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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O PT foi exorcizado... Mas, esperem, ele será zumbi infernizando as instituições... provocando greves, colocando fogo em pneus, quebrando vidraças de bancos, invadindo fazendas, etc

TCHAU, QUERIDA! NÓS MATAMOS OS FACÍNORAS | VEJA.com


TCHAU, QUERIDA! NÓS MATAMOS OS FACÍNORAS

Com a queda de Dilma, vai-se a tentação totalitarista do partido único. Instituições brasileiras derrubaram os que ousaram marchar contra a democracia

Por: Reinaldo Azevedo  

Daqui a pouco, Dilma Rousseff, aquela que foi pensada para ser apenas a ponte entre dois Lulas, será condenada pelo Senado Federal por crime de responsabilidade. O projeto de, no mínimo, 24 anos de poder chega ao fim com um pouco mais de metade do delírio cumprido. Reitero: os 24 anos eram a sua perspectiva pessimista. O PT se organizou para, uma vez no poder, de lá não sair nunca mais. O que se vai, junto com Dilma, é o sonho da hegemonia. Mais de dois terços do Senado jogarão na lata do lixo a distopia gramsciana — inspirada no teórico comunista italiano Antonio Gramsci — de uma força política se impor como um imperativo categórico; de essa força ser, a um só tempo, a fonte de inspiração das utopias e a destinatária última da ação.
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Quero insistir neste aspecto: ainda que, um dia, o PT volte ao poder, o que não creio que vá acontecer tão cedo — até porque conhecemos ainda pouco dos seus crimes —, o que chega a termo nesta quarta-feira não é só o mandato de um partido político. O que morre junto é a possibilidade de uma força totalitarista — notem que evito a palavra “totalitária” — sequestrar o estado, usando, para tanto, os instrumentos da democracia. O que morre com o mandato de Dilma é a tentação do partido único.
Já escrevi aqui e reitero: sou bastante grato aos ladrões do PT; sou bastante grato à incompetência específica de Dilma e ao fato de ela ter cometido crime de responsabilidade. Um PT que pensasse o que pensa e fosse absolutamente honesto nos conduziria ao caos.
Nunca mais, fiquem certos!, passaremos por isso. Até porque estamos exorcizando, junto com a queda de Dilma, a crença no demiurgo, na figura dotada de poderes quase sobrenaturais, capaz de responder, por força de seu carisma, a todos os nossos anseios de nação, a todas as nossas ambições. Por essa razão, aliás, este jornalista não se ajoelha aos pés de humanos, tenham eles o nome de Lula, Janot, Moro ou Dallagnol. Quero ser governado por homens e mulheres falíveis, mas que respeitem as instituições e o ordenamento legal.
O Brasil, felizmente, venceu a tentação totalitária sem macular o regime democrático. Ainda que os petistas tenham tentado mudar os códigos do Estado Democrático e de Direito no Brasil, vamos saudar: eles foram malsucedidos nesse esforço. Vejo, por exemplo, o estrago que várias correntes do populismo de esquerda produziram na América Latina em anos recentes: Nicarágua, Venezuela, Equador, Bolívia, Argentina… E dou graças aos céus por sermos quem somos.
As instituições brasileiras souberam resistir. Lembro que o partido que agora se vai é aquele que tentou, por exemplo, usar um Plano Nacional de Direitos Humanos, nada menos!, para censurar a imprensa, relativizar o direito de propriedade e interferir no Judiciário. A denúncia foi feita primeiro aqui, no dia 7 de janeiro de 2010. O PT se queria, então, eterno, como os diamantes.
Os petistas estavam tão certos de que já haviam liquidado com o PSDB, depois de praticamente terem destruído o DEM, que seus alvos seguintes eram o principal aliado, o PMDB, e, ora vejam!, até os evangélicos. O partido pretendia disputar “fiéis” com igrejas; queria-se já quase uma religião. No fim de janeiro de 2012, durante o Fórum Social Temático de Porto Alegre, Gilberto Carvalho, então ministro de Dilma, propôs a criação de uma mídia estatal forte para se contrapor à grande imprensa e defendeu que os petistas passassem a fazer “uma disputa ideológica com líderes evangélicos pelos setores emergentes”. Nota: em meados de 2012, o preço das commodities começa a despencar. E Dilma dava início ali ao trabalho sistemático de destruição das nossas finanças.
E foi com o objetivo de aniquilar as outras forças que o partido propôs uma reforma política que praticamente o eternizava, também na forma da lei, no poder. Mas os escândalos começariam a correr a céu aberto, como a língua negra do esgoto, pouco depois. O petrolão revelava mais do que a simples roubalheira organizada. Ali também estavam ladrões de instituições. E a população tomou as ruas. O PT nunca tinha visto gente de verdade. Só conhecia militantes e suas bandeiras de ideologia, de raça, de gênero. Os petistas foram apresentados ao verde-amarelo.
Em um de seus documentos, o PT lamentou não ter conseguido controlar a imprensa, não ter conseguido impor a reforma política, não ter conseguido mudar as Forças Armadas, não ter conseguido controlar o Judiciário, não ter conseguido, enfim, fazer do Brasil uma Venezuela.
E não conseguiu mesmo. Não conseguiu porque nós não deixamos.
Tchau, queridos!
Nós matamos os facínoras.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Que maluquice este governo do PT... só tem retórica ?

23/03/2016
 às 16:02 \ Opinião

José Nêumanne: Tchau, querida!

