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NOTÍCIAS DE BRASÍLIA

sexta-feira, 8 de julho de 2016

O Brasil surreal vai enfrentar o mês de Agosto, chamado de mês de azar para políticos, difícil de ser tranquilo sem sustos...

O agosto de Dilma e Cunha - 

ELIANE CANTANHÊDE

O ESTADÃO - 08/07

É incrível como os arqui-inimigos Dilma Rousseff e Eduardo Cunha vão caminhando para o ocaso político, lado a lado, semana a semana, e podem chegar juntos ao cadafalso em agosto, o mês do cachorro louco na política brasileira, quando Getúlio Vargas se matou, Jânio Quadros renunciou, Juscelino Kubitschek morreu.

Dilma não foi pessoalmente se defender na Comissão de Impeachment e enviou uma carta em que fala menos para os senadores, que já têm seus votos bastante definidos, e mais para sua biografia e para a opinião pública. Nessa carta, disse que errar é humano, mas, no seu caso, sem “desonestidade, covardia ou traição”. O impeachment, acusou, é uma “injustiça” e uma “farsa”.

Quanto a Cunha: ele renunciou à presidência da Câmara para ganhar ainda mais tempo e principalmente para tentar salvar o mandato, mas é tarde demais: não vai escapar da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nem do plenário da Câmara e muitíssimo menos da Justiça.

No máximo, ele e seus seguidores vão tentar manobrar com os prazos. Por exemplo, marcando para o mesmo dia, a próxima terça-feira, a votação da cassação de Cunha na CCJ e a eleição do novo presidente no plenário da Câmara. Cria-se, assim, uma relação direta de causa e efeito: elege-se o sucessor para livrar a cara de Cunha? Mas pode ser em vão.
Ambos, Dilma e Cunha, sabem que estão perdidos. O mundo político considera pule de dez que o impeachment dela será aprovado em agosto pela comissão e em seguida pelo plenário do Senado. E trabalha ativamente para evitar que Cunha, já ferido de morte, tenha fôlego para definir como e quando será seu próprio enterro. 

Há um esforço suprapartidário especialmente para evitar que possa fazer o sucessor na presidência. Seria como morrer num dia e reencarnar no outro na pele de um aliado. Faria, assim, uma dupla pressão sobre o Planalto, com o líder do governo, André Moura, e com um futuro presidente da Câmara tirado do Centrão.

A estratégia de Dilma, de Lula e do PT é adiar ao máximo a votação final do impeachment, não para tentar reverter votos ou chegar a um resultado surpreendente a favor dela, mas sim para manter uma excelente plataforma para enfraquecer e minar as chances de sucesso do interino Michel Temer.

Temer, porém, não sangra sozinho. Enquanto o Brasil tiver dois presidentes e ainda houver dúvidas quanto à sua confirmação, por mínimas que sejam, mais lenta e mais difícil é a recuperação da confiança, dos investidores e, portanto, da economia – e dos empregos.

Quanto a Eduardo Cunha: seus dois problemas agora são os prazos e suas contas com a Justiça. Ele está estrebuchando, mas tenta empurrar o fim para agosto, aproveitando-se do início do recesso branco do Congresso na próxima quinta-feira. E, na Justiça, ele dá murro em ponta de faca.

Sem a presidência da Câmara, seus muitos processos no Supremo Tribunal Federal saem do plenário para uma das turmas e podem ganhar mais celeridade. E, quando perder o mandato de deputado, ele perderá o próprio direito a foro privilegiado. Trocando em miúdos: vai sair do Supremo e cair nas garras do juiz Sérgio Moro, já implacáveis com sua mulher, Claudia Cruz.

Em resumo, há uma grande simbiose entre Dilma e Cunha, mas por motivos muito diferentes e com destinos também bastante distintos. Dilma faz o caminho de volta para Porto Alegre, de onde nunca deveria ter saído. Cunha está com um pé na prisão, para onde já poderia ter ido há anos, talvez décadas. Eles já são cartas fora do baralho e o Brasil quer saber como, para onde e com que peças esse jogo vai continuar.

P.S.: Com a Olimpíada, em agosto, bilhões de pessoas mundo afora vão estar olhando para tudo isso sem entender nada. Se nem a gente entende...

BNDES recebe determinação da 16ª Vara Federal em Brasília para revelar documentação de empréstimo para porto Mariel em Cuba

quinta-feira, julho 07, 2016


JUIZ FEDERAL DETERMINA AO BNDES QUE ABRA OS DADOS DO FABULOSO FINANCIAMENTO DO PORTO DE MARIEL CONSTRUÍDO PELA ODEBRECHT EM CUBA

