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Ig Nobel, sátira ao prémio, distingue estudo
sobre casca de banana e outras curiosidades
Numa altura em que está aceso o debate sobre o aquecimento global, ambientalistas vestidos como ursos polares para alertar para o degelo do Árctico estão por todo lado. Mas como será que uma legítima rena do Polo Norte reage ao ver alguém mascarado de urso? A dúvida de uma dupla de investigadores da Noruega tornou-se num trabalho científico. O estudo valeu-lhes um prémio, ou melhor, um anti-prémio. A dupla foi laureada com o Ig Nobel, a sátira do prémio Nobel.
Eigil Reimers e Sindre Eftestøl, da Universidade de Oslo, receberam com bom humor a honra numa disputada cerimónia no Teatro Sander, na Universidade Harvard, em Cambridge (EUA).
Munidos com ursos de peluche, mostraram imagens deles próprios mascarados. Os investigadores reconheceram que não se pareciam muito com um urso, mas não contaram qual foi o resultado do encontro. O prémio, concedido há 24 anos pela revista Anais da Pesquisa Improvável, tem como premissa honrar pesquisas que primeiro fazem rir e depois pensar. Nessa linha, nem tudo é esdrúxulo, mas certamente é curioso. É o caso da pesquisa que investigou se é mentalmente perigoso para um ser humano ter um gato. O trabalho, que ganhou o Ig Nobel de Saúde Pública, tinha um propósito sério: analisar os riscos de contaminação por toxoplasmose.
Outras pesquisas, porém, são uma genuína piada. Como o trabalho japonês que mediu o valor da fricção entre um pé e uma casca de banana e entre esta e o chão, quando algum desatento escorrega numa casca de banana na rua. O trabalho recebeu o Ig Nobel de Física. Ou o estudo que tentou entender o que acontece no cérebro de pessoas que dizem ver a face de Jesus numa torrada. Se nada mais der certo, brincou o chinês Kang Lee, é possível comprar uma torradeira com a cara de Jesus no eBay.
Destaque também para o trabalho que documentou «cuidadosamente» - como destacaram os organizadores do prémio - o posicionamento de cães quando fazem xixi ou cocó. Segundo Vlastimil Hart e colegas da República Checa e da Alemanha, na hora de fazer as suas necessidades fisiológicas, os animais alinham o eixo do corpo com as linhas do campo geomagnético norte-sul da Terra.
Em Nutrição, o prémio foi para as espanholas Raquel Rubio, Anna Jofré, Belén Martín, Teresa Aymerich e Margarita Garriga pelo seu estudo intitulado «Caracterização da bactéria do ácido láctico isolado de excrementos de bebés como cultivo de potencial alimento probiótico para salsichas fermentadas». Ou seja, as pesquisadoras propõem fabricar salsichas nutritivas com excrementos de bebés.
Na área de Economia, quem levou o prémio foi o Instituto Nacional de Estatística italiano por «assumir a liderança e cumprir com a instrução da União Europeia para que cada país aumente o tamanho oficial da economia nacional incluindo os rendimentos provenientes da prostituição, da venda de drogas ilegal, do contrabando e de outras transacções financeiras ilícitas».
Por fim, o prémio de Psicologia foi para Peter Jonason (Austrália), Amy Jones (Reino Unido) e Minna Lyons (EUA) por «reunirem evidências de que as pessoas que normalmente ficam acordadas até tarde são, geralmente, mais narcisistas, manipuladoras e psicopáticas do que as pessoas que costumam levantar-se cedo».
Ao todo foram entregues, das mãos de autênticos Nobel, 10 prémios. O «troféu» era um prato com um frasco de pílulas Acme, em referência aos desenhos do Papa-léguas.
