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domingo, 28 de fevereiro de 2016

" Antes de ser reconhecida pela incompetência, a presidente Dilma Rousseff ficou conhecida pelo cultivo dos maus modos "

28/02/2016
 às 19:40 \ Opinião

Dora Kramer: Persona não grata

Publicado no Estadão
Antes de ser reconhecida pela incompetência, a presidente Dilma Rousseff ficou conhecida pelo cultivo dos maus modos. Maneira de ser, tratada pelo departamento de propaganda do Palácio do Planalto – no momento desativado e posto em desassossego nas dependências da Polícia Federal em Curitiba – como sinal de austeridade e exigência na eficácia do trabalho. Na versão de sua assessoria, a presidente está sempre “irritada” com alguma coisa. Com o Congresso irritou-se a ponto de considerar desnecessário estabelecer relações cordiais até com parlamentares e partidos e sua base de apoio.
Com subordinados (dos mais aos menos qualificados) irrita-se ante qualquer contrariedade. Com a oposição irrita-se só pelo fato de ela existir. Com a imprensa mostra-se extremamente irritada se cobrada a falar sobre este ou aquele escândalo envolvendo sua administração. Chegou aos píncaros da irritação quando, ainda ministra, (des)qualificou como “rudimentar” a proposta dos então ministros Antonio Palocci e Paulo Bernardo para a condução da economia, cuja preliminar era o ajuste fiscal.
Agora a presidente da República está muito irritada com seu partido, o PT, que resolveu voltar às origens e negar o apoio que deu a Lula em 2003 para a adoção de medidas racionais. Com isso, cai o último bastião de defesa de Dilma. O partido não a quer. E nessa hora em que se encontra cercada de males por todos os lados, não há mais quem a queira, estão todos muito irritados com ela: se fala na TV, a presidente é alvo de panelaços, se transita por ambientes não protegidos arrisca-se a ser vaiada, quando apela ao Congresso não obtém a resposta pretendida. O empresariado não lhe tem apreço e os movimentos sociais já a tratam como inimiga.
Dilma é a “persona” menos grata da República. Não se encontra quem esteja disposto a lhe estender a mão ou nutra por ela alguma simpatia. Resultado da antipatia que semeou.
Isolada, a “rainha” não paira “sobranceira sobre os adversários” como prometeu João Santana. Antes, colhe os frutos da malquerença que com tanto afinco cultivou.
Nem Moro nem PT. Durante o período em que esteve preso, o senador Delcídio do Amaral chegou a cogitar a hipótese de propor ao Ministério Público um acordo de delação premiada. A família incentivava.
Mas, pensando melhor sobre as acusações que lhe são imputadas, pesando o custo e o benefício, desistiu por considerar perfeitamente possível derrubá-las com argumentos jurídicos. Por exemplo, contestando a legalidade da gravação feita pelo filho de Nestor Cerveró (ex-diretor da Petrobras) e argumentando que seu mal foi contar vantagem indevida ao sugerir influência sobre ministros do Supremo Tribunal Federal.
Num primeiro momento, o senador concentrará esforços em convencer seus pares em geral, e os integrantes do Conselho de Ética em particular, a não cassar-lhe o mandato. Se fizesse acordo com o MP, a preliminar seria admissão de que realmente tentou obstruir o trabalho dos investigadores, o que por si só já configuraria quebra de decoro.
Preservado o foro especial de parlamentar, Delcídio do Amaral mantém prudente (na visão dele) distância do juiz Sérgio Moro. Num segundo momento, o senador cuidará de sua vida partidária. Encerrando sua carreira de petista que, hoje conclui, nunca deveria ter sido iniciada.
Conta zerada. Se o silêncio de Marcelo Odebrecht tinha como objetivo a preservação da empresa, a motivação cessou com os depoimentos de Mônica e João Santana, atribuindo à construtora a prática de ilícitos no âmbito internacional.

A sociedade brasileira não 'encontrou um bom partido'... O noivo era proprietário de ficha criminal e escondeu da noiva


 ELIANE CANTANHÊDE


Parabéns pra você! -

O ESTADÃO - 28/02

Na década de 1990, 
surgiram os sem-terra na área rural. Mais adiante, vieram os sem-teto na área urbana. Pois agora está em gestação no Planalto Central a figura da presidente sem partido. Saiu Joaquim Levy, entrou Nelson Barbosa e o partido de Dilma Rousseff, o PT, continua implacável na oposição ao ajuste fiscal do governo e, portanto, à própria Dilma. Já a principal sigla da base aliada, o PMDB, retomou as articulações para o impeachment.

