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segunda-feira, 15 de julho de 2013

A História se repete com outros atores, conteúdos atualizados e efeitos amenizados... /// Paris en colère / Saindo da Matrix

http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2013/07/paris_en_colere.html

  • PARIS EN COLÈRE

     
    dom, 14 de julho, 2013
    14 de julho de 1789 é uma das celebrações mais importantes pra história da humanidade, porque é um daqueles acontecimentos que moldaram tudo o que veio depois e cujos efeitos sentimos no dia-a-dia, assim com o 11 de setembro (taí o Mark Snowie que não nos deixa esquecer), a 2ª guerra mundial (praticamente TUDO) e a ida do homem à Lua (avanços tecnológicos que foram a base pra tudo o que usamos hoje). Hoje comemoramos a Queda da Bastilha, uma fortaleza-prisão que era símbolo da opressão do poder (a nobreza). Também era um depósito de armas, e uma vez armada a população enfurecida tomou o poder e ensejou a Revolução Francesa.
    Mas o que seria a "população"? Precisamos pra isso analisar todos os motivos que levaram à Revolução. A sociedade francesa à época estava divida em três classes ou Estados:
    Primeiro Estado: Clero (Membros da Igreja). Não podemos nunca esquecer que a Igreja Católica foi a mantenedora da nossa civilização ocidental, pro bem ou pro mal. Ela era soberana e estava por trás de todas as decisões da nobreza em toda a Europa. No tabuleiro de xadrez da Vida, o clero seria o Rei: estático, indefeso por si só (só não chegue muito perto!), mas essencial ao funcionamento do jogo (São os 0,5% da pirâmide).
    Segundo Estado: Nobreza (Reis, nobres, membros da corte, etc). Elite que gozava de isenção de impostos, posse de terras, recebimento de rendas feudais e o fato de somente eles terem acesso aos altos cargos do governo. São o equivalente a nossa classe política brasileira e aos amigos dos políticos. No xadrez seria a Rainha, com ampla mobilidade e alta periculosidade, sujando as mãos só quando necessário (1,5% dos habitantes).
    Terceiro Estado: O resto (Burgueses, camponeses sem terra, artesãos e todo aquele que não fosse nem Clero nem Nobreza). Oprimido e explorado pelos dois Estados anteriores, o Terceiro Estado eram os peões, que faziam o trabalho sujo de pagar todos os impostos e sustentar todo o jogo nas costas.
    Acontece que os burgueses - ou seja, todo aquele que mora no burgo (cidade, e não no campo) - ao ir estudando nas escolas (de propriedade do Clero) e se misturando à nobreza (através de favores) foi ascendendo, se não socialmente, mas culturalmente. E com a tomada de consciência política pôde argumentar e exigir diminuição de impostos, pôde questionar as regalias da nobreza e dos "amigos do Rei" e reivindicar melhores condições de vida. Algo que os brasileiros de classe média da cidade (ou seja, os nossos burgueses) só estão exigindo agora.
    Soma-se a isso uma uma forte onda de frio na região, que acabou com as colheitas e fez grande parte da população migrar para as cidades e lá, nas fábricas, era constantemente explorada e a cada ano tornava-se mais miserável. Isso trouxe escassez de alimentos, que só poderia ser revertida comprando alimentos em outros países. Só que as finanças da França estavam em baixa, devido aos investimentos que a França fazia na (ironia das ironias) Independência dos Estados Unidos!!! Depois que aprendi que os franceses se lascam todos só pra aporrinhar a Inglaterra (tipo Corinthians x Palmeiras) foi que eu percebi a "lógica" disso.
    Anos antes havia eclodido a "Guerra da Farinha", uma revolta do povo contra o aumento do pão.
    "No dia do mercado assisti à venda do trigo (…). Um grupo de soldados ficara no meio da praça, para impedir qualquer violência. O povo discutia com os padeiros, argumentando que o preço que pediam pelo pão era muito alto em relação ao preço do trigo; das injúrias passou-se à agressão e, neste tumulto, alguns levaram pão e trigo sem pagar nada; isto se deu quando cheguei a Nangia, e também em muitos outros mercados."
    Não se parece e muito com a dinâmica dos protestos que aconteceram por todo o Brasil? Incrível como a história se repete. Basta ter olhos de ver. Até mesmo um "meme" famoso circulou por aquela época, atribuído a Maria Antonieta, a rainha da França:
    Isso deixou o pessoal P da vida com a nobreza, e essa dívida foi paga futuramente com sangue real. Mas vamos à sequência dos fatos:
    Ante a ameaça real de ter de pagar impostos, a Nobreza e o Clero convocaram uma Assembléia que não se reunia há 100 anos, a Assembléia dos Estados Gerais (com deputados dos três Estados/classes). Só que o Rei queria discutir tão-somente a questão financeira da França, deixando de lado as reivindicações do povo. O povo de Paris, acompanhando tudo à distância, revoltava-se a cada notícia, como por exemplo que o Rei não queria que os votos fossem por deputados, e sim por Estados (o que, obviamente, tiraria todo o - já escasso - poder do povo). Quanto mais o Rei endurecia, mais apoio ia conquistando nas outras classes. Surgiram tanto nobres (como o conde d'Antraigues) como clérigos (o bispo Sieyès) defendendo que o Terceiro estado era todo o Estado. O Rei tentou dissolver a Assembléia e trancou a sala onde os deputados se reuníam. Então os deputados do Terceiro Estado invadiram a quadra de tênis Real e juraram só se separar após a votação de uma constituição para a França (já não era "só pelos 20 centavos"). Paris entrou em cólera, em apoio à Assembléia. Cidadãos pegaram em armas, roubos e depredação tomaram as ruas, e isso se espalhou por outras cidades e pelo campo. A nobreza, temendo pela vida, começou a fugir. O Rei mandou fechar a quadra de tênis, e então os deputados do clero (Primeiro Estado) - assim como 47 da nobreza - passaram para o lado do Terceiro Estado e abrigaram a Assembléia na Igreja de Saint Louis, em Versailles. Era o fim político da Monarquia. Mas faltava um sinal inequívoco, simbólico. E esse símbolo veio em menos de 10 dias, com a tomada da Bastilha no dia 14 de julho. Com as armas e a pólvora necessária, o povo tomou o poder de fato. Temendo o caos generalizado (e a perda de seu status), a burguesia tratou de formar lideranças para o movimento, e criou um exército de voluntários armados.
    Muitas águas rolaram, mas tudo em função do que aconteceu nestes meses que mudaram o mundo. O Clero achou seu lugar dentro do Estado. Os Burgueses de esquerda se tornaram mais tiranos do que o Rei sequer sonharia ser. E a Monarquia ficou em pânico dos seus "subalternos" por toda a Europa, passando a ouvir mais a voz das ruas se quisessem manter a cabeça no lugar.
    Com isso os franceses cravaram de forma dramática na história toda a extensão da frase "o poder emana do povo, para o povo", e não "o poder emana de quem se diz ser o povo", como nas ditaduras bolivarianas e governos populistas, onde se finge governar para o populacho mas quem se locumpleta com os recursos do país é a elite de sempre. Também não é "o poder emana de quem foi eleito pelo povo", como se um certo número de votos justificasse toda sorte de atitudes reprováveis, e que é o mantra dos nossos governantes e legisladores brasileiros ("fui eleito, então danem-se!"). O mentalidade democrática francesa é hoje o mais bem acabado retrato do poder do povo, e não foi feito sem dores, guerras, erros e acertos. Seria ótimo se pudéssemos implantá-lo em nossas mentes sem passar por tudo o que eles passaram, mas isso é utópico. Então não é justo exigir muito do povo brasileiro, que só vem acordando pra sua própria política AGORA, com os protestos. O gigante acordou, deu uma mexida e voltou a dormir, mas isso é natural. Não vamos criar uma nova mentalidade democrática do dia para noite, nem vamos importar uma pronta através de livros de história. Nossa sociedade terá de forjá-la nas ruas, no confronto de idéias (ou com a polícia), e isso TERÁ de se espelhar no resultado das urnas, ou terá sido tudo em vão. Pregar o voto nulo só interessa àqueles políticos que já têm seu voto de cabresto, voto baseado na ignorância do eleitor e na apatia generalizada de não mudar porque "tá bom assim". Só se assume as engrenagens do poder jogando o jogo do poder! Ou se quebra as engrenagens velhas e se troca por uma nova, que pode até ser uma mudança (temporária) pra pior, como no caso da revolução francesa (e posterior Terror), ou pra melhor, se for executada com racionalidade e idealismo, como nos Estados Unidos.

    Liberté, Egalité, Fraternité