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NOTÍCIAS DE BRASÍLIA

segunda-feira, 19 de maio de 2014

"O Brasil está um caos'... falam as ruas

O Brasil cansou de ser o “país do futuro”?

Os políticos brasileiros devem se manter vigilantes contra um descontentamento difuso e uma revolução silenciosa que explodiu no país e que pode ser um presságio de tormentas maiores


O Brasil, o gigante americano, está numa encruzilhada. Para alguns com risco de derrapar na próxima curva. Neste momento, todos estão crispados e quase incrédulos. “O Brasil está um caos”, é a frase que mais se escuta na rua.
O fato é que o Brasil luta para sair de uma situação que começou a incomodá-lo: cansou-se de ser “o país do futuro” e quer ser o do presente, do agora. Não lhe bastam promessas, e menos ainda as descumpridas. E quer um hoje com qualidade de vida. Entre os brasileiros, 73% desejam “mudanças”, inclusive radicais.
Repetiu-se durante muito tempo que o Brasil era o “país do futuro”, e apresentava-se a Petrobras como a joia da coroa, emblema da eficiência empresarial, uma empresa modelo no mundo, da qual hoje estão sendo vistos os pés de barro.
Qualificar o Brasil como país do futuro acarretava implicitamente que ele ainda não era um país adulto, e sim um adolescente. Embalados por esse mantra, os brasileiros se sentiram esperançados, mesmo sofrendo as garras da realidade presente, cheia de injustiça social, desigualdades dramáticas e serviços públicos de Terceiro Mundo.
Agora, os brasileiros querem ser adultos, sem esperar esse futuro incerto, porque além do mais o relógio da História se acelerou, e seus filhos e netos – que serão, esses sim, o futuro o Brasil – nascem já com o pé no acelerador e a mão no smartphone.
Sob essa óptica é preciso analisar esse ardor, esse desencanto e até esses surtos de violência repentina e de desassossego generalizado de pessoas que já não se sentem satisfeitas e querem mudar tudo, embora sem saber ainda como fazer isso.
O Brasil deveria, neste momento, se olhar sobretudo no espelho dos países irmãos contagiados pelo vírus de um populismo destrambelhado e corrupto, vizinho do autoritarismo ditatorial, como denunciou neste jornal com dureza o escritor Mario Vargas Llosa, referindo-se ao socialismo bolivariano da Venezuela.
É sintomático que, em todos os países onde se desencadeou com violência um movimento de protesto para mudar as coisas, tal revolta tenha sido capitaneada sobretudo pelos jovens, que acabaram arrastando para a sua causa outros setores da sociedade que comungam das suas aspirações.
E no Brasil? Algo que deveriam levar em conta os que governam os países, inclusive os que vivem em uma democracia decente, embora sempre imperfeita, como a brasileira, é que os jovens representam um impulso para a mudança.
Os jovens precisam estar na primeira fila quando se trata de mudar as coisas, porque levam no seu sangue quente o aguilhão da pressa e a ânsia pelo novo. E suportam, por exemplo, pior que os adultos a corrupção política, porque ainda não estão viciados nessa perigosa roleta.
Os poderes podem às vezes cooptar esses jovens com falsos ideais apresentados a eles como revolucionários ou progressistas. Trata-se muitas vezes de operações populistas e enganosas, que acabarão um dia explodindo e se rebelando contra tais poderes. Os jovens costumam ser agregadores, grupais, ao passo que, muitas vezes, os políticos separam e discriminam a ponto de considerarem seus adversários como inimigos.
Os Governos de alguns países já estão pagando o preço por terem enganado os jovens impedindo-os de participar em plena liberdade das mudanças de época. E quando os jovens despertam dos pesadelos autoritários que lhes foram impostos, ressurgem em seus protestos com uma força renovada e até perigosa, como estamos vendo em várias latitudes do mundo.
Talvez os governantes devessem estudar um pouco mais de psicologia, um pouco mais de Freud, Jung e Lacan, para não dormirem sobre os louros na vã esperança de que os jovens numa democracia jamais pretenderão ser impertinentes com o poder. Ou de que seja possível curvá-los pelo medo ou o suborno. A rebeldia continua aninhada no subconsciente do jovem, pronta sempre para estourar.
Aqui no Brasil os jovens começam a dar sinais de desassossego, que se refletem cada vez mais em ações de vandalismo, no ressurgimento de gestos racistas nos estádios de futebol, que pareciam desaparecidos, ou em formas perigosas de tomar a justiça nas próprias mãos. Isso poderia significar que as águas do inconformismo e do desejo de criar algo melhor chegaram a um nível alarmante.
Os sintomas são estudados em Medicina como prognósticos de possíveis enfermidades graves. A febre é tão necessária para a segurança do nosso organismo que, segundo a ciência, sem ela morreríamos na primeira enfermidade grave.
Querer curar a febre quebrando o termômetro é a mesma prática estúpida do avestruz de esconder a cabeça diante do perigo, em vez de enfrentá-lo a cara descoberta.
Os políticos devem hoje mais do que nunca se manter vigilantes contra um descontentamento difuso e uma revolução silenciosa que estalou no país e que costuma ser presságio de tormentas maiores.
E, para conseguir o que querem, os jovens não se comportarão como filhos bons, educados e obedientes. Foram sempre, e continuam sendo hoje, iconoclastas, idealistas e pragmáticos ao mesmo tempo, por paradoxal que pareça. Atenção na Copa!
Tudo isso é, ao mesmo tempo, um alerta e uma esperança, para o Brasil e para todo o continente latino-americano, já que, enquanto as águas transbordadas podem ser benéficas ou devastadoras, as estancadas acabam sempre apodrecendo.
Ficar inativo, além de impossível, costuma ser perigoso.
Os jovens hoje são ecumênicos. Querem ser “cidadãos do planeta”, como escreveu neste mesmo jornal Nathan Gardeis. São filhos do presente. Ignorar isso é brincar com fogo. O Brasil será julgado pelo hoje, não pelo ontem nem por um futuro messiânico.
E as eleições estão às portas. E já há rugidos de alerta.

