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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

"O que é felicidade para você ? Mario Sergio Cortella


Reconhecimento é a melhor forma de estimular alguém”

Para o filósofo Mário Sérgio Cortella, a ausência de reconhecimento é a grande causa da atual desmotivação nas empresas
22/08/2016 - 06H56 - ATUALIZADA ÀS 15H15 - POR BARBARA BIGARELLI




 Palestra do professor Mario Sergio Cortella realizada em São José dos Campos em junho/2016 (Foto:  Lucas LACAZ RUIZ / A13 / Ag. O Globo)
O salário não é a principal fonte de insatisfação dos brasileiros dentro das empresas. Mais do que uma remuneração condizente com o que seria justo pelo seu trabalho, as pessoas querem ser reconhecidas e valorizadas dentro das organizações. Ser mais uma peça da engrenagem é um fardo nos tempos atuais, defende o filósofo Mário Sérgio Cortella. Docente, educador, palestrante e consultor de empresas, Cortella afirma que a principal causa da atual desmotivação é a ausência de reconhecimento. E ela manifesta-se de várias formas: do chefe injusto à falta de valorização em cada projeto e tarefa. Não é uma questão puramente de promover o elogio desmesurado, mas uma forma de “dar a energia vital ao funcionário para continuar fazendo e seguindo em frente". É principalmente evitar a mensagem de que "não ser mandado embora já é um elogio" ou que "o silêncio é a melhor maneira de dizer que está tudo em ordem". 
Em seu novo livro, Mário Sérgio Cortella fala sobre reconhecimento e de outras questões que considera inerentes à insatisfação de muitas pessoas hoje em relação ao próprio emprego. Em “Por Que Fazemos O Que Fazemos” [Editora Planeta], o professor reflete sobre próposito e por que as pessoas almejam empregos que conciliam uma satisfação pessoal e a certeza de não realizar um esforço “inútil” dentro da sociedade. Este tipo de aflição ganha maior evidência com a geração millennial que passou a almejar um “projeto de vida que não soe como conformado”, ou seja, do trabalho pelo trabalho. É sonhar com o trabalho grandioso, com uma rotina que não seja monótona, com um 'projeto que faça a diferença'. Por outro lado, é uma geração também que chega - em parte -  com pouca disciplina, que tem ambição e pressa, que vê seus desejos como direitos - e ignora os deveres. 
Todas essas aflições corporativas têm moldado a forma de atuar das empresas e das pessoas na hora de se associarem a um emprego. Em momentos de crise econômica, elas ganham um nível de contestação ainda maior. Em entrevista à Época NEGÓCIOS, Cortella comenta esses dilemas e mudanças, os “senões” de se fazer o que se ama e por que há uma “obsessão enorme por uma ideia de felicidade que não existe”: 
As pessoas não querem mais somente um salário mais alto, querem acreditar que fazem algo importante, autoral. Por que a necessidade de ter propósito ganhou maior relevância? É uma questão geracional?
Ela é mais densa e angustiante na nova geração que enxerga muitas vezes na geração anterior, que a criou, certa estafa em relação ao propósito. É muito comum que jovens e crianças enxerguem hoje nos pais algum cansaço e até tristeza naquilo que fazem. O pai e mãe dizem “eu trabalho para sustentar, esse é meu trabalho”. Há uma grande conformidade. E essa conformidade de certa forma acabou marcando uma nova geração, a millennial, que traz aí a necessidade de ter algum projeto de vida. Eles não querem repetir um modelo que, embora esforçado, dedicado e valoroso soa, de certa maneira, como conformado. Hoje há uma aflição muito grande na nova geração de maneira que se traduz numa expressão comum: “eu quero fazer alguma coisa que me torne importante e que eu goste”. A geração anterior tinha um pouco essa preocupação, mas deixou um tanto de lado por conta da necessidade.
Quando o sr. se refere à geração Y, aos millennials, está considerando um recorte ou o todo?
Claro que temos recortes. Não estou falando de quem está atrelado ao reino da necessidade, que precisa trabalhar sem discussão porque precisa sobreviver. Esta é uma questão de outra natureza. O termo millennial que eu adoto, como muitos, é aquele que cunharam para quem nasceu a partir dos anos 1990. E essa geração tem recortes mais diretos em relação à camada social. Evidentemente se você considerar aqueles que são escolarizados, têm boa condição de vida e que estão acima da classificação oficial da classe D, essa geração tem mais possibilidade de escolha à medida que a sobrevivência imediata não é uma questão. Ela pode viver até mais tempo com os pais e ser por eles sustentada. Isso vem acontecendo. Já integrantes das classes D e E têm mais dificuldade - uma parcela às vezes encontra sobrevivência na transgressão, no crime de outra natureza e outros encontram aquilo que é o trabalho suplicial que o dia a dia coloca sem escolhas. 
Como o senhor diz no seu livro até para ser mochileiro, você precisa ser livre de uma série de restrições…
Sim, você precisa dominar outro idioma, saber se virar. Há uma diferença entre um filho meu, de camada média, com uma mochila nas costas andando pela rua em relação ao modo que ele se conduz, à maneira como ele se dirige às pessoas do que ele ser, por exemplo, um andarilho. Uma pessoa pode até ser mochileira, mas ela já tem condições prévias que a tornam uma mochileira com menos transtornos do que como seria de outro modo.
O senhor diz frequentemente que, para fazer o que se gosta, é preciso fazer uma série de coisas das quais não se gosta. Esse entendimento provém de uma educação na empresa, da família ou escola?
