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terça-feira, 8 de abril de 2014

Twitter de cara nova... / G1

08/04/2014 14h05 - Atualizado em 08/04/2014 15h17


Twitter muda visual da página de perfil e 



fica parecido com o Facebook


Usuários podem selecionar fotos de capa e destacar tuítes.
Novidade começa a ser disponibilizada a partir desta terça-feira (8).

Do G1, em São Paulo

Twitter anuncia novo perfil de usuário (Foto: Divulgação/Twitter)Twitter anuncia novo perfil de usuário. Na foto, o de Michelle Obama (Foto: Divulgação/Twitter)
O Twitter começou a disponibilizar para todos os seus usuários nesta terça-feira (8) um novo visual para a página de perfil dos usuários, que agora fica mais parecida com o Facebook. O layout inédito estava em testes desde o início de 2014 pelo microblog.
O novo perfil é, por enquanto, exclusivo da versão para web do Twitter e em breve deve ser disponibilizado para aplicativos e para a versão móvel. Ele permitirá ao usuário personalizar a capa, destacar seus melhores tuítes, fixar os mais importantes – que ficarão no topo da página – e criar filtros para encontrar tuítes especificos com fotos ou vídeos, por exemplo.
Uma imagem grande que fica no topo da página e pode ser personalizada remete à imagem de capa do Facebook. Ainda, tuítes que foram mais compartilhados ou acessados terão destaque maior do que as outras publicações. Ao acessar perfis de outros usuários será possível escolher entre ver todos os tuítes, tuítes com fotos e vídeos ou apenas tuítes com respostas de outras pessoas.
O músico Gilberto Gil e celebridades como Zac Efron, Channing Tatum e Floyd Mayweather, além da primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, já estão com o novo perfil do Twitter. Enquanto antigos usuários do microblog devem aguardar o novo formato ser disponibilizado, quem entrar a partir desta terça-feira (8) no serviço já terá o perfil inédito.
Novo perfil do Twitter do ator Channing Tatum (Foto: Divulgação/Twitter)Novo perfil do Twitter do ator Channing Tatum (Foto: Divulgação/Twitter)

FMI tem estimativa de crescimento do Brasil para 1,8% em vez de 2,3% / O Globo


FMI reduz de 2,3% para 1,8% previsão para o crescimento do Brasil este ano

  • É o segundo maior corte entre as principais economias do mundo, sendo o primeiro o da Rússia
  • Na América do Sul, país só fica atrás da Argentina e da Venezuela, países em grave crise
  • Para o mundo, previsão caiu de 3,7% para 3,6% em 2014


FLÁVIA BARBOSA (EMAIL)
CORRESPONDENTE
Publicado:
Atualizado:

WASHINGTON - Um amplo cardápio de problemas está impondo uma trava substancial ao crescimento do Brasil, avalia o Fundo Monetário Internacional (FMI) na nova edição do relatório “Panorama da Economia Mundial”, divulgada esta manhã na capital americana. A equipe do organismo multilateral cortou pela terceira vez seguida — e a quarta desde janeiro de 2013, quando era de 4,2% — a projeção de expansão da atividade econômica brasileira em 2014: desta vez a estimativa caiu de 2,3% para 1,8%. Em 2015, o Fundo espera alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7%, uma revisão negativa de 0,2 ponto. Distorções internas e falta de confiança dos investidores são os principais pecados nacionais, para o FMI. O organismo vê ainda manutenção da pressão inflacionária. A recomendação ao governo é apertar as políticas monetária e fiscal e reduzir gargalos de infraestrutura.
O Brasil não está isolado. As economias emergentes — que puxaram o crescimento global após a quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, até o fim de 2012 — têm amargado perda considerável de dinamismo, na esteira das turbulências financeiras desencadeadas pelo anúncio de aperto gradual da política monetária dos EUA, ocorrido em maio de 2013, e reformas empreendidas pela China, fatores que exacerbaram desequilíbrios domésticos. Mas a economia brasileira está sofrendo relativamente mais.
Nas revisões feitas pelo FMI, apenas a Rússia teve corte maior da previsão de expansão em 2014 entre as principais economias do mundo e terá crescimento menor do que o brasileiro (1,3%). O desempenho do Brasil será inferior este ano ao dos demais Brics — grupo dos maiores emergentes, formado por Brasil, Rússia, Índia (5,4%), China (7,5%) e África do Sul (2,3%) — e ao da média dos países latino-americanos (2,5%).
Na América do Sul, o Brasil só ficará atrás das combalidas economias de Argentina (expansão de 0,5%) e Venezuela (retração de 0,5%). A expectativa de crescimento da economia mundial é de 3,6% este ano e o da média dos países emergentes e em desenvolvimento, de 4,9%. O PIB dos ricos deverá avançar 2,2%, com destaque para os Estados Unidos (2,8%).
Desequilíbrios em vários campos são os responsáveis pelo pessimismo com a capacidade de a economia brasileira voltar a acelerar. O que vem favorecendo o Brasil, diz o FMI, é a resistência do crescimento dos salários e, como efeito direto, do consumo.
“Estão pesando (negativamente) sobre a atividade constrangimentos à oferta doméstica, especialmente em relação à infraestrutura e à persistência do crescimento fraco do investimento privado, refletindo perda de competitividade e baixa confiança empresarial. Espera-se que a inflação permaneça perto na banda superior da meta oficial (6,5%), uma vez que a limitada capacidade ociosa e a recente desvalorização do real mantêm pressão (de alta) sobre os preços”, afirma a equipe do economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, no relatório.
Enquanto o Fundo menciona, para outros países, respostas positivas aos desafios apresentados — maior controle do crédito na China, reformas setoriais no México e medidas para destravar investimentos e atrair capitais na Índia —, o organismo é lacônico em relação ao Brasil no relatório, notando apenas que “o mix de políticas foi direcionado a aperto monetário desde o ano passado, e espera-se uma política fiscal (incluindo a política de crédito) em geral neutra em 2014”.
O trunfo do Brasil parece ser a baixa exposição às mudanças de condições financeiras globais, que podem elevar demais o custo de endividamento externo e de acesso a recursos e o risco de fuga de capitais. Reservas internacionais robustas e dívida externa baixa parecem fornecer um escudo ao país, ainda que riscos de desequilíbrios permaneçam.
Mas há cinco frentes que merecem atenção imediata do governo, abrindo um grande leque de ações, segundo o relatório.
“No Brasil, há necessidade de aperto continuado das políticas. Embora tenha havido altas substanciais dos juros neste último ano, a inflação continua no teto da meta. A intervenção no mercado de câmbio deve ser mais seletiva, usada primordialmente para limitar volatilidade e evitar mudança desordenada das condições de mercado. Uma consolidação fiscal ajudaria a reduzir pressões sobre a demanda doméstica e a diminuir desequilíbrios externos, ao mesmo tempo em que reduziria o elevado percentual de endividamento público (interno). Gargalos de oferta têm que ser resolvidos”, lista o FMI.
Os demais países emergentes, em geral, também passam por situação de grande incerteza. Com a recuperação das nações ricas e o aperto gradual da política monetária americana, o Fundo adverte que “o sentimento dos investidores está menos favorável aos riscos dos países emergentes”, representados por problemas domésticos que não foram atacados quando a maré externa era positiva a essas economias, até 2012.
Os principais riscos estão associados a fugas de capital, acentuando desequilíbrios nas contas externas e provocando desvalorizações rápidas das moedas locais; e ao aumento dos prêmios de risco, dificultando o financiamento de dívidas e aumentando o custo de captação de recursos e de tomada de empréstimos. Esse quadro, se materializado, afetaria investimento e consumo, reduziria ainda mais o crescimento e retroalimentaria desconfianças.
Para se fortalecerem, os países têm de fazer o dever de casa, diz o Fundo: combater inflação, ajustar a política fiscal, garantir estabilidade financeira com esforços regulatórios e de supervisão sobre o sistema financeiro, fazer reformas que respondam a desafios particulares (crédito, investimento, gargalos de infraestrutura) e preparar-se para saída de capitais.
“A mudança no ambiente externo aumenta a urgência de os mercados emergentes resolverem desequilíbrios macroeconômicos e deficiências em suas políticas”, afirma o organismo no relatório.