Durma-se com um partido desses! Ou com partidos como esses! Dilma, que já tem (e criou) problemas de sobra, deve estar dando uns bons gritos, roendo as unhas e xingando a mãe de muito petista por aí, inclusive de um tal Quaquá, presidente do PT do Rio, que deixou claro que não fazia a menor questão da presença da presidente, ontem, no aniversário do partido.

Conclusão: Dilma não queria ir à festa do próprio partido, nem o próprio partido queria Dilma num encontro com dois objetivos: atacar Dilma e defender Lula. Os bois de piranha, nos dois casos, foram os ministros Barbosa e José Eduardo Cardozo.

Já na sexta-feira, o PT mandou seus recados contra o que Levy dizia e Barbosa continua dizendo sobre a necessidade de uma política econômica responsável, capaz de fechar as contas públicas, equilibrar receitas e despesas e estancar a trajetória de queda do Brasil e dos brasileiros – sobretudo dos mais pobres – no precipício.

Segundo resolução que passou pelo Diretório Nacional, o PT “só apoia medidas pactuadas com o sindicalismo, as organizações populares e os movimentos sociais”. Ou seja, o PT se volta de costas para o seu governo e de frente para os movimentos aliados. Só topa qualquer coisa com o viés populista e sem nenhum traço de responsabilidade e pragmatismo. Sindicatos, organizações populares e movimentos sociais estão no seu direito, aliás, dever, de fazer pressão, mas o partido da presidente da República tem a obrigação de ir além, de pensar e agir estrategicamente.

Mas, não. Nega-se a admitir que a farra fiscal e a inflação atingem justamente os assalariados e os que dependem do Estado para saúde, educação, saneamento, infraestrutura. Para assegurar isso, dispensam-se discursos contra o “sacrifício do povo trabalhador” e exige-se a responsabilidade de traçar uma política econômica sólida, confiável, que garanta de fato bem-estar e direitos de médio e longo prazos desse mesmo povo trabalhador.

Na prática, o PT faz o oposto do que pretende: fala contra o “golpismo”, mas dá argumentos para o impeachment; defende a unidade, mas racha o governo para um lado e o partido para o outro; sabe que Lula e Dilma são indissociáveis, mas empurra um contra o outro; reconhece que há enorme fragilidade, mas opera para converter os convertidos e ignora reconquistar a maioria que debandou.

Em resumo, o partido da presidente age como se Dilma não tivesse mais jeito. Logo, toda a energia e todas as festas devem ser para renegar o presente, ressuscitar o passado e investir no futuro. Ou seja, contra Dilma, a favor de Lula. Só que... se Dilma não vai bem, porque seu governo destruiu a economia, Lula não está melhor, porque o dele explodiu a Petrobrás e permitiu uma farra com dinheiro público e com as empreiteiras num nível nunca antes visto e imaginado.

E O PMDB? Está sendo novamente empurrado para o PSDB e para a tese do impeachment, depois da prisão de João Santana – aliás, o grande ausente na festa do PT, junto com José Dirceu, Delcídio Amaral, André Vargas e uma penca de ex-tesoureiros. Se o PT é de oposição e o PMDB é uma ameaça, Dilma está perto de criar o movimento dos presidentes sem partido – e sem base, sem povo e sem credibilidade.

Festa do PT é para renegar o presente, ressuscitar o passado e investir no futuro

Uma lição de Lógica da Argentina a partir de seu presidente Macri / coluna de Rodrigo Constantino