É uma questão de formação familiar. Hoje há uma nova geração que, especialmente nas classes A, B e C, cresceu com facilitações da vida. Hoje a gente até fala em “adolescência estendida” que vai até aos 30 anos e não necessariamente até os 18 anos. São as pessoas que continuam vivendo com os pais, sob sustentação. Isso acabou levando também a uma condição, que uma parcela dos jovens entende que “desejos são direitos”, que vão obter aquilo porque é desejo deles e um outro vai providenciar. Cria-se assim a perspectiva equivocada de que as coisas podem ser obtidas sem esforço. Mas sabe, eu lembro sempre, trabalhar dá trabalho. Como costumo dizer: “só mundo de poeta que não tem pernilongo”. É óbvio que isso não anula a riqueza que essa nova geração tem de criatividade, expansividade, de receptividade em relação a vários modos de ser. Uma geração mentalmente rica, mas que precisa de um disciplinamento - que não é torturante, mas pedagógico - e que começa na família e vai encontrando abrigo na empresa. Essas estruturas são importantes para que essa energia vital não se dissipe. É preciso organizar essa energia de modo que não se perca com inconstâncias, para ser algo que possa de fato gerar benefício para o indivíduo e para a comunidade dele. 
As empresas ainda não sabem lidar, de forma geral, com a energia desses jovens?
Não, elas ainda estão começando a aprender. Há algumas que já possuem uma certa inteligência estratégica e estão se preparando e preparando seus gestores para que acolham essa nova geração como um patrimônio e não como um encargo. Porque quando você acolhe a nova geração como um encargo, em vez dela ser “sangue novo”, ela se torna algo que é perturbador. E é claro que não é só o jovem que tem de se preparar para essa condição. É necessário que a pessoa que a receba seja acolhedora, mas que também se coloque em uma postura de humildade pedagógica. Que ela saiba que vai aprender muito com alguém que chega com novas habilidades que a geração anterior não tem. Lidar nos dois polos de maneira que equipes multigeracionais ganhem potência em vez de entrarem em situação de digladio ou confronto. 
Nesses dois polos, os profissionais mais seniores ficam inseguros com receio de que seu papel não seja mais relevante nas organizações. Como eles podem lidar com esse novo cenário?
Eu só conseguirei ter essa percepção de que estou ficando para trás se eu deixar de lançar mão daqueles que chegam com coisas que eu ainda não conheço. E aí eu não vou ter só a percepção, eu vou ficar mesmo para trás. A gente aprende muito com quem chega, mas a gente também tem o que ensinar. Tem dois princípios que precisamos implantar: 1) quem sabe, reparte 2) quem não sabe, procura. Se eu formar seniores e juniores nesses dois princípios, de um lado vai ter generosidade mental e de outro a humildade intelectual. Essas duas trilhas virtuosas serão decisivas para que a gente construa maior potência no que precisa ser feito.
Com todos esses dilemas e mudanças, a ambição é necessária? Uma pessoa ambiciosa é boa ou perigosa para a empresa?
A pessoa ambiciosa é aquela que quer ser mais e melhor. É diferente de uma pessoa gananciosa, que quer tudo só para si a qualquer custo. Uma parte do apodrecimento que nosso país vive no campo da ética hoje se deve mais à ganância do que à ambição. Eu quero um jovem ambicioso. Eu, Cortella, sou ambicioso. Quero mais e melhor. Mais e melhor conhecimento, mais e melhor saúde. Mas não quero só para mim e a qualquer custo. A ganância é a desordem da ambição. É quando você entra no distúrbio que é eticamente fraturado. Por isso, é necessário que uma parte dos jovens seja ambiciosa. Um ou outro tem sim essa marca da ganância caso ele seja criado em uma família, estrutura, comunidade, na qual a regra seja a pior de todas: “fazemos qualquer negócio”. E essa regra é deletéria, é malévola aos negócios que, embora possam ser feitos, não devem ser feitos. A ambição é necessária, mas a ganância tem que ser colocada fora do circuito.
E quando você junta ambição e pressa? 
Não é algo que traz bons resultados. Uma das coisas boas da vida não é ter pressa, é ser veloz. Se você faz um trabalho apressadamente, você vai ter que fazer de novo. Quando eu vou consultar médico, eu quero velocidade para chegar à consulta, mas eu não quero pressa na consulta. Velocidade resulta de perícia, habilidade, de ser alguém que tem competência no que faz. A pressa resulta da imperícia. Por isso, o desenvolvimento da perícia, habilidade, competência permite que se faça algo velozmente. E se sou veloz, aquilo que resulta da minha ambição pode se transformar no meu êxito. Se sou apenas um apressado, vou ter que lançar mão de trilhas escusas para chegar ao mesmo objetivo - e o nome disso é Lava Jato.
Há um certo profissional que prefere hoje estabilidade e quer seguir uma carreira linear, sem grandes saltos. Mas é visto como um profissional medíocre. Ele está errado?
É um direito que ele tem. Uma pessoa tem direito de fazer essa escolha, mas ela também não pode se lamentar em relação ao resultado que isso traz. Afinal de contas, essa é uma vida morna, sem vibração. Não é uma que eu gostaria de seguir. Mas pode ser feita. Ninguém é obrigado a atuar de um outro modo. Eu acho que escolher essa vida irá beirar, em algum momento, à monotonia e isso gerará tristeza e frustrações.
Essa pessoa não projeta provavelmente as expectativas dela dentro da empresa?

