Postagem em destaque

Uma crônica que tem perdão, indulto, desafio, crítica, poder...

Mostrando postagens com marcador Zygmunt Bauman. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Zygmunt Bauman. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 30 de junho de 2017

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Lá se foi um grande filósofo de nosso tempo > Zygmunt Bauman

Nove frases memoráveis para lembrar Zygmunt Bauman

Filósofo polonês, morto na segunda-feira, é considerado um dos principais intelectuais do século XX

Zygmunt Bauman. TONI ALBIR
O sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman morreu na segunda-feira aos 91 anos, na cidade inglesa de Leeds. Criador do conceito de “modernidade líquida”, foi um dos principais intelectuais do século XX. Permaneceu ativo e trabalhando até seus últimos momentos de vida. Nos últimos anos, concedeu várias entrevistas a este jornal. Aqui está uma lista de algumas de suas melhores frases:
2. “O velho limite sagrado entre o horário de trabalho e o tempo pessoal desapareceu. Estamos permanentemente disponíveis, sempre no posto de trabalho”.
3. “Tudo é mais fácil na vida virtual, mas perdemos a arte das relações sociais e da amizade”.
4. “Esquecemos o amor, a amizade, os sentimentos, o trabalho bem feito. O que se consome, o que se compra, são apenas sedativos morais que tranquilizam seus escrúpulos éticos”.
5. “O movimento [espanhol] de 15 de março é emocional, carece de pensamento”.
6. “Os grupos de amigos ou as comunidades de bairro não te aceitam sem dar razão, mas ser membro de um grupo no Facebook é facílimo. Você pode ter mais de 500 contatos sem sair de casa, você aperta um botão e pronto”.
7. “Foi uma catástrofe arrastar a classe média à precariedade. O conflito não é mais entre classes, é de cada um com a sociedade”.
8. “As desigualdades sempre existiram, mas de vários séculos para cá se acreditou que a educação podia restabelecer a igualdade de oportunidades. Agora, 51% dos jovens diplomados estão desempregados e aqueles que têm trabalho têm empregos muito abaixo das suas qualificações. As grandes mudanças na história nunca vieram dos pobres, mas da frustração das pessoas com grandes expectativas que nunca se cumpriram”.
9. “A possibilidade de que o Reino Unido funcione sem a Europa é mínima”, disse em 2011.

MAIS INFORMAÇÕES

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

"Em um mundo de pessoas otimistas e pessimistas me coloco como um homem de esperança" / Zygmunt Bauman, sociólogo


Zygmunt Bauman: "Vivemos o fim do
futuro"

O sociólogo polonês denuncia a perda de referências políticas, culturais e morais da civilização e diz que só os jovens, com sua indignação, poderão resistir à banalização

LUÍS ANTÔNIO GIRON
19/02/2014 07h00 - Atualizado em 19/02/2014 07h54

Em 1963, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman foi censurado e afastado da Universidade de Varsóvia por causa de suas ideias, consideradas subversivas no comunismo. Hoje, aos 88 anos, imigrante em Londres, é considerado um dos pensadores mais eminentes do declínio da civilização. Ele ainda dá aulas na London School of Economics, ministra palestras pelo mundo inteiro e publicou quatro dezenas de livros que viraram best-sellers. Seus 32 títulos lançados no Brasil venderam 350 mil exemplares. O mais recente é Vigilância líquida (Zahar, 160 páginas, R$ 36,90). Bauman é autor do conceito de “modernidade líquida”. Com a ideia de “liquidez”, ele tenta explicar as mudanças profundas que a civilização vem sofrendo com a globalização e o impacto da tecnologia da informação. Nesta entrevista, ele fala sobre como a vida, a política e os padrões culturais mudaram nos últimos 20 anos. As instituições políticas perderam representatividade porque sofrem com um “deficit perpétuo de poder”. Na  cultura, a elite abandonou o projeto de incentivar e patrocinar a cultura e as artes. Segundo ele, hoje é moda, entre os líderes e formadores de opinião, aceitar todas as manifestações, mas não apoiar nenhuma.
 
