Bom dia, presidente Michel Temer!
Michel Temer (Foto: Divulgação)
Ricardo Noblat
O país acordou, hoje, com um novo presidente da República – o paulista Michel Miguel Elias Temer Lulia, 75 anos de idade, bacharel em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Doutor em direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, e três vezes presidente da Câmara dos Deputados.
Em pronunciamento à Nação, ontem à noite, por meio de uma cadeia nacional de rádio e de televisão formada para transmitir o programa semestral do PMDB, partido presidido por ele, o presidente Temer afirmou que "é imprescindível unir forças e pôr o Brasil acima de interesses partidários ou motivações pessoais". Parecia tranquilo.
A certa altura do programa, a apresentadora comentou que o Brasil tem no momento "uma sociedade angustiada à espera de soluções, cansada de sempre pagar a conta, pessimista diante do nó que não se desfaz". Soou como uma crítica indireta a presidente que antecedeu Temer no cargo, a descendente de búlgaros Dilma Rousseff, que voou para Nova Iorque. Foi pedir a benção ao Papa Francisco.
"Governos passam, e o Brasil sempre vai ser maior do que qualquer governo", prometeu Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, e uma das estrelas do programa. Que terminou com uma exortação de Temer: “Assumindo”, ele começou e fez uma pausa. Só então continuou: “e, acima de tudo, corrigindo erros, mostraremos a todos que somos um país confiável”.
A agenda desta sexta-feira do presidente Temer está repleta de compromissos em Brasília. É possível, contudo, que ele embarque à noite para São Paulo. Ali, amanhã, a senadora Marta Suplicy, ex-PT, se filiará ao PMDB com uma grande festa. Marta aspira concorrer à prefeitura de São Paulo no próximo ano. Temer a apoiará. No domingo, ele voltará a Brasília.
Temer devolverá o cargo a Dilma na próxima terça-feira. É quando ela retomará a tarefa que só pode ter sido ideia de um gênio que a assessora: enxugar o governo cortando 10 dos atuais 39 ministérios, justamente no momento em que ela mais precisa de apoio político para não ceder o lugar de vez a Temer. É o partido do vice-presidente que está dando mais trabalho a Dilma.
Acuada, com a popularidade na casa dos 7,7% de aprovação, ela acenou para o PMDB com o Ministério da Saúde, o de maior orçamento, e cinco outros ministérios. Negociou com Leonardo Picciani, líder do partido na Câmara, já que Temer, Renan e Eduardo Cunha, presidente da Câmara, se negaram a discutir o assunto. Ocorre que ela, agora, só quer assegurar ao PMDB cinco ministérios.
O PT está furioso com a reforma. Ele perderá os ministérios da Saúde e das Comunicações. E três secretárias com status de ministérios: da Mulheres, dos Direitos Humanos e da Igualdade Racial. As três darão origem ao Ministério da Cidadania, pasta que deverá caber a Miguel Rossetto (PT-RS). Temer havia aconselhado Dilma a não extinguir ministérios. Ela preferiu não ouvi-lo.