terça-feira, 23 de agosto de 2016

"O Complexo de Lindbergh" / Kim Kataguiri

terça-feira, agosto 23, 2016

KIM KATAGUIRI

Resultado de imagem para IMAGEM de cara de pauO Complexo de Lindbergh - 

FOLHA DE SP - 23/08

Lindbergh Farias (PT-RJ) causou um dano imenso ao país. E aqui não me refiro à sua vergonhosa atuação como senador da República, mas ao trauma que deixou em toda uma geração.

Símbolo das manifestações contra o ex-presidente Fernando Collor, o então ativista rapidamente se tornou o queridinho da imprensa. Apesar de, na época, ser do PCdoB e, portanto, defender ideias absolutamente retrógradas, pintaram nele a imagem de uma juventude que renovaria a política, a representação da esperança de um novo país pós-impeachment.

A ascensão política de Lindbergh Farias foi meteórica. De deputado federal para prefeito de Nova Iguaçu (RJ), de prefeito para Senador. Igualmente veloz foi o desgaste de sua imagem. Logo que entrou no Senado, seguiu a política hipócrita de seu partido, o PT, e se aliou ao seu antigo inimigo, Fernando Collor. Mais recentemente, o ex-cara-pintada e o ex-presidente se encontraram na Lava Jato, ambos alvos de inquéritos. O frescor da nova política —que seria trazida por um jovem militante comunista— mostrou ser apenas um bafo da velha politicagem.
Como bem definiu Reinaldo Azevedo, Lindbergh é um cara-pintada que virou cara de pau. Antes, liderava movimentos estudantis pelo impeachment de Collor. Hoje, além de ser aliado dele, diz que impeachment é golpe. Não há decepção maior para aqueles que o apoiaram na época, mas mantiveram a coerência e também tomaram as ruas contra o governo Dilma.

É exatamente por isso que diversas pessoas têm criticado a iniciativa de alguns líderes de movimentos de rua, como Fernando Holiday, do MBL, que está concorrendo à vereança em São Paulo. Quem foi cara-pintada e não superou o trauma Lindbergh crê que não é possível participar de movimentos de rua e atuar na política institucional sem abrir mão de todas as virtudes. Isso, na prática, é criminalizar a política. Se as virtudes e os ideais de uma pessoa não conseguem nem sequer sobreviver a uma eleição, então devemos jogar a democracia no lixo. Essa mentalidade foi genialmente batizada por um colega de movimento de "Complexo de Lindbergh".
"Ah, mas Lindbergh também era honesto, idealista, foi a política que o corrompeu!". Antes de qualquer coisa, é preciso desmentir essa história de que Lindbergh mudou. Em sua essência, ele sempre foi o que é. Já quando protestava contra Collor, era militante do PCdoB e "companheiro" de luta de Lula. Ele sempre defendeu os mesmos ideais. A única diferença é que passou de comunista revolucionário a comunista fisiológico -o que, levando-se em consideração as implicações de ser revolucionário, é um inegável avanço.