Discursos de D. Dilma são inspirações para humoristas e temas funestos para uso de adversários


Bala para todo lado


JR GUZZO - 
Balas da metralhadora
Alguma coisa acontece na cabeça da presidente Dilma Rousseff quando se cruzam ali dentro a avenida por onde passam os pensamentos que ela quer transmitir ao público e a avenida de onde eles saem para o mundo, depois de transformados em palavras. Ou, ao contrário, alguma coisa que deveria acontecer nessa hora não acontece. Seja por um  motivo ou por outro, o fato é que a presidente, de uns tempos para cá, não está fazendo muito sentido, ou mesmo nenhum sentido, quando fala de improviso. Dilma, nessas ocasiões, imagina que está usando a linguagem do “grande público”. Mas a coisa não vai. Ela dá na chave, dá de novo, insiste, mas o motor não pega. O resultado final é que só vem conseguindo tornar-se cada vez mais incompreensível. Não é exagero. Tente, por exemplo, entender o seguinte: “”Quando você chega num banco, ele te pergunta qual a garantia que você me dá? Eu vou pagar a vocês, para me aceitar emprestar um dinheiro para você me pagar”. Isso aí foi dito por Dilma em Feira de Santana, no fim de abril, numa viagem de sua campanha eleitoral em que presentou prefeituras do interior da Bahia com tratores, escavadeiras e outras máquinas. Não é uma distorção do que disse, nem um boato – É o que consta nos registros oficiais do Palácio do Planalto. Não é tampouco uma “frase fora do contexto” e fora da compreensão humana.
Pelo jeito, a presidente está tendo dificuldades nos circuitos cerebrais que traduzem as ideias em sons, os sons em palavras e as palavras em frases inteligíveis. As cordas vocais não estão obedecendo às ordens enviadas pelo cérebro. – ou   o cérebro está enviando ordens desconexas para as cordas vocais. No caso de Feira de Santana, não conseguiu acertar nem a pontuação. Poderia ter sido, talvez, apenas um momento infeliz? Infeliz o momento foi, com certeza; mas não foi um momento. Ao contrário, esse caos que Dilma constrói quando fala em público vem sendo um processo, ou pelo menos uma série de muita consistência. É só ver o   que ela anda falando. “Esses receituário que quer matar o doente, em vez de curar o paciente, ele é complicado”, disse numa viagem recente a África do Sul,  referindo-se às ideias de controlar a inflação através  da redução do  gasto público. “Isso está datado”. Como assim? Matar o doente, como ela diz, não é  “complicado”; é simplesmente estúpido. Também não é um tratamento “datado”, que já valeu mas hoje está obsoleto; matar gente nunca foi certo.
Ainda outro dia, numa conversa com jornalistas em Brasília, voltou às suas aulas de economia: “Ai vem uma  pessoa e diz que a meta da inflação é 3%. Faz uma meta  de 3%… Sabe o que significa? Desemprego lá pelos 8,2%. De onde vêm esses exatíssimos “02%” que ela aos 8% quando seu governo  não acerta sequer uma previsão para o dia seguinte? Dilma já disse que “ a inflação foi uma conquista desses dez últimos anos de governo, do presidente Lula e do meu governo”.
Supõe-se que tenha havido aí um desencontro entre o que pensou e o que falou -  e  que pensou era mentira. Num seminário nos Estados Unidos, enfiou -se  de repente no tema de ônibus escolares e informou à plateia: “No Brasil não é assim conosco. Estamos criando ônibus escolar padronizado do início do século XXI”. Logo depois explicou ao investidor privado que, “ se quiser fazer o backroll, perfeitamente, ele  faça o backroll, se quiser fazer o backbone, perfeitamente, faça o backbone. Nós não queremos 1 mega real de banda larga, nós queremos o padrão, eu não vou dizer qual é o padrão”. Por que não? E essa história de backroll e backbone”?
Dilma  também foi capaz de fazer, em pleno exercício da presidência da República, a seguinte oração: “ Primeiro, eu gostaria de dizer que eu tenho muito respeito pelo ET de Varginha. Este respeito pelo ET de Varginha está garantido”. A presidente estava em Varginha, em Minas Gerais, para visitar, acredite-se ou não, um “museu do ET”, no qual o governo federal aplicou cerca de 1 milhão de reais. ( Iniciado em 2007, o museu nunca ficou pronto, e jamais foi visitado por ninguém. Está abandonado desde 2010). Outro grande momento foi no Ceará, agora em março. “ Os bodes, eu não me lembro qual é o nome, mas teve um prefeito que me disse assim: ‘ eu sou o prefeito da região produtora da terra do bode’. Então nós vamos fazer um Plano Safra que atenda os bodes que são importantíssimos”. É bala para todo lado.
“Pobre Dilma Rousseff, escreveu a seu respeito o Financial Times. Parecia uma Angela Merkel, com eficiência alemã. Acabou com um desempenho de irmãos Marx.
Fonte:  JR GUZZO.  Revista Veja, edição 2374 – ano 47 – nº 21. (21/05/2014)

domingo, 18 de maio de 2014

Acredite que dá!

