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terça-feira, 2 de junho de 2015

Repórter versus Paulo Coelho


O que você salvaria


Durante minha estada no castelo alugado por uma revista brasileira em Brissac, França, um jornalista da região vem me entrevistar. No meio da conversa, assistida por outras pessoas, ele quer saber: “qual foi a melhor pergunta que um repórter já lhe fez?”

Melhor pergunta? Acho que já me fizeram TODAS as perguntas, menos a que ele acaba de fazer. Peço tempo para pensar, estudo as muitas coisas que queria dizer e nunca quiseram saber. Mas no final, confesso:

“Acho que foi exatamente esta. Já tive perguntas que me recusei a comentar, outras que me permitiram falar sobre temas interessantes, mas esta é a única que não tenho como responder com sinceridade”.

O jornalista anota. E diz:

“Vou lhe contar uma interessante história. Certa vez fui entrevistar Jean Cocteau. Sua casa era um verdadeiro amontoado de bibelôs, quadros, desenhos de artistas famosos, livros. Cocteau guardava tudo, e tinha um profundo amor por cada uma daquelas coisas. Foi então que, no meio da entrevista, eu resolvi perguntar: “se esta casa começasse a pegar fogo agora, e você só pudesse levar uma coisa consigo, o que escolheria?”

“E o que Cocteau respondeu?”, pergunta Álvaro Teixeira, responsável pelo castelo onde estamos, e grande estudioso da vida do artista francês.

“Cocteau respondeu: “eu levaria o fogo”.

E ali ficamos todos, em silêncio, aplaudindo no íntimo do coração a resposta tão brilhante.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Paulo Coelho fala de Buda e sua sabedoria...// G1

G1


A certeza, a escolha e a dúvida

Buda estava reunido com seus discípulos certa manhã, quando um homem se aproximou:
- Existe Deus? - perguntou.
- Existe - respondeu Buda.
Depois do almoço aproximou-se outro homem.
- Existe Deus? - quis saber.
- Não, não existe - disse Buda.
No final da tarde, um terceiro homem fez a mesma pergunta:
- Existe Deus?
- Você terá que decidir - respondeu Buda.
Assim que o homem foi embora, um discípulo comentou revoltado:
- Mestre, que absurdo! Como o Senhor dá respostas diferentes para a mesma pergunta?

- Porque são pessoas diferentes, e cada uma chegará a Deus por seu próprio caminho. O primeiro acreditará em minha palavra. O segundo fará tudo para provar que eu estou errado. E o terceiro só acredita naquilo que é capaz de escolher por si mesmo.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

"Vamos para o Inferno ou para o Paraíso" ... // Paulo Coelho



Razão de existir


Sempre precisaremos ter humildade suficiente para aceitar que nosso coração entende a razão de estarmos neste mundo. É difícil conversar com o coração, mas será mesmo necessário? Basta ter confiança, seguir os sinais, viver sua lenda pessoal, e, cedo ou tarde, percebemos que estamos participando de algo, mesmo que não possamos compreender racionalmente. Diz a tradição que, no segundo antes da nossa morte, cada um se dá conta da verdadeira razão da existência. E neste momento nasce o Inferno ou o Paraíso.

O Inferno é olhar para trás nesta fração de segundo e saber que desperdiçamos uma oportunidade de dignificar o milagre da vida. O Paraíso é poder dizer neste momento: “cometi alguns erros, mas não fui covarde. Vivi minha vida e fiz o que devia fazer”.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Paulo Coelho e a mensagem do dia

G1


por Paulo Coelho


O homem e as oito forças

Para praticar a Arte da Paz, é preciso, em algum momento, mergulhar alternadamente nas oito forças opostas que sustentam o Universo:

Movimento e inércia
Solidez e adaptação,
Contração e distensão,
Unificação e divisão. 

Isso está presente em tudo, da vastidão do espaço à menor das plantas; cada coisa traz em si uma reserva gigantesca da energia universal, que pode ser usada para o bem de todos.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Einstein ainda encanta!

http://g1.globo.com/pop-arte/blog/paulo-coelho/post/palavras-de-einstein.html
por Paulo Coelho

As palavras de Einstein


Continuação das palavras de Einstein, o maior e mais importante cientista do século XX:

Respeito ao mistério: "O sentimento mais importante e mais belo que o homem pode experimentar, é o seu respeito ao mistério; ele é a fonte de toda a arte e ciência. Quem não pode contemplar (o mundo) com espanto, está com seus olhos fechados".