Dilma com Raúl Castro e Marcelo Odebrecht festejam em Havana o esquema de ladroagem do Porto de Mariel. Ao lado o Marcelo Odebrecht atualmente, preso em Curitiba.
O juiz federal Marcelo Rebello Pinheiro, da 16ª Vara Federal, em Brasília, determinou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que revele a documentação relativa aos empréstimos feitos pela instituição destinados às obras de modernização do Porto de Mariel, em Cuba. O empreendimento, orçado em US$ 957 milhões – dos quais US$ 682 milhões saíram do BNDES -, é marcado por suspeita de tráfico de influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor da empreiteira Odebrecht.
A decisão do juiz Marcelo Rebello Pinheiro atende Ação Cautelar de Exibição de Documentos, com pedido liminar, ajuizada por Adolfo Sachsida, ‘objetivando que seja determinada a disponibilização do processo administrativo referente aos contratos de empréstimo para modernização do porto de Mariel, em Cuba’.
O autor da ação alegou que o contrato foi ‘indevidamente’ classificado como secreto pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A justificativa para a ocultação da operação estaria relacionada a ‘informações sigilosas, permitindo ser conhecido (o contrato) apenas no ano de 2027, afastando a possibilidade de apreciação da legalidade do ato pelos órgãos de controle e pela própria sociedade’.
Em sua decisão, o juiz federal adverte que ‘a existência de indícios de irregularidades nas operações de financiamento para reconstrução do Porto de Mariel, cujos contratos se pretendem exibir, sobrepõe-se ao dever de sigilo sobre as referidas operações’.
“Entendo plausível o direito do requerente de ter os documentos exibidos pelas requeridas (BNDES e União), facultando-lhe a extração de cópia dos mesmos para instruir eventual ação popular”, determinou o Marcelo Rebello Pinheiro. Do site do Estadão

Coisas do Brasil...Delegado da Lava Jato afastado contradiz a versão do diretor-geral da Polícia Federal

DELEGADO EDUARDO MAUAT ACUSA DIRETOR DA POLÍCIA FEDERAL DE AFASTÁ-LO DA OPERAÇÃO LAVA JATO

Agora está esclarecido o afastamento do Delegado da Polícia Federal, Eduardo Mauat, da força tarefa da Operação Lava Jato. De viva voz Mauat explica tudo. O site O Antagonista que vinha acompanhado o caso além de postar o vídeo publicou uma nota que transcrevo:
O delegado Eduardo Mauat, ex-integrante da Lava Jato, gravou depoimento para o movimento NasRuas. Nele, Mauat contradiz a versão oficial de que as trocas dos integrantes fazem parte de um cronograma preestabelecido.
"Meu afastamento foi determinado pelo diretor-geral. Meu planejamento era continuar lá até agosto, para tentar encaminhar as demandas que estavam sob minha responsabilidade. Então, enquanto o Dr. Leandro (Daiello) for diretor-geral, eu não vou retornar à operação Lava Jato."
Segundo ele, a Lava Jato não "pertence a alguns burocratas". "É uma operação que pertence à sociedade", que tem "toda a legitimidade para fazer qualquer questionamento em relação ao ingresso de pessoas e a retirada de pessoas da equipe de investigação".

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Expectativas ruins para o Brasil em 2017... O buraco pode ser mais embaixo

quinta-feira, julho 07, 2016


Brasil, Mongólia ou Venezuela? -

 LUCIANA BRAFMAN

O GLOBO - 07/07

Diante do quadro de corrupção e da falta de credibilidade no governo por parte do empresariado, não foi zebra a queda de posição no Ranking de Competitividade Global


Há histórias tão verdadeiras que, às vezes, parecem inventadas. A frase, de Manoel de Barros, parece ter sido especialmente desenhada para o Brasil de hoje. Na Sucupira real, as notícias se superam, e a última é sempre mais inacreditável que a anterior. A sucessão de escândalos políticos nos governos PT e PMDB, a queda da ciclovia no Rio, o estupro coletivo, o japonês da Federal e tantas outras histórias nas páginas deste jornal soam absurdas, inacreditáveis. Já entre os acontecimentos que não nos surpreendem, destacam-se os negativos, como a recente divulgação do Ranking de Competitividade Global da escola de negócios suíça IMD, que revelou o Brasil como o quinto pior país do mundo nessa medição.

Diante do quadro de corrupção e da falta de credibilidade no governo por parte do empresariado, não foi zebra a queda de posição (pelo sexto ano) no ranking do qual fazem parte 61 economias. O IMD leva em conta cerca de 300 critérios para a classificação, com foco em desempenho econômico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infraestrutura. Estamos no 57ª lugar, à frente apenas de Croácia, Ucrânia, Mongólia e Venezuela.

Uma dose de curiosidade resultou na breve análise dessas nações que nos rodeiam no ranking, vizinhas na arte da corrupção, do descontrole e da ineficiência. Infelizmente, algumas informações nos levam a crer que, em 2017, o buraco do Brasil pode ser mais embaixo.

Vamos à Croácia. O país, que se tornou independente da URSS em 1991, foi pego de jeito pela crise financeira que atingiu a Europa. De 2008 a 2014, os croatas enfrentaram alta das taxas de desemprego e pobreza. Mas, como novata da União Europeia, a Croácia nutre expectativas de reformas (já anunciadas) e acesso a fundos. Segundo o FMI, desde o fim de 2014, o país se recupera da recessão, sobretudo com aumento das exportações. O turismo, fortemente incentivado, já representa parcela significativa do PIB.