Renato Follador



INVEJA DA ARGENTINA… OU: A DIFERENÇA QUE UMA BOA LIDERANÇA FAZ!
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Essa coluna de Renato Follador resume muito bem o abismo que tem sido aberto entre Argentina, sob o liberal Mauricio Macri, e o Brasil, sob a socialista Dilma:
Em somente dois meses na presidência da Argentina, Maurício Macri retirou todas as restrições de importações, zerou o imposto de exportação de trigo, milho e carne, e reduziu o da soja, automóveis e motos. Mesmo assim, a arrecadação aumentou.
Denunciou o acordo com o Irã, expulsou médicos cubanos sob a justificativa de que não financiaria ditaduras enganando a população com uma pseudo assistência médica. Demitiu 19 mil comissionados, desmontou a “Ley de Medios” e anunciou que vai pagar todas as dívidas dos importadores argentinos, no total de US$ 5 bilhões, 80% delas com exportadores brasileiros.
Na semana passada, ainda quitou US$ 2,3 bilhões com credores italianos e conseguiu deságio de 30% para pagar a parcela restante de US$ 9 bi com fundos “abutres”. A Argentina voltou ao mercado mundial de capitais, depois de 10 anos de kirchnerismo, em que foi a leprosa do mundo.
Há duas semanas, investidores internacionais fizeram fila em Davos para falar com ele.
Enquanto isso, no Brasil, o Congresso parado sob o comando de dois denunciados e a presidente, sustentada por um partido esfacelado pela contradição e pela corrupção, reafirma sua incompetência, arrogância e impopularidade para fazer as reformas necessárias.
Mais uma vez se confirma a tese de que governos são resultado da qualidade e da visão estratégica de seus governantes.
Nunca pensei que teria inveja da Argentina.
Nem eu! Mas é inevitável quando analisamos a segunda derivada, a direção dos eventos na margem, as mudanças em cada país. O Brasil segue na rota bolivariana socialista, com um governo corrupto aumentando impostos e destruindo a economia. A Argentina, depois de se livrar de sua “Dilma bocuda”, de colocar Cristina Kirchner para correr, vem adotando várias medidas corretas sob a batuta do empresário liberal Mauricio Macri. E os resultados já são evidentes.

Sem convicção Lula avisa que ganhou sítio de Atibaia como presente de ex-prefeito Jacó Bittar do PT

sábado, fevereiro 27, 2016


LULA AFIRMA QUE GANHOU SÍTIO DE ATIBAIA DE 

PRESENTE DO EX-PREFEITO JACÓ BITTAR DO PT

Esta foto é do site da Folha de S. Paulo. Pelo que se nota talvez seja esta a derradeira festa do dito 'Partido dos Trabalhadores'.
A novela é longa mas está perto do fim. Durante discurso na festa de aniversário de 36 anos do PT, no Rio de Janeiro, que ficou muito aquém do que fora programado (PT esperava 4 mil pessoas e o público que compareceu foi metade disso), Lula foi a 'estrela' do convescote, mas estrela cadente... 
Segundo o noticiário dos jornais Lula deitou falação, ameaçou, atacou a imprensa fazendo o diabo do jeito que o diabo gosta. Talvez o essencial de tudo que Lula tenha dito circunscreveu-se ao famigerado sítio de Atibaia. Lula disse que ganhou o sítio de presente. Nota-se que Lula já está ensaiando a sua defesa e preparando o terreno de seu depoimento ao Ministério Público.
Transcrevo o lead e o sub-lead de matéria do site da Folha de S. Paulo:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu discurso na festa de aniversário de 36 anos do PT para fazer sua primeira defesa pública das suspeitas de ter sido favorecido por empreiteiras em imóveis no interior de São Paulo. O petista disse não ser dono das duas propriedades investigadas e atacou o Ministério Público e a Polícia Federal.
Pela primeira vez, o petista disse publicamente ter recebido o sítio em Atibaia de presente de seu amigo Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas. "Ele inventou de comprar uma chácara para que eu pudesse descansar depois que eu deixasse a Presidência. E fizeram uma surpresa pra mim. Ficou em segredo até o dia 15 de janeiro", afirmou. Leia MAIS

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Lula tem faltado às provas orais de sua vida pública e pode, com isso, 'tirar' nota zero e ... prejudicar seu currículo político

