Relatório entregue à Fifa adverte para risco de mais violência em protestos
Luis Kawaguti
Da BBC Brasil em São Paulo
Atualizado em 20 de junho, 2014 - 18:14 (Brasília) 21:14 GMT
O protesto realizado em São Paulo na quinta-feira foi a manifestação "que mais causou transtornos" desde o início da Copa do Mundo, segundo um relatório de inteligência feito por agentes de segurança à serviço da Fifa, ao qual a BBC Brasil teve acesso.
O documento, produzido por agentes de segurança privados contratados pela Fifa, diz também que o resultado do ato indicaria falhas no esquema de segurança local. Afirma ainda que o episódio pode ser um sinal de que os próximos protestos podem se tornar violentos.
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Na ocasião do protesto, autoridades de São Paulo optaram pela estratégia de não enviar forças policiais para acompanhar a manifestação de perto.
A Polícia Militar só entrou em ação no final da manifestação, quando mascarados vandalizaram concessionárias de veículos e bancos.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira que a estratégia será diferente nos próximos protestos. "A estratégia vai ser revista pela polícia e ela estará presente", disse ele em entrevista a veículos de imprensa no interior de São Paulo.
‘Confiança traída’
O protesto de quinta-feira começou pacífico na avenida Paulista no meio da tarde. Os manifestantes se deslocaram pela avenida Rebouças em direção à Marginal Pinheiros – duas vias importantes da cidade.
No trajeto, houve uma série de discussões entre participantes. Grupos de mascarados queriam vandalizar bancos e lojas, mas eram dissuadidos por outros integrantes. Eles gritavam que se estabelecimentos fossem atacados, a marcha seria interrompida pela polícia antes de chegar ao seu destino.
Por outro lado, esses mesmos ativistas que lideravam o deslocamento também gritavam frases de apoio aos mascarados, adeptos da tática black blocs – conhecidos por promover atos de vandalismo.
Os manifestantes conseguiram chegar à Marginal Pinheiros e a bloquearam. O ato foi então encerrado. Porém, dezenas de mascarados começaram então a fazer barricadas e atacaram uma concessionária de carros, se dispersando após a chegada da polícia.
Ainda na quinta-feira, um porta-voz da Polícia Militar havia afirmado que o principal grupo organizador do protesto, o Movimento Passe Livre, havia pedido por meio de documento que a polícia não estivesse presente na manifestação.
Eles teriam divulgado ainda o trajeto pretendido da marcha – procedimento que deixou de ser adotado por muitos grupos de manifestantes após os protestos de junho do ano passado.
A Polícia Militar disse que havia dado um "voto de confiança" ao grupo e que teria sido traído.
A reportagem apurou que a opção da polícia de manter distância do protesto teria sido feita em parte porque o ato se realizava longe da Arena Corinthians, onde jogavam Inglaterra e Uruguai.
Na semana passada, na abertura da Copa, a polícia usou a força para impedir que um grupo de manifestantes marchasse em direção ao estádio.