Os caras-pintadas que se decepcionaram com Lindbergh não podem ser reféns de um complexo que só beneficia aqueles que só estão na política para que a coisa pública atenda aos seus fins privados -e isso, como sabemos, inclui certos companheiros do partido de "Lindinho". Só será possível mudar se não criminalizarmos a mudança possível.

"O Brasil fez bonito. Atletas, organizadores, voluntários, público daqui e de todo o lugar do planeta. Um espetáculo de orgulhar até os mais ranzinzas." / Mary Zaidan

A melhor lição olímpica

O Brasil fez bonito. Atletas, organizadores, voluntários, público daqui e de todo o lugar do planeta. Um espetáculo de orgulhar até os mais ranzinzas. Mas em seu cotidiano o país está longe do espírito e das lições olímpicas. Digladia-se com o seu próprio sucesso, alimenta polêmicas inúteis. E não tem Engov capaz de refazê-lo da ressaca do dia seguinte, quando tudo voltará a ser como antes.
Esportes (Foto: Arquivo Google)
Nesse meio mês de jogos, abriram-se espaços para os especialistas em tudo, muitos execrando atletas de modalidades das quais nem mesmo conhecem as regras. Até a torcida foi vítima da chatice do politicamente correto, alvo de críticas por vaiar atletas, reação usual em todos os cantos do mundo, tão legítima quanto o aplauso.
A má vontade com os jogos em um momento que não cabia mais debater se o Rio tinha ou não de sediá-los frequentou rodas de artistas e intelectuais, bares, esquinas, redes sociais e a mídia convencional. Exemplo cristalizado pela Folha de S. Paulo depois da medalha de prata das meninas em Copacabana: “Militar, dupla não consegue quebrar jejum de 20 anos no vôlei de praia”.
Além de desdenhar das atletas, a manchete, para lá de agressiva, expôs uma das maiores polêmicas dos jogos: o patrocínio militar. Quase um terço da equipe do Brasil – 145 dos 465 atletas que participaram dos jogos – integra o Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas. Tem patente de terceiro-sargento e recebe soldo.
O Brasil não é nem o primeiro nem o único país em que as Forças Armadas bancam treinamento de atletas. Acontece na totalitária China, na social-democrata França, na anárquica Itália. Mas, por aqui, o que deveria ser investimento em competitividade se transformou em rixa ideológica. Ridícula, boba, de ocasião.
Um antagonismo ranheta e ultrapassado de fundamentalistas de direita e esquerda que expressa o quão imaturo o país ainda está.
De um lado, extremistas de direita derretendo-se em loas não à competência dos atletas, mas ao fato de eles serem militares. De outro, esquerdóides fazendo pouco do mérito dos medalhistas. Para essa turma, bater continência à bandeira – que já havia dado pano para manga no Pan-americano de Toronto – é crime.
E para arrematar o conjunto de absurdos, o Ministério da Defesa se vangloria não das vitórias brasileiras, mas do fato de uma dúzia das medalhas serem de atletas-militares. Como se militar fosse melhor do que civil, como se uma categoria fosse mais brasileira do que outra.
Fora o enfado de ranços dessa natureza, tudo deu certo. Os jogos da zika endêmica e da violência extrema surpreenderam pela ausência do Aedes Aegypti, que sabidamente some no inverno, e pela presença de policiamento ostensivo.
Quase tudo. Não fosse a morte a tiros do soldado Hélio Vieira Andrade, no Complexo da Maré, a escancarar de forma trágica que o Rio real não é o olímpico, as ocorrências negativas dos jogos se limitariam a pedras atiradas em um ônibus com jornalistas, dois assaltos de fato e outro inventado por nadadores americanos, que feriu mais o brio dos brasileiros do que a morte do militar de Roraima.
É inegável que o Rio - e com ele, o Brasil -- ganhou com os jogos. Aceleraram-se projetos de reurbanização, de transporte urbano, como a extensão do metrô e a construção do VLT, de revitalização da área central. Mas amanhã vai acordar meio zonzo, ainda tonto. Depois, doído.
A péssima qualidade dos serviços públicos, as greves permanentes na Educação e na Saúde, a falta até de insumos básicos nos hospitais e a insegurança turvam o olhar para o tão propalado legado da Rio 2016. O Estado, literalmente falido, não tem dinheiro para nada. E a cidade não sabe o que vai acontecer quando os seis mil homens da Força Nacional, convocados para garantir a segurança olímpica, forem embora.
Mas, como na terça-feira de carnaval, hoje ainda é domingo. Vale a folia.
No encerramento da Rio 2016, o Brasil poderá festejar o seu melhor desempenho olímpico da história. E reverenciar a meritocracia. Sejam homens, mulheres, gays, pretos, brancos, amarelos, civis, militares, crentes ou agnósticos, vencem os mais preparados, os melhores. E os que não chegam ao pódio tentam melhorar as suas marcas. Sem ódio. Uma lição que vai muito além dos jogos. Aprendê-la seria um legado e tanto.