Ciência e religião: "Eu afirmo que a religiosidade cósmica é a mais forte e a mais poderosa de todas as ferramentas de pesquisa científica. Ciência sem religião é incompleta. A religião sem ciência é cega. Todas as religiões, artes, ou ciências, são frutos da mesma árvore, cuja única aspiração é fazer a vida do homem mais digna: ou seja, permitir que o indivíduo se eleve além da simples existência física, e seja livre".

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Um mosaico de sentimentos, de revelações, de sinceridade, de palpites de Paulo Coelho em entrevista à Época

Paulo Coelho: “A barra vai pesar na Copa do Mundo”

Paulo Coelho (Foto: Andreas Rentz/Getty Images for IWC)
Paulo Coelho -  "Eu era um dos idiotas que acreditavam que a Copa do Mundo melhoraria a infraestrutura do Brasil" (Foto: Andreas Rentz/Getty Images for IWC)

O escritor brasileiro mais famoso do mundo diz que não vem ao Brasil ver os jogos do campeonato mundial de futebol porque está decepcionado com o governo, a Fifa e os escritores nacionais


LUÍS ANTÔNIO GIRON, DE GENEBRA
05/04/2014 11h33 - Atualizado em 07/04/2014 13h32 
O escritor Paulo Coelho tem 66 anos e convive com dois stents no coração por causa de um acidente vascular que sofreu em novembro de 2012. Mas nunca esteve tão jovial como agora. Sempre em estado de exaltação e hiperatividade, casado há 34 anos com a pintora Christina Oiticica, ele está à frente de um movimento de jovens escritores fantásticos que pretendem renovar a ficção literária por meio da interação das redes sociais. Ao longo dos anos, aprendeu a dominar as ferramentas da internet. Isso lhe permite controlar tudo o que acontece em torno de sua obra na rede. Tem 28 milhões de seguidores nas redes sociais, dialoga e interage com seus leitores, que hoje ele prefere chamar de internautas. Seu novo romance, Adultério (Sextante, 240 páginas, R$ 24,90), conta uma história tradicional de traição, mas inova no método. Pela primeira vez, um grande escritor conhecido mundialmente se valeu das redes sociais para construir enredos e criar personagens. Ele concedeu esta entrevista exclusiva em seu apartamento em Genebra, na Suíça. Enquanto realizava várias tarefas simultaneamente (computador, arco e flecha e orações), abordou os mais variados assuntos, do seu desagrado com o Brasil atual aos avanços do papa Francisco. Não visita o Brasil oficialmente há uma década, nem pretende comparecer à Copa do Mundo, apesar de ser convidado vip da Fifa. Mesmo torcendo pelo Brasil, ele faz previsões não muito otimistas em relação ao evento. Além de temer o aumento da violência dos protestos em torno dos estádios, ele não aposta que o Brasil vai ganhar a Copa. O Brasil corre o risco de ter uma grande decepção. O tema que predominou nessa conversa que durou seis horas foi o de sua predileção: a arte de contar histórias. E sobre isso ele tem muito a ensinar aos desnorteados autores brasileiros. Esta é provavelmente a entrevista mais longa de Paulo Coelho já publicada. E talvez uma das mais densas.

>>Leio trecho de Adultério, de Paulo Coelho
Época - Por que o senhor trocou a França pela Suíça?
Paulo Coelho - Tudo começou em 2006 quando entrei na viagem que a Europa ia começar a proibir imigrantes e exigir vistos. Era paranoia. A Europa está vivendo um momento complicado, desemprego, essas coisas todas. E eles iriam começar a pedir visto para todo mundo, como já houve antes. Eu entrei na paranoia de que precisava ter uma residência europeia, e eu não tinha.
Época -Mas o senhor morava na França, em Tarbes, nos Pirineus, e depois em Paris, não é isso?
Coelho: Eu não morava lá. Eu passava alguns meses lá. Porque se eu morasse eu iria ser grampeado em 60% do meu dinheiro. Não podia exceder três meses de permanência. Tinha só visto de turista e não permissão de residência. Na França não dava. Tinha a Espanha e Portugal.