Entre a influência russa e a europeia, a Ucrânia tem sua história recente marcada por guerras e rebeliões, tendo o país se transformado em palco de corrupção e espionagem. Em 2015, apesar da queda de quase 10% no PIB, houve progresso em direção à estabilidade, de acordo com relatório do FMI. A liberação de ajuda bilionária do Fundo tem como contrapartida esforços do governo contra a corrupção, além da implementação de reformas de gestão. O país é peça importante na geopolítica do petróleo.

Se há esperança ocidental em relação à Croácia e à Ucrânia, não se pode afirmar o mesmo de Mongólia e Venezuela, que parecem ter menos chances de ultrapassar o Brasil no curto prazo. A Mongólia, também ex-comunista, está na zona de influência da China, principal importador de sua produção agropastoril e mineral. Grande parte da população vive em extrema pobreza, e a infraestrutura é defasada. Com a desaceleração da economia chinesa, as perspectivas não são positivas.

Por fim, a Venezuela, bolivariana, em estado de emergência, até faz com que o Brasil pareça promissor. Com a economia dependente do petróleo, o país sofre os efeitos drásticos da queda do preço do barril. A miséria avança. A indústria inexistente e a redução de importações geraram uma escassez sem precedentes. A população convive com racionamento, previsão de inflação anual na casa de 700%, crise política, medidas autoritárias e ameaças de confisco.

Nossa história e o desenvolvimento socioeconômico brasileiro dos últimos anos estão bem distantes do ocorrido em cada um dos países citados. Para que a imagem do Brasil não se confunda com realidades tão duras quanto às vividas por Mongólia e Venezuela, por exemplo, o país precisa pavimentar seu próprio caminho priorizando combate à corrupção, reforma política e controle das contas públicas. Só assim poderá reconstruir as condições para a eficiência, investir em infraestrutura e, consequentemente, escapar de uma inacreditável 61ª posição do ranking da IMD.

Luciana Brafman é jornalista

O Brasil não tem bons modos de governar, legislar, fiscalizar, punir... ´É tudo no mais ou menos!

quinta-feira, julho 07, 2016

STF QUER CENSURAR CARICATURAS E MOVIMENTO 'NAS RUAS' REAGE INVOCANDO DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Movimento anti-PT usou bonecos com caricaturas de Lewandowski e Janot em protesto cobrando punição para envolvidos em roubalheiras. Foto DP by Rafael Arbex
A presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) pediu que a Polícia Federal investigue o responsável por bonecos infláveis que retratam o presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Eles foram usados em uma manifestação anti-PT ocorrida na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 19 de junho.
De acordo com o documento, assinado pelo chefe de segurança do STF, Murilo Herz, o uso dos bonecos representou "grave ameaça à ordem pública e inaceitável atentado à credibilidade" do Poder Judiciário. Herz pediu que a Polícia Federal interrompa a "nefasta campanha difamatória" contra Lewandowski inclusive nas redes sociais.
"(Os bonecos) configuram, ademais, intolerável atentado à honra do Chefe desse Poder e, em consequência, à própria dignidade da Justiça Brasileira, extrapolando, em muito, a liberdade de expressão", escreve Herz, com o aval de Lewandowski. O documento foi enviado ao diretor-geral da Polícia Federal em Brasília, Leandro Daielo.
PETROLOWSKI & ENGANÔ
Identificados como "petralhas", os bonecos ganharam o apelido de Petrolowski, no caso do ministro, e de Enganô, no caso do procurador. Janot, por exemplo, foi retratado como um arquivo e Lewandowski aparece com os pés cobertos de ratos e segurando uma balança em que um dos pratos pende para o lado em que está colocado o símbolo do PT.
De acordo com o chefe de segurança do STF, os bonecos foram inflados por integrantes do Movimento Nas Ruas durante a manifestação em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Segundo o documento, a líder do protesto era Carla Zambelli Salgado. Ela é uma das pessoas que se acorrentou na Câmara no ano passado para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
MOVIMENTOS REAGEM
Carla assumiu a responsabilidade pela criação dos bonecos e disse que não vê motivo para a investigação de charges críticas a figuras públicas. "Grave ameaça são algumas decisões que o próprio ministro toma como, por exemplo, como presidente do processo de impeachment", afirmou.
Outras autoridades também foram alvo de caricatura dos protestos anti-PT. Ganharam versões infláveis a presidente Dilma, cujo boneco foi apelidado de "Bandilma", os ministros Teori Zavascki e Dias Toffoli (Teoridra e Toffoleco, respectivamente) e o ministro Marco Aurélio Mello, que ainda não foi batizado.
Os bonecos ganharam popularidade após a criação do "Pixuleco", que faz alusão ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Carla, este é o único que não foi criado por ela. Os movimentos pró-PT também fizeram suas versões críticas do juiz Sérgio Moro e do presidente do PSDB no Senado Aécio Neves (MG). Do site Diário do Poder

Uma coisa é uma coisa... outra coisa é outra coisa ,,, principalmente no pais do mais ou menos

KÁTIA ABREU, A COMUNISTA RETARDATÁRIA, PODE SER EXPULSA DA COMISÃO DO IMPEACHMENT.