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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Um mosaico de sentimentos, de revelações, de sinceridade, de palpites de Paulo Coelho em entrevista à Época

Paulo Coelho: “A barra vai pesar na Copa do Mundo”

Paulo Coelho (Foto: Andreas Rentz/Getty Images for IWC)
Paulo Coelho -  "Eu era um dos idiotas que acreditavam que a Copa do Mundo melhoraria a infraestrutura do Brasil" (Foto: Andreas Rentz/Getty Images for IWC)

O escritor brasileiro mais famoso do mundo diz que não vem ao Brasil ver os jogos do campeonato mundial de futebol porque está decepcionado com o governo, a Fifa e os escritores nacionais


LUÍS ANTÔNIO GIRON, DE GENEBRA
05/04/2014 11h33 - Atualizado em 07/04/2014 13h32 
O escritor Paulo Coelho tem 66 anos e convive com dois stents no coração por causa de um acidente vascular que sofreu em novembro de 2012. Mas nunca esteve tão jovial como agora. Sempre em estado de exaltação e hiperatividade, casado há 34 anos com a pintora Christina Oiticica, ele está à frente de um movimento de jovens escritores fantásticos que pretendem renovar a ficção literária por meio da interação das redes sociais. Ao longo dos anos, aprendeu a dominar as ferramentas da internet. Isso lhe permite controlar tudo o que acontece em torno de sua obra na rede. Tem 28 milhões de seguidores nas redes sociais, dialoga e interage com seus leitores, que hoje ele prefere chamar de internautas. Seu novo romance, Adultério (Sextante, 240 páginas, R$ 24,90), conta uma história tradicional de traição, mas inova no método. Pela primeira vez, um grande escritor conhecido mundialmente se valeu das redes sociais para construir enredos e criar personagens. Ele concedeu esta entrevista exclusiva em seu apartamento em Genebra, na Suíça. Enquanto realizava várias tarefas simultaneamente (computador, arco e flecha e orações), abordou os mais variados assuntos, do seu desagrado com o Brasil atual aos avanços do papa Francisco. Não visita o Brasil oficialmente há uma década, nem pretende comparecer à Copa do Mundo, apesar de ser convidado vip da Fifa. Mesmo torcendo pelo Brasil, ele faz previsões não muito otimistas em relação ao evento. Além de temer o aumento da violência dos protestos em torno dos estádios, ele não aposta que o Brasil vai ganhar a Copa. O Brasil corre o risco de ter uma grande decepção. O tema que predominou nessa conversa que durou seis horas foi o de sua predileção: a arte de contar histórias. E sobre isso ele tem muito a ensinar aos desnorteados autores brasileiros. Esta é provavelmente a entrevista mais longa de Paulo Coelho já publicada. E talvez uma das mais densas.

>>Leio trecho de Adultério, de Paulo Coelho
Época - Por que o senhor trocou a França pela Suíça?
Paulo Coelho - Tudo começou em 2006 quando entrei na viagem que a Europa ia começar a proibir imigrantes e exigir vistos. Era paranoia. A Europa está vivendo um momento complicado, desemprego, essas coisas todas. E eles iriam começar a pedir visto para todo mundo, como já houve antes. Eu entrei na paranoia de que precisava ter uma residência europeia, e eu não tinha.
Época -Mas o senhor morava na França, em Tarbes, nos Pirineus, e depois em Paris, não é isso?
Coelho: Eu não morava lá. Eu passava alguns meses lá. Porque se eu morasse eu iria ser grampeado em 60% do meu dinheiro. Não podia exceder três meses de permanência. Tinha só visto de turista e não permissão de residência. Na França não dava. Tinha a Espanha e Portugal.