27/02/2016
 às 13:44 \ Opinião

J. R. Guzzo: No alvo errado

Publicado na versão impressa de VEJA

Já virou um procedimento de rotina para o ex-presidente Lula e todo o seu sistema de apoio, nessa miserável cachoeira de suspeitas que não para de jorrar em torno dele. Em vez de apresentar um mínimo de fatos capazes de atestar que é um homem decente, e afastar pelo menos o grosso das desconfianças que construiu em torno de si próprio, o principal líder político do Brasil se escondeu de novo. Deveria responder a algumas perguntas num fórum criminal de bairro em São Paulo — coisa que qualquer cidadão com a vida em ordem seria capaz de fazer sem o menor problema. Mas não. De tudo o que podia fazer de ruim, escolheu o pior: simplesmente não foi ao interrogatório, aproveitando-se de um desses truques burocráticos que a Justiça brasileira oferece a toda pessoa que tem dinheiro, influência e advogados suficientes para impedir que a lei se aplique a ela. Por que não foi? Pelo mesmo motivo, exatamente, que o manteve de boca fechada, até agora, em relação a tudo o que vem sendo dito sobre sua conduta: não consegue dar, nem com a assistência dos mais distintos criminalistas do país, uma única resposta que possa ser levada a sério sobre os benefícios pessoais inexplicáveis que vem recebendo de empreiteiras de obras públicas.
Resolve alguma coisa? Não resolve. As perguntas só irão embora no dia em que forem respondidas. Lula, o PT e o seu mundo ganharam mais algum tempo; em compensação, o ex-presidente vai tomando cada vez mais indiscutível sua reputação como homem que foge da raia. Parece que estão tentando botar de pé, na sua usina de marketing, a imagem de Lula como um novo “Cassius Clay”, o boxeador que passou nas cordas toda uma de suas lutas mais célebres — até reagir e mandar o seu adversário para a lona. Há um problema complicado com essa comparação: Cassius Clay só ganhou porque compareceu ao ringue no dia marcado para a disputa. Mas a regra número 1 para Lula é sumir: em vez disso, acusa os adversários. Neste último episódio, sua tropa falou de “linchamento”, tentativa de “impedir” sua candidatura à Presidência em 2018, guerra da elite ao seu “legado” e o resto da ladainha de sempre. É como se Clay, em vez de subir no tablado, ficasse xingando George Foreman lá no meio da plateia. Parecem ter esquecido que não estão numa campanha eleitoral, e sim diante da Justiça penal — não adianta enganarem o eleitorado, pois quem precisa acreditar no que dizem é o juiz. Estão atirando no alvo errado.
A fuga permanente de Lula não chega a piorar sua imagem junto aos milhões de brasileiros que, já faz muito tempo, desistiram de acreditar nele. Seu problema, a partir de agora, parece ser com os outros milhões que são seus eleitores, simpatizantes e irmãos de fé — essa multidão de gente sem rosto, sem nome e sem triplex que vota nele, briga por sua reputação e não ganha nada com isso. Lula sempre achou que esse povo engole tudo; tem uma credulidade e uma paciência sem limites. Vai continuar assim para sempre? Diante das perguntas a que seu líder não responde, talvez comece a perder o interesse em ouvir Lula falando pela milésima vez no “legado”, no “operário” que cuida dos pobres, na boa fortuna que trouxe a eles. Pode estar se enchendo com as histórias de que Lula é importante para “o futuro do mundo”, ou que a “elite” inventa todas as acusações contra ele. Tudo bem, mas não é isso que essas pessoas estão perguntando hoje, nas viagens de três horas até o trabalho ou na procura do emprego que perderam. Querem saber a troco de que empresas pagam reformas caríssimas no sítio que Lula “frequenta” — um lugarzinho meia-boca, segundo diz agora o seu estado-maior, mas que para 99% dos brasileiros é um sonho que não vai se realizar até o fim da sua vida. Por que manda para um sítio que não é dele uma mudança com 200 caixas? Por que lhe pagam uma cozinha de 130 000 reais, mais do que vale uma casa inteira no Brasil real? Por que a empresa de telecomunicações que ganhou do ex-presidente um favor “top de linha” instalou uma torre de celular ao lado do bendito sítio? Por que seus filhos moram de graça? Por que sua vida é cercada pelos quatro cantos por empreiteiras de obras públicas — e estaria certo Lula receber tanto dinheiro delas?
Lula vem fracassando dia após dia na batalha para mostrar que não está escondendo nada, como acaba de comprovar mais uma vez com sua recusa em responder a perguntas do promotor público. O que pretenderia, então? Passar assim o resto da vida?

Farra na política; faturamento; farsa; fatiamento; favorecimento; fascínio; feira;felonia; ferocidade; e ... feitiço malvado

O TRIO ACARAJÉ E O MEGA ESQUEMA DE MENTIRAS E ROUBALHEIRAS: PRISÃO DO MARQUETEIRO DO PT FAZ LAVA JATO AVANÇAR

Enquanto a maioria dos jornalistas dos jornalões troca figurinhas com a turma do PT as principais revistas semanais ainda resistem bravamente ao apetralhamento total de suas redações. É o caso da revista Época desta semana que traz uma extensa reportagem do jornalista Diego Escosteguy sobre os efeitos da Operação Acarajé, desdobramento da Lava Jato, que agora já lambe as bordas do centro do poder petista plantando em Brasília depois que Lula chegou ao Planalto. 