O senador José Medeiros (PSD-MT) vai protocolar um requerimento à Comissão Especial que analisa o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff com o objetivo de impedir que a senadora (e ex-ministra de Dilma) Kátia Abreu (PMDB-TO) integre o colegiado. É que Kátia Abreu, que ocupou a pasta da Agricultura no governo Dilma, foi arrolada como testemunha pela equipe de defesa da presidente afastada.
"Uma pessoa não pode ser arrolada como testemunha de defesa e depois virar julgadora," afirmou o senador José Medeiros. O requerimento deve ser protocolado ainda nesta quarta-feira (6), no Senado Federal. Do Diário do Poder
NEOCOMUNISTA
Kátia Abreu é produtora rural e presidente até mesmo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), entretanto converteu-se ao comunismo depois que se aproximou da Dilma e acabou sendo Ministra da Agricultura da "ex-presidenta".
A foto acima é original. Foi divulgada à farta nas redes sociais por obra e graça da própria Kátia Abreu que, numa daquelas viagens internacionais da Dilma juntou-se à petralhada e foi passear na Rússia. Em Moscou aproveitou a oportunidade para avisar aos brasileiros que havia se convertido ao comunismo em grande estilo. E foi a própria Kátia que postou via Twitter um ensaio fotográfico ostentando na cabeça o gorro comunista vermelho que era muito utilizado pelos líderes da ex-URSS.

Entretanto, o 'timing' de Kátia Abreu é uma piada. Ela não anteviu que toda a montagem do neocomunismo pós debacle da URSS haveria de ser escorraçado no século XXI.

O sinal mais evidente e forte de que mais uma vez os comunistas serão detonados foi emitido pelo Reino Unido. Velhos de guerra os ingleses decidiram pular fora da canoa furada da União Europeia que é na atualidade a experiência mais avançada do "comunismo do século XXI". Ainda bem que está no começo do fim.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

"... a militância política, ideológica e partidária que usa a sala de aula como concessão para fazer cabeças.

ESCOLA COM PARTIDO OU SEM PARTIDO?

por Percival Puggina. Artigo publicado em 
 Em Zero Hora do último dia 5 de julho, um estudante entrou na esteira aberta pelo jornalista Paulo Germano que escreveu coluna criticando o projeto Escola Sem Partido. A carta desse leitor soma-se a incontáveis relatos que pessoalmente recebi sobre". O projeto   a militância política, ideológica e partidária que usa a sala de aula como concessão para fazer cabeças.foi apresentado na Assembléia Legislativa gaúcha pelo deputado Marcel Van Hatten e na Câmara de Vereadores da Capital pelo vereador Valter Nagelstein.
Senhores absoluto de tempo e conteúdo, das respostas certas e das notas, os pseudoeducadores militantes têm seu trabalho facilitado pelo material didático igualmente político, ideológico e partidário que o MEC lhes proporciona. Em sua carta à redação de ZH, o estudante mencionado no início deste texto informa que a UFRGS, onde cursa História, "foi tomada por essa ideologia de esquerda. Aulas são canceladas para que os alunos assistam 'aulas democráticas', 'palestras sobre democracia', que sempre começam e terminam com odes ao PT". O acadêmico também poderia ter dito PSol, PSTU, PCdoB.
É fato sabido que a história das ideias inspiradoras de todos esses partidos não registra a construção de uma única democracia. Igualmente documentado que o PT no poder fez vários ensaios para controlar os meios de comunicação e se valeu de métodos escusos para iludir a população durante os processos eleitorais. O discurso da democracia, portanto, deve ser entendido como outra impostura para perverter a democracia. Não há democracia possível com o polinômio que orienta esses partidos: luta de classes, relativização do direito à propriedade privada, incentivo à violência, construção de hegemonia em bases gramscistas, combate aos valores da civilização ocidental, entre os quais a própria democracia liberal, representativa.
Se você, leitor, for chefe de família e puder optar, na escolha do colégio de seus filhos, entre uma escola com partido e uma sem partido, qual das duas teria sua preferência? Desnecessário dizer o que acontece na primeira: é isso que está aí, com alunos cantando revolução e louvando Marighella e Che Guevara. Na outra, indiscutivelmente, maior foco no ensino e na aprendizagem. Na primeira, o preparo de militantes. Na segunda, o preparo para a vida. Na primeira, o incentivo à desordenada rebeldia. Na segunda, a criatividade positivamente estimulada. Na primeira, as artimanhas do combate político. Na segunda, o desenvolvimento das habilidades e competências para uma vida produtiva. Na primeira, a renitente interpretação marxista dos fatos sociais, políticos e econômicos. Na segunda, o incentivo ao estudo e ao trabalho.
Não devemos esquecer que os pais são os primeiros e mais legítimos responsáveis pela educação dos filhos. Com esta premissa, não creio que muitos desejem para eles uma escola com partido, ainda que seja isso que o poder público lhes proporciona e seja por aí que se tem desviado, também, o ensino particular, vitimado pela mesma contaminação ideológica. Todo apoio, portanto, ao projeto Escola Sem Partido.
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 