18/05/2014 - 02h00 - Atualizado 18/05/2014 - 02h03 

Minha história: Ex-menino de rua cria agência de turismo bilionária 
DEPOIMENTO A... JOANA CUNHA DE SÃO PAULO 
Dono da Flytour, companhia de turismo com faturamento anual de R$ 4 bilhões, Eloi de Oliveira fugiu de casa aos oito anos para escapar dos maus-tratos do cunhado alcoólatra. Foi menino de rua, dormiu em albergues e, com os dentes quebrados, teve dificuldades para arrumar um emprego até encontrar Stella Barros, que lhe deu uma oportunidade de trabalho e um sofá para dormir na maior agência do país à época. * Helena Wolfenson/Folhapress Eloi de Oliveira , presidente do grupo Flytour, no sofá que mantém para lembrar a origem humilde Sou de uma família pobre, de Esteio, no Rio Grande do Sul. Fui o 14º de 15 filhos. Quando minha mãe faleceu no parto do último, meu pai começou a dar as crianças a amigos e parentes. Foi minha irmã, que tinha 14 anos e já era casada, quem me pegou e quis me criar, em Porto Alegre. Ela fazia pastéis, e eu, um menino gago, vendia depois da escola. Hoje tenho uma empresa de turismo que fatura R$ 4 bilhões por ano, com 2.700 funcionários e 220 escritórios. A Flytour tem 40 anos, sempre atendendo só clientes corporativos e agências. Mas daremos um novo passo neste ano. Entramos no varejo. Vamos vender lazer diretamente para a pessoa física. Até 2018, serão 426 novas lojas, principalmente em shoppings, para concorrer com CVC, Marsans e outros. Eu tinha oito anos quando fugi de casa pela primeira vez. O marido da minha irmã bebia muito. Ele era agressivo e isso ficou insuportável. Escapei num dia em que ele me deu dinheiro e mandou ir buscar pinga. Fiquei no centro da cidade, até que o juizado de menores me prendeu. Então eu tive que voltar a vender pastéis. Mas, na primeira oportunidade, fugi de novo. Nas ruas, eu ouvia falar de São Paulo. Por isso resolvi pedir carona e viajar. Ia de cidade em cidade, mentindo que tinha uma tia na cidade seguinte. Na época era fácil. Assim cheguei à praça da Sé e fiquei lavando carro até ser preso de novo pelo juizado e mandado de ônibus a Porto Alegre. Quando cheguei, entrei numa loja e inventei que era de São Paulo. Ajudaram-me com uma vaquinha e eu viajei de volta. Numa dessas viagens, parei para trabalhar numa padaria. Por acidente, derrubei os pães e o padeiro me xingou. Chamei-o de "corno", ele me deu um soco na boca e perdi os dentes. Na segunda vez em São Paulo, fui para a rodoviária. Tinha nove anos. Engraxei e vendi jornais, mas sentia medo de ser preso. Um dia, um senhor me viu e me levou para a casa dele, onde trabalhei areando panela e cuidando dos netos. Enquanto isso, arrumei também serviço numa casa de malas. Fiquei assim até os 12 anos, quando decidi ir embora para o Rio com dois amigos adolescentes. Acho que trabalho no turismo porque viajar está no sangue. Toda criança nasce com um dom. Então eu deixei o serviço e a casa e fui fazer meus documentos num cartório no viaduto do Chá. Senti como se eu tivesse voltado para a rua e pensei em me jogar do viaduto. Mas resisti. Consegui os documentos e viajamos. Veja vídeo Assista ao vídeo em tablets e celulares Perto do Copacabana Palace, fui para o que sabia fazer bem: lavar e guardar carro. Sempre fui bom vendedor. Acabei fazendo amizade com um guia turístico que me deixava cuidar das vans. Ele me ofereceu um emprego fixo na Stella Barros, que era a maior agência do país. Virei office boy. Naquela época, usavam muito boy, pois quem emitia a passagem era a companhia aérea. Quando soube que não tinha onde dormir, vovó Stella me deixou usar o sofá da empresa. Eu tinha que levantar antes que todos chegassem e só podia me deitar quando o último funcionário saísse. O sofazinho eu mantenho até hoje, em todas as nossas agências, porque eu acho que quando você cresce tem que lembrar de onde veio. Humildade é uma coisa que nunca quero perder, mesmo que eu ganhe muito dinheiro. Arrogância é ignorância. Lembre-se que eu não tinha os dentes. É difícil achar emprego sem dente. Foi vovó Stella que me levou na faculdade de odontologia e os alunos fizeram o tratamento. Ela também me ensinou a falar o português correto. Não voltei à escola, mas tenho uma coleção de 4.500 crachás de congressos de que participo e palestras que dou. É meu diploma, minha formação. Enquanto fiquei no Rio, com frequência visitava minha irmã no Sul. Passava em São Paulo, corria na rua José Paulino para comprar malhas e subia em outro ônibus para Porto Alegre, onde ganhava um dinheiro vendendo as roupas. Você nasce vendedor, mas, quando tem dificuldade, fica melhor. No Rio, fiquei até os 17 anos, quando minha irmã se mudou para São Paulo com seis filhos. Resolvi ajudá-la. Consegui emprego no Bradesco e ficamos num cortiço na Barra Funda. Aos 20 anos, me casei e aluguei um apartamento no Copan. Hoje tenho minha esposa e quatro filhos. Mas começamos do zero. Eu trabalhava no Bradesco, na LAP (Linhas Aéreas Paraguaias) e na rodoviária, como fiscal de plataforma, até a meia-noite. Aí roubaram nosso fusquinha, perdi o emprego e meu sogro quis buscar minha mulher porque estávamos em muita dificuldade. Mudamos para a casa dele e comecei tudo de novo, três empregos simultâneos. Hoje, tenho de novo um fusquinha preto, que uso para vir trabalhar. Quando meu filho nasceu, eu já tinha alugado um apartamento e estava muito bem, como diretor de vendas na LAP, para onde tinha voltado. Infelizmente, a empresa teve nova crise e fui mandado embora mais uma vez. Neste país, quando você perde o emprego, perde a dignidade. Fiquei desesperado. Aí encontrei um hoteleiro, da Panamericana de hotéis, que me chamou para ser representante dele no Brasil. Ele me deu a oportunidade de abrir um escritório próprio. Assim, em uma mesa emprestada dentro de um hotel, nasceu a EDO, que hoje é a Flytour, em 1974. Empreender é saber vender. Por isso eu coloco um V no meio da palavra: emprevendedor.