Publicado no Estadão
Ao nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chefe da Casa Civil, a presidente Dilma Rousseff deu um duplo golpe contra o Estado Democrático de Direito, vigente no Brasil desde a promulgação da Constituição dita cidadã, de 1988, que ela jurou cumprir e fazer cumprir ao ser empossada na presidência da República, duas vezes. Primeiramente, ela o fez para evitar que ele fosse investigado na primeira instância do Poder Judiciário, sob suspeição de haver cometido vários e graves delitos. Em segundo lugar, deu-lhe a missão de evitar que ela própria venha a ser impedida na forma da lei, também sob a acusação da prática de crimes de responsabilidade.
Dilma deu posse a Lula às pressas, para evitar a execução de eventual ordem de prisão, pedida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e transferida pela juíza Maria Priscila Oliveira, da 4.ª Vara Criminal da Justiça paulista, para decisão final de seu colega do Paraná Sergio Moro. Assim, a presidente interveio arbitrariamente em prerrogativa de outro Poder, o Judiciário. E, de fato, renunciou à presidência, para a qual foi eleita em 2014, para tentar evitar perdê-la em processo de impeachment já aberto contra ela na Câmara dos Deputados. Isso não é permitido pela Constituição, pois ela não pode transferir o poder a outrem, ainda que seja para se furtar a ter de deixá-lo.
Na História do Brasil registra-se o autogolpe dado por Getúlio Vargas em 1937, quando instaurou a ditadura do Estado Novo para interromper a eleição de seu sucessor. Jânio Quadros, em 1961, tentou repeti-lo e foi desautorizado pelo Congresso. Dilma, contudo, deu um golpe contra si mesma em favor de outro e com ele a presidente cede poder para manter-se senhora de suas aparências. Só que o truque foi sustado provisoriamente por decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que acolheu ação de partidos da oposição alegando obstrução de Justiça. A decisão será levada a plenário, mas enquanto este não se decidir o beneficiário não assumirá.
O ato é grave e, pior, não é isolado. Ultimamente, a chefe do desgoverno protagonizou episódios que autorizam a nação a acreditar que Dilma tem pelo Estado democrático desprezo condizente com seu passado de guerrilheira de um grupo armado de esquerda contra a ditadura de direita; mas não com a chefe do Poder Executivo de uma democracia em que vige por decisão popular, legitimada pela Constituinte, a autonomia entre os Poderes que Montesquieu preconizava. Nela, nenhum cidadão pode avocar o privilégio de ficar acima da lei – nem ela nem seu patrono, nomeado para suprir sua ora confessada inaptidão para a política e debelar os efeitos desastrosos de sua sesquipedal incompetência gerencial.
Outro golpe é a grotesca tentativa de intervir de forma atrabiliária e atabalhoada na Operação Lava Jato, levada a efeito com competência, lisura e enorme apoio popular pela força-tarefa composta por agentes da Polícia Federal (PF) e procuradores do Ministério Público Federal (MPF), sob a égide do juiz federal paranaense Sergio Moro. A desastrada escolha do ignoto procurador federal baiano Wellington César Lima e Silva para o Ministério da Justiça foi proibida pela votação do STF – 10 a 1 – que inaugurou esta temporada do “esqueça os 7 a 1 do Mineirão”. Dilma, porém, não se fez de rogada e resolveu repetir o feito com a substituição dele pelo subprocurador-geral da República Eugênio Aragão, promovido a “amigo” por Lula nos telefonemas divulgados sexta-feira, nos quais o ainda ex destratou em calão de pré-sal aliados, comparsas e adversários.
Se o ex-ministro WC passou a merecer o epíteto de “o Breve”, seu substituto já pode ostentar a rima Aragão, “o Falastrão”. Pois teve a pachorra de anunciar em público a função de alijar e aleijar a Operação Lava Jato, ameaçando policiais subalternos, colegas promotores e a lei que autoriza a colaboração de réus com a Justiça.
Mais grave do que o absurdo de um ministro da Justiça execrar publicamente uma lei da lavra da chefe, aprovada pelo Congresso e praticada com sucesso no exterior, é a reincidência da quebra de um conceito ético e constitucional por um bote de jararaca. WC não pôde ser nomeado porque a Constituição proíbe que procuradores assumam cargos públicos, exceção feita ao magistério. Dilma chutou o espírito da lei de novo ao empossar um sinistro trapalhão, usando o pretexto gregoriano de que sua entrada na carreira se deu antes da promulgação da Carta. Em recente Roda Viva, na TV Cultura, o jurista Modesto Carvalhosa lembrou que a letra da lei deve sobrepor-se à data. Se isso é fato, pode-se concluir que madama insiste no risco inspirada apenas em São Gregório.
Mas o quiproquó sobre o mais antigo cargo de primeiro escalão do governo da República é menos relevante que o espetáculo de circo mambembe em que o Palácio do Planalto se transformou em botequim pé-sujo na recepção a Aragão e a Lula na Esplanada dos Ministérios. Uma funcionária agrediu o deputado Major Olímpio (SD-SP), que levou ao recinto o grito de 69% da população brasileira (conforme o Datafolha): “Vergonha!”. E a tigrada enfurecida, fiel ao olhar feroz da anfitriã, gritava palavras de ordem como se estivesse num comício. Ou num piquete…
Foi o ensaio geral para os atos de apoio ao PT na rua, nos quais militantes a favor dos golpes desfilaram para combater outro, fictício, em que baseiam chicanas irrealistas para dotar o ex-poderoso chefão e a vassala afilhada do privilégio imoral de ficarem acima e ao arrepio da lei. E mantê-los com a chave dos cofres públicos para darem salvo-conduto a quem saqueou o país em onerosas e tenebrosas transações.
Chegou a hora de a onça beber água e a vaca tossir. As instituições republicanas não aparelhadas pela máfia sindical no poder estão convocadas a funcionar e fazer valer a vontade de 68% de brasileiros, que exigem Dilma fora do governo e Lula nas barras dos tribunais.