A Filosofia em estado de manicômio... "Paradoxo de Chaui"

quarta-feira, julho 06, 2016

Paradoxo de Chaui – 

UIRÁ MACHADO

Folha de SP - 06/07

Marilena Chaui não é o dr. Simão Bacamarte, mas, assim como o personagem inventado por Machado de Assis, a certa altura da vida passou a enxergar no mundo somente dois tipos de pessoa.

Para o médico de "O Alienista", havia os loucos e os sãos; para a professora de filosofia da USP, há os defensores intransigentes dos governos petistas e os inimigos do Brasil. Entre as categorias, nenhuma nuance.

Quando Bacamarte decidiu levar suas ideias ao extremo, ampliando desmesuradamente o território da loucura, quatro quintos da população de sua Itaguaí terminaram enclausurados no manicômio local.

Quando Chaui faz o mesmo com suas teorias, o juiz federal Sergio Moro se transforma num agente treinado pelo FBI para desestabilizar o país e entregar o petróleo nacional às companhias norte-americanas.

"A Operação Lava Jato não tem nada a ver com a moralização da Petrobras", ensina a professora. "É para tirar de nós o pré-sal."

No maniqueísmo de Chaui, tudo que atinge a esquerda está a serviço da direita. O combate à corrupção não tem valor se afetar administrações do PT —pois integrará, nesse caso, um plano para debilitar os únicos defensores da soberania nacional. Foi assim durante o mensalão, é assim no petrolão.

Em vez de fomentar a autocrítica dentro do campo ideológico que representa, a autora do premiado "Convite à Filosofia" propõe discussões em torno de puros disparates. Com suas simplificações risíveis, Chaui, considerada uma referência intelectual, pouco ajuda e muito atrapalha a causa em que acredita.

No conto "O Alienista", após muito refletir sobre suas teorias, o médico curvou a cabeça e recolheu-se ele próprio ao manicômio. Marilena Chaui não é Simão Bacamarte, mas, se considerar bem o estrago que tem provocado na esquerda brasileira, talvez venha a acusar a si própria de estar a serviço da direita —sabe-se lá se treinada pelo FBI.

O Brasil tem vários vícios... Um deles é o abandono da Lógica e da Razão em gestão pública!

Cerca Lourenço - 

MONICA DE BOLLE

O ESTADÃO - 06/07

Bem longe, na terra de Gaudí, leio as notícias do Brasil – país sobre o qual escrevo frequentemente, mas do qual me afastei há algum tempo, antes das eleições de 2014. À distância, poderia parecer difícil captar as nuances do Brasil. Mas, eis que o Brasil já não as possui há tempos. As nuances, abandonadas, tampouco foram restauradas no Brasil quase pós-Dilma, quase governo Temer.

O quase não-interino governo Temer começou com promessas, tantas promessas. Disse que poria o País em nova rota, que adotaria as medidas que fossem necessárias para garantir a solvência das contas públicas, para reduzir o déficit, e dar início a uma série de reformas de extrema importância para o País. Eis que, perto de tornar-se governo de fato, deixando para trás a interinidade, o governo Temer flerta com a possibilidade de adotar meta fiscal, meta deficitária, apenas um quase nada menor do que os R$ 170,5 bilhões de 2016. Enquanto escrevo essas palavras, muitas horas à frente do anúncio prometido a respeito da nova meta, leio que o Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, acha ótimo que se repita o déficit de 2016, equivalente a quase 3% do PIB. Como já disse em outras ocasiões, pensar no déficit do governo apenas a partir da meta, ainda que essa seja demasiado alta, engana.

Se a diferença entre receitas e despesas, excluindo-se o pagamento de juros, está em quase 3% do PIB, o déficit total, aquele que inclui os pagamentos de juros, ficará bem próximo dos 11% ou 12% do PIB este ano. Disso, já sabíamos. O que não sabíamos é que integrantes do governo Temer consideram “ótimo” entregar rombo de mesma magnitude no ano que vem.

Que fique claro: o rombo desse ano foi herdado. Herança maldita deixada pelo desgoverno de Dilma Rousseff. Contudo, o que se programa para o ano que vem não é herdado de ninguém, a não ser do próprio governo interino e de sua equipe de ilustres. Conforme noticiou este jornal recentemente, Temer e sua equipe de ilustres andaram cedendo às inevitáveis pressões para que se aumentassem os gastos no curto prazo: das renegociações das dívidas dos Estados aos reajustes dos servidores. Tais decisões têm reflexos não somente em 2016, mas também em 2017 e 2018. Portanto, um pedaço do déficit do ano que vem foi contratado há pouco, quando o governo interino fez algo muito semelhante ao que fazia o antecessor. Ah, mas trata-se de troca justa, já disseram alguns. Afinal, argumentam, como conseguir o apoio para as reformas mais duras, para as emendas constitucionais que haverão de garantir o equilíbrio das contas públicas no futuro?