As instituições dão mole...

18/05/2014 - 10h23 - Atualizado 18/05/2014 - 11h57
 Presos fazem parentes e carcereiros de reféns durante rebelião em Aracaju 
No Rio de Janeiro Cerca de 120 familiares dos presos e quatro carcereiros estão sendo feitos de reféns em uma prisão de Aracaju há cerca de 22 horas, onde os detidos permanecem em rebelião desde sábado, informaram neste domingo (18) fontes oficiais. O motim aconteceu em Complexo Penitenciário Advogado Jacinto Filho (Compajaf) durante o horário de visitas dos familiares, segundo informou a Secretaria de Segurança Pública de Sergipe. Os presidiários mantêm como reféns quatro carcereiros, um dos quais estaria ferido, embora não gravemente, e impedem a saída dos parentes. O Comandante Geral da Polícia Militar de Sergipe, Mauricio Iunes, disse que não considera que os parentes sejam reféns porque os presidiários não os ameaçam. "Os parentes não são considerados reféns, apesar de que serem impedidos sair da unidade. Na realidade são potenciais reféns porque muitos podem estar ali para proteger os presos. Também não achamos que os presidiários vão ferir suas próprias famílias", manifestou Iunes aos meios de comunicação locais. Por outro lado, "os agentes penitenciários são considerados reféns porque estão sendo ameaçados", acrescentou. A polícia negociou durante todo o sábado com os reclusos, mas estes se negaram a depor as armas e a libertar as pessoas.

sábado, 17 de maio de 2014

"As locomotivas estavam prontas para partir, mas alguém torceu uma das alavancas e elas se foram na direção oposta" (Oswald de Andrade)

Arnaldo Jabor
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O Brasil está com ódio de si mesmo

06 de maio de 2014 | 2h 07
Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo
O Brasil está irreconhecível. Nunca pensei que a incompetência casada com o delírio ideológico promoveria este caos. Há uma mutação histórica em andamento. Não é uma fase transitória; nos últimos 12 anos, os donos do poder estão a criar um sinistro "espírito do tempo" que talvez seja irreversível. A velha "esquerda" sempre foi um sarapatel de populismo, getulismo tardio, leninismo de galinheiro e agora um desenvolvimentismo fora de época. A velha "direita", o atraso feudal de nossos patrimonialistas, sempre loteou o Estado pelos interesses oligárquicos.
A chegada do PT ao governo reuniu em frente única os dois desvios: a aliança das oligarquias com o patrimonialismo do Estado petista. Foi o pior cenário para o retrocesso a que assistimos.
Antes dessa terrível dualidade secular, a mudança de agenda do governo FHC por sorte criou um pensamento mais "presentista", começando com o fim da inflação, com a ideia de que a administração pública é mais importante que utopias, de que as reformas do Estado eram fundamentais. Medidas simples, óbvias, indutivas, tentaram nos tirar da eterna "anestesia sem cirurgia". Foi o Plano Real que tirou 28 milhões de pessoas da pobreza e não este refrão mentiroso que os petistas repetem sobre o Bolsa Família ou sobre o PAC imaginário.
Foi um período renegado pelo PT como "neoliberal" ou besteiras assim, mas deixou, para nossa sorte, algumas migalhas progressistas.
Tudo foi ignorado e substituído pelo pensamento voluntarista de que "sujeitos da história" fariam uma remodelagem da realidade, de modo a fazê-la caber em suas premissas ideológicas. Aí começou o desastre que me lembra a metáfora de Oswald de Andrade, de que "as locomotivas estavam prontas para partir, mas alguém torceu uma alavanca e elas partiram na direção oposta".
Isso causa não apenas o caos administrativo com a infraestrutura morta, como também está provocando uma mutação na psicologia e no comportamento das pessoas. O Brasil está sendo desfigurado dentro de nossas cabeças, o imaginário nacional está se deformando.