Época - A França cobra impostos altíssimos. Tanto que o ator Gérard Depardieu abriu mão da cidadania francesa.
Coelho - Eu entendo o Gérard Depardieu que adotou a cidadania russa e não só eles outros artistas franceses que foram embora. Todos eles saíram da França. O imposto na França é bem aplicado, você vê onde ele está, o governo mostra o que está fazendo com ele. O francês tem tudo. Meu advogado é suíço e ele me sugeriu para pedir o visto na Suíça. Eu disse que seria muito difícil. Ele disse que eu tinha meus amigos no país e poderia recorrer a eles. Disse: ‘Faça seu lobby, consiga três cartas e a gente tenta dar um jeito’. A Suíça não é impossível, mas é hiperdifícil, e em certas cidades como Genebra é impossível. O Ivo Pitanguy tem uma casa em Statt, mas aqui não. Eles admitem que o estrangeiro compre uma casa só em certas cidades.  Eu queria aquilo que eu tinha na casa dos Pirineus e que não tinha mais em Paris: campo, possibilidade de andar todo dia e aeroporto. Pedi ajuda ao Klaus Schwab, presidente do Fórum Econômico de Davos, pedi ao meu editor e a Adolf Ogi, o presidente da Suíça. Mas o presidente tinha ciúmes de mim. A gente se encontra em alguns comitês, mas não somos amigos. Eu me lembro que eu estava no banheiro com ele, a gente fazendo xixi e eu disse olha, eu vou precisar de uma carta sua me recomendando para ter permissão de residência na Suíça. Ogi foi simpático, político: ‘Deixa que eu quebro, desde que seja dentro da lei.’ Pela resposta, pensei que não iria conseguir. Mas o advogado insistiu e mandou a carta. Um dia depois, a carta de resposta chegou para o meu advogado. Não acreditei. Meu advogado me disse o que aconteceu: ‘A secretária do Ogi, que é sua fã, insistiu que ele deveria assinar a permissão! Botou a carta na frente dele e disse: assina aqui’. Eu tinha a permissão de residência. Basta pagar impostos e não cometer crimes.
Época - E o senhor comunicou a mudança de residência à Receita Federal do Brasil?
Coelho - Sim. Em 2006, comuniquei à Receita de que era residente fiscal em outro país. Aqui pago imposto de cerca de 30% sobre a renda, mais ou menos como o Brasil. Mudei a residência fiscal. Tudo o que eu ganho no Brasil vem para cá, já como imposto retido lá na fonte antecipadamente. Peguei a certidão negativa e cinco anos depois continuo legal. É o sétimo imposto já que vou declarar na Suíça. E aí tem uma série de sutilezas. Eu morava em um outro apartamento aqui perto. Em Genebra não se acha apartamento e é dificílimo uma permissão para morar em Genebra. Em 2009, aluguei um apartamento logo que vim de Paris e me arrependi porque o apartamento tinha sido feito por Le Corbusier, um suíço que fez mal à Arquitetura. Experimentei o que era Le Corbusier. Para mim, nunca mais. Eu disse à Christina que ela tinha três dias para comprar um apartamento, e ela conseguiu um apartamento ótimo de 800 metros quadrados de terraço e só 200 metros quadrados. Lá eu recebia todo mundo, o presidente suíço, o Fernando Henrique Cardoso, todo mundo.. Genebra só pode ser uma quantidade fechada de habitantes: 195 mil.

Época - Em 2009, o senhor resolveu mudar de atitude em relação à imprensa também?
Coelho - Sim. Eu resolvi que não ia dar mais entrevistas porque entrevistas não vendem livros. Eu tinha notado que o contato com comunidades sociais poderosas era melhor, não tanto na época. Eu resolvi lançar meus livros com as redes sociais para não ter que responder perguntas sobre o que faço com meu dinheiro, como eu explico o meu sucesso etc. Aí a minha agente, Mônica, insistiu que eu desse uma entrevista para uma televisão da Suécia.

Época - Aliás, entrevista como a que estamos fazendo está virando um gênero raro, porque as pessoas estão se auto entrevistando pela internet.
Coelho - É claro, elas postam no Twitter. Quando tem que declarar alguma coisa, faz pela internet. Eu topei a entrevista para a Suécia. A mulher veio até o meu apartamento e imaginava que eu morava em um castelo. Aí fui ler o post no Twitter dela no dia seguinte e ela disse que eu morava em um cabana. Não era cabana. Era um apartamento de cinco cômodos. A pessoa tem mania de grandeza projetada na celebridade. Eu fui dar uma entrevista e a mulher me esculhambou.
Época - O senhor morava em uma cabana com muito amor em Genebra...
Coelho - Pois é, uma cabana em uma cidade com o metro quadrado mais caro do mundo. Eu entendi aquilo como um sinal de que eu devia mudar. Resolvi comprar outro apartamento. Vim ver este em Champel, gostei, tem terraço, lareira, tiro ao alvo, supermercado. Aqui perto, tem tudo o que eu preciso. Eu fui falar com o advogado e ele disse que ninguém podia ter apartamento, exceto os suíços. Só com uma permissão de residência com direito a trabalhar aqui, que leva dois anos. A saída foi usar meus contatos, e levei dois meses. E aí comprei este apartamento e ainda não vendi o outro. E posso trabalhar aqui. Eu posso abrir uma loja, ser empregado de alguém etc. Por isso que me mudei para cá.
Época - Por que o senhor escolheu Genebra para viver, uma cidade considerada entediante?
Coelho - Todo mundo me pergunta isso. É um lugar praticamente habitado por suíços, e as pessoas são raras e vão para casa cedo. Mas é uma das cinco cidades do mundo que têm a maior qualidade de vida: sistema de saúde e transporte, e segurança. São três coisas fundamentais para mim.