Charge de Chico Caruso no blog do Noblat

HUMOR

A charge de Chico Caruso

Charge (Foto: Chico Caruso)

Frase do dia 23/08/2016

FRASE DO DIA
Como você vai ter um golpe com uma presidente que vai se defender no plenário do Senado Federal, em uma sessão presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal? É algo inédito. Deve ser uma nova interpretação do dicionário Aurélio para a palavra golpe.
SENADOR RONALDO CAIADO, DEM-GO

Agora é com presidente em exercício Michel Temer... Boa sorte! / Elsinho Mouco

E AGORA, MICHEL?E AGORA, MICHEL?

O Presidente Michel Temer em seu gabinete no Palácio do Planalto. Foto: IstoÉ
Por Elsinho Mouco (*)
Transcrito do site da revista IstoÉ
Presidente também tem que saber jogar, saber driblar, tem que ter coragem para escalar, para fazer as escolhas certas. E é claro, um pouco de sorte, é sempre muito bem-vinda. Os 3 bilhões de reais com que o presidente Michel Temer apoiou o Rio de Janeiro foram decisivos para que tivéssemos uma Olimpíada organizada e mais segura.
Tudo que o mundo pedia, tudo o que a gente esperava. Qual é o balanço dessa festa toda? Só o cronometro do tempo vai dizer. Uma coisa é certa, o resultado dos jogos não serão medidos só pelas medalhas conquistadas pelos nossos atletas, mas sim pelos mais de 3 bilhões de corações conquistados mundo afora. Saiu barato, é um recorde dos recordes.
Demos ao mundo o nosso melhor, demos uma demonstração do jeito brasileiro de fazer bem feito, jogamos fora todo o “lixo” noticioso que se fazia do Rio e do Brasil. Quanto isso vale?
Com a palavra e ação, o nosso presidente Temer, que esta próximo de ser escalado, em definitivo, para ser o técnico dessa imensa seleção de 200 milhões de brasileiros que lutam diariamente pelo seu País.
O sentimento que fica dessa Olimpíada, independentemente dos que conquistaram os pódios, é que temos um povo dedicado, esperançoso e merecedor de uma vida melhor. Esperança e confiança não nos faltam, a única coisa que perseguimos é o prêmio da eficiência, da decência e do ouro ético.
O privilégio da convivência de mais de uma década com o presidente Michel Temer me dá a certeza de que ele vai virar esse jogo, vai resgatar a ordem e o progresso que nossa gente tanto busca. E merece.
Boa sorte presidente. E um Brasil vencedor para todos.
Agora é com você, Michel.
(*) Elsinho Mouco é publicitário do PMDB

Humor de Sponholz

terça-feira, agosto 23, 2016


Sponholz: Janot, Toffoli e muito mistério...

Clique sobre a imagem para vê-la ampliada

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

'Cheiro' de renúncia no ar ? Teremos uma semana misteriosa, tensa, intensa ... / blog de Aluizio Amorim

segunda-feira, agosto 22, 2016


MUITO MISTÉRIO ÀS VÉSPERAS DO 

IMPEACHMENT

a
Quando o noticiário político parece que dá uma travada e fica incompreensível é porque há algo no ar além dos aviões de carreira como repetiria se vivo fosse o Barão de Itararé. Parece que enquanto rolava a Olimpíada os ratões da política brasileira embrenharam-se no breu das tocas. O resultado disso foi a decisão de Rodrigo Janot de suspender a tal delação premiada do empreiteiro amigão de Lula, Dilma e seus sequazes por conta de vazamento que rendeu reportagem de capa da revista Veja.

Um resumo da matéria publiquei aqui no blog. Mas olhem que estive a fim de nem postar a matéria, haja vista para o seu conteúdo que não tem pé nem cabeça afinal circunscreve-se a uma ameaça, sim, porque de concreto não há nada. A reportagem de Veja tem como lead uma ilação. No mínimo é uma coisa muito estranha. Quem vazou a história da delação de Léo Pinheiro?

Se a reportagem não aventa um fato concreto em contrapartida a decisão do PGR atira no lixo o que seria uma série de documentos na formulação da decisão do empresário Léo Pinheiro que, nestas alturas, e no condicional, teria decidido abrir o bico. Com a canetada de Janot, fica o dito pelo não dito.

Entranhamente, até a esta hora o site de Veja não postou aquilo que no jargão jornalístico qualifica-se de "suite". Todavia, enquanto a revista não se manifestar tem-se a impressão que a reportagem de capa da edição que chegou às bancas neste sábado é no mínimo estranha, se é que me entendem.