NA ATIVA O professor Zygmunt Bauman em 2012. Aos  88 anos, ele faz palestras, dá aulas e lança livros (Foto: Leonardo Cendamo/AFP)
ÉPOCA –  De acordo com sua análise, as pessoas vivem um senso de desorientação. Perdemos a fé em nós mesmos?
Zygmunt Bauman –
 Ainda que a proclamação do “fim da história” de Francis Fukuyama não faça sentido (a história terminará com a espécie humana, e não num momento anterior), podemos falar legitimamente do “fim do futuro”. Vivemos o fim do futuro. Durante toda a era moderna, nossos ancestrais agiram e viveram voltados para a direção do futuro. Eles avaliaram a virtude de suas realizações pela crescente (genuína ou suposta) proximidade de uma linha final, o modelo da sociedade que queriam estabelecer. A visão do futuro guiava o presente. Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro. Fomos repelidos pelos atalhos do dia de hoje. Estamos mais descuidados, ignorantes e negligentes quanto ao que virá.
ÉPOCA –  Segundo o senhor, a decadência da política acontece desde o século passado. A situação piorou agora?   
Bauman – 
A decadência da política é causada e reforçada pela crise da agenda política. As instituições amarram o poder de resolver os problemas à política. Ela seria capaz de decidir que coisas precisariam ser feitas. Nossos antepassados conceberam uma ordem que dependia dos serviços do Estado-nação. Mas essa ordem não é mais adequada aos desafios postulados pela contínua globalização de nossa interdependência. Com a separação do poder e da política, a gente se encontra na dupla situação de poderes livres do controle político e da política que sofre o deficitperpétuo do poder. Daí a crise de confiança nas instituições políticas, uma vez que a política investiu nos parlamentos e nos partidos para construir a democracia como atualmente a compreendemos. Mais e mais pessoas duvidam que os políticos sejam capazes de cumprir suas promessas. Assim, elas procuram desesperadamente veículos alternativos de decisão coletiva e ação, apesar de, até agora, isso não ter representado uma alteração efetiva. 
>> Leia mais perguntas a Zygmunt Bauman