As emendas que hão de introduzir o teto sobre o crescimento dos gastos, além de impor freios aos pagamentos de benefícios previdenciários e de outras despesas obrigatórias, como Saúde e Educação. Para quem acha que alma vendida pode ser comprada de volta, a artimanha talvez faça sentido. Para quem vê nas palavras do Ministro da Casa Civil e de outros integrantes do governo Temer inclinações perdulárias, sobretudo quando o mercado dá o desejado aval ao não tratar a administração interina com a mesma impaciência com que tratava a anterior, o ajuste parece subterfúgio, conversa mole.

Ainda que a meta venha a ser um pouco menor do que a desse ano, o governo já concedeu que haverá déficit considerável no ano que vem. Superávit em 2018? Esqueçam. Embora Temer insista que não hesitará em tomar medidas impopulares se preciso for, e, ao dizê-lo, enfatiza que não tem pretensões de se candidatar em 2018 – pouco interessa se ele será ou não candidato.

O que interessa é observar desde já que o PMDB continua a jogar o mesmo jogo. Agora que o mercado lhe deu uma trégua, aproveita a oportunidade para lançar balões de ensaio de reformas que poucas chances têm de sair do papel, enquanto, ao mesmo tempo, ensaia discurso de frouxidão para garantir que tenha pelo menos a mesma força no Congresso após as eleições de 2018. Assim são os políticos do PMDB: nadam ao redor de Temer e de sua equipe econômica com a displicência e a voracidade dos tubarões que jamais deixaram de ser. Cercam o ajuste.

Lourenços somos nós.

terça-feira, 5 de julho de 2016

O PT, seus médotos e seus alinhados não conseguem sair das páginas policiais...


José Nêumanne: Valha-nos Deus!

A troca de guarda no Palácio do Planalto não modificou radicalmente a animosidade que a investigação rigorosa e imparcial provoca neste país de compadres e seus jeitinhos

