minutos no Plenário do Senado. Em 2016, o parecer de 128 páginas demandou 20 horas de sessão, foi votado nominalmente e com a participação da defesa.

A sessão de meu julgamento, incluída a suspensão dos trabalhos em função da renúncia e para a posse do vice-presidente, deu-se no dia 29/12 e na madrugada do dia 30. Em 2016, foram cinco dias úteis de intenso trabalho que adentraram madrugadas.

O processo de 1992 foi todo ele reunido em quatro volumes de documentos. O de agora já conta com 72 volumes.

A maior abstração, contudo, foi o ato final das peças. Em 1992, minha renúncia separou as penas de destituição (perda do cargo) da inabilitação para função pública (perda dos direitos políticos).

A resolução do Senado nº 101/92, resultante do processo, é clara: o impeachment ficou prejudicado pela renúncia, mas não a inabilitação por oito anos. Ou seja, o Senado agregou a penalidade, mesmo com a renúncia prévia que extinguiu o objeto do julgamento.

Em 2016, deu-se o inverso. O parágrafo único do artigo 52 da Constituição traz a penalização literalmente conjugada ("perda do cargo com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública"). No entanto, mesmo sem renúncia, o Senado fatiou a pena e transformou o "com" em "e/ou". O mesmo dispositivo diz: "a condenação", e não "as condenações".


Até a questão que respondemos na votação, prevista na lei e reproduzida no painel eletrônico, referia-se textualmente à inabilitação como "consequência" da perda do mandato. O trecho, inconstitucionalmente destacado, não era uma pergunta, era uma assertiva.

Decisões amparadas na subjetividade política precisam de limites da objetividade jurídica. Ontem e hoje, o desacerto prevaleceu.

Ao comparar os dois processos, cabe repetir: o rito era o mesmo; o ritmo, o rigor e, agora, o remate, não. O Senado atentou contra o vernáculo, reescreveu a Constituição. Criou insegurança jurídica e, praticamente, decretou a inexistência da lei no Brasil. Foi um vilipêndio ao bom senso e à razão.

FERNANDO COLLOR, 67, senador por Alagoas (PTC), foi presidente da República

Na casa de "Mãe Joana"...


‘Uma emergência com falsos atores’, por Antonio Tabet

Um diálogo entre um prefeito e seu assessor


POR ANTONIO TABET*

04/09/2016 4:30


RIO - O prefeito contava uma piada — velha, diga-se de passagem — para fazer média com um mafioso dono de uma empresa de ônibus da Zona Oeste quando Jorge, o esbaforido assessor, abriu de repente a porta do gabinete para espanto geral.

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— Prefeito, com licença...


— Que foi, Jorge? Que cara é essa?


— Desculpe interromper, mas é que... aconteceu uma emergência.


— Putz grila, Jorge. O que desabou agora?


— Não caiu nada, senhor prefeito. Graças a Deus!


— Ufa! Então fala logo de uma vez, que eu vou pra Angra com as crianças ainda hoje.


— Não vai, não.


— Como é que é?


— É que acabaram de invadir a casa do senhor lá, prefeito.


— Quem invadiu?


— Os sem-terra.


— Peraí, Jorge. Os sem-terra invadiram uma casa num condomínio em Angra? O MST não faz isso!


— É que esses não são do MST, prefeito.


— E são de onde?


— Esses são o MSTCT.


— MSTCT?!? Que que é isso?


— Movimento dos Sem Terra Com Terra. É um braço deles, mas menos à esquerda da esquerda. Eles têm mais recursos, senhor.


— Sem Terra Com Terra?!? Pede meu helicóptero que eu vou lá agora acabar com essa palhaçada pessoalmente.


— Não vai, não.


— Como não?


— Bloquearam o heliponto e a saída aqui fora.


— Quem bloqueou?


— Os estudantes.


— Que estudantes?


— Que não estudam. Os estudantes profissionais!


— E desde quando existe esse troço de estudante profissional?


— Desde que enchemos as universidades públicas com essa molecadinha de escola particular.


— Então expulsa todo mundo.


— Não adianta. Tá cheio de imprensa lá fora apoiando o movimento.


— A mídia tá do lado deles?


— Só a independente mesmo. Aquela que dependia de propaganda do governo. Esses jornalistas que não estão em nenhum jornal estão putos. E os intelectuais também.


— Que intelectuais?


— Os que não estão pensando direito, prefeito.


— Cansei. Sabe o que eu vou fazer? Vou ligar pro Major Gouveia tirar geral na marra.


— Não vai, não.


— Ai, minha caceta! Que foi agora?


— A Polícia entrou em greve.


— E quem convocou?


— Os sindicalistas que não trabalham.


— E isso é legal?


— Os legalistas que defendem ilegalidades disseram que é.


— Mas o que aconteceu pra essa gente se mobilizar? O que eles querem?


— Estão pedindo justamente o fim da Polícia Militar. Vê se pode!


— Por que estão pedindo isso?


— Porque um soldado prendeu num ecopacifista que estava atirando rojões na PM e queimando pneus.


— Mas PM nem é assunto do município, pô! Eu sou prefeito. Quem pode fazer alguma coisa é o governador.


— Que governador, prefeito?


— Como qual governador, Jorge?
— O que não governa?