Há uma grande neurose no ar. E isso nos alarma como a profecia de Lévi-Strauss de "que chegaríamos à barbárie sem conhecer a civilização". Cenas como os 30 cadáveres ao sol no pátio do necrotério de Natal, onde os corpos são cortados com peixeiras, fazem nossa pele mais dura e o coração mais frio. Defeitos e doçuras do povo, que eram nossa marca, estão dando lugar a sentimentos inesperados, dores nunca antes sentidas. Quais são os sintomas mais visíveis desse trauma histórico?
Por exemplo, o conceito de solidariedade natural, quase 'instintiva', está acabando. Já há uma grande violência do povo contra si mesmo.
Garotos decapitam outros numa prisão, ônibus são queimados por nada, com os passageiros dentro, meninas em fogo, presos massacrados, crianças assassinadas por pais e mães, uma revolta sem rumo, um rancor geral contra tudo. O Brasil está com ódio de si mesmo. Cria-se um desespero de autodestruição e o País começa a se atacar.
Outro nítido efeito na cabeça das pessoas é o fatalismo: "É assim mesmo, não tem jeito não". O fatalismo é a aceitação da desgraça. E vêm a desesperança e a tristeza. O Brasil está triste e envergonhado.
Outro sintoma claro é que as instituições democráticas estão sem força, se desmoralizando, já que o próprio governo as desrespeita. Essa fragilização da democracia traz de volta um desejo de autoritarismo na base do "tem de botar para quebrar!". Já vi muito chofer de táxi com saudades da ditadura.
A influência do petismo também recriou a cultura do maniqueísmo: o mal está sempre no outro. Alguém é culpado disso tudo, ou seja, a 'media conservadora' e a oposição.
A ausência de uma política contra a violência e a ligação de muitos políticos com o tráfico estimula a organização do crime, que comanda as cadeias e já demonstra uma busca explícita do horror. A crueldade é uma nova arte incorporada em nossas cabeças, por tudo que vemos no dia a dia dos jornais e TV. Ninguém mata mais sem tortura. O horror está ficando aceitável, potável.
O desgoverno, os crimes sem solução, a corrupção escancarada deixam de ser desvios da norma e vão criando uma nova cultura: a cultura da marginalidade, a "normalização" do crime.
Uma grande surpresa foi a condenação da Copa. Logo por nós, brasileiros boleiros. Recusaram o 'pão e circo' que Dilma/Lula bolaram, gastando mais de 30 bilhões em estádios para "impressionar os imperialistas" e bajular as massas. Pelo menos isso foi um aumento da consciência política.
Artistas e intelectuais não sabem o que pensar - como refletir sem uma ponta de esperança? Temos aí a "contemporaneidade" pessimista.
Cria-se uma indiferença progressiva e vontade de fuga. Nunca vi tanta gente falando em deixar o País e ir morar fora. As mutações mentais são visíveis: nos rostos tristes nos ônibus abarrotados, na rápida cachaça às 6 da manha dos operários antes de enfrentar mais um dia de inferno, nos feios, nos obesos, no desânimo das pessoas nas ruas, no pessimismo como único assunto em mesas de bar.
Vimos em junho passado manifestações bacanas, mas sem rumo; contra o quê? Um mal-estar generalizado e sem clareza, logo escrachado pelos black blocs, a prova estúpida de nosso infantilismo político.
É difícil botar a pasta de dente para dentro do tubo. Há uma retroalimentação da esculhambação generalizada que vai destruindo as formas de combatê-la. Tecnicamente, não estamos equipados para resolver as deformações que se acumulam como enchentes, como um rio sem foz.
E o pior é que, por trás da cultura do crime e da corrupção, consolida-se a cultura da mentira, do bolivarianismo, da preguiça incompetente e da irresponsabilidade pública.
O Brasil está sofrendo uma mutação gravíssima e nossas cabeças também. É preciso tirar do poder esses caras que se julgam os "sujeitos da história". Até que são mesmo, só que de uma história suja e calamitosa.