E, quando o noticiário político e os comentário que se tecem em torno do que está rolando soam estranhos sempre vem à tona a velha frase: 'há algo no ar além dos aviões de carreira". E, juntando-se os cacos, realmente chega-se a esta conclusão, mormente quando coisas estranhas começam a ocorrer às vésperas do impeachment da Dilma.

A propóstio, a jornalista Joice Hasselmann gravou um vídeo em que relata e comenta o que estaria sendo decidido no breu das tocas com uma possível renúncia da Dilma para mais adiante conseguir uma absolvição. O plano seria esvaziar o impacto do afastamento definitivo da "ex-presidenta", limpando a sua biografia. De quebra, o plano ainda teria o efeito de esvaziar a Operação Lava Jato livrando Lula, Dilma e a petralhada do Juiz Sergio Moro.

Como o evento político do impeachment e da desarticulação do esquerdismo liderado pelo PT parecem mas não são apenas um assunto doméstico do Brasil - lembrem-se do Foro de São Paulo - há forças também em nível internacional jogando tudo para salvar o projeto esquerdista, mesmo com Dilma afastada do poder. Deve-se sempre lembrar que o movimento comunista é e sempre foi global. E talvez sua globalização na atualidade seja muito maior do que fora no passado recente.


Seja como for, os fatos estão aí. No momento parecem soltos no ar. Faço portanto a postagem do vídeo de Joice Hasselmann. Afinal, melhor prevenir do que remediar. Vejam:
!

domingo, 21 de agosto de 2016

Ode à Utopia... Ela é sorrateira, misteriosa, compulsória, secular !

domingo, agosto 21, 2016

É hora de recuperarmos a utopia da sociedade fraterna e menos desigual - 

FERREIRA GULLAR

FOLHA DE SP - 21/08
Admitir que o pensamento marxista continha acertos e erros não significa ter aderido ao capitalismo e se tornado de direita. Adotar semelhante atitude é persistir no que havia de pior no marxismo, ou seja, na incapacidade de exercer a autocrítica.

Depois de quase um século da revolução comunista de 1917, da qual resultou o Estado soviético, a humanidade avançou econômica e tecnicamente, ao mesmo tempo que sofreu guerras sangrentas e massacres, como os campos de concentração nazistas e os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki.

Depois de tantos erros, é hora de refletirmos sobre o que aconteceu e recuperarmos a utopia da sociedade fraterna e menos desigual.
O sonho de Karl Marx era criar uma sociedade sem exploração, regida por normas que visavam impedir a divisão desigual da riqueza produzida. A concepção dele sobre essa nova sociedade apoiava-se, no entanto, num entendimento equivocado de como se cria a riqueza social.

Esse entendimento partia de uma constatação inequívoca do grau de exploração a que o capitalismo do século 19 submetia o trabalhador, que não gozava dos mínimos direitos, como a jornada de trabalho estabelecida e a aposentadoria, entre muitos outros. Esse capitalismo selvagem levou Marx a concluir que só havia um modo de criar uma sociedade justa: excluindo dela o capitalista.

Assim, constituiria-se um Estado proletário, dirigido pelo partido comunista, justo porque dele estava excluído o capitalista explorador.

Essa teoria pressupunha que é a classe operária quem produz a riqueza, enquanto o capitalista nada mais faz que explorar o trabalho alheio e enriquecer. O equívoco de Marx estava em ignorar que, sem o capitalista, ou seja, sem o empreendedor, a produção da riqueza é quase inviável. É que ela depende tanto do trabalhador quanto do empreendedor, o empresário.

Por estar exclusivamente nas mãos do Estado, isto é, do partido comunista, a tarefa de produzir a riqueza foi o erro que levou ao fracasso do regime comunista. Na verdade, em qualquer sociedade, há milhões de pessoas que sonham criar sua própria empresa. Substituí-las por meia dúzia de burocratas do partido é condenar o país ao fracasso econômico.

Não é à toa que, hoje, da Rússia à China, como nos demais países outrora comunistas, todos abandonaram a concepção marxista e voltaram a estimular a expansão da iniciativa privada. Ou seja, voltaram ao regime capitalista. Isso não significa, porém, que o capitalismo de repente tornou-se bom e justo e que devemos nos contentar com a desigualdade que o caracteriza. Essa desigualdade é inerente ao próprio sistema, regido pelo princípio do lucro máximo.

Pois bem, esse longo caminho, que a humanidade percorreu no último século, mostrou que o Estado comunista nivela a igualdade por baixo, enquanto no regime capitalista, mesmo com as conquistas alcançadas pela classe operária e os trabalhadores em geral, a exploração se agrava e a desigualdade se amplia, de que é exemplo o capitalismo norte-americano.