Por: Augusto Nunes  

Publicado no Estadão
Há mais de um ano o jurista Modesto Carvalhosa vem escrevendo, de forma competente e diligente, na página 2 (de Opinião) do Estadão contra a ação solerte e perseverante da presidente afastada Dilma Rousseff para, na prática, perdoar as grandes empresas (no caso, empreiteiras), cujos dirigentes são acusados de corrupção na Operação Lava Jato. A ideia central da chefe de governo, reeleita em 2014 e à espera de julgamento de impeachment pelo Senado, é garantir ou devolver “milhares de empregos ameaçados ou extintos mercê da devassa da Polícia Federal e  do Ministério Público Federal, sob a égide do juiz federal Sérgio Moro em Curitiba”. O padrinho, patrono e inspirador dela, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou ao desplante de mandar sindicalistas reunidos em torno de sua voz roufenha procurarem o juiz citado para convencê-lo a desistir de sua eventual “perseguição” pessoal, política ou ideológica.
O professor Carvalhosa, especialista na legislação internacional anticorrupção, que vem sendo aprimorada e tornada mais rigorosa nos últimos anos, particularmente depois da explosão das torres gêmeas de Nova York pela Al Qaeda, desconstrói essa teoria, em tudo ilógica. Ele não limita suas críticas às portarias presidenciais premiando grandes nomes da empreita privada de obras públicas no Brasil, mas também tem sido impiedoso quanto a tentativas oficiais de demonizar e desmoralizar o instituto da dita “delação premiada” por meio de suspeitos e seus aliados espalhados no governo e na oposição, praticamente todos os partidos e todos os ofícios. Os procuradores da dita “república de Curitiba”, por sua vez, continuam pregando a aprovação pelo Congresso das medidas que consideram essenciais para que providências legais mais rigorosas cumpram de forma mais efetiva o que a Operação Lava Jato tem conseguido fazer, com positiva repercussão popular. E debaixo de fogo cruzado de inimigos, cuja clara intenção é manter o máximo possível as brechas que garantam impunidade de ricos e poderosos, pela primeira vez na História da República alcançados pelos braços atrofiados de nossas leis.
A troca de guarda no Palácio do Planalto não modificou radicalmente a animosidade que a investigação rigorosa e imparcial provoca neste país de compadres e seus jeitinhos. O presidente interino, Michel Temer, repete, automática e cautelosamente, a ladainha de louvores à operosidade dos policiais, promotores e do juiz do Paraná. Seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, chegou a viajar para Curitiba tentando vender essa ideia à sociedade seduzida pelos métodos e pelas consequências do trabalho de Moro e seus pupilos. Mas tudo isso bate contra o muro sólido e aparentemente impenetrável de reações coordenadas pelo interesse comum de aliados, que comandam as Casas de leis, ou de altos dirigentes dos partidos com maior representatividade no Poder Legislativo, que, em teoria, representa a cidadania. O encontro à sorrelfa de Temer com o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no Palácio do Jaburu, domingo é apenas um exemplo do que se pode estar tramando às ocultas, enquanto o próprio anfitrião e seus ministros tecem loas a Moro, à PF e ao MPF. Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil do governo interino, viajou para São Paulo para cobrar da força-tarefa uma previsão sobre o encerramento de sua tarefa, que, pela própria natureza, não deve explicação nenhuma. E menos ainda uma desse teor.
Na semana passada, o ministro da Fazenda da nova situação, Henrique Meirelles, deu entrevista exclusiva à Rádio Estadão. Nela foi franco a ponto de reconhecer que sua tarefa de retirar a economia brasileira da atual crise, com profundidade abaixo de pré-sal, depende menos do acerto das providências que vier adotar a competente equipe econômica federal, sob seu comando, do que das decisões políticas a serem tomadas por um Congresso minado por legisladores ameaçados de prisão pela operação. Com sua notória habilidade em comunicar de forma simples a complexíssima equação da crise cuja extinção depende de duras e amargas medidas, Meirelles deu resposta cristalina sobre o paradigma de Dilma e Lula segundo o qual a crise não se deve ao rombo causado pelos corruptos. Este se deve, sim, à forma delituosa, extensiva, profunda e invasiva com que a organização criminosa instalada no alto comando da máquina pública federal minou o patrimônio nacional, dilapidando o capital de estatais, bancos públicos e até os minguados caraminguás dos barnabés necessitados de crédito consignado. E não os diligentes policiais, procuradores e juízes que se dedicam a investigá-los, processá-los e puni-los.
Infelizmente, contudo, as vozes de Meirelles, como a do professor Carvalhosa e as de procuradores como Deltan Dallagnol e Júlio Marcelo de Oliveira assemelham-se a clamores perdidos na poeira do deserto ou ao canto mudo das andorinhas que, isoladas, não fazem o verão. Recentemente, a Folha de S.Paulopublicou a notícia de que prosperava na cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) a ideia de buscar salvação para a sigla e o próprio sonho num projeto de leniência para salvar siglas envolvidas em cabeludos casos de ladroagem. No dia em que os meios de comunicação citavam a prisão pela segunda vez do quarto ex-tesoureiro do PT encalacrado em acusações da Lava Jato, o colega Raymundo Costa confirmou no Valor Econômico que, sob a liderança do notório Wadih Damous (PT-RJ) e a adesão de uma verdadeira frente multipartidária, o Congresso vai procurar a salvação de seus suspeitos de furto com a criação de mais uma jabuticaba brasileira: a leniência para salvar legendas engolfadas na lama da corrupção. Paulo Ferreira, o êmulo pátrio do contador de Al Capone, é casado com Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social de Dilma, fiel ao perfil da famiglia lulopetista, assim como o são Delúbio Soares, João Vaccari Neto e José de Filippi Júnior, todos acusados por delatores e por provas técnicas irrefutáveis de terem cometido dois crimes: roubar para o partido e usar a Justiça Eleitoral, que em teoria garante o poder do voto do cidadão com isonomia na disputa eleitoral, como lavanderia de dinheiro sujo. Damous, uma espécie de defensor dos interesses de Lula na Câmara, já apresentou um projeto de modificação da colaboração com a Justiça, conhecida popularmente como delação premiada. E o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não desmentiu nenhuma das várias  notícias de que tudo fará para que as condições para a mudança do método sejam aprovadas de acordo com o gosto e a conveniência dos suspeitos atingidos. De preferência antes que o próprio Renan e o patrono de Damous, Lula da Silva, percam a liberdade de ir e vir, no caso de as comprovadas práticas de ladroagem de ambos os incriminarem de uma vez.
Por tudo isso e muito mais, talvez convenha desde já batizar alguma das próximas fases da Lava Jato de Valha-nos Deus.

Meninas, cuidado com suas escolhas !

Valentina de Botas: O rosto machucado de Luiza Brunet 

Homens covardes sempre se sentirão ameaçados pela beleza, inteligência e pela história de vida das mulheres com as quais se envolvem amorosamente.

