JÁ QUE FALARAM EM BESTAS
por Percival Puggina. Artigo publicado emÉ tão descosturada a fala da socióloga petista que fica difícil entender várias coisas: 1ª) como uma escola convida uma pessoa tão leviana e enredada em conceitos para fazer palestras a adolescentes; 2ª) como a academia brasileira chegou a nível tão ínfimo na capacidade de expressão; 3ª) que diabo, mesmo, foi isso que ela disse?
No entanto, assim como não sei exatamente o que ela disse nesse português inepto, eu sei onde ela quer chegar. Chauí repetiu, muito mal, um discurso marxista concebido para abalar os fundamentos da instituição familiar, condição indispensável para construir a prevalência do Estado sobre tudo e todos. Os países comunistas debilitam a família a ponto de estimular os filhos a denunciarem os pais por conduta antirrevolucionária. (Na Coreia do Norte ainda hoje é assim, conforme descrito por Shin Dong-hyuk no impressionante best-seller mundial "Fuga do Campo 14").
No meu livro "Cuba, a tragédia da utopia" há bons relatos, também, sobre os esforços publicitários da revolução cubana no sentido de superar essa restrição das famílias ao comunismo. Como muitas estavam cientes e informadas sobre o que acontecia a esse respeito na URSS, o governo se obrigou a uma insistente campanha para afirmar que não faria exatamente aquilo que estava fazendo ao separar os filhos dos pais em "projetos educacionais".
Assim, quando se considera a relação umbilical entre o PT e sua socióloga, quando se tem presente o verdadeiro baião de dois que ela e o partido dançam na mesma cadência ideológica, percebe-se a coerência entre o discurso da uspiana e a prática dos companheiros alçados a posições de influência na nomenclatura do Estado. Afinal, em que momento se pôde observar sinal de valorização da instituição familiar nas práticas pedagógicas dos sucessivos governos petistas? Onde a família conjugal mereceu zelo e teve respeito a responsabilidade dos pais na formação moral dos filhos?
Na cabeça dos que se habituaram a manejar as peças no tabuleiro da educação brasileira, os pais de família são déspotas. Quem, como eu, defende a instituição familiar é uma besta. E quem protege os filhos do suposto despotismo paterno é um libertador. Em tal delírio, caberia ao Estado a generosa e democrática tarefa de prover liberdade e justiça. Quando os aparelhos instalados no sistema de ensino perderam parte de seu poder de mando, os agentes da revolução surtaram de vez. Só alguém muito besta dirá que não precisa acautelar-se em relação a essas ideias, indivíduos e organizações.