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terça-feira, 6 de maio de 2014

Incivilidades...

06/05/2014 às 19h07
  Jardim Botânico aumenta segurança após parte do sistema de irrigação do parque ser destruído
 RIO - Um dia depois da ação de reintegração de posse do Clube Caxinguelê, a direção do Jardim Botânico decidiu aumentar a segurança no local. Durante a madrugada desta terça-feira, parte do sistema de irrigação do parque - responsável pelo fornecimento de água para as plantas, canteiros, lagos e banheiros usados pelo público - foi alvo de uma ação de vandalismo. Pode ter sido usada uma marreta para quebrar a principal canaleta que leva a água dos Rios Macacos e Iglesias para o Jardim Botânico. Para evitar novos atos contra o parque, serão instaladas, em breve, um total de 166 câmeras de segurança no local. O sofisticado sistema de irrigação do Jardim Botânico foi construído em 1837 pelo Frei Leandro, primeiro administrador do parque. Utilizando a captação de água dos rios, a rede é responsável pela irrigação das plantas de todo o complexo, com mais de mil metros de extensão. Fizemos um reparo emergencial na canaleta, mas somente na quarta-feira vamos poder terminar o conserto. Agora não sei exatamente o que aconteceu. Encontramos, na manhã desta terça-feira, o sistema de irrigação do parque destruído. As canaletas estavam secas, prejudicando o envio de água para os lagos, chafariz e para as plantas. Se alguém queria prejudicar as plantas do Jardim Botânico, conseguiu afirmou Claudison Rodrigues, diretor de Ambiente e Tecnologia do Jardim Botânico. Em nota, o Jardim Botânico informou que está botando mais seguranças em pontos-chave, e pediu ajuda a Polícia Militar para deixar policiais de plantão, com um carro, em frente à entrada do Clube Caxinguelê, que foi reintegrado ao Jardim Botânico na segunda-feira. Ainda segundo a nota, já existe um grupo de trabalho que está cuidando do redimensionamento da segurança por conta da cessão, ao Jardim Botânico do Rio, das terras da União no Horto.
 Veja também: As comunidades do Horto Jardim Botânico: ministra diz que decisão judicial deve ser cumprida Reintegração de posse de clube no Horto provoca tumulto Moradores do Jardim Botânico entram em confronto com policiais A reintegração de posse de clube no Horto O destino das áreas ocupadas do Jardim Botânico Canteiros e passarela no projeto da presidente do Jardim Botânico Como ficará o Jardim Botânico depois da reintegração Jardim botânico: moradores pedem que governo desista de retirar 520 famílias da área

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Está difícil viver em paz...pois nos roubaram o sono, a certeza, o sorriso


ELIANE BRUM - 10/12/2012 10h50 - Atualizado em 10/12/2012 10h55
TAMANHO DO TEXTO

Sensação de insegurança?

O que acontece no nosso lado de dentro quando a violência passa a ocupar espaços cada vez mais largos da vida cotidiana

ELIANE BRUM

                                         Nesta primeira segunda-feira de dezembro, percebi com muita clareza que a violência não era mais uma exceção no meu cotidiano, mas algo que atravessava todo o meu dia com uma banalidade persistente e insidiosa. Tenho uma razoável folha corrida como vítima de assaltos e outros crimes ao longo da vida, mas soube de repente que um limite havia sido transposto em algum momento deste ano. Trago essa reflexão para cá, porque a realidade me mostra que não sou a única a ter os dias contaminados nos pequenos gestos.
Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista (Foto: ÉPOCA)Percebi de repente que a violência não era mais algo sobre o qual eu pensava ou escrevia – mas algo que havia ganhado um tamanho preocupante não só fora, mas dentro de mim. Eu estava havia minutos demais pesquisando onde levaria uma amiga de infância para jantar, não com base na qualidade ou no preço, mas porque temia expô-la ao risco de um assalto. Quase todos os bares e restaurantes que eu costumava frequentar sofreram arrastões neste ano, até mesmo um japonês que era apenas uma porta, um balcão e umas poucas mesas, levado com muito esforço e lucro escasso pelos proprietários. Surpreendi a mim mesma tentando fazer um cálculo bastante absurdo sobre quais deles teriam mais chance de sofrer um segundo ataque naquela segunda-feira. O que eu estou fazendo?, me questionei a certa altura, ao não me reconhecer nesse ato. E escolhi o que gosto mais.  
Marquei cedo – 19h15 – para sair de casa com claridade, graças ao horário de verão, e voltar quando ainda tivesse algum movimento nas ruas. Coloquei na bolsa apenas o suficiente para pagar o táxi e um cartão para pagar o restaurante. Na hora de sair de casa, meu marido ponderou: “Mas se você levar só o dinheiro do táxi, em caso de assalto os caras vão se irritar e você pode levar um tiro”. Pensei um pouco. Talvez ele tivesse razão. E, ao concordar, de novo me senti esquisita. Peguei o dinheiro que tinha tirado do banco para fazer um pagamento no dia seguinte e coloquei na bolsa, como redução de risco. 
Meu marido carrega na carteira todas as senhas do banco, em código. Quando sofreu um sequestro relâmpago, anos atrás, ele foi levado a um caixa eletrônico e teve a sorte de se lembrar da senha, mesmo com uma arma na cabeça. Como conseguiu lembrar, os assaltantes ficaram com o carro, um Gol, mas deixaram-no ir embora. O episódio deixou nele a marca de um pânico retroativo: e se não tivesse lembrado, o assaltante teria apertado o gatilho? Desde então, ele guarda todas as senhas na carteira.  
Sempre diz que devo fazer o mesmo, mas eu me recuso. E, neste início de noite, tivemos mais uma vez essa discussão. Saí de casa ainda com sol, mas com a sensação de uma sombra no meu lado de dentro. Não tenho carro. Ando de táxi, metrô ou ônibus, conforme o horário e a circunstância. Caminhei um pouco e comecei a descer a Teodoro Sampaio, em Pinheiros, um bairro de classe média de São Paulo. Tentava encontrar um táxi, já esquecida de meus temores. Depois de alguns minutos, um carro parou ao meu lado. O motorista perguntou se eu ia longe. Supus que ele queria saber se a corrida valeria a pena antes de decidir se me levaria, o que me deixou irritada no primeiro instante. Em seguida, porém, descobri que o motivo era outro.  
O taxista explicou que na zona dele tinha toque de recolher – e que ele já estava passando da hora de chegar em casa. Como eu ia a um bairro próximo, na direção da casa dele, aceitou me levar. Entrei no carro de um homem que precisava fazer mais corridas para pagar as contas, mas preferia não arriscar a vida. “Eles me conhecem, moro ali a vida toda, mas acho melhor não facilitar”, explicou. Eram mais ou menos 19h30. Eu tinha atrasado porque minha amiga ligara avisando que estava parada no trânsito. Se eu tivesse saído no horário que pretendia, possivelmente teria testemunhado o espancamento de André Baliera, homossexual agredido por dois homens no cruzamento da Teodoro Sampaio com a Henrique Schaumann, ao voltar para casa depois do trabalho.