Manaus - Enquanto o mercado editorial brasileiro aguarda a chegada da Amazon, o Google traz para o País sua aposta para o mercado de livros digitais. A loja de aplicativos do Android (plataforma presente em smartphones e tablets de diversas marcas) passou a exibir, desde a última sexta-feira (7), uma seção para livros e filmes.
Antes, o Google Play – como a loja é conhecida – vendia apenas aplicativos, de inúmeras categorias e desenvolvedores. Agora, a loja passa a oferecer um acervo com livros digitais nacionais e internacionais, a todos os usuários brasileiros do Android, segundo Hugo Barra, brasileiro que é vice-presidente global do Android.
A seção de livros e filmes da plataforma existe atualmente em dez países, entre os quais Estados Unidos, Austrália e Japão, além de algumas nações da Europa. O Brasil foi o primeiro mercado da América Latina a ter acesso ao serviço.
O investimento no País está ligado ao uso dos dispositivos móveis com Android pelos brasileiros. No terceiro trimestre de 2012, segundo a empresa de pesquisa Canalys, 83% dos 2,9 milhões de smartphones distribuídos para venda no País eram Android. “O Brasil tem nos surpreendido com relação ao crescimento do Android”, diz Barra. “Claro que smartphone não é barato, mas o brasileiro tem uma fome gigantesca (de imersão no mundo digital).”
Além da biblioteca de livros, que inclui sucessos recentes como Cinquenta Tons de Cinza, de E.L. James, o Google trará para sua loja obras de domínio público que já estavam disponíveis no Google Books e clássicos da literatura gratuitos, como romances de Machado de Assis.
Ao adquirir o livro no Google Play, o usuário será direcionado a um aplicativo de leitura (o Play Livros), que estará disponível na plataforma Android. Este programa funcionará como uma estante virtual. Lá estarão todos os livros comprados ou baixados gratuitamente pelo usuário – com a marcação da página onde a leitura foi interrompida.
Barra explica que o aplicativo pode ser baixado também em iOS (aparelhos da Apple). Ou seja, a leitura poderá ser dividida entre um Android e um iPhone ou iPad.
Para vender livros para o público brasileiro, o Google fechou parcerias com várias editoras. Jorge Oakim, fundador da Intrínseca, diz que o preço das obras no Google Play seguirá o valor cobrado no mercado – 30% mais barato que o livro físico.
“Penso que, no fim de 2013, as vendas de ebooks na editora corresponderão a 10% do total das vendas”, diz. Hoje, o catálogo da empresa está disponível na Saraiva, no recém-lançado Kobo, da Livraria Cultura, no iBooks, da Apple, na Saraiva, e, em breve, na Amazon, que tem chegada especulada para breve.
O diretor da Globo Livros, Mauro Palermo, não fala em estimativas de crescimento. “É a chegada quase que simultânea desses grandes players internacionais que vai acabar definindo o início do mercado digital no Brasil”, diz. “Mas, de fato, esse Natal será digital.”
A biblioteca de filmes do Google Play também tem títulos brasileiros e estrangeiros. O aluguel custa a partir de R$ 3,90. Os filmes podem ser baixados, para ver depois, ou assistidos por streaming (transmissão instantânea online). É possível ver os filmes ainda no YouTube.