Isso, porém, não é inevitável. Em países capitalistas como a Suécia, a Noruega e mesmo a Suíça —para ficar apenas nesses exemplos— a desigualdade foi consideravelmente reduzida. Não há porque, logicamente, o mesmo não possa ocorrer nos demais países capitalistas.

É evidente que isso depende de uma série de fatores e condições, que não se encontram em todos os países. Tampouco acredito numa sociedade em que a igualdade seja plena —em que todas as pessoas tenham a mesma possibilidade de ganho e acumulação de bens—, uma vez que os seres humanos não são iguais, não têm todos a mesma capacidade de criação, inventividade e realização.

Por isso mesmo, não se pode imaginar que todas elas contribuam na mesma proporção para o enriquecimento da sociedade.

Tampouco tais diferenças entre os indivíduos justifica o nível de desigualdade que, com raras exceções, caracteriza o mundo em que vivemos.

Essas são as razões que me fazem acreditar que, sem faca nos dentes e dentro do regime democrático, podemos alcançar uma sociedade menos desigual e menos injusta.


"E se eu fosse um professor-doutrinador?" Por Thiago Kistenmacher

E se eu fosse um professor-doutrinador?

O que eu apoiaria e que poderia beneficiar meus planos de, como citado anteriormente, estremecer o Ocidente?
Agora, levando em consideração os debates em torno da questão da ideologia em sala de aula, do projeto Escola Sem Partido e da polêmica que daí suscita, perguntemos: E se eu fosse um professor-doutrinador? O que eu poderia apoiar e criticar para que eu pudesse continuar execrando os EUA enquanto pinto a lousa de vermelho e estimulo um senso crítico direcionado? Pensemos, portanto, como um professor-doutrinador.
Se eu fosse um professor-doutrinador, seria, primeiramente, contra as ideias levantadas pelo projeto Escola Sem Partido, afinal, não poderia mais dizer que Che Guevara foi um herói e louvar Fidel Castro sem sofrer nenhuma consequência.
Se eu fosse um professor-doutrinador, diria, portanto, que não há doutrinação e que nossas aulas, onde nunca se cita nenhum autor liberal ou conservador, são livres e democráticas.
Se eu fosse um professor-doutrinador, negaria a todo custo que os regimes totalitários comunistas são comunistas. Diria, assim, que deturparam Marx e que a aplicação legítima das ideias comunistas teria efeito contrário, quer dizer, o mundo, com elas, seria harmonioso e sem estas desigualdades promovidas pela ganância neoliberal.
Se eu fosse um professor-doutrinador, diria que o debate de ideias é interessante, vendo, porém, naquele aluno liberal com conhecimento de causa, alguém que ainda não compreendeu o mundo como ele deve ser e, claro, como uma ameaça àquelas mentes ainda em formação.
Se eu fosse um professor-doutrinador, sabotaria a bibliografia dizendo que não há espaço para todos os autores, todavia, preencheria esse espaço com referências bibliográficas que não fizessem nenhuma crítica séria às minhas próprias convicções.
Se eu fosse um professor-doutrinador, não faria questão de ser um militante caricato, que vestisse camisas com fotos de Leon Trotsky ou coisas do tipo, dado que, como apontava Gramsci, a melhor forma de fazer isso é sorrateiramente.
Se eu fosse um professor-doutrinador, diria que o aluno liberal ou conservador é radical.
Se eu fosse um professor-doutrinador, diria que nunca vi doutrinação.
Se eu fosse um professor-doutrinador, acusaria colunistas e formadores de opinião liberais e conservadores de distorcer os fatos em favor da classe dominante.
Se eu fosse um professor-doutrinador e fosse acusado de doutrinador, diria estar sendo perseguido pelos defensores do ensino tradicional e, portanto, acrítico.
Se eu fosse um professor-doutrinador, alegaria, com todas as minhas forças, ser contra a doutrinação em sala de aula para ter mais chance de parecer neutro, a favor da liberdade intelectual e, assim, poder doutrinar de modo ainda mais eficaz.

Finalmente, se eu fosse um professor-doutrinador, eu não seria um professor.

"É tempo de eleições, e os mágicos virão com todos os truques, lenços desaparecem, coelhos saem da cartola. Os políticos não inventaram o Brasil. Apenas exploram alguns pontos fracos.

Um país estranho - 

FERNANDO GABEIRA

O Globo - 21/08

Neste momento, a Olimpíada já acabou, estou de novo na estrada, Dilma e Cunha preparam-se para deixar a cena nas próximas semanas. O melhor cenário para a Olimpíada seria a ausência de grandes desastres. E isso aconteceu. Não fomos avaliados apenas por hospedar os Jogos, mas sim por fazê-lo no meio de uma grande crise política e econômica.