Época - A França cobra impostos altíssimos. Tanto que o ator Gérard Depardieu abriu mão da cidadania francesa.
Coelho - Eu entendo o Gérard Depardieu que adotou a cidadania russa e não só eles outros artistas franceses que foram embora. Todos eles saíram da França. O imposto na França é bem aplicado, você vê onde ele está, o governo mostra o que está fazendo com ele. O francês tem tudo. Meu advogado é suíço e ele me sugeriu para pedir o visto na Suíça. Eu disse que seria muito difícil. Ele disse que eu tinha meus amigos no país e poderia recorrer a eles. Disse: ‘Faça seu lobby, consiga três cartas e a gente tenta dar um jeito’. A Suíça não é impossível, mas é hiperdifícil, e em certas cidades como Genebra é impossível. O Ivo Pitanguy tem uma casa em Statt, mas aqui não. Eles admitem que o estrangeiro compre uma casa só em certas cidades.  Eu queria aquilo que eu tinha na casa dos Pirineus e que não tinha mais em Paris: campo, possibilidade de andar todo dia e aeroporto. Pedi ajuda ao Klaus Schwab, presidente do Fórum Econômico de Davos, pedi ao meu editor e a Adolf Ogi, o presidente da Suíça. Mas o presidente tinha ciúmes de mim. A gente se encontra em alguns comitês, mas não somos amigos. Eu me lembro que eu estava no banheiro com ele, a gente fazendo xixi e eu disse olha, eu vou precisar de uma carta sua me recomendando para ter permissão de residência na Suíça. Ogi foi simpático, político: ‘Deixa que eu quebro, desde que seja dentro da lei.’ Pela resposta, pensei que não iria conseguir. Mas o advogado insistiu e mandou a carta. Um dia depois, a carta de resposta chegou para o meu advogado. Não acreditei. Meu advogado me disse o que aconteceu: ‘A secretária do Ogi, que é sua fã, insistiu que ele deveria assinar a permissão! Botou a carta na frente dele e disse: assina aqui’. Eu tinha a permissão de residência. Basta pagar impostos e não cometer crimes.
Época - E o senhor comunicou a mudança de residência à Receita Federal do Brasil?
Coelho - Sim. Em 2006, comuniquei à Receita de que era residente fiscal em outro país. Aqui pago imposto de cerca de 30% sobre a renda, mais ou menos como o Brasil. Mudei a residência fiscal. Tudo o que eu ganho no Brasil vem para cá, já como imposto retido lá na fonte antecipadamente. Peguei a certidão negativa e cinco anos depois continuo legal. É o sétimo imposto já que vou declarar na Suíça. E aí tem uma série de sutilezas. Eu morava em um outro apartamento aqui perto. Em Genebra não se acha apartamento e é dificílimo uma permissão para morar em Genebra. Em 2009, aluguei um apartamento logo que vim de Paris e me arrependi porque o apartamento tinha sido feito por Le Corbusier, um suíço que fez mal à Arquitetura. Experimentei o que era Le Corbusier. Para mim, nunca mais. Eu disse à Christina que ela tinha três dias para comprar um apartamento, e ela conseguiu um apartamento ótimo de 800 metros quadrados de terraço e só 200 metros quadrados. Lá eu recebia todo mundo, o presidente suíço, o Fernando Henrique Cardoso, todo mundo.. Genebra só pode ser uma quantidade fechada de habitantes: 195 mil.

Época - Em 2009, o senhor resolveu mudar de atitude em relação à imprensa também?
Coelho - Sim. Eu resolvi que não ia dar mais entrevistas porque entrevistas não vendem livros. Eu tinha notado que o contato com comunidades sociais poderosas era melhor, não tanto na época. Eu resolvi lançar meus livros com as redes sociais para não ter que responder perguntas sobre o que faço com meu dinheiro, como eu explico o meu sucesso etc. Aí a minha agente, Mônica, insistiu que eu desse uma entrevista para uma televisão da Suécia.