Segundo Época, o marqueteiro João Santana, até há pouco uma espécie de ministro sem Pasta da Dilma e do Lula, ao cair nas malhas da lei sincronizou as investigações da força-tarefa da Lava Jato e aparece como o elo da corrente de maracutaias e roubalheiras variadas que une Lula ao ex-poderoso empresário Marcelo Odebrecht que se encontra preso em Curitiba há pelo menos uns oito meses.

Tais conjeturas não podem ser desprezadas. Não é à toa que enquanto a redação de Época corria contra o relógio no fechamento da edição que chega neste sábado às bancas e já está disponível para assinantes online, o Juiz Sergio Moro acolhia o pedido da Polícia Federal prorrogando por mais cinco dias a prisão de João Santana e de sua mulher e sócia Mônica Moura. O casal continua detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

De acordo com a reportagem de Época constata-se que os próximos passos das investigações terão impacto devastador. Seguindo o dinheiro os investigadores poderão bater inclusive no BNDES e outros organismos estatais. É coisa grande.

Transcrevo a seguir um aperitivo da reportagem de Época que dá uma idéia ligeira do tamanho da encrenca. Leiam:
QUEBRANDO O FEITIÇO
Sobranceiro, ele fez sete presidentes. Bruxo, começou logo pelo que parecia impossível: reeleger, em 2006, um Lula que sobrevivera por pouco ao mensalão. Parecia feitiçaria, e o feitiço ganhou o mundo. Não exatamente o mundo. De acordo com a nova linha de investigação da Lava Jato, ganhou os países onde a Odebrecht tinha interesses econômicos e Lula influência política. À eleição do petista, seguiram-se os presidentes amigos do lulismo e da empreiteira. Maurício Funes em El Salvador. Danilo Medina na República Dominicana. José Eduardo dos Santos em Angola. Chávez e Maduro na Venezuela. Enquanto fazia presidentes aqui e ali, cá e acolá, nas Américas e na África, o bruxo aperfeiçoou seu domínio das artes ocultas do marketing político e – abracadabra – elegeu uma desconhecida para o Palácio do Planalto. E, assim, o marqueteiro João Santana e a presidente Dilma Rousseff chegaram ao topo. E lá se mantiveram mesmo depois das eleições de 2014, sobranceiros. Ela, presidindo. Ele, aconselhando.
A prisão do bruxo na segunda-feira da semana passada, acusado de receber dinheiro do petrolão em contas secretas, desfez abruptamente o feitiço do poder. Esvaiu-se a última esperança no PT de que a força incontrolável da Lava Jato não adentraria o Palácio do Planalto. O bruxo está enrascado. Com ele, Dilma e Lula. Acima deles, a Odebrecht, cujo chefe, Marcelo Odebrecht, que faz companhia aJoão Santana na carceragem de Curitiba, comandava, segundo os investigadores, um esquema internacional de pagamento de propinas. É nesse grupo que a Lava Jato avança agora. Avança em meio aos destroços políticos das prisões, rumo às provas de que o marqueteiro, a empreiteira e o ex-presidente agiam juntos, aqui e lá fora. Segundo a suspeita do Ministério Público, a Odebrecht bancava o marqueteiro que elegia os presidentes amigos. A força-tarefa investigará também as gestões do ex-presidente Lula junto a esses mesmos presidentes amigos, que liberaram à Odebrecht dinheiro de contratos financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. Vai investigar também as conexões entre todos esses fatos.
A feitiçaria era perfeita como o melhor marketing político: funcionava sem ninguém perceber. Não mais. Abracadabra.