"A vida é assim, simples assim; gestos eternos surgem do nada." / Dois gestos / Ricardo Setti

05/04/2014
 às 19:00 \ Política & Cia

Roberto Pompeu de Toledo: Dois gestos

Bellini-placar
Bellini, o inesquecível capitão da Seleção de 1958, e o gesto que imortalizou (Foto: Placar)
Artigo publicado em edição impressa de VEJA

DOIS GESTOS

Hideraldo Luís Bellini e Adolfo Suárez González, dois personagens falecidos nas últimas semanas, tinham em comum o fato de se terem congelado cada qual em um gesto célebre.
Hideraldo Luís Bellini, para quem não está ligando o nome à pessoa, é o Bellini capitão da seleção brasileira de 1958, a primeira a ganhar a Copa do Mundo. Seu gesto foi estender os braços e erguer a taça acima da cabeça, traduzindo a conquista em efígie épica.
Adolfo Suárez é o político espanhol que, em 1976, foi nomeado primeiro-ministro (ou “presidente de governo”, como se diz por lá) pelo rei Juan Carlos com a delicadíssima missão de conduzir a transição da ditadura do general Francisco Franco para a democracia.
Seu gesto foi, cinco anos depois, quando um bando de estouvados golpistas invadiu as Cortes (o Parlamento espanhol), começou a atirar a esmo e mandou os deputados se deitar no chão, ter permanecido teimosamente sentado, “sozinho, estatuário e espectral”, como descreveu o escritor Javier Cercas, autor de brilhante livro sobre o assunto (Anatomia de um Instante), enquanto os outros rastejavam atrás das bancadas.

Durante a tentativa de golpe contra a democracia na Espanha, Adolfo Suárez (à esq.) enfrentou os militares golpistas que acossavam seu vice para assuntos de Defesa, o general Gutierrez Mellado (Foto: EFE)
Durante a tentativa de golpe contra a democracia na Espanha, em 1981, Adolfo Suárez (à esq.) enfrentou no plenário do Parlamento os militares golpistas que acossavam seu vice para assuntos de Defesa, o general Gutierrez Mellado (Foto: EFE)
[Suárez teve um segundo gesto, que merece ser lembrado: ao ver que militares golpistas, armados, agarravam seu vice para assuntos de Defesa, o septuagenário general da reserva e deputado Gutierrez Melado, afastou-os no grito.]
Há estranhas coincidências na vida desses dois homens tão diferentes, de países diferentes e de universos diferentes como o esporte e a política.
Ambos, para começar, eram considerados medíocres no que faziam. Bellini impunha-se nos gramados pelo porte físico. Todos os companheiros da seleção de 1958 eram tecnicamente melhores do que ele.
Adolfo Suárez foi péssimo estudante, formou-se em direito aos trancos e barrancos e ascendeu na política à custa de espertezas.
Bellini foi escolhido capitão porque era zagueiro (reza a cartilha do futebol que zagueiros dão melhores capitães), porque era branco (em 1958 vigia a lenda de que o Brasil perdera as copas anteriores por excesso de negros no time) mas também porque era um homem reto e tinha espírito de liderança.
Adolfo Suárez, “o protótipo perfeito do arrivista que a corrupção generalizada do franquismo criou”, segundo Javier Cercas, nem fama de homem reto tinha ao ser escolhido para o cargo. Causou surpresa e desconfiança que um homem com raízes no passado ditatorial tivesse sido incumbido de conduzir o processo destinado à democratização.
Os dois se superaram em seus papéis.
Bellini foi o capitão exemplar. Se não tinha a técnica, encarnou o empenho e a entrega ─ a “raça”, como se diz no futebol, que também foi característica daquele time, e de outros times que defendeu. Virou o paradigma do capitão no futebol brasileiro.
Suárez, para completa surpresa dos compatriotas, assumiu em sua inteireza a nova persona de democrata e com coragem e habilidade, além das habituais espertezas, levou a bom termo a missão. Tanto grudou em sua pessoa a causa da democracia que até se arriscou por ela, naquele fim de tarde nas Cortes, com seu gesto solitário, enquanto as balas zuniam.
O gesto de Bellini não teve perigos a cercá-lo, mas coincide com o de Suárez na solidão que igualmente o caracteriza. Levantar a taça virou praxe, depois que ele inventou tal procedimento, mas foi assumindo novas feições.
Hoje não é mais um gesto solitário. Depois de erguida pelo capitão, a taça vai passando de mão em mão entre os demais jogadores, enquanto todos pulam, gritam e cantam. O que era celebração de triunfo em modo hierático como de general romano virou carnaval.
Por que Bellini levantou a taça? “Porque todos queriam vê-la e fotografá-la”, respondeu mil vezes o capitão.
Por que Suárez se manteve sentado? “Porque um presidente de governo não deve nunca deitar-se ao chão”, respondia o dirigente espanhol.
A vida é assim, simples assim; gestos eternos surgem do nada. Os dois gestos tiveram significado profundo e duradouro para as respectivas pátrias. O de Bellini simbolizou a vitória sobre o complexo de vira-latas. O de Suárez tornou-se a expressão da altivez e da coragem que contribuíram para a consolidação da democracia.
Uma última coincidência entre os dois homens é que ambos viveram os anos finais fulminados pela tragédia da doença de Alzheimer, sem reconhecer os parentes, escondidos em seus cantos, sem saber nem mesmo quem eram, e muito menos lembrar-se de que um dia protagonizaram gestos que ficaram para a história.
A vida também é assim.