O pessoal do PT é 'barra pesada' / As intimidades do governo do PT/ Rosemary Noronha

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/rosemary-noronha-tentou-envolver-o-governo-em-escandalo-de-corrupcao

Rosemary Noronha fez chantagem contra o governo Dilma 

Dizendo-se abandonada, a ex-chefe do escritório da Presidência da República queria ajuda — e conseguiu

Robson Bonin
Rosemary Noronha
Rosemary Noronha
A discrição nunca foi uma característica da personalidade da ex­-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha. Quando servia ao ex-presidente Lula em Brasília, ela era temida. Em nome da intimidade com o “chefe”, como às vezes também se referia a ele, Rose fazia valer suas vontades mesmo que isso significasse afrontar superiores ou humilhar subordinados. Nos eventos palacianos, a assessora dos cabelos vermelhos e dos vestidos e óculos sempre exuberantes colecionou tantos inimigos — a primeira-da­ma não a suportava — que acabou sendo transferida para São Paulo. Mas caiu para cima. Encarregada de comandar o gabinete de Lula de 2009 a 2012, Rose viveu dias de soberana e reinou até ser apanhada pela Polícia Federal ajudando uma quadrilha que vendia facilidades no governo. Ela usava a intimidade que tinha com Lula para abrir as portas de gabinetes restritos na Esplanada. Em troca, recebia pequenos agrados, inclusive em dinheiro. Foi demitida, banida do serviço público e indiciada por crimes de formação de quadrilha e corrupção. Um ano e meio após esse turbilhão de desgraças, no entanto, a fase ruim parece ter ficado no passado. Para que isso acontecesse, porém, Rosemary chegou ao extremo de ameaçar envolver o governo no escândalo.
Em 2013, no auge das investigações, quando ainda lutava para provar sua inocência, a ex-se­cretária Rosemary procurou ajuda entre os antigos companheiros do PT — inclusive Lula, o mais íntimo deles. Desempregada, precisando de dinheiro para pagar bons advogados e com medo da prisão, ela desconfiou que seria abandonada. Lula não atendia suas ligações. O ex-ministro José Dirceu, às vésperas da fase final do julgamento do mensalão, estava empenhado em salvar a própria pele e disse que não podia fazer nada. No Palácio do Planalto, a ordem era aprofundar as investigações. Em busca de amparo, Rose concluiu que a única maneira de chamar a atenção dos antigos parceiros era ameaçar envolver figuras importantes do governo no escândalo. Mensagens de celular trocadas pela ex-secretária com pessoas próximas mostram como foi tramada a reação. Magoada com o PT por ter permitido que a Casa Civil aprofundasse as investigações sobre suas traficâncias, Rose destila ódio contra a então ministra Gleisi Hoffmann. Em uma conversa com um amigo, em abril do ano passado, desabafa: “Tão chamando a ministra da Casa Civil de Judas!!! Ela bem que merece!!!”. O interlocutor assente: “Ela vazou a porcaria toda. Vamos em frente”. Rose acreditava que o próprio Palácio do Planalto estava por trás das revelações sobre o desfecho da sindicância — “a porcaria toda” — que apontava, entre outras irregularidades, o seu enriquecimento ilícito no cargo.
Com o fundo do poço cada vez mais próximo, Rosemary decidiu arrastar para dentro do escândalo figuras centrais do Planalto e, se possível, a própria presidente Dilma Rousseff. A estratégia consistia em constranger os antigos colegas de governo pressionando-os a depor no processo que tramitava na Controladoria-Geral da União. “Quero colocar o Beto e a Erenice Guerra”, diz Rose em uma mensagem. “Você quer estremecer o chão deles?”, questiona o interlocutor. “Sim”, confirma Rose. “Porque vai bombar. Gilberto Carvalho também?”, indaga. “O.k.”, devolve ela. As autoridades que deveriam “estremecer” não foram escolhidas por acaso. Atual chefe de gabinete da presidente Dilma Rousseff, Beto Vasconcelos era na ocasião o número 2 da Casa Civil. Ao lado da ex-ministra Erenice Guerra, ele servira a Dilma no Planalto durante anos. Rose os conhecia como a palma da mão e sabia que eles tinham plena consciência do seu temperamento explosivo. A conclusão da conversa no celular, resumida pelo interlocutor, revela as reais intenções da ex-secretária: “Vai rolar muito stress... Vão bater na porta da Dilma. Vão ficar assustados”.
O plano embutia um segundo objetivo. Rosemary também queria se reaproximar de um ex-amigo em especial. Ao tentar “estremecer” o chão de Gilberto Carvalho, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência e homem de confiança de Lula, Rose tinha um propósito bem específico. Ela queria restabelecer as suas ligações com “Deus”, como a ex-sec­retária­­ costuma se referir ao ex-presidente Lula. Em outra troca de mensagens de celular, um interlocutor diz a Rose que, com a indicação das testemunhas — Gilberto Carvalho, Beto Vasconcelos e Erenice Guerra — no processo da CGU, “o momento é oportuno para aproximação com Deus...”. Mas a ex-pro­tegida de Lula se mostra cética e insatisfeita. “Vai ser difícil. Ele está com muitas viagens. Não posso depender dele”, diz Rose. Não se sabe exatamente o que aconteceu a partir daí, mas a estratégia funcionou. Um dos homens mais próximos a “Deus”, Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, cuidou pessoalmente de algumas necessidades mais imediatas da família de Rosemary durante o processo. Além de conseguir ajuda para bancar um exército de quase quarenta juristas das melhores e mais caras bancas de advocacia do país, a ex-se­cretária reformou a cobertura onde mora em São Paulo e conseguiu concretizar o antigo projeto de ingressar no mundo dos negócios.
Rosemary comprou uma franquia da rede de escolas de inglês Red Balloon. Para evitar problemas com a ficha na polícia, o negócio foi colocado no nome das filhas Meline e Mirelle e do ex-marido José Cláudio Noronha. A estratégia para despistar as autoridades daria certo não fosse por um fato. A polícia já havia apreen­dido em 2012, na casa de Rose, todo o planejamento para aquisição da franquia. Os documentos mostravam que o investimento ficaria a cargo da quadrilha que vendia influência no governo. Na época, a instalação da escola foi orçada em 690 000 reais — padrão semelhante aos valores praticados atualmente no mercado —, dinheiro que Rosemary e seus familiares não possuíam. Como, então, a família que informava ter um patrimônio modesto conseguiu reunir os recursos? Procurada por VEJA, Meline Torres, responsável pela administração da escola, informou que todos os investimentos foram realizados a partir de “economias”. “Eu trabalhei muito durante a minha vida (Meline tem 29 anos). Trabalho desde os 18 anos com registro em carteira e tenho poupança. Meu pai também está me ajudando com recursos dele, aliás, do trabalho de uma vida”, explicou. Rosemary não quis se pronunciar.   
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"O mal-estar do sucesso" pode ser um eufemismo de inveja... ou um 'tiro no pé'

O Chile e a armadilha dos países de renda média

A armadilha na qual o Chile pode estar caindo é a de querer replicar um Estado de bem-estar ao estilo europeu em um país que ainda não é rico