" Pense num absurdo, no Brasil tem " ... / Maria Helena RR de Souza

Pense num absurdo, no Brasil tem

A frase original do governador Otávio Mangabeira (1947 e 1951) é outra: “Pense num absurdo, na Bahia tem precedente
Charge (Foto: Do Blog do Amarildo em 24 de fevereiro de 2016)
Do Blog do Amarildo em 24 de fevereiro de 2016
”.
Não sei se foi o Brasil que habituou a Bahia a cultivar esse vezo ou se foi a Bahia que adotou o ritmo por ser brasileira, o que eu sei é que aqui acontecem coisas do arco da velha que, penso eu, não se vê em nenhum outro lugar do mundo.
Por exemplo, você conhece outro país onde um condenado, um presidiário em prisão domiciliar, um senador, possa continuar a atuar no Parlamento? Eu não conheço e peço, encarecidamente, se alguém conhecer que me informe, pois há um detalhe que está me intrigando muito: os votos dele valerão tanto quanto os de um senador sem nenhuma mancha em sua vida?
Outro exemplo: empreiteiras generosas reformam e enriquecem imóveis urbanos e campestres de um ex-presidente. Não esquecem nenhum detalhe, como antena parabólica para que os frequentadores não se privem do prazer de usar a TV, a Internet e telefones celulares. 
De hoje em diante, não devemos mais dizer “isso foi um presente de pai para filho”. O certo será dizer “isso foi presente de empreiteira!”.
Outro detalhe curioso: será que existe curso para capacitar profissionalmente uma pessoa a viver como ‘operador de propina’ de uma empresa?  Ou basta a indicação de um amigo? Pergunto por que fiquei tentadissima em me oferecer como ‘operadora de propina’ depois de ler sobre a mansão e a coleção de automóveis antigos do polonês Zwi Skornicki. Fora uma lancha, 48 obras de arte e os detalhes em seu facebook sobre viagens internacionais, paixão que ele cultiva com enorme prazer e com o bolso recheado.

Foi em casa desse afortunado senhor que a PF encontrou uma carta endereçada a ele e a seu filho Bruno que tinha como remetente ‘Monica Santana’, com endereço na Polis Propaganda, agência do marqueteiro do PT.  Foi em decorrência dessas investigações iniciais, de 2014, que a PF chegou a Santana.

O casal João Santana foi detido e está em Curitiba. Chegaram sorridentes. Já depuseram e a lista de absurdos que disseram é muito longa para o espaço que aqui me cabe.
Mas há alguns que não posso deixar de mencionar:
- O marido declarou que não sabe nada dos dinheiros nem onde estão nem como foram aparecer em suas contas. Por quê? Porque ele é o artista, ele não lida com coisas chãs, ele lida com a arte de transformar seus candidatos em gente merecedora de votos! Um verdadeiro artista! A parte mercenária não é com ele;
- quem sabe tudo sobre as finanças é sua mulher Mônica Moura. Ela é a responsável pelas movimentações e que ele "não sabe dizer quais valores foram recebidos" na conta que era mantida como uma poupança para sua aposentadoria;
- o dinheiro que o operador de propinas lhes repassava era das campanhas de João Santana em outros países, como Angola, Venezuela, República Dominicana. É só uma tremenda coincidência serem países de dirigentes muito ligados aos petistas e onde a Odebrecht tem obras;
- segundo o ministro José Eduardo Cardozo os fatos que estão sendo investigados não têm nada a ver com a campanha de Dilma Rousseff em 2014!

Mas o mais belo absurdo para mim é a confissão de João Santana sobre os "eventuais conselhos de maneira esporádica” prestados ao governo federal e que não foram remunerados. Aos investigadores, ele disse que foi "um doador de serviços ao governo em razão do prazer que isso lhe gera e da facilidade que possui". (O Globo)
Nem Michelangelo trabalhou tanto e com tanto amor para os seis Papas que serviu. O florentino cobrava e cobrava bem.
João Santana é o verdadeiro artista.  Ars Gratia Artis é o que ele merece como epitáfio.

O nível dos dirigentes do país é motivo para entristecer a sociedade brasileira ...