O pessoal do PT é barra pesada..../ Porto de Mariel em Cuba

Blogs e Colunistas

Duda Teixeira


01/02/2014
 às 17:59 \ EconomiaPolítica

Se o investimento do governo brasileiro em Cuba é bom, por que tanto sigilo?

O jornalista Duda Teixeira, da Veja, tocou na ferida com sua matéria na revista desta semana sobre o porto de Mariel em Cuba, financiado por nosso governo petista. Os militantes pagos pelo partido saíram em defesa essa semana da racionalidade econômica da decisão. Sei. Se foi tão bom para o Brasil, por que tudo está tão envolto em sigilo?
Tendo o Brasil enorme carência de portos, uma infraestrutura capenga, um governo que reduz os investimentos para expandir gastos, um PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que é um fracasso na prática, parece muito estranho o governo celebrar esse investimento feito em Cuba.
Ninguém pode ser acusado de paranoico se levantar a suspeita de que foi simples transferência de recursos para a ditadura camarada e agonizante, agora que os petrodólares venezuelanos minguaram, e que no caminho possa ter rolado um toma-lá-dá-cá para ajudar no financiamento da campanha eleitoral do PT este ano. Como diz Duda:


duda teixeira
Tudo muito estranho, muito suspeito. Principalmente quando vemos a reação de sites e blogs que todos sabem servir ao PT de forma escancarada, tentando justificar que o investimento é a melhor coisa do mundo para nossa economia. Piada de mau gosto, que aumenta ainda mais as suspeitas. Como diz Duda, esse investimento está mais para um PAC mesmo: Programa de Amparo a Cuba!
Rodrigo Constantino

Mais de 800 milhões de indianos começam a votar hoje e terminam a votação no 12 de maio....


Com seis semanas de duração, Índia dá início à maior eleição do mundo

Atualizado em  7 de abril, 2014 - 09:12 (Brasília) 12:12 GMT
Cada partido também será representado por um símbolo
É o maior evento eleitoral do mundo: ao longo de seis semanas mais de 800 milhões de indianos votarão para eleger um novo governo.
A primeira fase da votação começa no dia 7 de abril. A nona, e última fase, acontecerá no dia 12 de maio.
Os votos serão contados no dia 16 de maio.

Como funciona essa eleição?

A câmara baixa do parlamento indiano, a Lok Sabha, tem 543 assentos. Qualquer partido ou coalizão precisa ter o mínimo de 272 deputados para formar uma maioria no governo.
Cerca de 814 milhões de eleitores - 100 milhões a mais que na última eleição em 2009 - estão qualificados a votar em 930 mil zonas eleitorais, 100 mil a mais que em 2009.
O voto eletrônico será usado em todas as zonas eleitorais, e todo o processo será observado pela Comissão Eleitoral da Índia.
Cerca de 814 milhões de eleitores estão qualificados a votar

Quem são os principais candidatos?