Por muitos anos os economistas estudaram se existe uma “armadilha dos países de renda média” que explicaria por que algumas nações parecem ficar a meio caminho entre a pobreza e a prosperidade. A análise é pertinente considerando que na América Latina temos um país que, estando às vésperas do desenvolvimento, parece começar a renegar o próprio êxito.
Segundo a teoria, os países de renda média podem ver-se enredados no subdesenvolvimento ao não poder competir com as nações mais pobres em abundância de mão de obra barata nem com as mais ricas em desenvolvimento tecnológico. A ausência dessas vantagens competitivas explicaria por que as nações parecem experimentar uma queda em suas taxas de crescimento econômico quando a renda per capita nacional se encontra entre os US$ 11.000 e US$ 16.000, aproximadamente (medido em paridade de poder aquisitivo, PPA).
No entanto, como afirmara a revista The Economist em um artigo esclarecedor há um ano, a evidência empírica não parece sustentar tal tese. Embora um país possa sofrer uma desaceleração em seu ritmo de crescimento à medida que se aproxima de nações desenvolvidas, em nenhum sentido isso implica um estancamento econômico. Isso parece explicar o caso do país mais avançado da América Latina.
Com US$ 19.067 (PPA) em 2013, o Chile tem a renda per capita mais alta da América Latina. Seu êxito econômico foi acompanhado de grandes avanços sociais e institucionais: a CEPAL indica que conta com o desempenho mais impressionante em redução do nível de pobreza nos últimos 20 anos na região (de 45% em 1990 para 11% em 2011). O Chile está na frente na América Latina em desenvolvimento humano, segundo as Nações Unidas. E o World Justice Project o situa como o país com as instituições democráticas mais fortes da região – um fato destacável, pois foi a última nação da América do Sul a abandonar a ditadura militar.
O Chile alcançou o status de país de renda média em 2003. Nos 10 anos anteriores a esse marco histórico teve uma taxa média de crescimento anual de 4,6% enquanto na década seguinte a média foi de 4,7% ao ano. Não houve desaceleração. Ao contrário, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional, para 2008 o país andino superaria o limite de US$23.000 que qualifica uma nação como “desenvolvida”.
O contínuo êxito econômico chileno se assenta em sua decidida aposta em um modelo de livre mercado. Em 1975 essa nação tinha a economia mais fechada da América Latina, de acordo com a medição dos países pelo índice de Liberdade Econômica no Mundo, publicado anualmente pelo Fraser Institute. Depois de anos de profundas reformas estruturais durante o regime de Augusto Pinochet, que posteriormente foram consolidadas e até ampliadas pelos governos democráticos de centro-esquerda, o Chile conta hoje com a economia mais aberta e moderna da região.
No entanto, o Chile bem poderia estar sofrendo de outro tipo de armadilha do desenvolvimento. A chegada ao poder de um novo governo de esquerda ocorre depois de vários anos de descontentamento social e de protestos, principalmente estudantis, que, no fundo, exigem acabar com o modelo econômico que deu origem a tanto progresso. O historiador chileno Mauricio Rojas descreve a ironia como “o mal-estar do sucesso”: uma classe média frustrada não por suas carências materiais, mas por aspirações desproporcionais de desenvolvimento. Esse inconformismo, que provocou uma radicalização da outrora pragmática esquerda chilena, se traduziu em maiores demandas redistribuitivas.
As primeiras medidas anunciadas pela presidenta Michelle Bachelet indicam que seu governo efetivamente procurará maior intervenção do Estado na economia, iniciando com uma reforma no sistema de impostos que pretende elevar a carga tributária em três pontos porcentuais do PIB. A isso se somam promessas de educação superior gratuita e subsídios a medicamentos.
A armadilha na qual o Chile poderia estar caindo é a de querer reproduzir um Estado de bem-estar social à europeia em um país que ainda não é rico. Não foi mediante altos impostos e um elevado gasto público que a Europa conseguiu o desenvolvimento. Ao contrário, como demonstra o atrofiado desempenho econômico do Velho Continente nos últimos 15 anos, até economias industrializadas como as europeias podem cair sob o peso de onerosas estruturas estatais.
Desse modo, pelo menos no caso particular do Chile, a verdadeira armadilha do desenvolvimento não se assentaria na ausência de vantagens competitivas vis-à-vis outras nações, mas sim nas expectativas desmesuradas de uma classe média que se sentiu rica antes do tempo. É muito cedo ainda para determinar se o Chile verá seu caminho em direção à prosperidade descarrilar, mas certamente sua experiência nos próximos anos servirá de lição para o restante da América Latina.
Juan Carlos Hidalgo é analista de políticas públicas sobre a América Latina no Centro para a Liberdade e Prosperidade Global do Cato Institute em Washington, D 

Um jogão ! Barcelona contra Atlético de Madrid / Faltam 3 horas para o jogo

16/05/2014 às 22h00 - Atualizado 17/05/2014
http://www.ronaldo7.net/live/barcelona-vs/watch-barcelona-live-stream.html

  