POLÍTICA

Os imbecis de Umberto Eco

Burro no PC (Foto: Arquivo Google)
Em memória de Umberto Eco, vamos lembrar aqui uma reflexão recente do mestre da semiótica, que em seus estudos, como o marcante “Apocalípticos e Integrados”, deu um verniz de nobreza às manifestações da cultura de massas, como as histórias em quadrinhos ou o cinema.
Numa cerimônia realizada em 2015 na Universidade de Turim, onde ensinava, Eco foi impiedoso com as consequências do uso indiscriminado das mídias sociais para discussões supostamente edificantes:
“As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel”.
Esta semana tivemos o exemplo mais sólido do que pode acontecer quando a miséria intelectual do debate político brasileiro se mistura ao direito de fala concedido aos milhões de imbecis. Só podia dar no que deu: um espetáculo de degradação e desinformação de fazer corar, como se dizia antigamente, um frade de pedra.
Vamos passar por cima e desconsiderar, para efeitos de discussão do uso desqualificado das redes sociais, dos mexericos da Candinha que envolveram a vida privada de políticos de relevo, com discussão sórdida de detalhes que só interessam aos envolvidos e que não trouxeram a mínima evidência do uso de dinheiro público.
Baixarias à parte, houve um outro tema que não envolvia alcova, mas que demonstra, de maneira chocante, a superficialidade e a desinformação que pautam grande parte da opinião pública assim dita “engajada” numa guerra de palavras de ordem e slogans sem pé nem cabeça em torno de um assunto de grande interesse para o País: a exploração dos campos de petróleo das províncias do pré-sal, que os dois últimos presidentes chamaram de “bilhete premiado”.
Até as rochas submersas sabem que os governos petistas se agarraram a essa descoberta como se ela fosse a lâmpada de Aladim da redenção nacional. Fizeram de tudo com o pré-sal: tiraram fotos com as mãos sujas de óleo (ah, se fosse só de óleo…), gastaram por conta, resolveram os problema de educação até o fim dos tempos, e só não dançaram fantasiados de barril de petróleo na Praça dos Três Poderes porque Shigeaki Ueki, o “japonesinho do Geisel”, já tinha prometido fazer isso antes.
No meio dessa euforia, o governo criou um marco regulatório substituindo o sistema de concessão pelo de partilha, e sacou da algibeira uma decisão insensata, que foi a de OBRIGAR a Petrobras a comandar a operação de todos os campos, com uma participação mínima de 30%.
A Petrobras, que atualmente deve 5 vezes mais do que vale, não tem, neste momento, condições de cumprir a OBRIGAÇÃO. Portanto, sem dinheiro para cumprir o que manda a lei, a Petrobras não pode licitar campos porque não tem dinheiro para investir neles. Obviamente, a exploração dos campos, prejudicada além de tudo pela queda brutal dos preços do óleo cru, diminuiu de ritmo.
O projeto de lei de José Serra, aprovado no Senado, OBRIGA a Petrobras a ceder os campos? Não, ele só a DESOBRIGA de participar e comandar a operação de todos e com um mínimo OBRIGATÓRIO de 30%. Se União acha que a empresa tem condições de entrar com 30%, tudo bem. A decisão é da União. A lei aprovada pelo Senado não prejudica em nada a Petrobras. Pelo contrário: lhe dá mais alternativas para uma escolha racional, que mais interesse à empresa naquele momento.
As redes sociais, povoadas de imbecis ideológicos, desenterrou dos seus baús de memórias afetivas slogans velhos e bichados como “entreguistas" e condenou a união de bárbaros pela “entrega" do pré-sal aos “agentes do imperialismo”.
Pode haver coisa mais enferrujada do que essa? Os “patriotas" do arco da velha preferem ficar sem petróleo nenhum do que abrir mão de seus mitos ideológicos.
Não existe maneira mais fácil de identificar os imbecis de Umberto Eco.

O DNA de uma tragédia guardada em tela de telefone móvel / José Casado

terça-feira, fevereiro 23, 2016

Na memória do telefone - JOSÉ CASADO

O GLOBO - 23/02

Preso, o empreiteiro Marcelo Odebrecht não fala, mas suas anotações orientam a investigação que, agora, passou a ter a colaboração direta do governo dos Estados Unidos


A prisão de “Vaca” o deixou inquieto. Àquela altura de abril de 2015, porém, mais preocupante era a situação de “RA”, um de seus principais assessores. Sempre dissera ao próprio e às famílias — inclusive à sua — que se algum dia pegassem alguém dele, iria “lá” para proteger. Assim fez no outono. Achou que “RA” seria preso, levou-o para casa. Aumentava o perigo, agora precisava pensar num Plano B.

Na madrugada de uma quinta-feira da primavera passada, pegou seu iPhone preto de bordas cinzas, abriu a pasta “Calendário” e começou — era um homem que anotava:

“Delação/fallback (RA)” — escreveu. O registro “fallback” era para não esquecer: alternativa extrema em cenário de prisão de “RA”, esgotados todos os recursos para livrá-lo.

Acrescentou: “— Livrar todos e soh eu.” Ou seja, nessa hipótese, “RA” aceitaria o acordo de delação, mas em bastes restritas: livraria todos, deixando-o exposto, sozinho, diante do juiz, procuradores e policiais federais.