ÉPOCA – As redes sociais aumentaram sua força na internet como ferramentas eficazes de mobilização. Como o senhor analisa o surgimento de uma sociedade em rede?
Bauman –
 Redes, você sabe, são interligadas, mas também descosturadas e remendadas por meio de conexões e desconexões... As redes sociais eram atividades de difícil implementação entre as comunidades do passado. De algum modo, elas continuam assim dentro do mundo off-line. No mundo interligado, porém, as interações sociais ganharam a aparência de brinquedo de crianças rápidas. Não parece haver esforço na parcela on-line, virtual, de nossa experiência de vida. Hoje, assistimos à tendência de adaptar nossas interações na vida real (off-line), como se imitássemos o padrão de conforto que experimentamos quando estamos no mundo on-line da internet.
ÉPOCA –  Os jovens podem mudar e salvar o mundo? Ou nem os jovens podem fazer algo para alterar a história?
Bauman –
 Sou tudo, menos desesperançoso. Confio que os jovens possam perseguir e consertar o estrago que os mais velhos fizeram. Como e se forem capazes de pôr isso em prática, dependerá da imaginação e da determinação deles. Para que se deem uma oportunidade, os jovens precisam resistir às pressões da fragmentação e recuperar a consciência da responsabilidade compartilhada para o futuro do planeta e seus habitantes. Os jovens precisam trocar o mundo virtual pelo real.
"Para mudar o mundo,
os jovens precisam trocar 
o mundo virtual pelo real"
ÉPOCA – Como o senhor vê a nova onda de protestos na Europa, no Oriente Médio, nos Estados Unidos e na América Latina, que aumentou nos últimos anos?
Bauman – 
Se Marx e Engels escrevessem o Manifesto Comunista hoje, teriam de substituir a célebre frase inicial – “Um espectro ronda a Europa – o espectro do comunismo” – pela seguinte: “Um espectro ronda o planeta – o espectro da indignação”. Esse novo espectro comprova a novidade de nossa situação em relação ao ano de 1848, quando Marx e Engels publicaram oManifesto. Faltam-nos precedentes históricos para aprender com os protestos de massa e seguir adiante. Ainda estamos tateando no escuro.
ÉPOCA – O senhor afirma que as elites adotaram uma atitude de máximo de tolerância com o mínimo de seletividade. Qual a razão dessa atitude?
Bauman – 
Em relação ao domínio das escolhas culturais, a resposta é que não há mais autoconfiança quanto ao valor intrínseco das ofertas culturais disponíveis. Ao mesmo tempo, as elites renunciaram às ambições passadas, de empreender uma missão iluminadora da cultura. A elite deixou de ser o mecenas da cultura. Hoje, as elites medem sua superioridade cultural pela capacidade de devorar tudo.
ÉPOCA – Essa diluição dos valores explica por que artistas como Damian Hirst e Jeff Koons buscam mais fama do que reconhecimento artístico?
Bauman –
 Prefiro não generalizar sobre esse tema. Os artistas, suas performances e produtos são hoje em dia muitos e diferentes, e os veredictos apressados são equivocados. Pessoalmente, detesto e me aborreço com os Damiens Hirsts, Jeff Koons e similares. Mas eles são ostensivamente sustentados pelas correntes e modas guiadas pelo mercado. Os mercados usurparam o mecenato das artes das igrejas e dos Estados. Por isso, o meio é realmente a mensagem da arte contemporânea.
ÉPOCA –  Como diz o crítico George Steiner, os produtos culturais hoje visam ao máximo impacto e à obsolescência instantânea. Há uma saída para salvar a arte como uma experiência humana importante?
Bauman –
 Bem, esses produtos se comportam como o resto do mercado. Voltam-se para as vendas de produtos na sociedade dos consumidores. Uma vez que a busca pelo lucro continua a ser o motor mais importante da economia, há pouca oportunidade para que os objetos de arte cessem de obedecer à sentença de Steiner...
ÉPOCA – O senhor diz que a cultura se tornou dependente da moda. Por que isso ocorre? 
Bauman – 
Modas vêm e vão e são tão velhas quanto a cultura, tão antigas quanto ohomo sapiens... O que a fez tão espetacularmente presente em nossa vida diária é o impacto combinado da comunicação digital em tempo real e da produção em massa com a associação entre butiques de alta-costura e grandes redes de lojas. As manifestações culturais e artísticas são arrastadas pelo motor da moda.
ÉPOCA – A moda pode dar sentido à vida das pessoas?
Bauman –
 A moda tem seus usos e uma demanda enorme e crescente. Ela fornece um modelo para a constante troca de identidades de nosso mundo. Funciona também como antídoto contra o horror de falhar num mundo em alta velocidade e contra o resultante abandono e degradação social. Não há nada de inútil na moda. Pelo contrário, é uma necessidade num mundo de flutuação e desorientação.
ÉPOCA –  Seus livros parecem pessimistas, talvez porque abram demais os olhos dos leitores. O senhor é pessimista? Ou busca a alegria de alguma forma, apesar de todos os problemas?
Bauman –
  A meu ver, os otimistas acreditam que este mundo é o melhor possível, ao passo que os pessimistas suspeitam que os otimistas podem estar certos... Mas acredito que essa classificação binária de atitudes não é exaustiva. Existe uma terceira categoria: pessoas com esperança. Eu me coloco nessa terceira categoria. De outra forma, não veria sentido em falar e escrever... 

domingo, 4 de dezembro de 2011

Blog do Roberto Moraes: Zygmunt Bauman

Blog do Roberto Moraes: Zygmunt Bauman: S ão trinta minutos de uma entrevista que vale ser assistida. Ele fala da fragmentação e da perda da identidade nesta vida pós-moderna... U...

Você não deve perder a aula de um sociólogo tão sereno, tão encantador, tão simples como Zygmunt Bauman. Nela há reflexões para "um projeto de vida"; para saber definir liberdade e segurança; mais ainda encontrar uma posição filosófica entre destino e caráter... Ouvir falar de orgasmo sem assombro...; vai ver a diferença de amizades do Facebook  e das antigas relações afetivas de um século atrás...; Sócrates, Aristóteles...