Época - Aliás, entrevista como a que estamos fazendo está virando um gênero raro, porque as pessoas estão se auto entrevistando pela internet.
Coelho - É claro, elas postam no Twitter. Quando tem que declarar alguma coisa, faz pela internet. Eu topei a entrevista para a Suécia. A mulher veio até o meu apartamento e imaginava que eu morava em um castelo. Aí fui ler o post no Twitter dela no dia seguinte e ela disse que eu morava em um cabana. Não era cabana. Era um apartamento de cinco cômodos. A pessoa tem mania de grandeza projetada na celebridade. Eu fui dar uma entrevista e a mulher me esculhambou.
Época - O senhor morava em uma cabana com muito amor em Genebra...
Coelho - Pois é, uma cabana em uma cidade com o metro quadrado mais caro do mundo. Eu entendi aquilo como um sinal de que eu devia mudar. Resolvi comprar outro apartamento. Vim ver este em Champel, gostei, tem terraço, lareira, tiro ao alvo, supermercado. Aqui perto, tem tudo o que eu preciso. Eu fui falar com o advogado e ele disse que ninguém podia ter apartamento, exceto os suíços. Só com uma permissão de residência com direito a trabalhar aqui, que leva dois anos. A saída foi usar meus contatos, e levei dois meses. E aí comprei este apartamento e ainda não vendi o outro. E posso trabalhar aqui. Eu posso abrir uma loja, ser empregado de alguém etc. Por isso que me mudei para cá.
Época - Por que o senhor escolheu Genebra para viver, uma cidade considerada entediante?
Coelho - Todo mundo me pergunta isso. É um lugar praticamente habitado por suíços, e as pessoas são raras e vão para casa cedo. Mas é uma das cinco cidades do mundo que têm a maior qualidade de vida: sistema de saúde e transporte, e segurança. São três coisas fundamentais para mim.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Vivendo em marcha lenta.... // Paulo Coelho

Da Filosofia 

dom, 26/01/14



por Paulo Coelho |categoria Todas



Um professor universitário entra em uma academia de Tai Chi Chuan para aliviar as tensões que sofria em seu trabalho. Durante os primeiros meses, pratica Tai Chi com entusiasmo – mas aos poucos o cansaço vai tomando conta, e resolve desistir.
Na data de sua partida, aproxima-se do mestre:
- Peço desculpas, mas não consigo continuar. Afinal de contas, dediquei tantos anos ao estudo de Filosofia, que acabei esquecendo do meu corpo.
- É uma pena que você desista – respondeu o mestre. – Porque eu também dediquei muito tempo ao estudo de Filosofia. E foi justamente isto que me fez lembrar de meu corpo.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Paulo Coelho / Mensagem do dia


Do sono

dom, 15/12/13

















por Paulo Coelho |
categoria Todas



“Todos nós conhecemos uma doença na África Central chamada de doença do sono. O que precisamos saber é que existe uma doença semelhante que ataca a alma, que é muito perigosa, porque se instala sem ser percebida. Quando você notar o menor sinal de indiferença e de falta de entusiasmo, fique alerta!”
“A única maneira de se prevenir contra esta doença é entendendo que a alma sofre, e sofre muito, quando a obrigamos a viver superficialmente. A alma gosta de coisas belas e profundas. Dê a ela pelo menos o silêncio dos dias de domingo – quando você pode escutá-la sem ser perturbado pelo barulho da vida diária”.
O conselho – importantíssimo – vem de Albert Schweitzer, médi­co e missionário, que recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1952.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

É difícil ser simples, delicado, elegante ...


Da comensalidade

seg, 02/12/13
por Paulo Coelho |
categoria Todas
Shibumi é uma palavra japonesa difícil de traduzir. Meu mestre a utilizou, certa vez, para descrever um jantar simples, mas deli­cioso, que comemos numa aldeia francesa.
- Os japoneses usam esta palavra para a sua arquitetura, disse ele. Significa a total simplicidade, de repente quebrada por um arranjo floral, um vaso decorado, um detalhe que enfeita todo o ambiente. Por causa disto, a beleza das casas japonesas – aparentemente vazias – é muito mais sofisticada que a das casas ocidentais, sempre cheias de pratarias, objetos, quadros, gerando uma confusão visual.
“Um bom Guerreiro da Luz precisa ter shibumi: simplificar sua vida, mas mantendo o detalhe, a elegância e a delicadeza”.