Mostraria o plano a “RA”, e, com ele, passaria a todos a mensagem devida: no limite, era com ele — e, como até as crianças em casa sabiam, não entregava ninguém. Continuou desenhando um roteiro sobre o que “RA” diria num acordo. Por exemplo, sobre “Vaca”:

“— Era amigo e orientado por eles pagou-se Feira de cta que eles mandaram. ODB pagava campanha a priori, mas eh certo que aceitava indicações a título de bom relacionamento.”

A organização (“ODB”) adotara a prática de adiantar financiamentos de campanha, mas só das principais. Aceitava sugestões, eventuais.

Seguiu, pensando na voz de “RA” em depoimento: “Campanha incluindo caixa 2 se houver era soh com MO, que não aceitava vinculacao.”

Outra vez, ele posto no alvo. E se, nessa altura, o inquiridor argumentasse sobre “PRC”, o diretor da estatal, primeiro preso e delator premiado do caso? Então, “RA” poderia retrucar: “PRC soh se foi rebate de cx2”.

Agora anotava em espasmos: “Nosso risco eh a prisão” ... “Acordo Leniência CGU?” — sim, era preciso cogitar. E ver com advogados: “Risco Swiss? E EUA?” Porém, ainda mais urgente, era a conversa com o mineiro, governador, com quem previa logo se encontrar. Registrou:

“FP: — Ela cai eu caio; — Dar a dimensao”.

Essas notas na memória de um telefone celular são de Marcelo Odebrecht (“MO”), ex-presidente da empreiteira homônima, e orientam a investigação judicial. Ele está preso há oito meses. “Vaca” é João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, preso em 15 de abril do ano passado. “RA” e “MF” são Rogério Araújo e Marcio Faria, ex-assessores de Marcelo na Odebrecht e seus companheiros de cela por quatro meses — foram soltos em outubro. “FP” é Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais, segundo a polícia. “Ela” não teve a identidade sugerida no inquérito.

Os riscos sobre as contas na Suíça, temidos por ele, se tornaram fatos nas cortes de Curitiba, Brasília e Berna.

Ontem surgiu uma novidade: o Ministério Público Federal anunciou a ativa cooperação judiciária do Departamento de Justiça dos Estados Unidos na investigação sobre lavagem de dinheiro em que a Odebrecht é personagem central, com transferências a partir de bancos em Nova York. Na prática, significa a abertura de processo contra a empresa nos EUA, onde a Petrobras já se defende em tribunais.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Charge de Aroeira no blog de Josias de Souza

Charge de Aroeira

Capa de El País de 26/02/2016

Juiz carioca se perfila como o ‘novo Moro’ após divisão da Lava Jato

MARÍA MARTÍN Rio de Janeiro
Após desmembramento da investigação, Marcelo Bretas assume o 'Eletrolão', que investiga corrupção no setor elétrico, um caso com potencial para se tornar um novo escândalo bilionário nacional
Penitenciária Lemos de Brito, em Salvador.
Penitenciária Lemos de Brito, em Salvador. / AGECOM - GOVERNO BAHIA

Mudança de regra pelo STF agiliza detenções, mas pode lotar prisões

AFONSO BENITES Brasília
Supremo decidiu que condenados em segunda instância devem ser presos antes do julgamento de recursos a tribunais superiores

Empresas com mais mulheres no comando são mais rentáveis

A conselheira delegada de Pepsi, Indra K. Nooyi.
Companhias com pelo menos 30% de executivas têm lucro 15% maior, segundo um estudo do Peterson Institute for International Economics

Pequim se torna a cidade com mais bilionários do mundo

Capital chinesa desbanca Nova York como o lugar com mais habitantes donos de fortunas superiores a um bilhão de dólares

O abandono dos imigrantes irregulares detidos na Líbia

Centenas de estrangeiros sem-documentos, incluindo crianças sozinhas, estão há meses em um centro de detenção de Misrata
Imigrantes esperam por trabalho na Líbia.
Imigrantes esperam por trabalho na Líbia. / JULIÁN ROJAS

Do medo de Muamar Gadafi ao medo do Estado Islâmico

F.P. (ENVIADO ESPECIAL) Misrata (Líbia)
Misrata, a cidade líbia que capturou o ditador, se debate entre a alta do custo de vida e a ameaça do grupo jihadista no país

Eleições legislativas de hoje no Irã são centrais para as novas gerações

Eleições legislativas no Irã são centrais para as novas gerações
Muitos jovens iranianos só veem uma saída na emigração. Três milhões deles votam pela primeira vez nesta eleição