O assassinato do ambulante Luiz no metrô: Um conto de Natal brasileiro
Leonardo Sakamoto
Não é de hoje que as empreiteiras determinam as prioridades da nação, um dos tantos exemplos é o fato de as rodovias se sobreporem ao uso de ferrovias, quando estas representam uma opção mais racional num país com a extensão do nosso. A corrupção também não é exatamente uma novidade entre nós, mas o esquema que o PT erigiu sobre tal base primitiva, gerenciou, disseminou e perpetuou para ele próprio se perpetuar no poder na perpetuação do próprio esquema, enclausurando o país no primitivismo sem o qual a ciranda anticivilizatória não vingaria, é de natureza inédita e a isso precisamos estar atentos para não igualarmos ladrões e roubos que se igualam perante a lei, pois, se todos devem pagar por suas delinquências ‒ e todos devem pagar por suas delinquências ‒, o PT traduz uma delinquência que ultrapassa o roubo.
Muitos se perguntam a diferença entre o governo Temer e o dos petistas e até já há comparação igualando o PIB sob o governo atual e o de Dilma sem a ressalva de que aquele durou 6 anos e este não completou 8 meses desde o impeachment. Acho que há muitas diferenças e algumas semelhanças indesejáveis; o saldo, positivo na minha opinião, é apurado por uma constatação básica: a presidência da república não é mais ocupada por alguém que acua o país, mas que o governa. Ainda que não seja o bastante, isso é fundamental.
O ano de 2016 acaba deixando exausto o país que presta numa luta que ainda não acabou e, ainda que nos sintamos com o coração como um espantalho num campo de trigo à espera dos pássaros que tardam, fizemos tudo certo. Será que adiantou? Não sei ainda, mas não tenho dúvida de que já valeu a pena.
Ah! Ainda tem os famigerados “cartões corporativos”, cartões de crédito para gastos sem limite pela dinastia do Palácio do Planalto que também beneficia os ex-presidentes.
A confissão pode ser tão danosa para os políticos citados quanto a delação que os executivos da empreiteira fizeram no Brasil.
Um cerco que se fecha a cada dia.
Os advogados e Lula, Dilma, Palocci e Mantega, que lutam para que tribunais internacionais olhem para o Brasil como se aqui reinasse um Estado de exceção, terão de reposicionar seus peões.
O que todos esses países têm em comum com o Brasil, ainda que em graus variados, mas sempre acima da média dos países de institucionalidade avançada? A resposta é simples: Estado na economia. Em todos eles, é a arbitragem do governo –ou seu arbítrio– que define as regras do jogo. E a corrupção é diretamente proporcional à capacidade que tem esse Estado de definir vencedores e perdedores.
O Brasil tem-se deixado enredar num debate nem sempre esclarecido sobre o que fazer para combater a corrupção. Com alguma frequência, o moralismo rombudo e oportunista tem ocupado a cena, com suas respostas estridentes e sua vocação para disciplinar os costumes com cordas e guilhotinas. Movimentos assim costumam resultar em cabeças cortadas, pescoços quebrados e emergência de novos viciados em velhos vícios. Sabemos que, na revolução de bichos, os porcos aprendem depressa a andar sobre duas patas...
Precisamos, em suma, é de mais democracia se queremos menos corrupção. E a tanto só chegaremos com a diminuição da presença do Estado na economia. No dia em que não houver estatais para vender dificuldades, haverá menos gente para pagar por facilidades.
Infelizmente, apesar dos descalabros que vieram à luz, o Estado, o verdadeiro algoz da sociedade, tem saído incólume. Alguns imbecis têm preferido oferecer como remédio o ataque às garantias democráticas. Ou por outra: querem é ainda mais arbítrio do aparelho estatal, o pai de todas as corrupções, a tempo privatizado por empreiteiras e afins.
MEA CULPA Diretor jurídico da Odebrecht, Adriano Juca, deixa Tribunal em Nova York, onde confessou que a empreiteira pagou US$ 1 bi em propinas. Foto: IstoÉ
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