Por: Augusto Nunes  
Eu a surpreendo pendurada em silêncio na xícara de café ralo sem açúcar contemplando um mundo e um tempo que meus sentidos só presumem. Segundos estendidos em que certo tipo de recato que meus pais me ensinaram impede a intromissão naquelas porções de vida interior traduzidos nos olhos da cabocla doce fixos no grifo do azulejo da cozinha logo acima do meu ombro. Da cor de mel, tão bonitos eles, mas não os fito; a discrição aprendida me faz simular distração e trato de lhe servir outro pedaço do bolo que preparei para o café no fim da tarde. Toco o braço dela com o cuidado de quem acorda um enfermo na hora de tomar o remédio. Mamãe ri e me mostra o ninho do silêncio: “Tu consegue, mulher faz coisa difícil mais fácil que homem. Velho confirmou que vem de escolta, bom: vai fazer o que vocês não podem. Deus te acompanhe. Beijo tuas mãos”.
O primeiro bilhete que recebera do marido é papai escrito: econômico, taxativo, suficiente. Intuindo que seria o último entre namoro, noivado e casamento, numa história de mais de 50 anos, mamãe plastificou o papel que documentava a mudança dela de Pernambuco para São Paulo, para onde o marido viera antes ajeitar trabalho e moradia; ela vinha numa viagem épica de 72 horas, de ônibus, com três bebês (eu e minhas irmãs, com idades entre 3 meses e 2 anos) e minha tia casada com o Velho, apelido de um tio que era velho como já eram velhos os sertanejos de 30 anos naquele Brasil profundo do final dos anos 60 e cujo código de honra obrigava que o mais forte cuidasse do mais vulnerável. Sim, mulheres – a fêmea humana – são fisicamente mais fracas do que homens (o macho humano).
Não, isso não as faz inferiores nem os faz superiores; isso é só mais uma das abençoadas diferenças entre nós. Tal nomenclatura vem esclarecer que me interessam aqui homens e mulheres reais, não essa coisa sem feromônio e de aparência indefinida habitante dos manuais vagabundos de sociologia que, com a tara da fanática desconstrução biológica do gênero, negam o aporte da biologia na identidade sexual. Um discurso encampado por setores brutos do feminismo, fazendo-se opressor, castrador, totalitário e vitimista-agressivo; com a gramática do ódio e a libido do ressentimento premeditado contra o macho. Amputa o feminino e quer submeter o masculino numa deformação que não combate o machismo e que atrapalha a necessária busca pelo reconhecimento dos direitos femininos.
Me interessa aqui o Adão do “Paraíso Perdido”, de Milton, que optou por abocanhar a maçã porque preferia seguir Eva no exílio da humanidade a viver ainda mais só dessa solidão que nos constitui, tornando inútil o Paraíso na antevisão do verso indagativo de Roberto Carlos – de que vale o paraíso sem amor? Meu pai cuidou da integridade física da mulher e das filhas não porque fosse este um papel construído culturalmente com base na divisão-biológica-de-papéis-numa-cultura-opressora; ele fez isso porque, sim, também a biologia o fez macho, portanto mais forte fisicamente do que a fêmea, condição que, desde a díade adão-e-eva, passando pelas savanas africanas para chegar a Pernambuco, capacitou o macho a cumprir uma função protetiva na garantia de perpetuação da espécie, mas também porque esse atavismo ou coragem física obrigatória evoluiu, pelo lado positivo da cultura, para a coragem moral necessária de defender os mais vulneráveis.
Uma demonstração do lado negativo é exibida no rosto machucado de Luíza Brunet, agredida pelo ex-namorado, o empresário Lírio Parisotto, que também quebrou quatro costelas da ex-modelo. A denúncia que deveria ser encarado como ato natural e obrigatório passa a ser um ato de coragem num contexto de afirmações covardes e especulações deslocadas, outra maldita vez, sobre a conduta da vítima: por que Luíza manteve uma relação abusiva e não se afastou nos primeiros sinais presumíveis? Por que provocou o ciúme do namorado? Ora, especular sobre as razões que a própria razão desconhece em relações amorosas não inverte os lugares de vítima e agressor; e homens covardes sempre se sentirão ameaçados pela beleza, inteligência e pela história de vida das mulheres com as quais se envolvem amorosamente.
A repercussão do caso poderia ajudar a engrossar o combate sério pelos direitos femininos, mas a gestapo feminista prefere exercer a si mesma em ataques como aqueles à figura de Marcela Temer quando a primeira-dama apareceu numa reportagem como “bela, recatada e do lar”. Como se esta opção não fosse tão lícita como qualquer outra honesta, como se não houvesse mulheres imbecis, oprimidas e/ou opressoras que não são “bela, recatada e do lar”. Comprova-se que o feminismo faria muito mais pelas mulheres se militasse por vagas em creches para que elas tivessem onde deixar os filhos para trabalharem sossegadas (lembrando que uma das maiores expressões da dignidade é poder cuidar de si mesmo, do próprio sustento) do que se bifurcar em tentativas de se enfiar na cama para onde não foi chamado; patrulhando o tesão e investigando quem lavará a louça.
Meu pai era alto e forte, minha mãe é miúda; ele ficou muito vulnerável quando se tratou de um câncer, mamãe cuidou do marido acamado: somos todos vulneráveis, seres que caminhamos para o fim, todos podemos cuidar uns dos outros segundo as especificidades de quem cuida e do cuidado requerido. Para cuidarmos de quem amamos, basta amar; para cuidar de quem é vulnerável, basta não ser covarde. Com os olhos fixos num ponto invisível, pendurada à minha xícara de café forte, espreitava estes pensamentos para um texto eventual, quando mamãe toca meu braço: havia outro pedaço de bolo no meu prato.