Muitas cidades do mundo vão continuar querendo hospedar uma Olimpíada sabendo que custam bilhões de dólares. Cada uma deve ter sua razão. Legado e contas a pagar, a qualidade do biscoito Globo e que diabo o nadador americano andou fazendo na noite em que teria sido assaltado — tudo isso ainda pode render alguma polêmica. Como disse o treinador do francês que perdeu o ouro no salto com vara, o Brasil é um país muito estranho, e é possível que usem as forças mágicas do candomblé nas grandes decisões. Onde estavam os santos no sete a um para a Alemanha, em todas as provas que perdemos? Santos não amarelam, logo é possível supor que estivessem de férias. Nem todos os temas têm o charme do esporte ou dos choques culturais que uma Olimpíada enseja. Mas são o tecido de uma realidade que se recusa a desaparecer apesar da euforia com as vitórias, dos casos de gente que superou a mesa de operações, o câncer ou a pobreza para disputar a medalha olímpica.

No meio da confusão, o governo pelo menos notou essa realidade incômoda, quando anunciou um novo caminho para o saneamento básico: a privatização. Não é o único caminho. No mundo há serviços públicos e particulares que funcionam bem. Se o governo estava fazendo uma cena, apenas para aparecer bem no filme da Olimpíada, vamos ficar sabendo mais cedo ou mais tarde. O que será da violência depois dos Jogos? Os assaltos continuaram acontecendo, um soldado da Força Nacional morreu alvejado na Maré, um policial rodoviário foi atingido gravemente em outro incidente. O soldado, infelizmente, morreu numa circunstância cada vez mais comum: entrar, inadvertidamente, numa área perigosa da cidade. Temer não entendeu o que se passou. Disse na TV que a morte do soldado foi um incidente lamentável, mas que tudo estava correndo bem na Olimpíada.
Poderia, pelo menos, dizer que era solidário com a família do soldado, que o Brasil reconhecia seu sacrifício. Parece que a morte de um policial é algo natural, frequente e previsível. Nada a fazer, nenhuma lágrima, nesse oceano que foi a Olimpíada. Choro de vitória ou derrota, quase vitória ou quase derrota, choro de locutor esportivo, de torcedor, todos choramos quando perdemos um jogo. Mas não choramos quando perdemos um soldado.
Todos nos indignamos quando há uma tentativa de estupro. E vasculhamos todos os meandros do discurso para apontar traços da cultura do estupro. As camareiras da Vila Olímpica apanharam mais do que Neymar em campo. Foram assediadas por boxers, espancadas por atleta búlgaro, mas as camareiras, como os soldados, são transparentes. Nos EUA caiu um presidente do FMI por molestar a camareira do hotel. A Olimpíada foi um grande momento. Os atletas festejam suas vitórias, avaliam seus erros, preparam um novo plano de treinamento.

E nós caímos na vida cotidiana, que para muitos é tão difícil e arriscada como uma Olimpíada. Depois de uma certa idade, então, cada corrida, cada salto, cada longa caminhada é celebrada como um recorde. Mas o mais importante é perceber que começou de novo o jogo cotidiano. Vamos ter os forças federais até quando? Se ficarem, o que fazer para assegurar que sua saída não cause danos? Há um problema adicional que poucos notaram: a campanha eleitoral começou. Não vi ainda candidatos no meu caminho. Mas sei que existem e que, daqui a pouco, sorridentes e com as mãos estendidas, virão propor soluções fáceis para os intrincados problemas de sempre. Antes da operação Lava-Jato, as campanhas já pareciam irreais. Agora, depois de tudo revelado, a distância entre o discurso dos políticos e a realidade das pessoas deve provocar inúmeros curto-circuitos.

Não se trata apenas de uma operação que desvendou os meandros da organização criminosa no poder. Em 2013, as pessoas já pressionavam por serviços públicos decentes; em 2015, pelo impeachment de Dilma. Em termos puramente subjetivos, o Brasil mudou muito nos últimos anos. A Olimpíada foi produto de um delírio do passado, realizado com os pés no chão na aspereza do presente. Como disse o técnico francês ao “Le Monde”, o Brasil é um país estranho, mágico. Vivo nele há muitas décadas para saber que por baixo da cortina de exotismo alguns problemas sobrevivem a todos os orixás, santos e pajés. Quando ouvi um locutor satisfeito porque o lixo da Baía de Guanabara foi para o fundo, num dia de regata, pensei: se apenas os estrangeiros acreditassem na magia brasileira, seria mais fácil.

É tempo de eleições, e os mágicos virão com todos os truques, lenços desaparecem, coelhos saem da cartola. Os políticos não inventaram o Brasil. Apenas exploram alguns pontos fracos.