Esta eleição é principalmente uma disputa entre Narendra Modi, candidato a primeiro-ministro pelo principal partido de oposição, o BJP, e Rahul Gandhi, vice-presidente do Partido do Congresso, atualmente no governo.
No entanto, o líder do partido anticorrupção Aam Aadmi Party (AAP), Arvind Kejriwal, está atraindo muita atenção.
Várias pesquisas de opinião têm dado a Modi uma vantagem considerável sobre seus rivais. No entanto, as pesquisas de opinião na Índia têm um histórico em não acertar os resultados eleitorais.
Rahul Gandhi, Arvind Kejriwal e Narendra Modi são os principais candidatos a premiê
Mas Gandhi e Kejriwal dizem que seu adversário não é a escolha certa para primeiro-ministro, devido a seu passado controverso.
Como ministro-chefe do estado ocidental de Gujarat, Modi é conhecido por promover a prosperidade econômica.
Mas ele é acusado de ter feito pouco para impedir movimentos antimuçulmanos em 2002, no qual mais de mil pessoas morreram - uma acusação que ele sempre negou.
Muitos analistas estão comparando as eleições gerais de 2014 na Índia às eleições presidenciais nos Estados Unidos, por estarem sendo fortemente conduzidas pelas personalidades de seus candidatos.

Os partidos regionais têm algum poder?

O Partido do Congresso tem dominado a política moderna da Índia por boa parte de sua história desde sua independência em 1947.
Ele está no poder desde 2004, mas não forma um governo sozinho desde 1984. O BJP nunca formou um governo sem ter o apoio de partidos regionais.
Este, provavelmente, também será o caso em 2014.
O BJP vai às urnas com alguns partidos menores sob a bandeira da Aliança Democrática Nacional (NDA, na sigla em inglês).
O Partido do Congresso continua com sua Aliança Progressista Unida (UPA, na sigla em inglês) - embora tenha perdido alguns aliados-chave antes das eleições.
Uma série de pequenos partidos regionais, que têm evitado tanto o NDA quanto a UPA antes das votações, deve desempenhar um papel importante se nenhuma das principais coalizões obter maioria.
Líderes de 11 partidos regionais formaram uma "Terceira Frente" contra o Congresso e o BJP, mas analistas acreditam que esta deverá ser quebrada caso nenhum dos principais partidos, ou coalizões, recebam a maioria absoluta dos assentos no parlamento.

Quais são as principais questões?

A corrupção, o desemprego, o aumento da inflação, a economia vacilante, a segurança das mulheres e a segurança nacional são algumas das questões mais importantes.
A primeira fase da votação começa no dia 7 de abril, e a última acontecerá no dia 12 de maio
Tanto a AAP (ou Partido do Homem Comum) quanto o BJP acusaram governante Partido do Congresso de não ser capaz de controlar a corrupção.
O mandato do Congresso tem sido marcado por casos de suspeita, ou confirmação de corrupção, incluindo os Jogos do Commonwealth de 2010 e a prisão do ex-ministro das Ferrovias, Laloo Prasad Yadav.
O AAP, em particular, tem levado a questão da corrupção como a espinha dorsal de sua campanha.
Isso não é surpresa: o partido nasceu de um movimento anti-corrupção que assolou a Índia há três anos, e fez uma estréia espetacular nas eleições em Délhi no ano passado.
Para o BJP, revitalizar a economia, o emprego dos jovens e o desenvolvimento da infra-estrutura estão no topo da lista de prioridades.
O Congresso nega acusações de corrupção feitas pelo BJP, e tem se concentrado em se projetar como um partido "pró- pobre".
Ele prometeu uma série de programas de saúde, incluindo o direito a cuidados de saúde para todos, e pensões para os idosos e deficientes.
O partido também está destacando algumas de suas conquistas, incluindo a marcante lei de direito ao alimento.
A Lei de Segurança Alimentar tornou o alimento um direito legal e visa proporcionar 5kg de grãos a cada mês para centenas de milhares de pessoas pobres.

O que é novo em 2014?

Pela primeira vez, os eleitores indianos terão a opção de rejeitar todos os candidatos, através do botão 'nenhuma das opções acima' nas máquina de votação.
Eleitores transexuais, que anteriormente tinham que se registrar como homem ou mulher diante a Comissão Eleitoral, pela primeira vez serão autorizados a registrar e votar como "terceiro sexo".
E todos os partidos políticos estão fazendo uso extensivo da mídia social - relativamente novo na política indiana.
Enquanto a mídia social ainda tem um longo caminho para alcançar cantos remotos da Índia, certamente agrada aos jovens que formam uma parte significativa dos votos em 2014.