Barcelona e Atlético de Madrid decidem Espanhol neste sábado BARCELONA - Não é todo ano que um campeonato por pontos corridos tem uma 'decisão' na última rodada. Na Espanha, por exemplo, só houve dois casos assim, o último em 1951. E o terceiro será neste sábado. Depois de dominarem a briga pela liderança durante quase toda a temporada, Barcelona e Atlético de Madrid disputam o título no Camp Nou, às 13h (horário de Brasília), em um jogo em que dois atacantes brasileiros são tratados como trunfos pelos treinadores: Neymar, no Barça, e o naturalizado espanhol Diego Costa, no Atlético, ambos retornando de lesões. Líder com 89 pontos, contra 86 do Barça, o time madrilenho precisa apenas do empate para encerrar um jejum de 18 anos sem conquistar o Espanhol, e também dar fim ao domínio de dez anos da dobradinha Real Madrid-Barcelona no campeonato. Surpresa da temporada europeia - o Atlético é também finalista da Liga dos Campeões da Uefa, contra o Real -, a equipe dirigida pelo argentino Diego Simeone tem a seu favor o retrospecto recente contra o Barcelona, que ainda não conseguiu vencê-lo na temporada. Há 40 dias, no último confronto, os colchoneros eliminaram o rival catalão nas quartas de final da Liga dos Campeões, ao vencer por 1 a 0 no Vicente Calderón, depois de empatar em 1 a 1 no Camp Nou. Desde então, o Barcelona caiu de produção, teve seguidos tropeços e chegou a dar por encerrada a luta pelo título, mas os pontos perdidos dos rivais Real e Atlético recolocaram o time catalão na disputa. E chega à 'decisão' com um retrospecto favorável, por já ter saboreado um título sobre o Atlético na temporada, em agosto do ano passado, ao empatar em 0 a 0 no Camp Nou o jogo de volta da Supercopa da Espanha. No jogo de ida, Neymar garantiu, de cabeça, o empate em 1 a 1, no Vicente Calderón, e aquele gol, o primeiro do brasileiro em um jogo oficial do Barcelona, acabou valendo o título. Neymar, aliás, foi o autor dos dois únicos gols que o Barcelona marcou em cinco jogos contra o Atlético na temporada - o outro foi no 1 a 1 pela Liga dos Campeões. No primeiro turno do Espanhol, as duas equipes não saíram do 0 a 0, no Vicente Calderón. Se vencer neste sábado, o Barça empatará em pontos e ficará com a taça pelo primeiro critério de desempate, o confronto direto. Para o técnico Gerardo Martino, a disputa acirrada, depois dos anos do supertime do Barcelona de Pep Guardiola, dá um sabor especial a este Espanhol. - Pode ser o primeiro título destes jogadores em uma temporada normal, porque os outros foram coisa de extraterrestres. É um título com sofrimento, muito sofrido, isso tem muito mais a ver com futebol - declarou Tata Martino à imprensa espanhola. Neymar, talismã do Barcelona contra o Atlético, estará no banco de reservas neste sábado. Numa recuperação acelerada e surpreendente, o craque brasileiro treinou com bola durante a semana e foi relacionado para a partida, mais cedo do que a previsão inicial, quando sofreu um edema ósseo em um dedo do pé esquerdo, na derrota para o Real por 2 a 1, dia 16 de abril, pela final da Copa do Rei. A convocação do brasileiro para o jogo decisivo gerou polêmica, já que a programação do clube estimava que ele ainda estaria em fisioterapia neste período, e gera preocupação para a torcida brasileira, há menos de um mês do início da Copa do Mundo. Do outro lado, Diego Costa também foi motivo de preocupação, por causa de um problema muscular, mas está confirmado por Simeone na partida. Desta vez, se alguma seleção tem de ficar ressabiada por uma possível escalação do atacante fora das condições ideais é a espanhola. Naturalizado, Diego Costa está na lista preliminar de 30 jogadores selecionados pelo técnico da Espanha, Vicente del Bosque. - 

Diego Costa está bem. Hoje (sexta-feira) terminou de treinar sem nenhum problema, e amanhã (sábado) começará o jogo desde o início - afirmou Simeone. Veja também: Atlético de Madrid, entre a consagração máxima e o risco de nova decepção Com ou sem título, o fim de um ciclo no Barcelona 

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Tentem este endereço para ver o jogo...

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Criminosos se aproveitam de norma da UE e pedem que retirem seus nomes da busca do Google

Pedófilo se aproveita de norma da UE e requisita que Google 'apague' seu passado

Atualizado em  16 de maio, 2014 - 10:38 (Brasília) 13:38 GMT
Google | Crédito: AP
Google não se pronunciou sobre pedidos de remoção já recebidos
Um ex-político que busca a reeleição, um pedófilo e um médico. Os três estão entre os primeiros a se aproveitar de uma recente decisão de uma corte europeia - batizada por jornais locais de "direito ao esquecimento" - e a requisitar que o Google "apague" resultados de buscas ligados a episódios específicos de seu passado.
No início da semana, o Tribunal Europeu de Justiça, sediado em Bruxelas, na Bélgica, determinou que indivíduos podem requisitar que a empresa americana remova resultados de buscas "irrelevantes e desatualizadas".
O ex-político britânico, que não foi identificado, quer a remoção de links atrelados a um artigo sobre falhas de comportamento durante seu mandato; o homem condenado por pedofilia quer apagar os registros da sua condenação; e o médico pleiteia a retirada de resenhas negativas sobre seus serviços.
O Google não se pronunciou a respeito dos pedidos de remoção já recebidos, mas descreveu a decisão da corte europeia como "decepcionante".
A empresa, sediada no Vale do Silício, na Califórnia, também não divulgou o número de pedidos de remoção recebidos desde terça-feira, quando o veredicto foi divulgado.
O caso original foi levado ao tribunal por um homem espanhol. Ele reclamou que os resultados de buscas do Google que mostravam um aviso de leilão de sua casa por falta de pagamento - uma dívida que depois foi quitada por ele - infringiam seu direito a privacidade.
A decisão do tribunal europeu causou surpresa uma vez que contradiz uma declaração do advogado-geral da União Europeia. No ano passado, ele afirmou que buscadores de internet não era obrigado a acatar tais solicitações.
A vice-presidente da Comissão Europeia, Viviane Reding, descreveu a decisão como "uma vitória clara para a proteção de dados pessoais dos europeus", mas outros demonstraram preocupação sobre as consequências que o veredicto possa acarretar para a liberdade de expressão.
O fundador do Wikipedia, Jimmy Wales, criticou a deliberação da corte, descrevendo-a como "espantosa", enquanto que defensores da liberdade de expressão do Índice de Censura afirmaram que a decisão do tribunal "provoca arrepios na espinha de todos aqueles na União Europeia que acreditam na importância fundamental da liberdade de expressão e da liberdade de informação".
"Em outras palavras, o tribunal disse que os desejos de um indivíduo superam o interesse da sociedade", acrescentou.
Para Marc Dautlich, advogado do escritório Pinsent Masons, as novas regras são difíceis de implementar pelos motores de buscas.
"O que eles vão fazer se receberem um volume gigantesco de pedidos para a retirada de informações?", questionou.
Embora o acórdão do Tribunal de Justiça da Europa envolva especificamente motores de busca e indique que apenas links – e não a informação em si – possam ser retirados da rede, a imprensa vem relatando um aumento considerável no número de pedidos de remoção após a deliberação da corte.